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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

LOJAS ITAMAR FREIRE LTDA.




Falar da história de uma cidade sem falar do comércio é praticamente impossível, pois o comércio faz parte da vida do homem desde o tempo das cavernas quando não existia o dinheiro e os negócios eram feitos à base de troca.
Infelizmente, a história de Candeias não tem registro sólido das casas comerciais que aqui existiram quando a cidade principiava na sua existência... Quando era ainda um pequeno arraial...
É pena que as casas comerciais daquela época estejam esquecidas... pouco lembradas, porque não houve uma continuidade através dos descendentes desses comerciantes que deram a sua contribuição para a construção de nossa história, a história de Candeias.


Felizmente, hoje, faremos homenagem a uma empresa que vem participando ativamente na construção da nossa história desde o princípio da década de cinqüenta. Uma empresa que é um orgulho para o povo Candeense porque nasceu, cresceu e vive na mesma praça, praticamente no mesmo ponto de nossa cidade. Estamos falando do Grupo Empresarial Itamar Freire e Cia Ltda.

Antonio Freire era pedreiro, mas não era um pedreiro qualquer. Isto fez com que uma rua no bairro Alto do Cruzeiro, na qual ele construiu diversas casas, fosse apelidada de Rua do Antonio Freire.

Uma de suas construções mais marcantes em Candeias foi o prédio de propriedade do Sr. Miguel Tórtura Albanez (Biribico) em que se encontra também a loja do antigo Bazar Talita, onde hoje está estabelecida uma Floricultura.

Antonio Freire era uma das pessoas mais divertidas de Candeias. Famoso pelas suas histórias fantásticas durante as suas pescarias... Político, participou da vida partidária de Candeias e foi um vereador atuante.

Casado com Maria da Tuta, com a qual teve cinco filhos: Iraíma, Damocles, Itamar, Preta (Esposa do Barroso) e Antonio, o Cacá do gás.

Seu filho Itamar era funcionário do antigo Banco Mineiro da Produção, posteriormente Banco do Estado de Minas Gerais (hoje incorporado ao Banco Itaú).

Itamar ainda muito jovem tinha o cargo de contínuo no Banco e o contínuo tinha as funções de serviçal, ou seja, fazer faxina, coar café e um tipo de mandalete do gerente. Naquele tempo, a carreira bancária era assim: começava como contínuo e depois dependendo da aptidão do empregado ia subindo de cargo em cargo. Houve quem tenha chegado a diretor do Banco fazendo carreira.

Itamar, com certeza, não seria contínuo por muito tempo, pois a sua habilidade no trato com as pessoas; a sua determinação naquilo que pegava para fazer; a sua forma de olhar de frente as dificuldades a serem enfrentadas; o seu ânimo para o trabalho; a sua responsabilidade e honestidade, o faria gerente em pouco tempo. Tinha ele todos os adjetivos exigidos por um Banco.

Nessa época um emprego desses em Candeias era difícil de ser conseguido e quem tinha um, o segurava com unhas e dentes. Mas, seu pai, Antonio Freire, vislumbrou o futuro, e, vendo as qualidades de seu filho, não pensou duas vezes ao propor-lhe uma sociedade na sua pequena “venda” já existente na Praça da Bandeira.

A “venda” ficava numa parte de uma casa grande e antiga com várias portas azuis; situada onde hoje está edificada a residência de seu sobrinho, José Freire (Zé da Vidica) e a rua que lhe faz esquina, a qual não existia ainda. Ali se vendia aguardente, fumo, cereal e miudezas em geral.

Antonio Freire não teria deixado de todo a profissão de pedreiro e tinha como seu auxiliar no balcão o Sr. Benedito Bacurau.

Ali foi lançada a semente de muito trabalho e progresso. Aquela casa de comércio tinha o nome de “Casa Maria”, cuja denominação foi dada em homenagem a Maria da Tuta, esposa de Antonio Freire. Com o advento da sociedade entre pai e filho, a empresa se transformou em Freire e & Filho Ltda. Começa, então, um feliz capítulo da história de Candeias.

Algum tempo depois a Casa Maria mudou-se de endereço e foi transferida para bem próximo dali; para o centro da Praça da Bandeira onde se encontra, hoje, estabelecida a Lanchonete e Pastelaria Central.

A “venda” precisava ganhar espaço, mesmo porque, para a visão progressista de Itamar e o seu espírito empreendedor, o espaço era muito pequeno. Mais uma vez a Freire & Filho Ltda. foi transferida, mas, desta vez, para uma loja maior, próxima dali, onde se encontra até hoje. Com essa mudança, o nome fantasia passou de “Casa Maria” para “Casa Nossa Senhora Aparecida”.

Ainda não era o espaço desejável para as intenções de Itamar; mas, o tempo se incumbiu de lhe dar como resposta ao seu trabalho, uma grande área que foi adquirindo aos poucos, no mesmo local. A Freire & Filho Ltda. cresceu junto com Candeias, passo a passo, a partir da década de cinqüenta.

Máquina de costura Phillips, época em que as nossas costureiras ainda usavam as velhas máquinas de mão... Fogão a Gás Brasil, os primeiros fogões a substituir os nossos fogões à lenha, cheios de fuligem. Os primeiros rádios a pilha e valvulados da marca Mercúrio... Iluminação a gás, coisa totalmente desconhecida na nossa zona rural. Chuveiros elétricos; móveis de quarto, sala e cozinha... Os famosos colchões de mola, que viriam a substituir os velhos colchões de palha e de capim... Os primeiros televisores em preto e branco, quando Candeias ainda não tinha nem a torre de reprodução do sinal, coisa que ele também, Itamar, teve que correr atrás... E as geladeiras! As geladeiras nas residências candeenses eram contadas nos dedos das mãos. Itamar vendeu tantas geladeiras que chegou a ser agraciado com um diploma que lhe concedeu o segundo lugar em vendas, não só em Candeias, mas em toda a região. Era a mais famosa geladeira da época, a Frigidaire. Isso, naturalmente, foi motivo de grande orgulho para Itamar que teria começado como sócio de uma pequena “venda”.

Itamar lançou esses e outros produtos no mercado de Candeias e com um detalhe muito importante: pelo crediário. Em Candeias, não havia essa formalidade de crédito. Havia, sim, vendas a prazo não determinado, no que traduzindo: era um compromisso fiado. E com isso, esses produtos eram vistos apenas nas casas dos mais aquinhoados. Portanto, grande parte dos candeenses achava que certos produtos vendidos por Itamar eram coisas de rico, e Itamar, com a sua habilidade de comerciante nato, mostrava ao freguês a sua possibilidade de ter uma melhora na qualidade de vida.
Com a morte de Antonio Freire, a sociedade foi desfeita e Itamar ficou sozinho, sempre olhando para frente, com as suas metas e seus objetivos. Ampliou os negócios sempre voltados para o bom atendimento ao consumidor.

Por volta do ano de 1975, Itamar admitiu como sócio o seu irmão caçula, Antonio Ítalo Freire, o “Cacá”, bancário em São Paulo. Antonio teria demonstrado interesse em voltar para Candeias e, portanto, aceitou a proposta de sociedade com Itamar. Adquiriram uma loja de móveis do Sr. Geraldo Resende a qual foi incorporada à Casa Nossa Senhora Aparecida, dando assim, uma grande arrancada para o que é hoje o Grupo Itamar Freire.

Com o passar do tempo, Cacá negociou com Itamar a sua independência empresarial, ficando como proprietário exclusivo da concessão de gás, negócio este, até então, pertencente ao Itamar Freire. A Distribuidora Cacá Gás é a primeira e maior de Candeias.
O nome Cacá, dado ao Antônio Ítalo, provém de seu apelido de escola. Por ser muito magrinho, seus colegas o apelidaram de “Caveirinha,” Em São Paulo , seus amigos passaram para Cacá e assim tem sido.

O nome Itamar Freire se tornou um nome forte. E as pessoas nunca diziam vou comprar na Casa Maria, ou na Casa Nossa Senhora Aparecida e nem na Freire e Filho Ltda. – O nome popular saído do povo foi: “Loja do Itamar”. E assim, passou a ser “Lojas Itamar Freire”, hoje com duas lojas em Candeias, São Francisco de Paula e Campo Belo.

Já assessorado pelos seus filhos, Dalton, Décio e Mayra, diversificou os negócios partindo para o comércio de bebidas, informática, com a CandeiasNet e de postos de combustível, em Candeias e na cidade de Camacho.

O conflito de gerações é natural em qualquer família. Ao colocar Itamar como seu sócio, Antonio Freire jamais iria imaginar o sucesso da sua idéia. Ás vezes, via temeroso seu filho avançar numa área comercial até então desconhecida. E diante disso, Itamar não se intimidava, porque sabia o que queria... Sabia o que fazia com bastante inteligência.

Ao lhe vir à mente a idéia de vender padrão cemig, por exemplo, Antonio Freire dizia duvidoso: “Sei lá”... O povo aqui gosta mesmo é de uma lamparina... Isso servia, evidentemente, de um ponto de meditação para Itamar: “se gostam de lamparina, vão gostar muito mais de luz elétrica”.
Itamar avançava com a sua determinação e a vontade não só de vender, mas também de servir, porque Itamar Freire sempre gostou do que fez.

Parabéns Antonio Freire, onde quer que esteja... Com certeza você foi aquele que plantou a semente que fecundou tão bem no comércio de nossa terra.

Parabéns Itamar Freire, por ser a semente fecundada no seio da história de nossa terra. Você hoje se encontra merecidamente no ócio com dignidade, mas, o fato de ter preparado os seus filhos para dar seqüência na história da “Casa Maria”, abençoada por Nossa Senhora Aparecida, é fato muito importante, porque você continuará imortal na história do comércio de nossa terra. História que o povo de Candeias jamais poderá esquecer... História que servirá de exemplo para aqueles que reconhecem uma história construída com amor, trabalho, dignidade e honestidade.

Você Itamar Freire, nunca subiu a um palco e nem esteve à frente de uma ribalta para contar uma história fictícia. Mas você é, também, um ator!... Um ator da realidade... Um artista cujo proscênio sempre foi o recinto de sua loja onde você representou muito bem um ato real para a história de Candeias... Um empresário de sucesso aplaudido de pé através da satisfação de seus clientes. Respeitado pelos amigos e amado pelos familiares.

A Rádio Candeias FM se sente orgulhosa em prestar esta justa homenagem ao Sr. Antonio Freire, sua esposa Maria da Tuta (in memoriam) e toda a sua prole, Iraíma (in memoriam) Damocles, Cacá, Maria (Preta) (in memoriam) e especialmente ao seu filho Itamar Freire:

Itamar, já foi homenageado por outras instituições, mas não poderia faltar este humilde registro da Rádio CandeiasFM. Como também não poderá faltar aqui uma ênfase no nome do seu irmão, Antonio Italo Freire, o nosso amigo Cacá, por quem Itamar nutre grande carinho e consideração por ter sido seu sócio.

Homenagem que se estende, também, aos atuais diretores das empresas, filhos de Itamar: Dalton, Décio e Mayra, cuja responsabilidade de substituir o pai será muito grande. Todavia, Tiveram uma boa escola e com certeza o sucesso é prometido.

Estendemos ainda, esta homenagem a Dona Nenê, esposa de Itamar. Isso porque temos a certeza de que atrás do sucesso de um homem existe sempre a presença de uma grande mulher.

Parabéns Lojas Itamar Freire, Parabéns pela sua história... Uma história digna de louvor, digna de respeito. E temos a certeza de que os nossos ouvintes, também querem dizer:
Obrigado! “Casa Maria”! Obrigado Lojas Itamar Freire... Muito obrigado!

Texto: Armando Melo de Castro

Apresentação: Giovani Vilela - Rádio CandeiasFM

terça-feira, 11 de agosto de 2009

CORPORAÇÃO MUSICAL NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS.





A cidade que possui uma Corporação musical é, sem dúvida, uma cidade mais alegre, mais culta; uma cidade com um bom exemplo para ser oferecido aos seus jovens.

Os pessimistas andaram dizendo que as bandas de música estavam predestinadas ao esquecimento porque os jovens de hoje não estão interessados nesta arte. --- Felizmente esses derrotistas estavam completamente enganados. É verdade que os nossos jovens são levados por outras atrações contrárias, mas basta apenas à persistência e amor a musica daqueles que estão com esta arte nas mãos e que, sem dúvida, os jovens se farão presentes. --- Um grande exemplo disso está aqui em nossa Candeias.


Todos os anos nossa cidade é palco de um dos maiores eventos musicais, não só da região, mas de todo o Estado de Minas Gerais. É parte da nossa cultura... É parte da nossa história... Trata-se de um encontro de diversas corporações musicais. Aqui se encontram bandas de todas as bandas. Felizmente, Candeias detém uma cultura musical muito conceituada.

A primeira corporação musical de Candeias tinha o nome de “Corporação Musical Sagrado Coração de Jesus” e foi fundada no ano de 1895. “Entre os seus fundadores estava o Padre Américo Brasileiro”. Desta Corporação pouco se tem de informação, pois o tempo cuidou de apagar da memória do nosso povo os destinos dado a ela.

Tendo em vista a dispersão desta Banda, foi fundada em 1935, por um grupo liderado pelo Sr. Francisco Teixeira, a Corporação Musical Nossa Senhora das Candeias. Fundada, organizada e reorganizada por mais de uma vez.

 

Com a morte do Sr. Francisco Teixeira, a Corporação, perdeu o seu ponto de equilíbrio e passou a funcionar precariamente apenas por ocasião das semanas santas, com muitos de seus instrumentos precariamente consertados com cera de abelha ou cheios de soldas de estanho.

 

No dia 06 de outubro de 1947, um grupo liderado pelo então Padre Joaquim de Castro, posteriormente, monsenhor Castro, reuniu-se às 19,30 horas na sede do então Cine Circulo Operário São José, na Avenida 17 de Dezembro, número 225, com o intuito de reorganizar a Corporação, que até então existia em forma de um grupo voluntário, mas não existia uma documentação que registrasse a sua existência.

A reunião foi presidida pelo então Padre Joaquim, e que já nomeou como secretário ad hoc, o Sr. Aristóteles Malaquias Bolivar, conhecido como Tote da Vitória.


Esteve presente, também, nesta importante reunião, o então Prefeito Municipal, Sr. João Sidney de Sousa. ---------------- A segunda reunião aconteceu onze dias depois aos 17 de outubro de 1947 e já foram aprovados os estatutos e nomeada a primeira diretoria que assim ficou composta:

Presidente: Padre Joaquim de Castro.
Secretário: Francisco Teixeira Neto.
Tesoureiro: Nicodemos Salviano.
Arquivista: Abelino Salviano.
Colaboradores: João Sidney de Sousa, Álvaro Teixeira, José Alvarenga de Sousa e Sebastião Salviano.
Maestro: Belmiro Costa e como seu auxiliar o Sr. Abelino Salviano.

Empossada a diretoria, já ficou marcada a próxima reunião para a organização da escola de música e a compra de instrumentos novos, pois, os instrumentos existentes estavam muito estragados e desatualizados.

 

Tomadas essas providencias pouco mais foi feito. Nenhuma iniciativa no sentido de organizar a documentação, inclusive o registro dos estatutos. Apenas foi providenciado um livro de atas com poucas atas redigidas numa linguagem pouco explícita, onde não relata nenhum tipo de discussão sobre a matéria. Portanto, a proposta de organizar a Corporação, não teria sido cumprida integralmente. ---- Sabe-se que o Padre Joaquim foi o presidente até à sua morte que se deu em 1968. No entanto a ultima ata assinada por ele como presidente esta datada de 14 de março de 1949. Isso significa que não houve nenhuma reunião, e se houve, não está registrada no livro de atas durante dezenove anos, ou seja, de 1949 a 1968. ------ Sabe-se de que o respeito que impunha a pessoa do Padre Joaquim e tendo sido ele o principal mantenedor da Banda, não houvera necessidade de impor regras, talvez seja este o motivo do descuido.

Posteriormente sugeriu-se que a Corporação Musical Nossa Senhora das Candeias tenha sido fundada em 06 de outubro de 1947, quando foi feita a primeira reunião no sentido de organizar uma diretoria. Mas a bem da verdade, houve apenas uma renovação e uma reorganização, temporária com a compra de instrumentos novos e a abertura de uma escola musical, com o intuito de formar novos músicos. Seria injusto, portanto, tirar do senhor Francisco Teixeira, o mérito da fundação da Banda, que teria continuado, inclusive com o nome Corporação Musical Nossa Senhora das Candeias.

 

É interessante observar que na ata datada de 06 de outubro de 1947, não se fala da fundação de uma corporação musical e sim da organização de uma corporação musical em Candeias. E esta seria a Corporação Nossa Senhora das Candeias, já existente desde o ano de 1935, sem qualquer registro que marcasse a sua existência; e que estaria desativada e desorganizada em virtude da ausência do seu líder e maestro, Sr. Francisco Teixeira. Dessa forma, entende-se que o grupo liderado pelo Pe. Joaquim de Castro tinha apenas o desejo de levantar e organizar a corporação inoperante.

A próxima ata constante no livro de registros da instituição está datada de 01 de maio de 1977, ou seja, vinte e oito anos sem qualquer registro sob quaisquer providencias tomadas em prol da Corporação. Tendo o seu presidente, Monsenhor Castro falecido em 08 de janeiro de 1968, e na chapa que o elegeu não houvesse tido o cargo de Vice Presidente, entende-se que a Corporação Musical de Candeias, esteve, nesse período, sob o comando de outros membros da diretoria ou a revelia da liderança de outro musico voluntário.


Não houve, portanto, nesse meio tempo, nenhuma iniciativa para reorganizar a instituição, cuja documentação consistia simplesmente num livro de atas que não foi usado de 1949 até 1977, ou seja, durante vinte e oito anos não se lavrou nenhuma ata no sentido de realizar todas as propostas prometidas na reunião de 06 de outubro de 1947.

 

A Corporação continuou sem registros de reconhecimento jurídico até que a partir de 1977 houve uma intervenção através de uma reunião convocada pelo Circulo de Trabalhadores Cristãos, presidida pelo Sr. José Furtado Filho, onde se propunha, realmente, reorganizar a entidade, apresentando um novo estatuto e a eleição de uma nova diretoria. Isso significa que de 1968 a 1977 a Corporação Musical de Candeias esteve funcionando precariamente apenas nas semanas santas e se encontrava desorganizada sem que nenhuma providência tenha sido tomada para tal.

 

O povo candeense sabe o quanto os nossos músicos amam a nossa querida corporação musical. E isso com certeza foi o motivo que a deixou sobreviver diante desses contratempos. É patente para todos nós que durante todo esse tempo a nossa Banda pode contar com a indispensável boa vontade de diversos músicos dando distinção aos senhores, Belmiro Costa, José Maria Borges, (Zinho Borges) Abelino Salviano e Américo Bonaccorsi. Esses músicos merecem destaque e um voto de louvor do povo candeense, pois é certo de que sem a presença deles, seria praticamente impossível a “banda passar”, pois eram eles líderes idealizadores e participantes ativos da instituição desde 1947, quando a corporação estivera praticamente extinta e sem um comando regular.

 

Muitos foram aqueles que ajudaram na bela retreta que deu vida a esse marco na história de Candeias. Difícil seria citar aqui o nome de todos eles, mas, com a permissão dos demais, queremos ressaltar as famílias, Teixeira e Salviano, e mais recentemente a família Virgílio Ribeiro, destacando o nome do Sr. João Virgílio Ribeiro, que finalmente colocou a Corporação Musical Nossa Senhora das Candeias na categoria de instituição pessoa jurídica, inclusive sendo reconhecida como sendo de utilidade pública e recebendo subsídios governamentais.

Os nomes abaixo relacionados são aqueles sobre os quais temos conhecimento. No caso de surgirem outros nomes dignos desta relação, serão muito bem vindos para que sejam acrescentados a esta relação para que numa próxima referência possam ser divulgados.

São eles:

Francisco Teixeira
Belmiro Costa
Abelino Salviano
Zé Leque
Zinho Borges
Vico Teixeira
João Tomaz
Nicodemos Salviano
Sebastião Salviano
Manoel Alves Salviano
Chico de Assis
Arlindo Ribeiro
Nicodemos Ribeiro
Jovelino
Zé Barreto
Zé Chorão
Zé Cristiano
Zé Fino Gomide
Antônio Salviano
Zé Cabrito
Américo Bonaccorsi
João Virgílio Ribeiro
Juventino Celestino da Silva
Francisco Gomide
Zé Pretinho
Camila Silva
Antônio Carlos Ribeiro
Carlos Junior Lamounier
Denis Saldanha
Alan Barreto
Denilson Marçal
Vicente Borges
Vicente Luiz da Mata
Júlio César
Johny Ribeiro
Damocles Freire
Paula Cristina
Lidiane Alves
Wanessa Braz
Bruna Tainá
Késsia Moreira
Valéria Braz
Histefânia Corrêa
Anderson Barreto
Lucas Faria
Efigenia Alvarenga
Brechiorlino Olegário
Paula Cristina
Mateus Basílio
Vivaldi Salviano Borges
Emerson Furtado
Franz Salviano Borges e
José Archanjo Mori ( Atual Presidente da Instituição)

Pessoas citadas de geração para geração. Pessoas que não foram citadas; músicos ou quaisquer colaboradores que tenham prestado algum tipo de contribuição integrando-se a esta causa justa que privilegia a história de Candeias, queiram, portanto, receber o abraço, o respeito, o reconhecimento e o agradecimento do nosso Blog Candeias MG Casos e Acasos.

 

Parabéns pela sua trajetória Corporação Musical Nossa Senhora das Candeias... Parabéns pela sua história!

 Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

 

ALVINO FERREIRA


                                                     Foto o Alvino  com populares nas Festas do Rosário.

    Dando uma remexida nos armários das minhas memórias, encontro um grande amigo, um grande candeense digno do maior respeito e consideração. Um homem cujo nome está bem guardado na história de nossa Candeias. Ele era visto todas as tardes naquele banco defronte ao antigo Bar Piloto, empanado no seu terno azul e gravata. --- Hoje em dia a gente vê engravatado, advogados, crentes ou em festas de casamento e ou bailes. Naquele tempo colocava-se gravata para ir à missa, a cidade de Campo Belo e até mesmo para ir ao largo (Av. 17 de dezembro). --- Estou falando do meu grande amigo, Sr. Alvino Ferreira, mais conhecido por Alvim Ferreira.

Filho de Francisco Ferreira Neto e Claudiana Maria de Jesus, Alvino Ferreira nasceu no distrito de Vieiras Bravos, no município de Candeias, no dia 26 de novembro do ano de 1908. Descendente de família humilde veio ainda jovem com os seus pais e irmãos para a sede do município em busca de maiores recursos. Seu pai estabeleceu-se com uma pequena venda onde está, hoje, a “Simac, Casa de Material de Construção” situada na esquina com a Rua Pedro Vieira de Azevedo, com a Av. que dá o seu nome.

Pertencente a uma família muito unida. Nunca se viu falar de uma indisposição entre irmãos. Eram eles: Revalino, Antônio, Adalgiso, Francisco, José, Alvino e Washington.  Alvino que tão logo a família se acomodou em Candeias, foi aprender a profissão de barbeiro onde se encontra, hoje, a casa do Sr. Ângelo Afonso. Interessante observar que Alvino Ferreira não teve irmãs e nem filhas. Criou os seus quatro filhos com muito amor e disciplina.

Alvino casou-se com Benedita Ferreira em abril de 1941. Desta união nasceram 3 filhos, Willian, Wanderley e Adelson. Willian, o segundo filho do casal, aprendeu o ofício de barbeiro com o pai e exerceu, por muitos anos, a profissão num anexo do antigo Restaurante Bifão. ---- Alvino tinha outro filho, o mais velho, malfades vindo de um relacionamento anterior.

Era estabelecido com uma pequena venda e o seu salão de barbeiro, numa velha casa na Praça Antônio Furtado, esquina com a Rua João Caetano de Faria, hoje ali estabelecida uma filiar da Padaria Andrade.

Por ocasião da instalação da primeira Comarca de Candeias, no ano de 1954, o Dr. Zoroastro Marques da Silva, indicou o nome de Alvino Ferreira para o cargo de Carcereiro da cadeia pública do município. Foi mais uma das felizes escolhas do Dr. Zoroastro, pois Alvino Ferreira correspondeu a essa confiança de maneira louvável. Tratava os presos com dignidade e nunca teve nenhum problema de ordem interna. Sabe-se que se trata de um cargo difícil de ser executado, pois lida com pessoas em débito com a justiça e nem sempre são pessoas de bem.

Ele gostava muito de carnaval. Mas era solicitado sempre a colaborar na portaria do Clube Recreativo Candeense dado a sua paciência e o seu jeito habilidoso no trato com as pessoas.

Alvino era detentor de uma grande dose de humor e gostava muito de uma galinhada. E nunca dispensava esse tipo de convite. --- Certa feita, foi convidado para participar de uma galinhada onde se encontravam os seus amigos, Zé Chorão, Otávio Martins, Otávio Moreira e Geraldo do Orcilino. --- Ao se apresentar para essa ceia tão cobiçada, alguém lhe mostrou a panela no que ele diz: “Mas isso não é galinha, isso é um galo!” Foi quando lhes disseram: É o seu galo... O seu galo índio que não cantará mais... Alguém roubara o seu galo.  Alvino  não perdeu o humor. Disse apenas: Tenho direito às duas coxas, duas asas, a moela e o fígado.

Na instalação do Ginásio de Candeias, trabalhou como voluntário na portaria do Ginásio, sem salário, apenas para colaborar com a CENEG, instituição que regulava o ensino gratuito em Candeias.

Na sua residência poderia verificar ele sempre sendo solicitado a dar conselhos; orientando em alguma coisa, principalmente sendo solicitado para aplicação de injeções; dar banho em doentes, fazer curativos e barbear pessoas acamadas. Era um tipo de enfermeiro voluntário que não visava dinheiro com esses préstimos.

Alvim Ferreira fazia coisas que deixava as pessoas muito admiradas:

Naquele tempo Candeias não possuía uma funerária e os defuntos eram preparados para o enterro nas próprias residências. Alvino era sempre solicitado para esse tipo de serviço, dar banho, fazer a barba e preparar o morto para que esse fosse enterrado com dignidade. Fazia isso gratuitamente sem cobrar nenhum centavo. Era um homem extremamente caridoso... Um homem legitimamente do povo. ---- Ele e seus familiares tinham certos hábitos diferentes, como por exemplo, almoço às dez horas da manhã e jantar as quatro da tarde. É justo registrar que à mesa de Alvino, havia sempre um convidado da pobreza pegando o rango com ele.

Homem sem preconceito de raça e de cor. As diferenças sociais não faziam parte dos princípios de Alvino Ferreira. Era humilde, porém, bem relacionado com todas as camadas sociais de nossa cidade.

Fundador e Presidente da Festa do Rosário do Alto do Mingote. A construção da Capela do Rosário, sede da festa foi construída por um grupo de amigos liderados por ele. Alvino tinha o espírito de liderança. Homem muito respeitado pelos adeptos desta festa do congado. Não fosse por ele esta festa não teria, hoje, a grande conotação vista e sentida por todos os candeenses.

Numa homenagem justa da Câmara Municipal de Vereadores, a antiga Rua Itapecerica, que desce à frente de sua antiga residência, onde se aglomeravam os ternos dos dançantes; os quais dali se dirigiam para o alto do Rosário, hoje leva o seu nome... Avenida Alvino Ferreira.

Foi presidente por muitos anos da Vila Vicentina, onde era grande ouvinte dos clamores dos pobres ali residentes. Numa época em que, ainda, não existiam essas aposentadorias existentes nos dias atuais, o custeamento da Vila Vicentina fazia com que o seu presidente contasse com o seu círculo de amigos. Eu como era também irmão de São Vicente, por várias vezes fui intimado a ajudá-lo a dar banho em alguns mortos. Eu, então, na minha adolescência, pude aprender muita coisa com esse meu querido Sô ALVIM.

Grande amigo e homem de confiança do saudoso Monsenhor Castro, o qual lhe confiava sempre à responsabilidade maior da organização da Semana Santa. Alvino Ferreira nunca foi visto acompanhando uma procissão e sim colaborando na exigida organização disciplinada do Monsenhor Castro.

Alvino Ferreira faleceu no dia 27 de abril de 1992 aos 84 anos de idade. Está sepultado no Cemitério São Francisco.

 Meu querido Sr. Alvim: É com certeza que Deus enviou-lhe ao mundo na hora certa, você veio num momento em que Candeias mais precisava de pessoas como você. Só o conforto que você dava na cabeceira de um moribundo da vila, já era um grande alívio. Onde quer que esteja meu bom amigo, receba o meu abraço, e obrigado pelo capítulo que você escreveu na história de Candeias.

Armando Melo de Castro.

 

 

 






MONSENHOR JOAQUIM DE CASTRO

                                  
Monsenhor Castro

Hoje o nosso Blog Candeias Casos e Acasos estará homenageando um nome que é uma referência na história da nossa cidade. Trata-se do Monsenhor Joaquim de Castro.

 Monsenhor Joaquim de Castro nasceu em Candeias no dia 26 de julho de 1915. Filho de Francisco Alves Vilela (Xixico Vilela) e Dona Etelvina Rosa de Castro. Foram seus padrinhos, o avô paterno, José Primeiro Vilela e a avó materna, Dona Rita Carolina de Jesus. Duas ilustres e tradicionais familias que muito fizeram e ainda fazem para o nosso município: família Castro (Dos Carrilhos) e família Vilela.

Vinte e dois dias após o seu nascimento falecia a senhora sua mãe, vítima de complicações do parto de seu único filho. Seu pai, Francisco Alves Vilela, em segundas núpcias teve outros filhos, entre eles o Sr. Candinho Vilela. A criação e a formação do insigne reverendo ficaram a cargo dos avós maternos, o Capitão Joaquim Carlos de Castro e Dona Rita Carolina de Castro, a Dona Ritinha, que o criou como filho junto aos seus filhos; fato que o levou a considerar os seus tios como irmãos. São eles: Daniel, Miguel, Getulio, Rafael, Joaquim, Manoel, Tonico, João, Geraldo, Sinhá, Sinhana, Maria José, Maria Madalena e Etelvina, sua mãe.

Por ter ficado órfão de mãe, com apenas vinte e dois dias de vida e sobre os cuidados da família materna, muita gente ignora que o Monsenhor Castro foi neto do Alferes, José Primeiro Vilela, e sobrinho dos mais conhecidos membros da família Vilela, Candido Alves Vilela (Candola), José Vilela, Vicente Vilela, Aurélio Vilela, Paulo Vilela e muitos outros, pois se sabe que o Sr. José Primeiro Vilela era patriarca de duas familias numerosas, somando-se vinte filhos.

Tão logo tenha lhe aflorado o desejo de ser um sacerdote de Cristo, sua família lhe encaminhou para um seminário de Belo Horizonte. Sua ordenação sacerdotal aconteceu no dia 24 de setembro de 1938, quando contava com 23 anos de idade.

Monsenhor Castro era um líder nato. Dono de uma eloqüência fantástica. Rico, sendo herdeiro único da fortuna de sua mãe, ordenou-se, sem parcimônia, numa época em que os pais mandavam os filhos para o seminário a fim de conter estudos gratuitamente, o que não foi o seu caso.

Logo que foi ordenado padre, teve uma pequena passagem pela paróquia da cidade de Cana Verde, vindo posteriormente para a Paróquia de Candeias permanecendo aqui pelo resto de sua vida. Sem dúvida alguma, a maior autoridade eclesiástica, até hoje, exercida em Candeias, foi de Monsenhor Joaquim de Castro. Grande conselheiro apesar de ser extremamente moralista. Era bem aceito.

O partido político da UDN (União Democrática Nacional) deteve o poder na Prefeitura de Candeias durante muitos anos. E Monsenhor Castro foi sempre ouvido pelos prefeitos. E quando em missões mais importantes em Belo Horizonte, a sua presença era imprescindível. A Cemig, por exemplo, foi instalada em Candeias numa época de muitas dificuldades e o Prefeito da época teve que contar com a valiosa ajuda do Monsenhor com seus argumentos perante o poder do Estado.

Mesmo sem a sua interferência direta, era sabido da sua influência no cenário da política candeense. As barraquinhas de São Sebastião e Nossa Senhora das Candeias, hoje relembradas com saudosismo, eram muito organizadas à vista de sua orientação. Trata-se de um marco importante na história de candeias. Infelizmente, essas quermesses nunca mais tiveram a mesma conotação após a morte do Monsenhor Castro.

Fundou o Circulo Operário São José. Era uma associação mantenedora de um pequeno cinema onde os seus sócios eram operários. Posteriormente, dada à dispersão desses sócios, tornou-se seu único mantenedor. Investiu seu capital nesse projeto e o Cine Circulo Operário São José tornou-se numa atração dinâmica, vez que foi considerado o melhor cinema da Região. Mantinha sessões para as crianças aos domingos às 14 horas e o ingresso tinha um desconto de 50% para aqueles que levavam o “bom ponto” do catecismo, exercido na igreja, uma hora antes do filme.

Essa era uma maneira lógica de evangelizar e levar as crianças ao catecismo da igreja. E assim era o Monsenhor Castro. Teve participação ativa na fundação do Ginásio de Candeias através da CENEG, cujo ensino era gratuito. No ano de 1960, o Papa o agraciou com o titulo de Mosenhor em reconhecimento aos inúmeros serviços prestados à Igreja.
Trabalhou durante anos e anos para realizar o seu grande sonho de ver a Nova Matriz com a sua construção terminada, o que não lhe foi possível, pois veio a ser vítima de uma doença incurável.

Partiu desta vida no dia 8 de janeiro de 1968, aos cinqüenta e três anos de idade. Seu corpo encontra-se sepultado numa das naves da Matriz pela qual tanto trabalhou para vê-la edificada.

Inesquecível Monsenhor Castro: Sabemos que você renunciou a muitas coisas em sua vida para dedicar-se, inteiramente, ao seu magistério. Sabemos que não é fácil dedicar-se como você se dedicou às causas de Cristo com tanto entusiasmo, com tanta alegria e com tanto amor.

Muito obrigado Monselhor Castro e onde quer que esteja receba o nosso abraço.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

























JOSÉ GOMIDE DA ANUNCIAÇÃO

                                  José Gomide da Anunciação (Juca) ao lado de uma de suas netas.


Hoje o nosso Blog estará homenageando um grande candeense. Um homem caridoso, afetuoso, que durante a sua vida teve sempre uma atenção especial para os pobres, para os menos favorecidos. Estaremos falando de José Gomide da Anunciação. O popular Juca Ricarte.

José Gomide da Anunciação era filho de José Ricardo Gomide e de Dona Bárbara Emereciana de Oliveira.

Nasceu no dia 25 de março de 1907, numa casa situada no antigo Beco do Botafogo, hoje Rua André Pulhez.

Eram sete irmãos, sendo quatro mulheres e três homens: Emília, Cecília, Olinda e Maria; João, Jozino e José.


O nome de seu pai, José Ricardo, foi transformado popularmente em José Ricarte. Como José Gomide tinha o mesmo nome do pai, passou a ser chamado de Juca. E de Juca do Zé Ricarte, acabou ficando com o apelido de Juca Ricarte.

Casou-se ainda muito jovem com Guilhermina Luiza Gomide, a popular Guilé. Dessa união nasceram seis filhos, sendo eles, Irene, Aparecida, Walter e Marlene. Os outros dois faleceram ainda quando crianças.

Juca Ricarte não freqüentou escolas. Estudou com o seu pai e teve apenas um aprendizado básico.

Homem extremamente correto. Amava muito a sua família e por querer os seus filhos no caminho certo do bem e da honradez, muitas das vezes, chegava ao exagero na sua forma de educar. Não aceitava nenhum tipo de indisciplina entre os seus filhos. E era bastante rígido.

Nunca faltou com os seus deveres de pai de família e de trabalhador. Lutou pela vida com muitas dificuldades. Mas sempre saudou os seus compromissos rigorosamente nos prazos predeterminados.

No curso da sua vida, trabalhou nas mais diversas profissões. Foi lavrador, usineiro da antiga usina do Sr. Celestino Bonaccorsi; pedreiro, carpinteiro e funileiro ou latoeiro, até que aos quarenta e cinco anos, conseguiu com a ajuda do Dr. Zoroastro Marques da Silva, um emprego público na área da saúde.

Juca que era pedreiro quando foi nomeado para um cargo pelo qual não tinha nenhum conhecimento, teve um choque psicológico muito grande no inicio de sua carreira;  ao vir a  ser enfermeiro lotado no Posto de Saúde, dirigido pelo médico, Dr. Zoroastro.

Após receber os primeiros ensinamentos, chegou quase ao desmaio quando aplicou a primeira injeção. Diante dessa ocorrência chegou a pensar em desistir do emprego. Contudo, a sua esposa Guilé, os colegas de trabalho e o Dr. Zoroastro impediram-no de fazer isso.

Um pedreiro ser nomeado pelo Estado para ser um enfermeiro pode ser curioso à vista de alguns. Mas, Dr. Zoroastro um homem do povo, conhecia bem os méritos e as aptidões de Juca Ricarte;  assim não teve dúvidas em indicá-lo para ser um de seus auxiliares.
E o tempo se incumbiu de transformá-lo num grande profissional que muito bem serviu a área de saúde de nossa cidade, numa era de poucos recursos.

No início, o salário era baixo e não dava para manter a família. E para ter um complemento salarial, Juca trabalhava num barraco no quintal de sua casa como latoeiro. Seu trabalho consistia na fabricação de vasilhas domésticas, num tipo de reciclagem de latas vazias de óleo que conseguia nos postos de gasolina. Não havia, nesse tempo, os produtos plásticos existentes nos dias atuais.

No Posto de Saúde, Juca não tinha horário certo. Trabalhava de acordo com as necessidades. Comumente era visto pelas ruas vestido com o seu jaleco branco, transportando seringas e outros instrumentos a fim de atender pacientes nos diversos cantos da cidade.

Foram seus colegas de trabalho no Posto de Saúde comandado pelo Dr. Zoroastro: Amilton Marques, João de Souza Filho, Quintino, Zoroastro Filho, Dr. Luiz (dentista).

Os árabes dizem que o homem culto não é bem aquele que frequenta escolas e sim aquele que busca conhecer a si mesmo. Juca Ricarte nunca freqüentou escolas... Nunca recebeu um diploma... Mas conhecia a si próprio porque sabia que a vida é uma mistura de sentimentos... Uma mistura, principalmente, de dor, alegria e amor. Portanto, sofreu com as suas dores... Sorriu com as suas alegrias... E amou tudo que Deus lhe deu.

Caridoso e muito querido pelos menos favorecidos pela sorte. Felizmente, existem pessoas que se interessam com seriedade pelos problemas dos mais pobres e Juca era uma dessas pessoas.

Na sua trajetória de vida, fez muitos e muitos amigos. Era constantemente convidado a apadrinhar os filhos de seus amigos. Entre os seus afilhados de casamento, batizado, crismas, etc. chegou a contar mais de duzentos.

Prestou relevantes serviços à Sociedade de São Vicente de Paulo. Foi seu presidente por diversos anos durante o tempo que as coisas eram muito difíceis. Vivia humildemente, pedindo ajuda para os seus amigos no sentido de acudir um pobre aqui outro acolá.

Entre o seu rol de amigos estava o Coronel Renato Lamounier, da Aeronáutica, filho de Dona Elisa Paiva. Renato doava roupas usadas vinda da Aeronáutica e estas eram entregues para o Juca que, criteriosamente fazia a distribuição entre os pobres.
Certa feita, Juca agradou de uma blusa, e fez o pedido para a mãe do Coronel que sorrindo lhe disse: ‘’Você não precisa pedir Juca, pois é você que as distribui!” Mas Juca era assim extremamente correto.

Prestou durante muito tempo, serviço voluntário ao SOS, e, ao entregar o cargo, fez questão de fechar um balanço bem detalhado, sem quaisquer sombras de dúvidas.
Juca Ricarte gostava das coisas bem explicadas e não admitia erros com facilidade.

Numa época em que Candeias não tinha um pároco, e a paróquia era atendida precariamente pelos padres de Campo Belo; num tempo que não existiam os ministros da eucaristia, Juca Ricarte deu a sua grande contribuição para a Igreja. Não só no fato de promover festas, mas também, de fazer alguns trabalhos clericais, assistir enterros, bênçãos, etc.

Juca Ricarte sempre se preocupou com o natal dos pobres. Não pedia nada para si. Mas para os pobres era um pedinte.

Faleceu aos 79 anos, vitima de um infarto do miocárdio, no dia 04 de junho de 1986.

Enquanto o mundo aportar homens como você Juca Ricarte, com certeza,  o mundo será bom! Parabéns meu bom amigo e receba o abraço daqueles que lhe serão eternamente agradecidos. Parabéns, porque a caridade é um dom de Deus e você sempre a teve junto de você, como forma de uma orientação de Cristo.

Obrigado, Juca Ricarte! Muito obrigado!

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos