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segunda-feira, 26 de abril de 2010

RETRATOS DA MINHA INFÂNCIA

Vista atual da Avenida Coronel João Afonso 306 e imediações. Foto: CMC Set.2009

    ESTE TEXTO FOI TRANSFERIDO PARA O LIVRO CANDEIAS MG CASOS E ACASOS.

terça-feira, 20 de abril de 2010

UM FRANGO PARA GALO


---No principio da década de 60, em Candeias, ao lado onde atualmente funciona o Restaurante da Cidinha, na Avenida 17 de dezembro, existia uma Barbearia de propriedade dos barbeiros, Srs. Arquimedes Viglioni (Midinho) e Pedro do Candola (Pedrinho). --- Junto à barbearia, de propriedade dos mesmos donos, havia uma tabacaria a qual lhe foi dado o nome de Tabacaria BB (Tabacaria Brigitt Bardot) numa referência à famosa atriz francesa, então, no auge da fama.

---Além da barbearia, e a tabacaria, num apêndice da área, foi montado um pequeno estúdio fotográfico do Sr. Cândido Roberto Teixeira, o Candinho do Vico, onde havia, também, um cubículo designado ao laboratório fotográfico. Tudo junto, na mesma área.

 ---Ali me foi dado um dos meus primeiros empregos. Eu ganhava em termos do dinheiro antigo, trezentos cruzeiros por mês. Se minha mãe tivesse conhecido o ambiente, naturalmente iria achar que não seria apropriado para o filho dela. Um salão de barbeiro naquele tempo era um ambiente informativo de tudo que acontece numa cidade.

 ---A praxe de vender cigarros despertou em mim o entusiasmo para adquirir o hábito de fumar. Fumava escondido -- Comecei a fazer parte da confraria do fumo, nessa época e somente fui abandonar o vício no ano dois mil após quarenta anos.

 ---Eu era um menino bobo criado na barra da saia, mas o meu cérebro já começava a fermentar a maldade, como se dizia; da adolescência. Uma maldade gostosa de sentir; uma mente ansiosa; fantasiosa, imaginosa...  Eu já começava dar a maior atenção aos assuntos diferentes das pessoas que frequentavam ali como fregueses, aguardando a sua vez e ou visitando.  Era um ambiente masculino e aquilo para mim era um mundo diferente. Era a escola da vida. E eu completamente cego diante da vida, não sabia um palavrão, nem uma piada; mas o pecado e os erros naturais do homem já começavam aflorar o meu cérebro inocente.

---Sabe-se que o jovem aos treze anos já começa a entrar para a adolescência. E aí está uma fase confusa da vida... O adolescente sente-se inseguro; carente de afeto e é inconstante. O mundo vai mudando e com ele vai o adolescente deixando as gerações mais conservadoras em total desacordo. Começa a fermentar o líquido da contradição; das coisas condenadas e pecaminosas... Daí entra nos caminhos pouco transitados da vida, hora em que coloca sua alma sob a disputa entre anjos e demônios.

Nesse caso, trabalhar num salão de barbeiro, seria muito interessante para um adolescente que inicia o descobrimento das reações do corpo até então desconhecidas...

---Sendo o homem um produto do meio, aquele ambiente favoreceu para que eu começasse a despertar nas células do meu cérebro os mais íntimos pensamentos; mesmo porque, é de todo sabido que antigamente, num salão de barbeiro, rolavam piadas sobre sexo, revistas pornográficas importadas da Noruega, (no Brasil essas edições eram proibidas) além dos comentários sobre a vida alheia... Mulher do fulano, do beltrano, do sicrano.

---Enfim, ali se tomava conhecimento de tudo e de todos. Não porque o dono da casa queria, mas, como segurar a língua do freguês?... E depois o ambiente era favorável em virtude de que os salões de barbeiros e cabeleireiras eram frequentados por pessoas do mesmo sexo. Não existiam esses salões unissex; favorecendo, então, a liberdade de expressão. Tratava-se de uma questão cultural, bastante escrupulosa. Uma mulher fumante não entrava numa tabacaria para comprar cigarros e nem num salão de barbeiros para bater papo. ---

---Eu, na faixa dos meus quinze anos, ali presente, tomando aulas o dia todo, após uns três meses já poderia receber um diploma em conhecimentos sobre a vida dos outros: Já sabia o que era uma prostituta e quem era prostituta; sabia dos podres dos padres; o corno e o que ser cornudo. Sabia quem pulava muros à noite para comer a fruta do vizinho sem pomar. Sabia o que era uma camisinha de “vênus” e para o quê servia. Sabia quem era o Zé Bolinha e o que vendia no seu tipo de comercio, um cabaré. Sabia o porquê de o galo arrastar as asas para as galinhas; quais as mulheres casadas que deixavam cair água fora da bacia... Enfim eu sabia o porquê do meu sangue ferver dentro de mim quando via a Fi-inha do Xande, uma jovem prostituta, que bebia, se embriagava e se assentava de qualquer jeito pelas portas, mostrando aos passantes o seu instrumento de trabalho totalmente desprotegido.

---Esse emprego na tabacaria teria mudado a minha vida. Fumava escondido e bebia escondido. Imaginava já, dar uma chegadinha pelas bandas do Zé Bolinha, situado na rua do capim, lá naqueles fundões da cidade, donde viria posteriormente o seu sucessor, Pedro Pitanga. Pensava tudo, mas me faltava coragem porque eu ainda não teria conseguido afastar o bobo do meu âmago.

 --No reduto do Zé Bolinha, além de umas casinhas de aluguel para as meretrizes, havia, também, uns cômodos de aluguel que ficavam nos fundos. Somados ao bar, perfaziam o meio da zona boêmia. Lá era um céu cujo deus era o diabo. Não havia naqueles tempos essas liberdades de hoje. Sexo de graça era coisa de gostosão. Caso uma namorada lhe abrisse mão da sua virgindade, para o namorado, o romance costumava ter um final dramático.

 --Afinal, eu estava naquela fase de achar que as coisas inventadas pelo diabo eram mais atraentes...

---O pequeno estúdio fotográfico do Candinho ficava junto à barbearia, porém separado por uma divisória precária e um portal prendendo uma cortina de chita. Assim, para se chegar ao estúdio era necessário passar entre a barbearia e a tabacaria.

---Das damas da noite que prestavam os seus serviços ao vulgar empresário Zé Bolinha, havia uma morena, tipo “mulata do Sargentele”, contando mais ou menos uns trinta anos de idade e teria vindo dos Baiões, uma comunidade ligada a Candeias, porém, pertencente ao município de Formiga.  --- Ela passava todos os dias à porta da barbearia, e logo os fregueses ali presentes faziam os seus comentários sobre os bons serviços prestados por aquela mariposa. Como diziam: “Essa nega tá abafando”.

---Certo dia, num horário de almoço, quando eu me via sozinho no recinto, chega àquela cabrita e assenta-se numa das cadeiras aguardando a chegada do fotógrafo Candinho, que aparecia naquele local só diante de alguma encomenda.

---A sensação de me ver sozinho junto àquela mulher pecadora me fez sentir os arrepios mais emocionantes do meu corpo sem pecados. Senti naquele momento que o diabo não era tão feio como o pintam. --- Eufórico, mas desajeitado, não sabia como puxar conversa. Fiquei na expectativa enquanto os meus olhos buscavam o que o pensamento já via.

---De repente, aquela mulher, causa de desejo que proporciona o efeito do prazer remunerado, pergunta-me se havia estado por ali um cidadão chamado Zazá, para o qual iria tirar uma foto para lhe dar de presente. --- De súbito, quase que num desespero, quando deveria estar vermelho como um tomate, todo encalistrado, soltei a voz e lhe perguntei:

---Você não daria um retrato para mim também?

No que ela sorrindo, mostrando uma janela entre os dentes, me disse:

--Para você eu dou é eu mesma se você me der dois maços de cigarros por mim escolhidos...

---Naquele momento o meu sangue ferveu. Senti-me apatetado, eufórico, pasmado, desorientado, assustado, abobado, como se tivesse ganhado o grande premio de uma loteria. --- Era a inexperiência batendo contra a experiência. Dera-lhe a liberdade de escolher e a rameira não pensou duas vezes ao escolher o cigarro mais caro da época: “Columbia". --- Naquele momento eu pedi a Deus, para que ninguém chegasse ali, pois era o momento de marcar o horário e o local onde estaria a minha espera o meu leito de verdura... Mas se o diabo, realmente, tem poder foi ele quem ajudou.

---Naquela noite às oito horas o mundo estaria de cabeça para baixo para mim. Meu sangue fermentava. Minha cabeça não pensava em outra coisa. Havia tomado de dois maços de cigarros, caros, num tipo de apropriação indébita... As horas não passavam. Finalmente o relógio deu seis horas. Era hora de ir para a casa.

---Tomei um belo banho de bacia sob o interrogatório de minha mãe. Lambuzei-me do perfume Madeira do Oriente; lambuzei o cabelo de Brilhantina Glostora e passei perfume até no sovaco da perna... Vesti-me da minha camisa de missa e da minha calça de festa. Quando o relógio marcava sete e meia da noite eu estava atrás de uma mangueira nos fundos do Cemitério São Francisco, a poucos metros dali seria o encontro fatal. 

---Minha cabeça zunia tal qual uma cabaça de abelhas. Eu imaginava uma alcova branca, especialmente preparada para a minha virgem inocência.

---Foi chegada a hora. Cheguei à porta do casebre. Bati suavemente; meu coração batia e rebatia com força. ---- Uma voz de homem foi ouvida lá de dentro. Tremi num desespero total. Abriu-se a janela era o Baltazar, um pedreiro conhecido pelo nome de Zazá, aquela o qual ela havia procurado lá na barbearia.

--“O que quer aqui moleque?”.

--Nada não Senhor...

Aparece, também, na janela, ela, a minha “donzela,” toda sorridente e diz:

---“Amor, eu acho que esse menino é meio doido”...

E o Zazá como velho galo do terreiro bradou:

--Some daqui moleque!

---Sumi e humilhado. Nunca mais apareci por lá. Eu não era um galo, mas era um frango para galo que ainda não sabia cantar. Era um menino bobo que não conhecia o mundo e me encontrava, ainda, sem formação, na escola da vida. Eu continuava bobo, bem bobo um frango para galo ainda sem esporas, sem saber cantar e nem arrastar as asas.

Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos

 

--------------------------------------------NB) O dia que recebi o pagamento eu coloquei na gaveta o dinheiro dos dois maços de cigarros. E ainda fiquei em debito com a minha consciência.

   


segunda-feira, 12 de abril de 2010

SOBRE QUEDAS E JABUTICABAS

---A jabuticaba é uma fruta nativa do Brasil, originária da Mata Atlântica e muito desenvolvida em Minas Gerais. Para nós mineiros trata-se de uma árvore corriqueira; toda pessoa a conhece, o que já não acontece em outros Estados do Brasil. Não é muito espontânea no nordeste porque não é produzida em climas muito secos.

---Também não é comercial. Logo que colhida tem que ser consumida. Aliás, é de se saber que a jabuticaba é boa de ser chupada no pé. Além do mais, requer certo cuidado para ser consumida porque se trata de uma fruta cheia de caroços. E esses caroços depois que adentram o aparelho digestivo são congestionantes, ou seja, entulha os intestinos do ávido comilão que vem a pagar caro pelo descuido. Lembro-me, sempre, quando estou chupando jabuticaba, do meu pai dizendo: “cuidado menino isso entope”! E quantas vezes eu não me vi entupido quando era menino?...

---Existem diversos espécies da frutinha brasileira, entre elas a miúda e a graúda; mais comuns na nossa região... Não é aconselhável comer nenhuma delas com o caroço, mas a de qualidade graúda, se o cristão facilitar, o “congestionamento” é fatal.

---Quando eu morei na cidade de Lagoa da Prata eu tive uma amiga, Irmã de Caridade, vinda das Filipinas. - Veio prestar seus serviços religiosos. ----- Ela não conhecia jabuticaba e ficou encantada com o pé florido e depois com as frutas... Ficou cheia de desejo de experimentá-las. E não se poupou diante da fartura; só não comia a casca da fruta e essas eram daquelas de qualidade graúda e estavam bem graúdas. Ela comportando-se como uma sôfrega comilona, comia tanto com os olhos quanto com a boca.

---Irmã Clara!... Que dó que eu tive dela!... Não foi por falta de aviso. ----Viu-se numa situação muito constrangedora. Recém-chegada no Brasil, não sabia falar e nem entender a língua portuguesa. Entrou na jabuticaba com caroço e tudo. Depois foi aquele Deus-nos-acuda. Foi parar no hospital. E que vergonha coitada... É fácil de imaginar uma irmã de caridade entupida de caroço de jabuticaba, num país estranho, não entendendo quase nada e tomando um clister... Meu Deus! Isso deve ter sido um castigo...

---No meu tempo de criança em Candeias haviam muitas casas fechadas e as frutas perdiam nos pomares. Os fazendeiros moravam na zona rural, mas tinham suas casas na cidade para as épocas de festas. Era uma situação muito diferente de hoje. Hoje em dia com os amigos do alheio que existem, se alguém deixar uma casa fechada como se deixava antigamente, não encontrariam nem mesmo a casa no lugar. Mas, naquele tempo parecia que havia mais respeito e os ladrões não andavam tão à solta como hoje.

---A meninada da cidade comumente pulava os muros a fim de associarem aos passarinhos, principalmente os sanhaços, em busca de frutas maduras. E eu, para não ser diferente, também fiz isso, quando quase morri ao cair de um pé de jabuticaba. Posteriormente com a esfrega que levei de Dona Julita, por causa das suas laranjas, eu nunca mais me arrisquei a entrar num pomar alheio. Aliás, como ladrão de frutas, nos quintais, eu não fui nada bem sucedido. Foram duas vezes... Foram dois fracassos...

---A Rua Pedro Vieira de Azevedo, antigamente, chamada, Rua do Capão, era uma rua de poucas casas. Onde atualmente está edificada a casa do Wandinho Bonaccorsi, havia uma grande casa velha, de pau-a-pique, caindo e abandonada. Diziam tratar-se de propriedade dos Furtados ou do Dr. Renato Vieira. Tinha lá um pomar imenso que ia até ao córrego. Eram muitas mangueiras, jabuticabeiras e laranjeiras abandonadas. E o que cercava tudo isso era apenas uma cerca caindo, feita de arame farpado. Assim não havia impedimento a quem lá fosse fazer a sua colheita sem autorização do dono. ----- Sabe-se que uma fruta do pomar do vizinho é mais doce... Mais madura, enfim, muito mais gostosa.

---Eu tinha mais ou menos uns doze anos de idade quando estive nesse pomar em busca de jabuticaba. Eu e o Zé Eustáquio Alvarenga, posteriormente meu cunhado falecido, marido de minha irmã Maria Amélia.

---Nós éramos vizinhos e amigos. Fomos juntos e escondidos de nossos pais, chupar, no pé, as deliciosas frutas do alheio. Felizes da vida, bem nas grimpas da árvore, o galho quebra, eu e Zé Eustáquio caímos ao solo o que nos levou a ficar gritando por socorro. Ele com o braço quebrado e eu sentindo que as pernas haviam entrado no meu corpo. Com muito sacrifico conseguimos sair andando ele segurando o braço e eu quase que agachado envolvido por uma dor terrível.

---Defronte dali, morava uma “dama” morena, um tipo esquisito de porte precário, cobrindo as suas farripas com um lenço cor de sujo; um baita cigarro de palha enfiado na boca já contando a quarta dentição já preta pelos malefícios do fumo. Devia ter uns setenta anos de idade e seus traços davam sinais claros de que a vida, em nenhum tempo lhe fizera jus ao apelido que recebera na juventude --- Izefa Beleza ---.

Trazia no seu visual o pecado de uma mariposa cuja luz foi um distinto senhor chamado Nascimento Cassiano, com quem vivia amasiada. As pessoas temiam a ferina língua daquela vigilante do alheio como legítima representante de uma patuleia sem escrúpulos com o respeito privativo de uma pessoa de bem.

---Ao lado do grande pomar da tapera, havia uma casa onde passa hoje um segmento da Rua João Sidney de Souza. Ali residia à família do Sr. Légio, um senhor vindo da vizinha cidade de Cristais, comerciante de galinhas quando, naquele tempo não havia, ainda, o frango de granja. Sua esposa, Dona Nira, pessoa boníssima da qual guardo gratas recordações, foi quem nos socorreu levando água de sal e propondo providências se necessárias.

---Ao sairmos defrontamos com aquela figura rara exposta na janela de sua residência. A residência dela ficava onde mora a mãe da Natércia do Magno; bem defronte ao cenário dramático, de onde já começamos a ouvir, daquela bruaca, um falatório enquanto soltava baforada de cigarros. A velha mais parecia um preto velho num círculo de fogo recebendo um espírito mau.

---“Eu sabia que um dia esses esfomeados, esses vagabundos, cambada de trem à toa ainda ia cair lá de cima. Parece que não tem comida em casa... Esses filhos sem pai e sem mãe... Parece que essa praga nunca viu fruta na vida... Esses diabos nem entopem... Eu chupo meia dúzia dessa desgraça e já estou entupida. Esses moleques chupam engole caroço e não lhes acontece nada.”.

---Na hora tive raiva. Tive vontade de matá-la se me fosse possível. -- Deveria ter nos acudido ao invés de ficar ali falando todas aquelas coisas disparatadas.

---Posteriormente, Izefa Beleza veio residir frente à casa de minha mãe e eu pude conhecê-la melhor. Não tinha amigos. Vivia só. Não recebia visitas... Era uma pessoa muito infeliz... E a infelicidade a fazia maldosa, revoltada por não ser honrada, revoltada por não ter filhos e por isso não gostava de filhos dos outros... Não conhecia o seio de uma família... Não conhecia o amor, pois nunca teria sido amada... Ela era simplesmente um produto do meio em que viveu uma juventude de doidivana... A solidão da velhice lhe causava medo. O seu amásio que residia na roça, a visitava esporadicamente. Para ela a solidão era a consciência da morte... E por estar encantoada pela idade, pelos males que lhe afligiam, pelo medo que lhe atormentava, falava de tudo e de todos e quando não tinha de quem falar falava de si mesmo.

---Izefa Beleza era o símbolo da tristeza. O mundo para ela era como se fosse uma lata de lixo do qual ela pertencia. Não tinha um sorriso para oferecer... Não recebia de ninguém uma palavra de alento... Não convivera com o bem, pois, nunca fizera por merecer... Porque não sabia como fazer... Terminou os seus dias junto de seus cachorros morrinhentos e que moravam dentro de casa.

---Certa vez Izefa me pediu o favor de trocar uma lâmpada da sala de sua casa... E nesta oportunidade, num declínio de moral ela me disse: “É preferível cair de um prédio a cair na vida”. Ela não sabia que um dia teria demonstrado a mim toda a sua maldade... Lembrei-me do meu tombo da jabuticabeira... Pensei lhe perguntar, o que achava de cair de uma árvore, ao invés de cair na vida... Quis lhe perguntar se já teria visto alguém cair de uma jabuticabeira... Enfim quisera fermentar a sua consciência, mas desisti, achei melhor esquecer eu já não era mais um ladrão de jabuticaba e preferi perdoá-la do fundo do meu coração.

---Onde quer que esteja Izefa, que Deus lhe abençoe...

---Armando Melo de Castro