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terça-feira, 3 de abril de 2018

ROSCA E BOLACHA QUEIMADAS.





                                         FOTO APENAS PARA ILUSTRAR O TEXTO
Os candeenses mais antigos, naturalmente, deverão ter em suas lembranças o “BEM”.  ---- Bem era um cidadão que se chamava Alexandre, contudo, todos o conheciam por Xande.  Vivia sorrindo, e chamava todo mundo de bem, motivo pelo qual os outros o tratava do mesmo jeito.

Seria ele já um parceiro da terceira idade; magro alto e sorridente. Uma voz mole; um jeito mais pra lá do que pra cá. Gostava de achar homem bonito e fazia pouco comentário sobre as mulheres. Num tempo que a frescura era oculta ninguém tinha certeza, mas diziam que ele gostava de queimar a rosca e nos seus casos amorosos era o rabo que abanava o cachorro. Era chegado, também, numa intermediação de copulação clandestina. Gostava de um cochicho, no pé do ouvido.

Se Xande fosse uma pessoa culta, naturalmente iria ser um grande admirador da arte de Leonardo Da Vince.  --- Mas como não era portador desses cabedais da cultura, entender-se-ia, naturalmente, com a turma da pederastia ativa, porque nele estaria o passivíssimo cravado no seu olhar de quem quer “Dá Vinte”.

Fiinha do Xande era sua filha. Diziam filha dele, mas deveria ser pai adotivo. Xande jamais poderia ter sido seu pai biológico. Afinal, ele era como navalha que corta só de um lado. Deveria ser filha de criação e ela o chamava de padrinho. A fruta do Xande era outra, ele gostava era de banana e detestava melancia. ---- E, depois, numa bananeira não nasce melancia.

Fiinha que era uma mocinha até bonita, transformou se numa prostituta vulgar. Era uma infeliz porque além de prostituta se tornou alcóolatra e, às vezes, era vista assentada de mau jeito, mostrando o buraco da cobra destampado. Era uma cena de doer o coração de um cristão.

Certa vez ela apareceu com uma doença ginecológica, tudo levava a crer não ser coisa que pudesse dispensar um médico. Contudo, Xande a levou ao curador, famoso Chico Viriço, já comentado neste Blog.  Nesse tempo Chico Viriço era como um médico das raízes, não havia na medicina essa evolução de hoje. Remédios eram caros e parece que o povo mais humilde não confiava muito nos remédios de farmácia.

Às sextas feiras a sala da casa do Chico Viriço era repleta, vinha gente de todas as partes para consultar com o curandeiro que tinha muita conversa e pouca cura. Os seus remédios e a sua conversa, a bem da verdade, tinham apenas um efeito placebo.

Naquele clima chega o Xande com a Fiinha:

---- Oi Bem, tá tudo bem?!
----Mió só no céu Xande, responde o CHICO.
----Ô bem, eu truxe a minina aqui de novo, o trem dela piorô!
E o Chico pergunta:
-----Que que foi Fiinha, o que que piorô?
-----Oia Sô Chico, aquele remédio que o senhor insinô de infiá limão com bicabornato na minha bu... Quer dizê na minha “bulacha” quase me matô, eu tô quela tudo queimada; ardeno igual pimenta.
E o Chico olha para um lado e olha para o outro à frente das pessoas e diz:
----Vamo cunversá lá dento aqui fora tá muito quente!

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

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