Bar do Bóvio na década de 50. Da esquerda para a direita: Zé Carlos da Estação ,Antonio Macêdo, Zé Rui, o Iéié, Antonio Gomide, o Vup e Rubens de Assis.
Olhando para o retrovisor da minha vida busco a minha querida cidade de Candeias, da década de 50, quando me encontrava, no viço dos meus anos.
Olhando para o retrovisor da minha vida busco a minha querida cidade de Candeias, da década de 50, quando me encontrava, no viço dos meus anos.
--- Cerro os olhos e navego nas minhas mais venturosas
lembranças. ------ E, numa dessas excursões fantásticas, de essência real, faço
uma visita aos
melhores bares da cidade. ---- Em um tempo em que eu, ainda, não
tomava cerveja e nem aperitivos. ---- Tomava, sim, um guaraná Montese, fabricado na cidade de Campo Belo cuja marca deve, ainda estar presente na mente de meus contemporâneos.
Em Candeias, havia bons bares dos quais, hoje,
restam apenas lembranças. No local onde está edificada a casa do Sr. Willian
Viglioni, ao lado da Igreja do Senhor Bom Jesus, ficava o ----- Bar do Bóvio
Riani. ----- Um bar completo: mesas de sinuca, bebidas nacionais e
estrangeiras. Lembro-me dos funcionários: José Rui Ferreira, o Ieié, felizmente,
ainda entre nós; O Antônio Gomide, o Vupo, residente em Brasília e o Joãozinho
de Assis, o Grilo, já falecido.
Bóvio Riani foi mais um dos italianos que muito
trabalhou na construção de nossa história. Casado com Dona Pepina Bonaccorsi,
filha do Sr. Celestino Bonaccorsi, eram os pais do professor Aldo Riani, do
fazendeiro Elio Riani e da professora Helda Riani.
Posteriormente o Bar do Bóvio foi transferido ao Sr.
Wanderley Carvalho, conhecido por Leley da Maria do Juca ---- passando a ser
chamado de bar do Leley para uns e bar do Bóvio para outros. ----Posteriormente
Leley se transferiu para a cidade de São Sebastião do Paraíso, selando assim o
fim do famoso Bar do Bóvio, depois de tantos anos de atividade.
-----Outro importante bar da cidade foi o “Bar do
Lulu”. ----- Este iniciou as suas atividades num ponto de comércio, junto à
velha casa, na época, do Sr. Torquato Viglioni, hoje, o Banco do Brasil. O
ponto do bar era tradicional e, foi ali, que o Lulu começou a sua trajetória
como dono de bar, num sociedade com o seu amigo e colega Zé Mori. Ambos teriam
sido funcionários da Casa Bonaccorsi e deram inicio ao próprio negócio. Zé
Mori, posteriormente, deixou a sociedade com o Lulu para trabalhar na portaria
da Escola Presidente Kenedy.
Lulu ampliou
o seu comércio para bar e restaurante. Era ele quem comandava o balcão e sua
esposa, Terezinha, na cozinha. Época em que se mudou para pontos e nomes
diferentes como, Bar e Restaurante Pinguim e por fim Bifão, numa menção ao seu
famoso bife, temperado com molho de vinho tinto. Mas a nomenclatura popular nunca deixou de ser Bar
do Lulu. ---- Uma página especial está
neste Blog sobre o Pinguim, VEJA O TEXTO; https://candeiasmg. blogspot.com.br/2016/11/n-o-localonde-hoje-esta-situada-casa-do.html
Já cansado e aposentado, transferiu o negócio para o
seu filho, Cláudio, o Tibau. Mas, Tibau, depois de algum tempo, desistiu de
continuar e o “Bar e Restaurante Bifão”, fechou as suas portas, após muitos
anos de relevantes serviços prestados.
Não faz muito tempo, Lulu faleceu deixando a sua
legião de amigos pesarosa pela perda irreparável.
No final da Avenida 17 de dezembro, encontra-se o único
remanescente desta história: “Bar do Sebastião do Leonides”. ----- O único, daquela
era, ainda existente e que tem a continuidade do seu filho, Carlos. ----- Este era um
bar menor cuja atividade sempre se limitou a servir aperitivos, petiscos,
cerveja e dar cobertura aos apreciadores do futebol. Sebastião sempre foi
amante da arte do futebol. Era torcedor infalível do Atlético Mineiro e do
Atlético Candeense. O seu bar sempre foi ponto de comemoração de vitórias e
lamentos de derrotas. Nos bons tempos do Clube Atlético Candeense, a turma já
descia vinda do Alto do Cruzeiro e o bar ficava lotado apenas com os adeptos do
Atlético. Antes da existência da televisão, havia ali um grande rádio pelo qual
os torcedores ouviam os jogos.
Interessante é que o filho do Sebastião continua até
hoje com o bar, fazendo o mesmo trabalho do seu pai, torcendo do mesmo jeito.
Todavia, com um desempenho diferente daquele que herdou: Carlos torce pelo time
do Cruzeiro.
Gosto de lembrar que foi ali, naquele bar, que tomei
o meu primeiro gole de aguardente da marca Iracema, quando contava treze anos
de idade. Servido pelo meu pai com a recomendação de que não deveria me
acostumar.
Na periferia, na Praça Antônio Furtado, funcionava o
“Bar do Miguel Simões”. Era um barzinho pequeno que ficava junto a sua
residência Miguel era gaúcho e atraía os seus fregueses com os seus temperos e
seus pitéus de receitas gaúchas que agradavam os exigentes paladares como o de
Bebé da Mariazinha, Miguel Pacheco, Miguel Lara e muitos outros jovens
candeenses da época.
Com a morte de Miguel Simões, o pequeno bar foi
transferido ao seu filho, Edmundo, que, depois de algum tempo, encerrou as
atividades.
Ao lado da Farmácia São José situa-se, ainda, o “Bar
Piloto”, já comentado, aqui, neste blog numa página especial. VEJA O TEXTO: --------https://candeiasmg.
blogspot.com.br/2011/04/bar-piloto.html ---------Deste bar, resta apenas o
nome. Nem a placa é a mesma. Aliás, manter o nome de “Bar Piloto” no
estabelecimento de cuja ulterioridade não corresponde em nada, absolutamente,
em nada do Bar Piloto, chega a ser, em meu modesto entendimento, um ultraje à
memória do seu fundador, o italiano que se tornou candeense por adoção, Mário
Rigali, o Piloto. -----
Os atuais proprietários deveriam arrumar outro nome porque, assim, as novas gerações poderiam conhecer aquela casa, outrora tão respeitada, através da história de nossa cidade. ----- A meu ver, se querem manter o nome tradicional do comércio, deveriam ter o cuidado de manter, também, a correção moral, conforme os princípios do seu fundador, cujo nome mereceu todo o respeito do povo candeense. Respeito que a sua pessoa impunha e que teria sido transferido ao seu estabelecimento cujo decoro e aparência eram fatores primordiais.
Os atuais proprietários deveriam arrumar outro nome porque, assim, as novas gerações poderiam conhecer aquela casa, outrora tão respeitada, através da história de nossa cidade. ----- A meu ver, se querem manter o nome tradicional do comércio, deveriam ter o cuidado de manter, também, a correção moral, conforme os princípios do seu fundador, cujo nome mereceu todo o respeito do povo candeense. Respeito que a sua pessoa impunha e que teria sido transferido ao seu estabelecimento cujo decoro e aparência eram fatores primordiais.
Neste passeio mental, pelos bares da cidade,
lembro-me de como era importante à existência de um rádio, nesses
estabelecimentos. --- Um bar, bem montado, tinha, obrigatoriamente, que ter um
aparelho desses. ---- E as pessoas não paravam ali apenas para comprar ou para se
servirem.
Os bares eram pontos de encontro e, como naquele tempo não havia televisão, o rádio era o veículo que trazia as notícias e os sucessos musicais. Quando um artista fazia sucesso, a Revista do Rádio era, ansiosamente, esperada trazendo a sua figura. E esta revista era, comumente, vendida nos bares.
Os bares eram pontos de encontro e, como naquele tempo não havia televisão, o rádio era o veículo que trazia as notícias e os sucessos musicais. Quando um artista fazia sucesso, a Revista do Rádio era, ansiosamente, esperada trazendo a sua figura. E esta revista era, comumente, vendida nos bares.
Sinto uma profunda e comovida lembrança desse tempo
que se vai longe. E como é bom esse sentimento. Como me sinto feliz ao poder
buscar, nas profundezas da minha mente, um tempo em que eu me encontrava no
verdor dos anos, que nunca amadureceram dentro de mim.
Armando
Melo de Castro
Candeias
MG Casos e Acasos.