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sexta-feira, 27 de abril de 2018

PADRE AMÉRICO BRASILEIRO.

                                                             Padre Américo Cristiano Brasileiro.

Meus amigos: Esse texto não pode ser editado no nosso Grupo "SOU DAS CANDEIAS COM MUITO ORGULHO", por envolver um tema religioso o que viria contraria as regras do Grupo. Portanto, está sendo editado no meu Facebook numa reedição do Blog Candeias MG Casos e Acasos.

Entendo que o tribunal da minha consciência não me condena por ser radicalmente contra o celibato. Portanto àqueles que não concordarem comigo perdoem-me. Afinal eu  sou católico, batizado, crismado e representado, mas não congrego em igrejas. Se exponho o meu pensamento naturalmente esse estará sendo apenas para aqueles que pensam como eu. Não significa, portanto que eu esteja tentando persuadir alguém com esse texto.

Não há nada que promete a Igreja Católica rever essa abstração que gera uma grande vergonha para a igreja. Por ocasião da posse do Papa Francisco teria sido dito que isso se encontrava na sua agenda, mas até hoje o celibato continua, e os padres continuam pecando, e a igreja fazendo vista grossa. ---- O Papa teria mostrado proposta para debater e rever as regras do celibato. Inclusive disse que o celibato não é um dogma de fé e sim um regulamento da igreja; e prometeu tolerância zero contra os abusos sexuais a crianças.  No entanto, parece que o Papa tem mudado  de conversa, pois vive se preocupando demasiadamente com a Amazônia, quando deveria estar preocupado com a vergonha do celibato no mundo inteiro. Já anda até dizendo que o celibato é uma regra de vida e que  muito o admira. É... Ele o Papa andou dizendo que admira o celibato!

Parece-me que na atualidade quem não quer acabar com o celibato são os próprios padres na sua maioria, apoiados pelo Papa. Afinal está parecendo que aquele que quer ser padre, quer na verdade é o celibato e fazê-lo de armário para esconder a sua vergonha. Essa coisa é um adjetivo que qualifica quem não tem intenções sexuais claras e nem quer estar casado do jeito que a própria igreja recomenda.  

Recentemente, quando eu navegava pela internet, deparei-me com um vídeo onde um jovem padre, bastante conhecido na mídia, fazia a apologia do celibato dando ênfase ao assunto de maneira confusa e com certa agressividade. Aquele ministro de Deus, falava alto e parecia até que estava tirando as palavras do estômago, quando dizia que o celibato foi feito para eles, padres, e não para os outros --- e que ninguém teria nada com isso.  --- Dava a entender como se a Igreja Católica fosse uma propriedade particular dos padres. ----- Acrescentou ainda, que às pessoas deveriam estar mais preocupadas com as suas próprias vidas e menos com a deles, os padres. --- Esse padre não estava se referindo a outras igrejas...

Diante daquela pregação excêntrica, onde se via uma questão mais pessoal do que coletiva, fermentou em minha mente o nome de uma pessoa, que Candeias, acolhera como filho adotivo e que dorme o seu sono eterno sepultado no santuário do Senhor Bom Jesus: Trata-se do Padre AMERICO CRISTIANO BRASILEIRO.

Natural da cidade de Lavras ordenou-se padre em agosto de 1876. --- Antes de vir para Candeias já teria servido as paróquias de Perdões e Cana Verde. --- Apesar de ter sido um personagem importante na construção da História de Candeias, pouco se tem registrado de sua vida, graças ao preconceito e a crueldade dessa coisa chamada celibato, instituída pela Igreja Católica e que a meu ver, isso passa da hora de ter um fim..

Pecado, é privar o homem de constituir a sua família, é furta-lo de um direito que Deus lhe deu. --- Ter filhos é desígnio de Deus. É estar comprometido com as obrigações impostas pela vida; é sofrer diante da responsabilidade emanada pelo Criador... Enfim, é participar das Obras da Criação. ---- Não os ter é viver dentro de si; é deixar de crescer e não se multiplicar... É não deixar pai e mãe para seguir a sua mulher e se tornar numa só carne; ---- uma recomendação bem lastreada pela Bíblia. ----

Lembro-me de certo dia, no princípio da década de 50, quando meu pai me chamou para irmos a um enterro. Eu sempre acompanhava ao meu pai nos enterros. ----- De repente me vi na porta de uma capela que existia antigamente na entrada do cemitério São Francisco, onde hoje existe uma pracinha.

Dali o enterro subiu a Rua Francisco Bernardino e foram rumo a Avenida 17 de Dezembro. E eu achando aquilo muito esquisito porque afinal um enterro normal, por costume, saia da casa do morto, passava pela igreja e o ponto final seria o cemitério. ---- Aquele estava ao contrário --- Foi quando fiquei sabendo que se tratava da transladação dos ossos do Padre Américo para a Igreja do Senhor Bom Jesus, após estar sepultado por muitos anos no Cemitério São Francisco.

Foi nesse dia que comecei a entender sobre o que era o celibato e saber um pouco sobre a vida do Padre Américo Cristiano Brasileiro.

Pobre Padre Américo teria violado as leis da Igreja faltando com a vida celibatária por ter sido pai; por ter amado uma mulher. Por causa disso foi punido severamente sendo afastado das suas funções na Igreja de forma humilhante. – –----- Numa visita a Candeias, do Bispo Dom Silvério, Padre Américo, já afastado das suas funções há muito tempo, bem a porta da do santuário, caiu de joelhos aos pés do Bispo e lhe pediu perdão a frente de todo mundo ali presente. E o Bispo lhe fez levantar-se diante daquele cenário tão humilhante. Mas o povo não deixou de amar Padre Américo. É triste ter conhecimento de um fato histórico onde a minha igreja  tenha agredido a própria natureza humana.

Naquele tempo os padres eram sepultados nas igrejas e os bispos nas catedrais. Padre Américo foi humilhado até depois da morte tendo sido enterrado no Cemitério São Francisco. E só após muitos anos que a igreja autorizou a transferi-lo do cemitério para o santuário do Senhor Bom Jesus diante dos clamores constantes do povo candeense.

O Santuário do Senhor Bom Jesus guarda os restos mortais do Padre Américo Brasileiro, como também uma das cenas mais emocionantes de sua vida, quando de joelhos pediu perdão ao Bispo seu superior Dom Silvério Gomes Pimenta. Mas  subentende-se que o Bispo não o tenha perdoado naquele momento porque o seu sepultamento se deu contra as regras da época, no cemitério municipal e não numa das naves do santuário.

Talvez a Igreja tenha autorizado mais tarde a transladação dos seus restos mortais do Cemitério são Francisco para o Santuário do Senhor Bom Jesus, numa tentativa de buscar o seu próprio perdão. Afinal, se a Igreja tem os padres que podem perdoar em nome de Deus, porque não perdoar um padre, antes ou depois da morte?

Um homem de profunda cultura era o Padre Américo. Ele que muito colaborou com a história de Candeias, num tempo quando  Candeias não era ainda cidade. O afastamento do Padre Américo e a sua substituição, não impediu que muitos fiéis continuassem a tê-lo como o pároco, pois era procurado em sua casa para bênçãos e batizados e até casamentos.

O nome do Padre Américo foi ligado injustamente ao preconceito; ao pecado e ao delito em forma de crime. Ele foi humilhado e massacrado. --- A mãe, e os filhos dele foram como se  a razão do seu pecado  e de um crime, ---- o que Deus jamais lhe teria atribuído-----. Isso porque um padre ser pai e amar uma mulher pode ser violar as leis da igreja, mas não as leis de Deus!

Ainda bem que as autoridades políticas lhe deram o nome de uma Escola, para que o seu nome não se tornasse esquecido. ---- Seus filhos foram um pecado escolhido pela Igreja------- O amor que trazia consigo pela mulher e filhos nunca pode ser exposto e nem exaltado. --- João do Padre e Zé do Padre. ---- 

Lembro-me muito do Zé do Padre (Zé Cristiano) Era professor rural. E um homem de cultura admirável. Não foi casado e não teve filhos. ---- João do Padre sim foi casado e teve filhos, entre eles, Maria Brasileira, que foi minha catequista.

Fazer nascer talvez seja um pecado maior para a igreja; matar talvez nem tanto. A Igreja que através dos padres pode absolver os pecados não pensou nisso quando inventou o celibato. Foi conhecendo a história de Padre Américo que comecei a repudiar o celibato.

-----E vendo aquele jovem padre dizer que nós não temos nada com isso... Que o celibato foi feito para eles... Eu fico pensando: E nos registros históricos de irmãs de caridade que já abortaram e enterraram os seus filhos nos fundos dos conventos?... E os filhos de padres abortados na clandestinidade? Filhos que nunca viram os seus pais e que jamais o souberam... Afilhados de padres quando que na verdade eram seus filhos... --- E agora vem aquele padre dizer que nós não temos nada com isso?! Que deveríamos cuidar de nossas vidas?! Histórias essas que sempre serviram de temas para muitos livros e grandes escritores como a história de Eça de Queiroz, no seu livro: “O Crime do Padre Amaro.”

Infelizmente o ser humano tem sim uma tendência arraigada de defender aquilo que lhe interessa. Comumente estamos vendo padres defendendo o celibato. Contudo, eu insisto em dizer que a defesa que eles apresentam não me convence de modo algum.  Principalmente quando dizem que Jesus era celibatário. Sim, Jesus era celibatário, mas não foi ele que instituiu o celibato. ---- Quando comentam ou se defendem com o escatológico, o eclesiológico de forma generalizada. Que não seja pecador e nem infringente das leis da igreja aquele que desejar amar uma mulher e ter um filho e que seja celibatário aquele que o desejar.

Onde quer que esteja Padre Américo mande-nos a sua bênção. Para mim você nunca pecou contra Deus. E se violou as leis da igreja não terá violado as leis de Deus.

Armando Melo de Castro.

 

 

 

UM INVENTOR CANDEENSE

                                                                              Belmiro Costa


Muitas são as invenções brasileiras, assim como o avião, o relógio de pulso, o balão a ar, o orelhão, o cartão telefônico, a urna eletrônica, a abreugrafia e muitas outras coisas, que no momento me falta à memória, e estão no rol das grandes invenções mundiais.
Infelizmente as invenções brasileiras são pouco divulgadas e muitas são roubadas tendo em vista a falta de condições dos seus inventores de enfrentarem a burocracia do registro do invento.

 Muita gente não sabe que antes do italiano Marconi e o canadense Reginald Fessenden, por exemplo, o rádio já teria sido inventado por um brasileiro, o gaúcho, Padre Roberto Landell de Moura, foi ele o pioneiro a transmitir a voz humana num aparelho sem fio. Mas a igreja católica o proibiu de divulgar o seu invento sugerindo que os católicos poderiam achar que aquilo fosse coisa do diabo. ---

As invenções brasileiras são pouco divulgadas como brasileiras. Uma invenção brasileira e que pouca gente sabe é o soro antiofídico. Ele foi criado pelo médico mineiro Vital Brasil, nascido em Três Corações, no sul de Minas. ---- Esse soro tem salvado muitas vidas. Trata-se de um medicamento para tratar mordidas de cobras venenosas e é obtido de anticorpos do sangue do cavalo. ----  

A fazenda onde Vital Brasil desenvolvia seus experimentos é onde está hoje o Instituto Butantã, um dos centros mais importantes de produção de vacinas do país. A descoberta do soro aconteceu no início do século XX

Em Candeias tivemos um grande inventor, o Sr. Belmiro Costa que na sua profissão de pirotécnico desenvolveu um antimônio para a fabricação de pólvora, o qual até então era importado da China.

Orgulhoso de si, Belmiro que já usava o produto do seu invento como um similar do produto chinês, tinha o sonho de vê-lo registrado e fabricado em Candeias. Mas para isso, se fazia necessário procurar um centro de pesquisas. Nas suas buscas através de informações, tomou conhecimento de que na cidade de Jacareí, no estado de São Paulo, havia esse centro.


Infelizmente, no nosso país os governantes apoiam muito pouco às pessoas necessitadas de recursos para pesquisas. Belmiro não conseguiu nenhum apoio governamental. O único apoio conseguido foi, então, do Sr. Mário Rigali, o Piloto, dono do Bar Piloto na época, que o levou a Jacarei. -----Mas, como o Sr. Mário, também, não se dispunha de recursos financeiros para ajuda-lo, ----- a fórmula preciosa de Belmiro Costa, caiu nas mãos de pessoas inescrupulosas com a promessa de um retorno sobre o assunto; e nunca mais foi vista e nem devolvida. Essa conversa eu tive pessoalmente com o Sr. Belmiro.

Belmiro levou para o túmulo o desejo de ver a formula do seu produto fabricado em candeias.  ---- Ele não dizia, fabricado por mim... Ele dizia: O meu invento vai ser fabricado aqui em Candeias.  

---- Candeias, representada por seus políticos, às vezes, é cruel com alguns de seus filhos.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

BAR DO OTÁVIO MARTINS.

                               
                                          Rua Professor Portugal esquina com Praça Antonio furtado.

Um dos pontos comerciais mais antigos de Candeias fica na esquina da Rua Professor Portugal com a Praça Antônio Furtado onde, atualmente, se encontra a residência do Sr. Wanderley Andrade, sendo que o ponto comercial, outrora bastante amplo, de diversas portas pintadas de azul celeste, hoje se encontra reduzido a um pequeno depósito de pães. --- Lá, no correr dos tempos, foram estabelecidos diversos segmentos comerciais: bares, empórios, padarias, botequins, etc.

Guardado bem nos porões da minha memória, o primeiro comércio que conheci ali, quando eu comecei a me entender como gente. --- Era o Bar do Sr. Otávio Martins. --- Um bar fuçado, totalmente desorganizado. O piso era de um assoalhado já bem velho, cheio de buracos por onde, naturalmente, deveriam trafegar ratazanas de todas as ordens. ---

Havia uma velha sorveteira que quando ligada, fazia uma acústica com o assoalho provocando tanto barulho que a conversa entre os fregueses se tornava quase impraticável. E, na competição com o ruído da máquina, os frequentadores falavam tão alto que da rua se ouvia tudo. ----Parecia uma locomotiva dentro do bar cujo cômodo era grande e havia muito espaço vago.

Os sorvetes e picolés, ali fabricados, não tinham nenhum requinte de higiene e aqueles copos em forma de casquinha, próprios para sorvete e que o consumidor gosta de comer, eram, comumente, vistos com algum rastro. Além disso, a caixa da salmoura da máquina sorveteira tinha ferrugens que vazavam e se juntavam ao congelado, fato que levava sempre o freguês a se queixar de que o picolé estava salgado.

As prateleiras com garrafas cheias e  vazias pareciam seguras pelas teias de aranha. As vitrinas eram forradas com papel manilha da cor rosa, de péssima qualidade, e que, às vezes, deixava o produto manchado. ----- As cadeiras, tipo “balança mais não cai”, de quando em vez, levava um freguês ao chão. E, quando essas estavam todas ocupadas, os fregueses tomavam assento sobre o balcão bastante amplo à medida da área.

Havia água encanada no bar, mas estava sempre em falta. Nas construções antigas, não se faziam caixas de depósito para água. Usava-se, normalmente, um tambor de duzentos litros sem tampa e comprado, de segunda mão, nos postos de gasolina. Este era preso em quatro forquilhas do lado de fora. Aquilo nunca era lavado e servia de bebedouro para gambás e aves que morriam ali, acidentalmente, e que só eram descobertas quando a água se tornava fétida.

Naquele tempo, a água encanada, principalmente nas ruas de baixo, não tinha um fornecimento regular --- Aí, então, quando a água faltava, a lambança dobrava. ---- Tomava-se de uma gamela cheia d’água e, à medida que os copos eram usados, iam sendo jogados ali, e, quando necessários, apenas retirados e usados novamente. Não se usava lavar os copos com sabão. Apenas deixava-os mergulhados na mesma água usada horas e horas.

Num dos cantos de dentro do balcão, havia um varal de bambu onde ficavam dependuradas linguiças e uma bexiga de mortadela, da pior qualidade, expostas às moscas que, naturalmente, davam, ali, o seu toque de imundície.  Os intestinos dos fregueses, já estariam tão providos de anticorpos que seria mais fácil à morte dos parasitos intestinais do que dos consumidores.

Eu morava próximo dali, na Rua Coronel João Afonso, e acompanhava sempre o meu pai quando estava lá a chamado do proprietário que era seu grande amigo e compadre, a fim de tocar violão para atrair os fregueses que gostavam de formar duplas sertanejas. Portanto, eu sempre saboreava, daqueles restos mortais suínos e bovinos oferecidos por meu pai e os amigos. --- Hoje só de me lembrar disso sinto arrepios.

O meu estômago já estava tão afinado com as porcarias dali que o sentido do paladar nem se ofendia. E meu pai, também, por sua vez, não estava nem aí. Tomava a sua pinguinha e a sua cervejinha naqueles copos infectados, mal lavados e trincados como se estivesse bebendo numa taça usada na Santa Ceia. ----

Mas tem um detalhe desse tempo que eu não me esqueço: Se por ventura me aparecesse uma dorzinha de barriga, uma indigestãozinha qualquer, minha mãe bradava:

“Isso é as lambanças que o seu pai lhe enfia lá no bar do compadre Otavio”. ---- Fosse ou não fossem os seus cozidos estavam isentos. ---

---É esquisito sentir saudade de uma coisa dessas não é? Mas eu sinto!

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

terça-feira, 3 de abril de 2018

ROSCA E BOLACHA QUEIMADAS.





                                         FOTO APENAS PARA ILUSTRAR O TEXTO
Os candeenses mais antigos, naturalmente, deverão ter em suas lembranças o “BEM”.  ---- Bem era um cidadão que se chamava Alexandre, contudo, todos o conheciam por Xande.  Vivia sorrindo, e chamava todo mundo de bem, motivo pelo qual os outros o tratava do mesmo jeito.

Seria ele já um parceiro da terceira idade; magro alto e sorridente. Uma voz mole; um jeito mais pra lá do que pra cá. Gostava de achar homem bonito e fazia pouco comentário sobre as mulheres. Num tempo que a frescura era oculta ninguém tinha certeza, mas diziam que ele gostava de queimar a rosca e nos seus casos amorosos era o rabo que abanava o cachorro. Era chegado, também, numa intermediação de copulação clandestina. Gostava de um cochicho, no pé do ouvido.

Se Xande fosse uma pessoa culta, naturalmente iria ser um grande admirador da arte de Leonardo Da Vince.  --- Mas como não era portador desses cabedais da cultura, entender-se-ia, naturalmente, com a turma da pederastia ativa, porque nele estaria o passivíssimo cravado no seu olhar de quem quer “Dá Vinte”.

Fiinha do Xande era sua filha. Diziam filha dele, mas deveria ser pai adotivo. Xande jamais poderia ter sido seu pai biológico. Afinal, ele era como navalha que corta só de um lado. Deveria ser filha de criação e ela o chamava de padrinho. A fruta do Xande era outra, ele gostava era de banana e detestava melancia. ---- E, depois, numa bananeira não nasce melancia.

Fiinha que era uma mocinha até bonita, transformou se numa prostituta vulgar. Era uma infeliz porque além de prostituta se tornou alcóolatra e, às vezes, era vista assentada de mau jeito, mostrando o buraco da cobra destampado. Era uma cena de doer o coração de um cristão.

Certa vez ela apareceu com uma doença ginecológica, tudo levava a crer não ser coisa que pudesse dispensar um médico. Contudo, Xande a levou ao curador, famoso Chico Viriço, já comentado neste Blog.  Nesse tempo Chico Viriço era como um médico das raízes, não havia na medicina essa evolução de hoje. Remédios eram caros e parece que o povo mais humilde não confiava muito nos remédios de farmácia.

Às sextas feiras a sala da casa do Chico Viriço era repleta, vinha gente de todas as partes para consultar com o curandeiro que tinha muita conversa e pouca cura. Os seus remédios e a sua conversa, a bem da verdade, tinham apenas um efeito placebo.

Naquele clima chega o Xande com a Fiinha:

---- Oi Bem, tá tudo bem?!
----Mió só no céu Xande, responde o CHICO.
----Ô bem, eu truxe a minina aqui de novo, o trem dela piorô!
E o Chico pergunta:
-----Que que foi Fiinha, o que que piorô?
-----Oia Sô Chico, aquele remédio que o senhor insinô de infiá limão com bicabornato na minha bu... Quer dizê na minha “bulacha” quase me matô, eu tô quela tudo queimada; ardeno igual pimenta.
E o Chico olha para um lado e olha para o outro à frente das pessoas e diz:
----Vamo cunversá lá dento aqui fora tá muito quente!

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.