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sábado, 4 de setembro de 2021

SILVESTRE TEIXEIRA, UM EXEMPLO DE CIDADANIA.


                                                                       Silvestre Teixeira

Dizem que o homem é um produto do meio. Um meio, todavia, feito pelo mesmo homem, no sentido de viver bem sob a disciplina da sociedade através do conservadorismo dos bons princípios e das melhorias da evolução humana. Portanto, podemos partir pelo pressuposto de que a base fundamental de uma  sociedade deve ser o amor, a honra, a solidariedade, o respeito dentro da sociedade, cumprindo fielmente as leis e tratando o próximo como gostaria de ser tratado. --- Lamentavelmente nos dias atuais os princípios da dignidade humana estão sendo deturpados, diante da ambição, da ganancia, da desonestidade que vai a cada dia se espalhando de cima para baixo.

Hoje, vamos fazer a nossa simples homenagem a um candeense que cumpriu rigorosamente todos esses princípios éticos que orientam a maneira correta de ação do ser humano. Vamos falar um pouco de um homem que além de ser um rigoroso cumpridor de seus deveres, foi um grande exemplo de cidadania e pai de família. Vamos falar do senhor: SILVESTRE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.

Silvestre, também conhecido como Vete, nasceu em Candeias no dia 13 de fevereiro de 1912 e faleceu em 19 de setembro de 2012. Viveu portanto, 100 anos, 7 meses e 9 dias. Filho de João Evangelista de Oliveira, e Dona Ana Theodora Gomide, (Dona Sinhana). ---- Casou-se no em 1941 com Maria Gonçalves de Oliveira, a nossa tão querida Mariinha do Vete, filha de Alfredo Gonçalves Sant’Ana e Dona Joana Militana Rodrigues, (Dona Joanica). Um casamento que durou 71 anos de uma perfeita união, quando constituíram uma família de 10 filhos, 23 netos e 14 bisnetos até hoje. Dona Mariinha faleceu em 2016 aos 92 anos de idade. Grande mulher, esposa e mãe extremamente dedicada.

A família Teixeira, cuja linhagem é uma das mais tradicionais e conceituadas de Candeias, sempre honrou a nossa sociedade, com cidadãos exemplares, honestos, trabalhadores e merecedores de todo o respeito. E Silvestre Teixeira e sua esposa Mariinha foram um dos grandes modelos da nossa sociedade. Uma família  cujos filhos seguiram os bons exemplos da paternidade.

Silvestre foi durante 35 anos o contador do conglomerado do Sr. Celestino Bonaccorsi, que reunia várias atividades inclusive a Empresa Força e Luz Candeense. Foi um funcionário muito inteligente, eficiente e  prestativo. – Lembro-me de que certa vez, eu precisei de uma carta de apresentação de uma casa comercial, e não faltou quem me orientasse dizendo: “Isso é com o Silvestre lá no Bonaccorsi”. --- Silvestre fez para mim uma carta tão bonita, me elogiando e eu guardo até hoje os termos desta carta, o que me fez ser a ele eternamente agradecido.

Depois de prestar seus bons serviços durante 35 anos ao Grupo Celestino Bonaccorsi, ainda prestou serviços à  Prefeitura de Candeias. --- Aposentou-se aos 70 anos de idade. ---  Silvestre foi um candeense na essência da palavra. Era um entusiasta pela nossa terra, a nossa querida Candeias. Participava de tudo como cidadão inato. Não negava um favor que se lhe  fosse solicitado, sempre dava aquele seu sorriso meio sorrateiro de menino arteiro, dependendo do pedido. Colaborava com a documentação para aposentadoria de muitas pessoas; desembaraçava escritas e tributos dos pequenos comerciantes das roças e da cidade. Não recebia nada por esses serviços, se satisfazia com o respeito que essas pessoas nutriam por ele.

Silvestre era totalmente desprendido das coisas. Foi delegado de partido político; colaborador na Vila Vicentina. Participante do Cursilho de Cristandade. E era um assíduo participante do Grupo da 3ª idade, nos bailes no prédio do Rotary, na Rua Pedro Vieira de Azevedo. A presença dele e da esposa Dona Mariinha nesses encontros incentivava muitas  outras pessoas. --- Era agradável vê-los descer e subir a rua  da minha casa indo e voltando do baile todas as quartas feiras.

No esporte a paixão de Silvestre Teixeira era a Associação Esportiva Candeense, cujo campo da AEC antigamente era no Alto do Cruzeiro, atualmente campo do Clube Atlético  Candeense. --- Quando a AEC veio a construir o seu estádio para mais próximo do centro da cidade, indo para a baixada da Lage onde hoje se encontra. ---- Imaginar a construção de um campo de futebol naquele local poderia ser imaginado uma loucura. Lembro-me que ali era um brejo, onde até um trator esteve atolado durante a sua construção. Foi preciso fazer ali um imenso trabalho para drenar a área. Os torcedores contra a AEC diziam que ali teria uma grande torcida que seria os sapos, as rãs e as pererecas. Quintino enfermeiro, gostava sempre de dizer como seria as torcidas lá naquele campo: Os sapos gritariam:  “Foi gol, foi, foi gol, foi gol”, e as rãs protestavam, num “num foi, num foi, num foi” e as pererecas no seu canto, vinham, “um a zero, um a zero um a zero”. ---- E quem estava sempre por lá em qualquer uma de suas folgas? Silvestre!... Silvestre amava a Associação Esportiva Candeense e muito fez por ela. --- E num reconhecimento justo, mais do que justo, o Conselho, sobre a sugestão do Sr. Wander Bonaccorsi, (O Wandinho do Américo um dos bons jogadores da AEC) deu o seu nome ao estádio: “Estádio Silvestre Teixeira”.

Por ocasião de seu centenário, Silvestre recebeu uma linda homenagem de reconhecimento pelo quanto fez pela Associação Esportiva Candeense, quando até o uniforme dos jogadores eram lavados em sua casa.

Atualmente não reside em Candeias nenhum dos filhos de Silvestre Teixeira. Estão espalhados por diversos pontos, naturalmente espalhando esta herança moral que tiveram dos pais, estão 1 em Tocantins, 1 em Brasília, 3 em Divinópolis, 2 em São Paulo, 1 em São João Del Rey e 2 em Campo Belo. Contudo, o estádio é cuidado com  desvelo pelo sobrinho Wellington Marques e seus companheiros.

Na vida construímos  a cidadania com o convívio. E o sucesso e a felicidade só conseguimos construindo através de uma cidadania levada a sério. Assim foi o comportamento saudável por mais de 100 anos do nosso conterrâneo e amigo Silvestre Teixeira.  Um cidadão que viveu uma vida exemplar por mais de um século. Lembro-me, nas minha idas a Candeias, ele já debilitado pela idade, fiz-lhe uma visita e ainda consegui arrancar dele aquele sorriso sorrateiro, de menino arteiro. ---

Onde quer que esteja meu caro Silvestre, o Vete da Mariinha,  receba o meu abraço e muito obrigado por ter nascido em Candeias, por ter deixado o seu grande exemplo, o seu belo modelo de um homem de bem.


Armando Melo de Castro.


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