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sábado, 27 de junho de 2015

PROFESSOR PEDRO QUIRINO.

                                                           
Ontem 26 de junho de 2015, aconteceu o sepultado, no Cemitério São Geraldo, de um candeense muito ilustre. Um homem digno do maior respeito porque deixou um legado para a história de Candeias como uma referência na educação da nossa cidade. Trata-se do professor Pedro Quirino. Um exemplo de pessoa. Um homem inteligente, culto e bem preparado para deixar cravado na nossa história o seu nome repleto de louvores.

Professor Pedro Quirino tinha excesso de humildade. Como autodidata já militava na cultura dando aulas particulares e cursos em sua residência. No entanto nunca colocou o dinheiro em primeiro lugar. Primeiro era o saber, a dedicação, o interesse pela arte de ensinar.

Posteriormente veio a se formar e dai, então, a sua contribuição foi ainda maior para a Educação.

Lembro-me que certa vez fui beneficiado por ele quando no principio da minha carreira como estudante, ele deu para mim e mais outros colegas um curso de admissão ao ginásio, sem cobrar um único centavo. Éramos alunos pobres, num tempo muito difícil e o professor Pedro Quirino, tinha como interesse maior, passar o seu saber para os outros.

Ele era um homem pobre que dependia do seu trabalho para viver, mas era rico, muito rico de saber.

Ontem, no seu velório, atento às palavras da Professora Marília Sidney, minha prima, dei uma olhadinha no retrovisor da minha vida, e me encontrei na sala da casa do Professor Pedro, recebendo dele o benefício das suas palavras, que tanto me ajudaram na vida. Naquele momento a emoção tomou conta de mim, quando eu senti o quanto Candeias estava ficando mais pobre.

Muito obrigado Professor Pedro Quirino, você não morre, você apenas se encanta para passar a viver nos corações agradecidos e nas boas lembranças dos seus amigos. E nesta despedida tristonha, nada mais autêntica para homenageá-lo do que seja, a Oração do Professor, para retratar a sua imagem viva para quem não teve a satisfação de conhecê-lo.

ORAÇÃO DO PROFESSOR
                                                           (Autor: Antônio Pedro Schilindwein)
Dai-me, Senhor, o dom de ensinar,
Dai-me esta graça que vem do amor
Mas, antes do ensinar, Senhor,
Dai-me o dom de aprender.
Aprender a ensinar
Aprender o amor de ensinar.
Que o meu ensinar seja simples, humano, alegre e com amor.
Que eu persevere mais no aprender do que no ensinar.
Que minha sabedoria ilumine e não apenas brilhe
Que o meu saber não domine ninguém, mas leve à verdade.
Que meus conhecimentos não produzam orgulho,
Mas cresçam e se abasteçam da humildade.
Que minhas palavras não firam e nem sejam dissimuladas,
Mas animem as faces de quem procura a luz.
Que a minha voz nunca assuste,
Mas seja a pregação da esperança.
Que eu aprenda que quem não me entende
Precisa ainda mais de mim,
E que nunca lhe destine a presunção de ser melhor.
Dai-me, Senhor, também a sabedoria do desaprender,
Para que eu possa trazer o novo a esperança,
E não ser um perpetuador das desilusões.
Dai-me Senhor, a sabedoria do aprender
Deixai-me ensinar para distribuir a sabedoria do amor.

                
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

segunda-feira, 22 de junho de 2015

CANDEIAS E UMA SAUDADE!

                                                                                 
                                                                    Foto Clara Borges.

Nesta época os dias são tão pequenos. Seis horas da tarde e da manhã ainda estamos no escuro. Estamos agora no principio do mês de julho, quando deixamos mais um junho para trás. O mês das festas juninas, dos grandes eventos, com as exposições agropecuárias estão a todo vapor, prometendo shows com artistas famosos e outras coisas mais. Completamos, portanto dois “junhos” sem festa junina, sem exposição.

Isso quer dizer que estamos mais pobres. Pobreza não é simplesmente a falta de dinheiro. Pobreza é falta de lazer, falta de divertimento, falta de liberdade. Mas numa pandemia, quando ficamos reféns de um vírus, que não sabemos quando nos livraremos dele, isso é um sinônimo de uma grande pobreza em todos os sentidos.

A infância é um trecho da viagem cuja estrada não há buracos e nem tropeços. Ela é alegria e sem dramas. Mas se pinta uma pandemia, consequentemente esta contamina a infância. --- A inocência e isenção de maldade é um lugar de onde viemos e que não voltamos jamais. É algo que fica guardado dentro de nós como um livro de história gostoso de ler. Num entanto as crianças estão guardando para o resto da vida, nos armários de suas memórias, esse tempo que será lembrado assim com muita tristeza, pela perda de de mãe, pai, avós, irmãos etc.

O tempo passa e por vezes nos perdemos nessas encruzilhadas da vida. O presente, o futuro e o passado. Aí dá vontade de voltar... Mas como não tem volta ficamos na busca, como se procurássemos aquilo que não perdemos.

Hoje me despertei ainda com o escuro. Como disse, os dias são pequenos nessa época do ano . Parece até que o dia voa. E  que esse tempo de pandemia está correndo mais. Acordar com o escuro inspira-me ficar pensando. Isso me faz lembrar o meu amigo Zé Mori, porteiro da Escola Presidente Kenedy, quando ele dizia que colocava uma garrafa de café na cabeceira da cama, acordava as 4,30 horas da manhã, tomava um gole de café acendia um cigarro e ficava ali pensando, afinal levantar-se para fazer o quê?. Do jeito que o Zé Mori contava dava vontade de acordar as 4,30 e imita-lo.

Hoje aconteceu isso comigo, só que eu não tinha café e nem cigarros, porque fumei durante 40 anos mas felizmente deixei o vício há mais de 20. E se eu tenho um conselho para quem fuma, é deixar disso. A saúde melhora muito para quem deixa de fumar.

Mas numa emulação ao meu antigo amigo Zé Mori, eu resolvi acordar, fui até a cozinha e tomei um gole de café frio e amanhecido, voltei para a cama e fiquei pensando. E pensando resolvi dar uma voltinha na minha terrinha, na minha Candeias querida. E o frio estava tão bravo que resolvi ir passear  na década de 50, lá em Candeias na praça defronte a Igreja do Senhor Bom Jesus.

Ali todo mês de junho aconteciam as comemorações de São João. --- E sempre quem organizava era o Lico do Matadouro, para outros o Lico da Sinhana. Alguém trazia  um bom tanto de lenha num caminhão, e lico fazia a grande fogueira. Bem alta com toras de paus que dariam para queimar até o dia posterior. A fogueira ainda fomegava no outro dia. ---- No centro dessa fogueira eram colocados gomos de bambus cheios de água e lacrados. E aquilo dava cada estouro muito violento.

Às vezes aparecia por ali uma dupla de cantores sertanejos que ficavam de fora  de uma  barraca montada próxima ao chafariz, existente ali até hoje, claro, inoperante. ---- A barraca preparava um quentão distribuído gratuitamente para os adultos, um quentãozinho, como diziam, para os meEu tinha a impressão que a nação candeense parava ali naquele local  para esta festa. Naquele tempo as pessoas se locomoviam muito pouco, principalmente as mulheres donas de casa. Se viam nas missas às vezes, mas nem sempre. E também não podiam conversar se viam nas igrejas ou na semana santa, mas nem sempre paravam para bater um papo. Mas nas comemorações juninas, era um verdadeiro encontro de amigos do alto do cruzeiro, da laje ou da região da ponte. Eram os três pontos fortes da nossa cidade.

Quem preparava a fogueira e o pau de cebo era o Lico do Matadouro.  O  pau de cebo consistia numa longa vara de eucalipto, previamente preparada pelo Lico. Ela não era seca e nem verde. Dias antes, a gente passava por ali e estava o lico uma hora descascando-a outra ora já lixando-a.  Essa vara era fincada à alguns metros da fogueira. E na sua ponta havia um envelope com a maior cédula do momento. Hoje seria uma cédula de $100,00 reais. E a meninada ficava muito doida para ganhar esse dinheiro, que naturalmente seria um bom dinheiro.

Mas só que o pau era lubrificado com cebo ou óleo queimado. E os meninos se vestiam das suas roupas velhas, que naturalmente ficariam perdidas, para concorrer ao evento. Os mais espertos subiram mais, e logo derrapavam indo parar até o pé do pau. Eles faziam escada. Um subia no ombro do outro, E à medida que fosse limpando  o cebo eles iam atingindo o topo[1]. E no final, aquele que pegava o envelope saia correndo e a turma atrás dele querendo parte do dinheiro. ---- Lembro-me de um vencedor --- meu conterrâneo, contemporâneo, e condiscípulo no Grupo Escolar Padre Américo. “O MOSQUITO” (Antônio Canarinho) Eu nunca participei desses eventos. Afinal eu era um menino bobo, e gostava só de olhar e torcer.

Naquela mesma noite havia outros bailes na cidade. Na antiga fábrica de Farinha do Sebastião da Pecidonha, na esquina de frente o Posto do Itamar. O pagode era animado pelo Sebastião com um tambor e a sua filha Toninha, casada com o Paulo Gomide, cantando e tocando o acordeom. Ali se misturavam músicas de São João, carnaval, sertanejo, boleros e muita pinga. O local tomou o apelido de “Caldeirão do Diabo”.

Na máquina de Café do Emídio Alves, era o pagode do Chiquinho Ferreira, irmão do Alvino Ferreira, animado pelo seu genro Amarlene, um sanfoneiro de primeira e ele num tambor e a sua filha cantando. O repertório era sempre o mesmo, músicas sertanejas, boleros, carnaval, São João. Nos bailes de carnaval, quando o salão ficava meio fraco, Chiquinho dizia para a sua filha, Solta a jardineira minha filha (Música de carnaval) Aí a coisa fervia.

No Clube Recreativo Candeense durante todo o mês havia quadrilha todas as noites, animadas pelos Srs. Geraldo Vilela e Alvino Ferreira.

Quando faltava luz na cidade por problemas técnicos na usina hidroelétrica do Sr. Bonaccorsi, o povo ia para as portas das ruas e os vizinhos interagiam-se nos mais diversos assuntos.

A cidade não era tão deserta como nos dias atuais. O povo saia mais; convivia mais; visitava mais, e era mais solidário porque não existia a televisão. Infelizmente as novelas prendem as pessoas em silêncio a conviver com os dramas criados na cabeça de uma só pessoa, que seja o autor de uma novela nem sempre benéfica.

Eu gosto do mundo de hoje. Sem dúvida temos mais conforto, temos mais dinheiro, temos mais recursos. Mas  eu sinto que o povo antigo, era mais tranquilo, era mais amigo, era mais sincero. Desculpe-me meus amigos. Eu falo por mim. Posso estar enganado. Afinal sou de gerações ultrapassadas.

Armando Melo de Castro

 



 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

UM EXEMPLO DE SERVIDORA PÚBLICA!


Foto: Longuinha Ferreira da Silva.

Infelizmente, grande parte dos brasileiros não gosta de ler. O estudante brasileiro é quase sempre mal informado por ser ocioso na leitura. Antigamente quando o aparelho de rádio era caro e nem todo mundo tinha acesso a esse lazer e a televisão ainda não havia chegado, o povo lia mais por sobra de tempo.  Lembro-me de ver sempre o meu pai com um livro na mão e dizendo: “Tenho que entregar o livro na prefeitura...”. Eram poucas as pessoas que sabiam das bibliotecas públicas. E depois elas não tinham o papel abrangente como hoje. Compunham-se mais de romances, normalmente enviados por seus escritores. As bibliotecas públicas eram mais reconhecidas pela elite. Não havia, portanto, um avanço popular.




Hoje esse quadro está mudado. A finalidade da biblioteca púbica é oferecer às pessoas em geral, especialmente aos alunos e professores, a informação no sentido de dar a oportunidade de acrescentar, inovar e resgatar todo tipo de conhecimento para que o
leitor fique atento e conhecedor da realidade necessária ao cidadão.

Mas, em Candeias, apesar do avanço das bibliotecas públicas e o amparo legal, ainda, grande parte dos candeenses desconhece a importância relevante dessas instituições, como também desconhecem que o objetivo das bibliotecas públicas é servir a população sem distinção social podendo ter a participação de todos.

Apesar de que a nossa cidade de Candeias vem sendo vítima de uma administração municipal precária, a nossa Biblioteca Pública Municipal, “MARIA SALETE LOPES RIANI” vem desempenhando o seu papel com louvor graças à competência, a dedicação e o carinho com que vem sendo coordenada pela Bibliotecária, Longuinha Ferreira da Silva, é um exemplo de servidora pública, pela forma com que desempenha a sua função naquela instituição tão importante para a nossa comunidade.

Nascida em Candeias no dia 18 de abril de 1964, filha do casal Idelfonso Francisco Lopes e Ana Ferreira Lopes. Estudou na Escola Estadual Presidente Kennedy, desde as séries iniciais até a conclusão do Magistério. Em seguida graduou-se em Biblioteconomia pela antiga ESBI (Escola de Biblioteconomia), hoje UNIFOR_MG em Formiga MG. Concluindo o curso em 1984. Casada com o Engenheiro Civil Edson da Rocha, cuja união nasceu Eduardo Ferreira da Rocha.

Longuinha ama o seu trabalho e se sente realizada como profissional da Valorosa Instituição Biblioteca Pública Municipal, “Maria Salete Lopes Riani” e diz:
“Ser mediadora entre as pessoas e o conhecimento é fascinante, pois, o hábito da boa leitura nos ajuda sermos cidadãos cultos e conscientes”.

Parabéns Longuinha por estar contribuindo com a construção da História de Candeias, com amor, dedicação e competência. Você é realmente uma servidora pública exemplar e merece o respeito de todos os candeenses!

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.