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segunda-feira, 16 de outubro de 2023

PENSAR NÃO É PECADO.


       Este carro é um Ford 1946, foi um carrão da sua época. Foi também, o único taxi em Candeias durante muitos anos, os então chamados “CARROS DE PRAÇA”. Pertencia ao Sr. Edson Cordeiro. O carro ficava estacionado defronte o Bar Piloto, e o Sr. Edson permanecia quase o tempo todo dentro dele, ouvindo rádio. É preciso lembrar que naquele tempo não existiam as FMs e nem rádios à pilha. – Um rádio dentro de um carro era coisa muito rara e cara.

Naturalmente as pessoas que passavam e via o Sr. Edson naquela mamata, pensava com o último furo dos seus neurônios: “ Vai sê rico sô edso, isso é qui é vida boa... Que chique!...”

Edson Cordeiro foi o conferente da Ferrovia em Candeias. Teria sido ele o mais competente da equipe. Ele tinha a capacidade de traduzir todos os sinais do telegrafo de ouvido, coisa que nem todos tinham essa capacidade. Na época era um dos melhores empregos que poderia existir. Pois ele deixou tudo isso porque foi transferido para Lavras, mas preferiu ficar em Candeias e arrumar outra coisa para fazer. E entrou para o ramo de taxi. --- Era filho único, o pai folgado (Juca Cordeiro) Foi vereador e Presidente da Câmara por várias anos.

Onde quer que esteja meu caro Edson, receba o meu abraço.

Armando Melo de Castro.

 

 

 


OS ANTIGOS CARROCEIROS CANDEENSES

                                                                             Foto para ilustrr o texto.

 Remexendo aqui nas gavetas da minha memória, encontrei-me com os carroceiros antigos de Candeias. Naquele tempo não se falava charrete; era carroça de burro e o proprietário que tinha aquele veículo como seu ganha-pão era chamado carroceiro. – As carroças não eram  equipadas com pneus, como atualmente, e nem chamadas de charrete; eram simplesmente carroça de burro com rodas de madeira.

 Esse meio de transporte era o mais usado em Candeias. Serviam como taxi, quando era para transportar uma pessoa doente ou idosa; fazer mudanças de residência; transportar material de construção, que eram vendidos pelo grupo empresarial do Sr. Nicodemos Salviano. Sempre havia um carroceiro nas imediações esperando um freguês. Na estação ferroviária, os carroceiros aguardavam o trem, para apanhar as compras dos comerciantes, que chegavam.

 Nesse tempo em que me refiro, os principais carroceiros candeenses mais solicitados eram o Arlindo barrilinho, que tinha um burro da pata torta. --- Juca Cordeiro; Serafim e Nego da Zenóbia. ---- Existiam outros, mas desses eu não me lembro

 Para se ter uma ideia, o Arlindo barrilinho que era meu vizinho, tinha seis filhos, a esposa e a sogra para tratar e tirava tudo dessa carroça. E tem mais: não passava mal de boca não...

 A Rua Coronel João Afonso tinha muito mato, e  era ali o restaurante do burro dele, coitado, com aquela pata torta, entrava no chicote quando a carga era pesada, e quando eu via aquilo eu quase morria de dó, daquele pobre animal, a quem era servido água e algo para comer na porta da casa e depois amarrado a uma corda comprida para que pudesse pastar durante a noite.

 O interessante, é que essas carroças eram emplacadas pela prefeitura... Pagavam imposto! Todas elas tinham a sua placa afixada na parte traseira. Aliás, nesse tempo, o fiscal da Prefeitura, era como um guarda de trânsito, para pegar carroças e bicicletas sem pagar imposto.

 Armando Melo de Castro.