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domingo, 19 de setembro de 2021

RUA SALATIEL DE CARVALHO.


    Esta foto me transporta a um passado bem distante, ainda na década de 50. Lembro-me muito bem quando esta pequena rua do centro de Candeias era bastante movimentada. É a Rua Salatiel de Carvalho, onde situava o conglomerado de indústria e comercio do Sr. Nicodemos Salviano, mais conhecido, então, por Nico Pacheco, já comentado no nosso Blog, Candeias MG Casos e Acasos:

 https://candeiasmg.blogspot.com/2010/10/nicodemos-salviano.html

 Esta área, hoje, esquecida não merece ser esquecida porque representou muito para a história de Candeias. ---- O nome do Sr. Nicodemos Salviano, um homem de espirito empreendedor, é merecedor de um lugar de destaque na história de Candeias.

A grande parte da Rua Salatiel de Carvalho era tomada pela sua residência e o seu conglomerado industrial e comercial, que atendia Candeias nas suas muitas necessidades, o que fazia desta rua ser muito movimentada. ----- Ai nesse local, funcionava máquina de beneficiar arroz, onde tantas vezes eu fui comprar quirela de arroz para as galinhas lá de casa; serraria, marcenaria, fábrica de ladrilhos, torrefação do café “NS” uma das primeiras torrefações de café da região. Venda de cimento e outros materiais, além da fabricação de caixão de defunto num tempo em que Candeias não possuía funerária.

O Sr. Nico Pacheco foi um homem admirável e muito inteligente. Além de um grande empreendedor foi um grande colaborador com a história de Candeias, também na política, pois muito colaborou com o Dr. Zoroastro Marques da Silva, na emancipação do município. Foi Construtor Licenciado, tendo sido o construtor do prédio do cinema e com grande participação na Igreja Matriz, além de ter sido o responsável por diversas construções na cidade.

Esta rua tem o nome de Salatiel de Carvalho. Mas afinal quem foi Salatiel de Carvalho? Ninguém sabe... Eu não encontrei esse nome em nenhum registro. Existe um deputado pastor crente, nascido em 1954 na cidade de Bacabal, ainda vivo, no interior do Maranhão, e que não tem nada a ver com Candeias ou Minas Gerais.

Portanto, eu peço, por favor, a quem souber o motivo do nome dessa Rua, para que façamos uma avaliação. Esta rua merecia ter o nome do Sr. Nicodemos Salviano, pela sua contribuição à história de Candeias, nos momentos em que a nossa cidade muito precisou dele. ---- Quantas ruas já tiveram os seus nomes substituídos por nomes que praticamente não representaram quase nada para o município de Candeias, além de serem cidadãos de bem e amigos dos vereadores que indicaram os seus nomes? ---

Peço desculpas aos moradores da Rua Nicodemos Salviano. A minha opinião não retrata o fato da Rua estar ao lado do Cemitério São Francisco. É simplesmente por se tratar de uma rua completamente desencontrada com os méritos do Sr. Nicodemos Salviano, que viveu e labutou naquela rua viveu e labutou, quando muita gente a chamava de Rua do Nico Pacheco.

Eu gostaria muito de saber se Salatiel de Carvalho tem grande representatividade para Candeias, para que o seu nome esteja onde existe um merecimento maior de um nome que não pode ser esquecido. Tomo a liberdade de fazer esse comentário, porque na cultura política candeense já foram trocados diversos nomes de personalidades que colaboraram com a emancipação de Candeias, por nome de Candeenses que não tiveram praticamente nenhuma participação na vida candeense. E muitos candeenses históricos continuam com os seus nomes esquecidos.

Fica aqui o meu agradecimento antecipado aos que colaborarem com a dúvida deste texto.

Armando Melo de Castro.

sábado, 11 de setembro de 2021

ACONTECEU AQUI NESTA ESQUINA.


Amar alguém é se sentir dono de algo que não possui. Quando a pessoa se sente ferida no amor, é uma dor muito forte. É um sentimento que machuca e deixa uma cicatriz no coração que só quem a tem sabe sentir, porque cada coração tem uma forma de sentimento. ---- Eu entendo que ninguém deve interferir na vida amorosa de alguém. Afinal somos responsáveis pelos nossos atos. Quando alguém ama a um outro alguém, os conselhos raramente podem ser válidos, afinal como diz o rifão, o coração tem certas razões que a própria razão desconhece. É um erro violento aqueles que castram a liberdade de escolha de alguém sobre qualquer pretexto. Devemos entender que é muito melhor arrependermos daquilo que fizemos ao contrário daquilo que não fizemos. A liberdade é algo que o ser humano alimenta com o coração e não há quem não a entenda. Cumpre aos pais na infância de seus filhos orienta-los sobre o respeito e mostrar-lhes a estrada do bem e do certo. Porque muita das vezes, os erros dos filhos acontecem por falha dos pais que tentam corrigir os filhos, mas ai já será tarde demais.

Eu contava mais ou menos uns 12 anos de idade e numa manhã de domingo, quando eu ia para a missa das 8 horas na Igreja do Senhor Bom Jesus, quando me deparei com um acontecimento triste, bem na esquina onde se encontra a residência do Sr. Miguel Albanez (Biribico)

Um casal de namorados conversava feliz da vida. Quando surge, vindo do lado da Escola Padre Américo, o pai da moça, um senhor que tinha o nome de Lacinho. ---- O Sr. Lacinho tinha um rompante forte; morava na zona rural e tinha hábitos extremamente agressivos. E quando bateu os olhos no casal bradou em voz alta:

“Eu já te falei que num quero vê ocê namorando nas isquina. E ainda namorando vagabundo! E ocê pode sumi das vista dessa fia disrregrada. Fia minha ocê num namora não seu trem ordinário! Eu num vô cum a sua cara! Quela ocê num vai casá nunca. Um trem que num tem onde caí morto, qui vive cagano pá jantá... Ocê que só relá. Eu num puis fia no mundo pra vagabundo relá não... E ocê sua bisca, toma seu rumo. Pode tirá o cavalinho da chuva porque com esse trem ruim ocê num casa memo. Se fosse bão tinha ido lá in casa pidi pá namorá. É mais faci ocê tê que sumi lá de casa do que casá com esse trem.”

Eu fiquei assistindo aquele espetáculo que naquele tempo para mim foi uma comédia dada a minha juventude. Mas hoje, quando me lembro disso, é como se lembrasse de um drama muito triste. Chego até ao ponto de sentir um pouco de remorso por ter achado graça. --- Eu, então, não conhecia o sentimento do amor, interessei-me, apenas, por aquela agressão sem defesa. Eu não conhecia o choro interno dos adultos, portanto não fiz a mínima ideia do que se passava por dentro daquele casal de namorados. ---- O tempo passou, e hoje me emociono e sinto o que deveria ter sentido naquele momento e não senti. Na infância e na juventude, cometemos enganos que um dia virão nos servir de lições.

Eu nunca me esqueci daquele espetáculo; daquela humilhação; daquele jeito violento de tratar uma filha e um candidato a namoro. Até hoje quando me lembro disso, vem à tona de minha mente, a moça tirando do pescoço um cordão de ouro que o rapaz com certeza a teria presenteado e lhe foi devolvido. E os dois chorando, quando um seguiu rua abaixo e a outra passou à frente e acompanhou o pai para a igreja.

Era uma moça com mais de vinte anos. Eu nunca mais a vi com outro namorado. E o rapaz, posteriormente casou-se e enquanto os meus olhos o vigiaram me parecia ser muito feliz com a sua esposa e seus filhos. Era trabalhador e respeitado na cidade. O tempo o fez sumir de minhas vistas. Mas, o triste fato continua guardado nos fundos dos meus olhos e nunca foi esquecido.

A violência verbal, às vezes, machuca mais do que a violência física. Esta foi uma das grandes lições que a escola da vida me deu. Ver um pai estragar a vida de uma filha pensando que estava lhe fazendo algum bem, ou decidindo por ela aquilo que deveria ter sido dela.

 

Candeias MG Casos e acasos.

Armando Melo de Castro


sábado, 4 de setembro de 2021

SILVESTRE TEIXEIRA, UM EXEMPLO DE CIDADANIA.


                                                                       Silvestre Teixeira

Dizem que o homem é um produto do meio. Um meio, todavia, feito pelo mesmo homem, no sentido de viver bem sob a disciplina da sociedade através do conservadorismo dos bons princípios e das melhorias da evolução humana. Portanto, podemos partir pelo pressuposto de que a base fundamental de uma  sociedade deve ser o amor, a honra, a solidariedade, o respeito dentro da sociedade, cumprindo fielmente as leis e tratando o próximo como gostaria de ser tratado. --- Lamentavelmente nos dias atuais os princípios da dignidade humana estão sendo deturpados, diante da ambição, da ganancia, da desonestidade que vai a cada dia se espalhando de cima para baixo.

Hoje, vamos fazer a nossa simples homenagem a um candeense que cumpriu rigorosamente todos esses princípios éticos que orientam a maneira correta de ação do ser humano. Vamos falar um pouco de um homem que além de ser um rigoroso cumpridor de seus deveres, foi um grande exemplo de cidadania e pai de família. Vamos falar do senhor: SILVESTRE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.

Silvestre, também conhecido como Vete, nasceu em Candeias no dia 13 de fevereiro de 1912 e faleceu em 19 de setembro de 2012. Viveu portanto, 100 anos, 7 meses e 9 dias. Filho de João Evangelista de Oliveira, e Dona Ana Theodora Gomide, (Dona Sinhana). ---- Casou-se no em 1941 com Maria Gonçalves de Oliveira, a nossa tão querida Mariinha do Vete, filha de Alfredo Gonçalves Sant’Ana e Dona Joana Militana Rodrigues, (Dona Joanica). Um casamento que durou 71 anos de uma perfeita união, quando constituíram uma família de 10 filhos, 23 netos e 14 bisnetos até hoje. Dona Mariinha faleceu em 2016 aos 92 anos de idade. Grande mulher, esposa e mãe extremamente dedicada.

A família Teixeira, cuja linhagem é uma das mais tradicionais e conceituadas de Candeias, sempre honrou a nossa sociedade, com cidadãos exemplares, honestos, trabalhadores e merecedores de todo o respeito. E Silvestre Teixeira e sua esposa Mariinha foram um dos grandes modelos da nossa sociedade. Uma família  cujos filhos seguiram os bons exemplos da paternidade.

Silvestre foi durante 35 anos o contador do conglomerado do Sr. Celestino Bonaccorsi, que reunia várias atividades inclusive a Empresa Força e Luz Candeense. Foi um funcionário muito inteligente, eficiente e  prestativo. – Lembro-me de que certa vez, eu precisei de uma carta de apresentação de uma casa comercial, e não faltou quem me orientasse dizendo: “Isso é com o Silvestre lá no Bonaccorsi”. --- Silvestre fez para mim uma carta tão bonita, me elogiando e eu guardo até hoje os termos desta carta, o que me fez ser a ele eternamente agradecido.

Depois de prestar seus bons serviços durante 35 anos ao Grupo Celestino Bonaccorsi, ainda prestou serviços à  Prefeitura de Candeias. --- Aposentou-se aos 70 anos de idade. ---  Silvestre foi um candeense na essência da palavra. Era um entusiasta pela nossa terra, a nossa querida Candeias. Participava de tudo como cidadão inato. Não negava um favor que se lhe  fosse solicitado, sempre dava aquele seu sorriso meio sorrateiro de menino arteiro, dependendo do pedido. Colaborava com a documentação para aposentadoria de muitas pessoas; desembaraçava escritas e tributos dos pequenos comerciantes das roças e da cidade. Não recebia nada por esses serviços, se satisfazia com o respeito que essas pessoas nutriam por ele.

Silvestre era totalmente desprendido das coisas. Foi delegado de partido político; colaborador na Vila Vicentina. Participante do Cursilho de Cristandade. E era um assíduo participante do Grupo da 3ª idade, nos bailes no prédio do Rotary, na Rua Pedro Vieira de Azevedo. A presença dele e da esposa Dona Mariinha nesses encontros incentivava muitas  outras pessoas. --- Era agradável vê-los descer e subir a rua  da minha casa indo e voltando do baile todas as quartas feiras.

No esporte a paixão de Silvestre Teixeira era a Associação Esportiva Candeense, cujo campo da AEC antigamente era no Alto do Cruzeiro, atualmente campo do Clube Atlético  Candeense. --- Quando a AEC veio a construir o seu estádio para mais próximo do centro da cidade, indo para a baixada da Lage onde hoje se encontra. ---- Imaginar a construção de um campo de futebol naquele local poderia ser imaginado uma loucura. Lembro-me que ali era um brejo, onde até um trator esteve atolado durante a sua construção. Foi preciso fazer ali um imenso trabalho para drenar a área. Os torcedores contra a AEC diziam que ali teria uma grande torcida que seria os sapos, as rãs e as pererecas. Quintino enfermeiro, gostava sempre de dizer como seria as torcidas lá naquele campo: Os sapos gritariam:  “Foi gol, foi, foi gol, foi gol”, e as rãs protestavam, num “num foi, num foi, num foi” e as pererecas no seu canto, vinham, “um a zero, um a zero um a zero”. ---- E quem estava sempre por lá em qualquer uma de suas folgas? Silvestre!... Silvestre amava a Associação Esportiva Candeense e muito fez por ela. --- E num reconhecimento justo, mais do que justo, o Conselho, sobre a sugestão do Sr. Wander Bonaccorsi, (O Wandinho do Américo um dos bons jogadores da AEC) deu o seu nome ao estádio: “Estádio Silvestre Teixeira”.

Por ocasião de seu centenário, Silvestre recebeu uma linda homenagem de reconhecimento pelo quanto fez pela Associação Esportiva Candeense, quando até o uniforme dos jogadores eram lavados em sua casa.

Atualmente não reside em Candeias nenhum dos filhos de Silvestre Teixeira. Estão espalhados por diversos pontos, naturalmente espalhando esta herança moral que tiveram dos pais, estão 1 em Tocantins, 1 em Brasília, 3 em Divinópolis, 2 em São Paulo, 1 em São João Del Rey e 2 em Campo Belo. Contudo, o estádio é cuidado com  desvelo pelo sobrinho Wellington Marques e seus companheiros.

Na vida construímos  a cidadania com o convívio. E o sucesso e a felicidade só conseguimos construindo através de uma cidadania levada a sério. Assim foi o comportamento saudável por mais de 100 anos do nosso conterrâneo e amigo Silvestre Teixeira.  Um cidadão que viveu uma vida exemplar por mais de um século. Lembro-me, nas minha idas a Candeias, ele já debilitado pela idade, fiz-lhe uma visita e ainda consegui arrancar dele aquele sorriso sorrateiro, de menino arteiro. ---

Onde quer que esteja meu caro Silvestre, o Vete da Mariinha,  receba o meu abraço e muito obrigado por ter nascido em Candeias, por ter deixado o seu grande exemplo, o seu belo modelo de um homem de bem.


Armando Melo de Castro.