-----Para alguém que inicia uma
dieta, e começa a ter resultados satisfatórios, nada melhor do que ouvir alguém dizer: “Como você
emagreceu"!? "Por acaso, está fazendo dieta?” ---Isso é uma
observação agradável para quem tem passado fome, caminhando sem destino para se
livrar da barriga, do mal estar e das inconveniências que a obesidade
proporciona. --- Esse comentário que eu faço sobre esta questão, é porque já
tive a experiência de ouvir alguém me analisar cara a cara num momento em que
estive fazendo dieta.
Eu sempre gostei muito de incluir
na minha alimentação a beterraba. Faço uso desse alimento, constantemente, seja
ela crua, cozida ou nos sucos. E como no Supermercado Teixeira há sempre uma
diversificação maior de verduras, certa vez lá estava eu, a procura de
beterrabas.
Ao sair daquele
estabelecimento, encontro-me com uma pessoa, há muito minha conhecida e que
nunca me poupou com a sua franqueza ou com a sua ignorância ou, talvez,
digamos, com a sua humildade. É quem eu costumo chamar de Rainha do Cochicho.
Vive preocupada, constantemente, com a vida alheia. Chega às casas dos outros,
em horários inconvenientes, se alguém passa com uma sacola por perto quer saber
o que vai ali. Vendo-me, aproximou-se com aquela sua admiração desdenhosa:
----- Olá, Sô Armando, sumidão! Ondé qui o sinhor tem andado?
-----Nesse tempo, minha mãe ainda viva e eu morando em Juiz de fora,
tirava uma semana para passar com ela em Candeias. E respondi:
-----Dias em Juiz de Fora e dias aqui em Candeias!
-----Mintira, eu num tenho visto o sinhor aqui nas Candeia não, só se tá
iscundi den de casa. O senhor sabe que eu dô nutícia, né---Claro que sei! E
como sei!
-----Mais me conta uma coisa, que magreza é essa? O pasto lá de Juiz de
Fora tá tão ruim assim?
-----Não, é que eu estou fazendo uma dieta e já emagreci 10 quilos?
-----Deis? Não, Sô Armando! balança do sinhor tá robano. O sinhor num
emagreceu isso tudo nunca. A barriga tá do mesmo tamanho. A anca continua
larga. Só a cara que miudou um pouco.
-----Não sô, eu me pesei em mais de uma balança...
-----Engana eu que eu gosto, Sô Armando! ---- Bão, Miorou um poco. Mais tem uma coisa, Sô
Armando, o senhor tá meio marelo, e o seu pescoço tá pelancado. O lugar que pudia dechá, o senhor
tirou que é na cara ,. Parece que até a vóis do senhor tá meia fraca! Essa
bobagera de passá fome pra ficá magro. Eu, hein! Nem morta! Mais o que qui o
sinhor come? O que vai levano aí dentro dessa sacola?
-----Beterraba! Deu-me vontade de comer beterraba cozida, hoje. Isso é
muito bom!
-----Bão!? O senhor fala que esse trem é bão? Eu num como isso pur nada,
Sô Armando! Sabe purquê? Eu era casada de pôco e fui cumê na casa da minha
sogra. Eu nunca tinha visto esse trem. Cheguei lá tinha uma travessa cheia
dessa porcaria com arface. E eu intrei naquilo. Cumi até; eu até qui achei bão.
Tudo bem! Fui imbora, quando foi no ôto dia cedo eu fui no banhero. Assim que
eu eu fiz a minha necessidade, eu dei uma olhadinha pra dar discarga no trem, e
vi que era sangue puro. Eu quase murri de tanto susto. Meu marido tinha viajado
e eu curri na casa da minha sogra. Mais o meu sogro é que tava lá querendo sabê
o que qui eu tinha. E eu cum vergonha de falar que tava obrano o puro sangue. Fiquei
naquele disispero!
----Vortei pa minha casa, rezava, rezava e pidia a Deus e Nossa Senhora
pra me curar. Eu pensei que tava com doença ruim, daquelas bem braba. Passei
uma noite in claro, chorando e rezano. No ôto dia a minha cunhada apareceu lá
in casa eu falei que tinha obrado o puro sangue. Aí que ela me falou que era
essa tal de beterraba que nóis tinha cumido. Ai intão eu nunca mais quis sabê
de comê essa merda.
----Ah! Se eu pudesse contar quem é essa figura!
Armando Melo de Castro
Nenhum comentário:
Postar um comentário