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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

OS GATOS DO SEGUNDO ANDAR.



Eu moro no terceiro andar de um prédio. No apartamento que fica debaixo do meu, reside uma família de três pessoas, tal como a minha: marido, esposa e uma filha moça. 
O convívio com vizinhos chega ser uma coisa realmente interessante. Tem vizinho bom, tem vizinho ruim. Tem vizinho feio e tem vizinho bonito. Tem vizinho chato e tem vizinho que não é chato. Tem vizinho que vive pedindo coisas emprestadas e tem vizinho que não pede nada. Tem vizinho que dá agrado e tem vizinho que não dá nem bom dia. Vizinho considerado parente mais próximo ou um inimigo bem próximo. 
Bom, enfim, tem vizinho que faz barulho e tem vizinho silencioso. Assim, são os meus vizinhos aqui de baixo são silenciosos, a gente quase não escuta o que eles falam. Normalmente ouvimos a voz da mocinha que tem algumas amigas numa cidade próxima daqui de Juiz de Fora, Matias Barbosa, e de quando em vez ela vai para lá passar o fim de semana na casa das colegas de Faculdade. Ai é que eu fico com a cuca crescida, ouvidos atentos e neurônios a todo vapor. É que quando a menina viaja eu tenho a impressão de que no apartamento de baixo vive um casal de gatos do tamanho de um casal humano. E a partir da meia noite começa o show dos gatos, corridas dentro do AP, chiados, coisas parecidas com essas coisas que os gatos fazem sobre o telhado. E o mais interessante, o cara não tem jeito de macho e a mulher não tem as características de fêmea, e a menina parece ser adotada. 
Ainda bem que isso só acontece depois da meia noite e às vezes com um espaço de tempo de até mais de um mês. Já pensou se o gato fosse um tipo viril?! Eu acho que o jeito deles engatar é diferente. Já a vizinha do primeiro andar, uma idosa dos seus setenta e tantos anos, diz que não sabe o que pode ser isso. Eles ficam em silêncio o mês inteiro e depois tira uma noite para deixa-la desassossegada. 
“Tadinha” da velha... Quanta inocência!

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

sábado, 13 de dezembro de 2014

JOAQUIM, O PAI DE SANTO TARADO!

Certa vez apareceu em Candeias um cidadão que atendia pelo nome de Joaquim. Ninguém ficou sabendo se Joaquim de quê ou de quem... Sabe-se que “nas Candeias” é de bom hábito as pessoas serem chamadas pelo seu nome acrescido do nome do pai, da mãe, ou do cônjuge.  Assim por exemplo: João do Nestor, Zé do Ângelo, Carlinhos do Emílio, Luzia do Vico, Maria do Vete, Pedro da Dalva, Doca do Carneiro, Maria do Antero e por ai vai. Acontece às vezes que esse tipo de cultura pode até causar constrangimento como “Rola do Estevão... Rola do Norberto”. Isso aconteceu certa vez quando alguém perguntou à esposa do Norberto Cordeiro como se chamava e ela tranquilamente disse: “Eu sou a rola do Norberto” E o cara começou a rir sem parar deixando a pobre senhora toda sem graça.

Mas, voltando ao assunto do Joaquim de ninguém, esse não era candeense. Teria chegado a Candeias trazido por um amigo chamado Eduardo, que tinha um armazem, na Rua Professor Portugal, onde hoje reside a família do Nenem  da Zenóbia. Supõe-se, portanto que o ilustre desconhecido fosse de Itapecerica, também, como o comerciante Edudardo.---  Ninguem tinha certeza de onde ele saiu. Uma hora alguém dizia que ele era de Formiga, outra vez diziam de Itapecerica. O João Cambota que era viajante, disse que já o teria visto na cidade de Oliveira.

Itapecerica e outra de Campo Belo. E às vezes até de cidades distantes. Talvez tenha vindo através das águas, e com certeza águas de enxurradas, isso porque no pouco tempo em que se estabeleceu na cidade foi o suficiente para dar o cano na venda do Antônio do Orcilino, e aprontar com outras pessoas, inclusive com uma senhora distinta, como a Dona Lica do João Passatempo, que vendeu 2 feixes de lenha para ele e não recebeu. O bichão era escolado para passar a conversa nos outros. E o meio que ele escolheu era de pessoas humildes, carentes, desprovidas de tudo... Logo, logo, ele já foi fazendo, como se diz no linguajar do futebol: foi fazendo o seu meio de campo.

Era um camarada baixo, cabeça grande, cabelo na nuca, tinha uma meia calva, tipo testa longa que lhe ia até ao meio da cabeça; cavanhaque e bigode bem aparados, olhos fundos e boca grande; nariz avantajado cujas ventas cabeludas pareciam que iam aspirar o mundo. Tinha uma voz macia e agradável. Ouvia atentamente as pessoas para depois dar a sua opinião. Estava sempre trajando calça de brim e camisa de mangas compridas, branca e de colarinho preso. Contava uns quarenta anos mais ou menos e não tinha família. Bom, ele dizia que não tinha família, mas ele logo se ajeitou com uma candeense que morava lá pelos fundos do Bairro da Gruta e acabou engravidando a moça e depois disso ninguém nunca mais o viu. E a coitada ficou na rua da amargura.

O tal de Joaquim, logo que aportou em Candeias alugou uma casa velha que existia nas imediações da Praça Geraldo Cândido da Costa, e montou ali um tipo de clinica de charlatanismo e saiu anunciando que era benzedor, curador, raizeiro, pai de santo, quiromante e cartomante. Enfim, ele era tudo só não falou que era pai do diabo. Apresentado aos primeiros adeptos por um tal de Eduardinho, de Itapecerica, vendeiro estabelecido, onde hoje reside a família do Neném da Zenóbia. Diziam-se amigos e como Eduardinho era chegado nessas crenças poderia ter sugerido ao Joaquim, vir para Candeias.

Joaquim de ninguém, logo conseguiu formar um pequeno rebanho de idiotas já envolvidos na sua conversa fiada; que sob um efeito placebo, começou acreditar naquele elemento para o qual só faltava estar escrito na sua testa: “Eu sou um malandro”.

O malandro trouxe na sua tralha um secretário, um tal de Joãozinho, um mulato bem apessoado de cabelos lisos amarelados; magro, bem lavado, anca de mulher, andar de mulher, voz meio a meio. Ele orientava às pessoas a chamar o charlatão de “Pai Joaquim”, marcava consultas, recebia pelos serviços, vendia as garrafadas, inventava histórias e observava os homens que por ali passavam principalmente os mais jovens, robustos e viris.

E essa malandragem chegava a ultrapassar fronteiras, começou a vir gente de Campo Belo e Formiga e de outros lugares. Na quarta e sexta feira eram dias de incorporação. Na quarta o malandro incorporava um espírito de um tal Padre Jaci, que resolvia os problemas de relacionamento, amores desarrumados, brigas de casais etc. E nas sextas feiras ele recebia o espírito de um suposto Dr. João Napoleão, um médico que curava até câncer, apesar de que naquele tempo câncer era chamado de doença ruim. Nos demais dias ele dava passes e exercia as outras especialidades. Atendia, também, em domicilio. Dava para ver que a fonte monetária do Pai Joaquim começava a fluir ouro.

Um belo dia aparece à porta desse mundo de soluções, um carro com placa da cidade Belo Horizonte. Era um carrão. Desce ali um casal dando-se a entender tratar-se de pai e filha. O motorista corpulento, já de cabelos grisalhos, rosto bem escanhoado, trajando um terno de casimira. E a moça toda enfeitada como se tivesse vindo para um desfile de modas, deveria contar uns vinte e cinco anos. O jeito de ambos expressava tratar-se de gente inteligente e aristocrata.

Quando o Joãozinho viu aquela gente adentrar aquele ambiente totalmente desconforme para o seu porte, quase sentiu um orgasmo e lhes ofereceu um tratamento diferenciado, levando-os para um cômodo da casa onde diziam ser o escritório do “Pai Joaquim”, que naquele momento estaria em concentração, pois, entraria em transe dentro de alguns minutos. Naturalmente estaria se preparando para atender individualmente a cada um, sob o pagamento de “cinco cruzeiros” mais a venda da água energizada por ele, seguido de uma prevista garrafada que ele fabricava cujas raízes só Deus poderia dizer quais. Apenas os passes espirituais e as bênçãos eram gratuitos.

A sala cheia de gente aguardando ser chamada pelo Joãozinho, empanado num jaleco branco parecendo um enfermeiro do Hospital da Clinicas. E de repente: “---Dona Jussara, pode entrar, sem acompanhante”!
Depois de aproximadamente quinze minutos sai correndo e aos gritos lá de dentro a Dona Jussara: Ele me deu uma água para beber!!!... Ele me amoleceu... Ele me passou a mão!!!...

E o pai da moça, vai lá dentro, pega esse Pai Joaquim, dá nele uns sopapos e o nome mais bonito que saiu lá de dentro foi FDP. Nada restou ao Joaquim de ninguém, a não ser dizer que aqueles dois estavam encarnados no diabo.

É isso ai, nem todo aquele que vem em nome do Senhor, merece entrar no reino de Deus. E quem acredita em desconhecido, corre esse risco de ao invés de encontrar um pai de santo, encontrar um pai de diabo.


Pai Joaquim desapareceu no outro dia: não pagou a sua conta na venda do Antônio do Orcilino, não pagou o aluguel, afiançado pelo Eduardinho. Mais tarde chegou a notícia em Candeias de que o malandro estava em Goiás, com outro nome.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

domingo, 16 de novembro de 2014

NO TRIBUNAL DA CONSCIÊNCIA


Francamente, eu chego a pensar que certas coisas só acontecem comigo! Eu não sou muito chegado em viagens; canso-me por pouco. Dirigindo então, nem se fala. E nas viagens de ônibus dou sempre um azar danado. Morando em Juiz de Fora, vou todo mês a Candeias visitar minha mãe e meus amigos. Estando sozinho prefiro viajar de ônibus por ser mais seguro e menos cansativo. Desço em Campo Belo, onde o ônibus da viação Gontijo me deixa no horário noturno através da linha que liga Juiz de Fora a Uberlândia. E nessas viagens, sempre nessas viagens, tem sido comum algo a me incomodar. Parece que sou azarado quando viajo de ônibus, sempre me defronto com alguma coisa que me desassossega durante a minha viagem feita normalmente durante a noite. 

Entre tantos incômodos proporcionados por parceiros de poltronas, já tive como, espirros fétidos, pés chulezentos, desodorante vencido, punzinho, punzão, ou seja, pum silencioso ou estrondoso, fétido ou não, roncos, celular dando notícia integral da vida do seu titular e outras coisas mais... Quando penso que não há mais nada para acontecer dentro de um ônibus onde estou viajando, sou surpreendido com algo novo. É de impressionar o comportamento humano e suas variedades. Quando o coletivo tem poltronas vagas é fácil, pois, conforme o dito popular, os incomodados que se afastem. Mas e quando ele está cheio?! Ai é que o bicho pega. Quero ver se doravante não viajo mais às vésperas de feriados. É terrível! Dizem que feriados que caem no sábado ou no domingo são como olhos verdes no rosto de gente feia. Mas que nada. O feriado de 15 de novembro caiu num sábado e o ônibus estava cheio.

Eram mais de 2 horas da manhã, quando tomo o “bus” na rodoviária de Campo Belo, esperando que logo fosse puxar uma palhinha; isso porque sou bom de cama dentro de um ônibus, mas, eu não sabia o que me esperava. No coletivo lotado fui encontrar a minha poltrona de número 21, cuja passagem teria sido previamente comprada, tomada por alguém que teria sido mulher e fora transformada numa jamanta de mais ou menos uns cento e oitenta quilos. Com o ônibus lotado eu não tive alternativa a não ser chamar a invasora do espaço alheio a desocupar a área. Mas quando ela se levantou e se posicionou assentada, metade da minha poltrona continuou ocupada. E a minha era do lado da janela, Quando analisei o incômodo propus a troca de assentos, porque assim eu poderia tomar um “arzinho”.

De forma sorrateira, tentei abrir a divisória das poltronas, mas como? Não tinha como?! Quando eu me assentei, eu senti que a minha lateral esquerda estava entrando na sua lateral direita. Mas eu não teria alternativa a não ser ficar de pé. Portanto fiquei assentado e espremido. Daí começou o meu suplício.
Na penumbra do ambiente eu pude ver que se tratava de uma mulher que teria comido, durante toda a sua vida tudo que a natureza lhe proporcionara. A sua estatura era de chamar a atenção. Um rosto cheio e grande; um nariz parecendo que iria aspirar todo o oxigênio local. Olhos miúdos quase fechados; a boca mostrando uns lábios enormes e vermelhos; uns cabelos curtos e pintados de roxo quaresmal e um corpo todo moldado em toucinho. E eu ali, que já não sou magro, espremido feito um limão. Parecia até uma guerra de corpos. Um querendo engolir o outro.

Assim que chegamos à cidade de Perdões, ponto de apoio da empresa Gontijo, eu desci tomei um café e comprei uma água mineral, porque sempre tenho sede durante as viagens e a próxima parada para lanche seria somente na cidade de Barbacena, a mais de 150 quilômetros dali. Fora disso só embarque e desembarque. Quando voltei a tomar o meu lugar, dada à partida do ônibus, a passageira minha parceira já teria tomado de novo o meu espaço. Começamos tudo de novo. E só me restou rezar para que a sua viagem não fosse terminar no fim da linha como a minha; que ela viesse a descer numa das próximas paradas, quando ela me pergunta que lugar era aquele de onde estávamos partindo. Perdões, disse-lhe. E numa nova pergunta, se Juiz de Fora ainda estava muito longe. Nesse momento eu pensei: Meu Deus! Qual o mal que Lhe fiz? Eu nesta situação só pode ser castigo. Eu ir daqui até Juiz de Fora nesta situação?! Clamei por Jesus! --- E a inconveniente passageira deu de querer conversar quando senti um terrível mau hálito vindo das profundezas do seu organismo. E eu pensei: Agora estou frito! Não dei papo porque o aroma do ar aconselhou-me silêncio total. Inclusive fingir de morto.

A próxima parada seria a cidade de Lavras, mas infelizmente desceram apenas três passageiros e outros três entraram para tomar os seus lugares. Continuou a viagem e a próxima parada seria São João Del Rei. E eu ali, apertado, mal acomodado com aquela invasão de espaço, um ar impuro que me confundia o bafo de onça com odor de jaratataca.

Eu com a minha garrafinha d´água me preparando para toma-la quando ela tranquilamente disse: ----“O senhor pode me dar um pouquinho da sua água para eu tomar um comprimido?”.
Passei-lhe a garrafa d’água no que ela tomou a metade e devolveu-me o resto. Agora eu com sede e sem água. Claro eu não beberia aquele resto.

Felizmente, em São João Del Rei, desceram dois filhos de Deus que deixaram as suas poltronas de herança para mim. Eu não sei o que seria de mim se eu tivesse que ir até ao fim da viagem espremido daquele jeito. A sede eu fui mata-la somente na cidade de Barbacena.

Em Juiz de Fora ao desembarcar, pude me ver cara a cara com aquela pobre mulher, naturalmente cheia de problemas de saúde devido à sua obesidade mórbida e que toda a inconveniência a mim causada não lhe teria sido por sua vontade. Talvez isso lhe tivesse deixado chateada, pelo olhar humilde e desajeitado que teria me lançado. Nesse momento doeu em mim. Senti remorsos e o tribunal da minha consciência, me condenou como filho de Deus. Eu via naquele momento o que eu deveria ter visto durante a viagem e não vi. Ela não se comportou mal. Ela apenas era uma pessoa fora dos padrões normais e que não cabia a mim julga-la a não ser sendo egoísta como teria sido.

Armando Melo de Castro
Candeias Casos e Acasos.                                                                           



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

PT QUEM TE VIU E QUEM TE VÊ!


                                                Lélia Abramo, uma das principais fundadoras do PT.

Nunca votei no Lula, nunca votei na Dilma e jamais votarei neles.  O PT foi fundado por homens da melhor estirpe, artistas, intelectuais e religiosos. Eram comunistas, socialistas etc. Ser adepto desse regime é um direito. Contudo os adeptos dessa ala política o faziam com profundidade em defesa de seus pensamentos.  Eu respeito como democrata e nacionalista brasileiro o pensamento desses personagens, contudo, eu tenho uma ideologia diferenciada, sou do regime capitalista; sou antigo udenista. Entendo da liberdade ampla, porém disciplinada. Acho que o cidadão tem que acumular o produto do seu trabalho. Temos que produzir riquezas, e para produzir riquezas precisamos do rico, do capital. E como dizia o maior líder americano capitalista, Abraham Lincoln, “não se protege o pobre destruindo o rico.” 
O socialismo a meu ver alimenta a malandragem, a preguiça e a falta de interesses. Talvez pudesse ser bom no passado quando o homem dava como prova de sua honestidade um fio de cabelo da sua barba. Hoje, socialismo com a cultura atual, é criar malandros.  Mas, é um direito de qualquer um ser socialista, ou ser comunista, apesar de ser, no meu entender, uma grande falsidade pelo que podemos observar através dos lideres desse sistema. Eles não gostam da galinha dos ovos de ouro, porque eles não comem ovos, só comem galinhas. O socialismo é matar a galinha dos ovos de ouro.  Eles pregam o socialismo e vivem buscando o conforto do capitalismo. Veja por exemplo, Chico Buarque de Holanda, um dos filhos de um dos fundadores do PT. Ele vive exaltando e convivendo com o capitalismo.

O Partido dos trabalhadores, tendo por base um movimento esquerdista, socialista e comunista, à medida que os membros legítimos, essenciais foram morrendo, o Lula, como é de seu hábito falar que tudo foi ele quem fez, foi fazendo como os pardais, tomando conta do terreiro. Dilma veio num pacote de terroristas, um dos integrantes do PT. O PT cresceu, sem dúvida, através de Lula. Mas, num movimento totalmente contraditório aos seus princípios. Lula ganhava a imprensa através do sindicalismo anarquista no qual ele se envolveu. 

 Lélia Abramo, artista da Globo, uma das principais personalidades fundadoras do PT, uma intelectual, foi quem ensinou lula a falar em publico e corrigia o seu linguajar chulo. (Eu não li isso eu vi Lélia falar na televisão) Lélia foi uma das mais importantes fundadoras do PT em 1980, com intelectuais como Mário Pedrosa, Sérgio Buarque de Holanda, (Pai de Chico Buarque de Holanda) Apolônio de Carvalho, Paulo Freire, Antônio Candido. Ainda os irmãos de Lélia, o jornalista Cláudio Abramo e o artista plástico Lívio Abramo, e o velho intelectual Helio Bicudo, hoje criticando o uso do Bolsa Família.

À medida que os fundadores de fato e intelectuais foram morrendo, Lula foi tomando conta do terreiro como se fosse ele o fundador do PT. Lula nunca cita esses nomes, nunca fala nesses nomes. A falsidade de Lula começa com Lélia Abramo.

Armando Melo de Castro.
Candeias MG Casos e Acasos.




quinta-feira, 2 de outubro de 2014

EU SOU OBRIGADO A CONCORDAR COM ISSO?


Nesses meus 70 anos de vida eu tenho procurado ser um cidadão correto, cumpridor dos meus deveres e respeitador das leis que impõe regras à sociedade.

Sou católico apostólico romano e apesar de discordar de certas coisas dentro do catolicismo, não pretendo mudar de nomenclatura religiosa, pois, gosto da minha igreja, sou conservador dos meus princípios, sou leitor da Bíblia Sagrada, especialmente do Novo Testamento; além de ser atento aos ensinamentos de Jesus Cristo. 

Busco sempre conhecer os meus direitos constitucionais. Faço isso porque estou convicto de que os meus direitos terminam onde são iniciados os direitos dos meus semelhantes. É de minha constância revisar os meus conceitos; quaisquer que sejam; porque só não o faz os desvirtuados que têm ideia fixa. Respeito o comportamento, o pensamento e o direito das pessoas, desde que não extrapolem os princípios da sociedade organizada pelas maiorias.

Como um ser humano organizado e disciplinado sempre procuro primeiro os meus deveres para depois procurar os meus direitos. Portanto, primeiro eu respeito para depois ser respeitado.

Sei perfeitamente que ninguém tem a obrigação de concordar com as minhas ideias, mas que discordem delas com ponderação. Isso porque eu as julgo legitimas e de direito. Entendo que os desencontros ideológicos favorecem o aperfeiçoamento humano, porém, devem ser de forma racional e respeitosa. Igualitarismo não quer dizer que seja as maiorias impondo regras para as minorias e muito menos as minorias impondo leis que criam regras para as maiorias. Sou convicto de que diante de uma disputa de ideias entre minorias e maiorias apenas o diálogo conhece a razão. Apenas o diálogo poderá trazer a satisfação mútua entre esses dois polos humanos, de forma honesta, verdadeira e justa. Isto porque ninguém é dono da verdade; e tendo por si as maiorias um raciocínio maior, a imposição de força das minorias somente será destacada com a força da palavra raciocinada. Assim repudio as leis e as forças tendenciosas, especialmente o radio e a televisão, impondo mudanças que atendem ativistas ou interesses políticos que ferem os princípios da sociedade conservadora e fermentam o cérebro dos mais humildes e ignorantes.

Diante deste contexto eu procuro não confundir as coisas. Contudo, vejo urgir na sociedade brasileira uma tendência na contra mão por parte de um fragmento dentro da comunidade homossexual. Para mim, os homossexuais são dignos de respeito desde que se comportem dentro dos requisitos da sociedade. Ser homossexual não significa ser um pecador, um criminoso ou um deturpado. Ele é um filho de Deus como outro qualquer e tem o direito de pensar e agir como bem entender, desde que não fira os princípios éticos e morais da maioria que compõe a sociedade.

Homem beijando homem na rua não é uma coisa natural. Mulher beijando mulher na rua, também, não é coisa natural. Ativista desse segmento, aparentemente lúcido nas suas faculdades mentais, enfiando a mão dentro da braguilha de seu companheiro em plena luz do dia, também, não é coisa natural. Mulher vestida de homem e homem de mulher de forma escandalosa... Enfim um verdadeiro atentado ao pudor... Nada disso é natural para mim. E por que eu tenho que ver isso calado e com naturalidade? Afinal a rua me pertence também; ela é pública. E os direitos? Onde estão os meus direitos? 

As famílias que seguem à risca a cartilha da sociedade pode ver isso, mas eles não podem ouvir o nosso protesto... Onde está a plenitude do direito do cidadão brasileiro? O direito não está! Ele fugiu e foi para o discurso de políticos demagogos que por um voto seriam capazes de copular a própria mãe. Subentende-se que querem fazer com que a maioria da sociedade aceite esse tipo de coisa na marra ferindo de morte os seus princípios. Isso para mim é um comportamento rebelde, impudico, imoral, contraditório e sem dúvida uma sodomia.

A sociedade tem espaço para todos os homossexuais desde que sejam respeitosos e comportados. A sociedade não terá espaço, espero, para os devassos, que querem contrariar a natureza aos olhos de quem reconhece que Deus criou o homem e a mulher para sustentar a obra da sua criação. E aqueles que não querem participar que não participem, mas que pelo menos respeitem aqueles que estão imbuídos nessa obra Divina. Todos nós temos a obrigação de entender os princípios humanos dentro das suas intimidades. Mas o espaço público pertence à maioria de uma sociedade constituída de princípios, meios e fins. Uma união entre homossexuais poderá ser constituída diante da lei. E porque instituir essa união com o nome de casamento? Casamento para mim é uma instituição que promove a vida. É a natureza dando seguimento à vida humana.

Ser homossexual é uma coisa, agora ser devasso é outra. Buscar o amparo social para os homossexuais através de uma conscientização ideológica é legítimo e cristão. Agora impor através de novelas deturpadas, leis oriundas de uma politica tendenciosa, passeatas escandalosas, isso nada mais é do que uma contribuição para com a anarquia social; é instituir o atentado ao pudor. Fomentar o ativismo Gay é dar guarida a uma minoria desorganizada e que se comporta como excluída e vitima exclusivamente para buscar os seus objetivos através de um movimento sem consistência, quando alimentam a hipocrisia dentro da sociedade. 

Quer ser gay, veado, bicha, que seja, mas, por favor, entre para a sua alcova e feche a porta porque aqui de fora só tem espaço para os homossexuais respeitáveis que não atentam ao pudor da dignidade da família legitimada da qual eles pertencem.


Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

CANDEIAS, MINHA TERRA QUERIDA.


A nossa Candeias está tendo problemas com o abastecimento d’água. Se não estou enganado essa estrutura que se encontra para fornecimento do precioso líquido da vida, já está beirando os 50 anos. E tudo indica que não foram feitos novos investimentos durante todo esse tempo. E o que estão falando os dirigentes do município a respeito disso?  Quais as providências que as autoridades constituídas do município têm tomado? Onde anda a Prefeitura? Onde anda a Câmara de Vereadores?  Será que estão esperando a água acabar de vez para começar a tentar resolver o problema da água em Candeias?

Nos municípios onde estão se cuidando não faltará água. O povo de Candeias tem que votar em pessoas como tivemos no passado, pessoas como Dr. Zoroastro Marques da Silva; Américo Brasiliense de Paiva; Francisco Quintino da Silva. Dr. José Pinto de Resende; João Pinto de Miranda; Nestor Lamounier, políticos exemplares cujos nomes os atuais ocupantes dos poderes executivo e legislativo candeenses, deveriam ter como exemplos; esses homens não ficavam chocando os problemas em Candeias não. Eles iam a Belo Horizonte e traziam recursos para o nosso município. 

Viajavam nos seus próprios veículos porque à época a Prefeitura não tinha um carro oficial. Os prefeitos ganhavam uma ninharia, e às vezes, se abdicavam dos salários em benefício de alguma causa como foi o caso do Sr. Nestor Lamounier que cedeu o seu salário em benefício do então, “Ginásio de Candeias” que era gratuito. Os vereadores não tinham salário. Mas eles tinham amor na sua terra e respeitavam o povo que os elegiam.

Grandes vultos da politica nacional visitaram Candeias no passado. Hoje só aparecem por aqui candidatos sem conotação. E quando vêm estão de mãos vazias e promessas vagas. É preciso que os representantes do povo de Candeias corram atrás. Se não for lá buscar não vem nada não. Esses nossos políticos atuais precisam deixar de serem tímidos e desprovidos, só sabem ficar bajulando esses deputados do Baixo Clero.  Esses só sabem dar iluminação para campos de futebol e esmolas, coisas que não atende a população. Isso não é política.

Portanto meu amigo lembre-se que o seu título de eleitor é um titulo de direito que você tem de votar pelos destinos da sua terra. O titulo de eleitor é o seu titulo de propriedade do direito de cidadão. Lembre-se, também, que aquele que você elege não é eleito para administrar a vida em particular do povo. Ele foi eleito para administrar o bem estar da nação; administrar o patrimônio do povo, para ouvir o povo, para atender o povo e não para fazer favor em benefício de seus apaniguados.

Se o eleitor vota em troca de favores ele está vendendo a sua dignidade, está vendendo o seu voto. Voto não é produto de venda, voto é o símbolo da sua dignidade. Pense nisso e não vote de qualquer jeito. Vote nas pessoas que amam o Brasil e não nesses candidatos que só sabem olhar o lado deles. Só sabem prometer e não cumprir e ainda tentam fazer o seu voto de objeto de troca.
Você meu amigo conterrâneo, é uma célula da nação. Você é, também, um responsável. Não deixe que venham a usurpar de você o que é de mais nobre perante um país democrático. Não vote em quem já provou que não faz. Que não trabalha. Que enrola. Enfim, não vote em quem dorme o dia que ocupa o cargo político e só vai acordar às vésperas de outra eleição.

Armando Melo de Castro 

Candeias MG Casos e Acasos.

domingo, 21 de setembro de 2014

ISSO FOI HÁ MUITOS ANOS!


Como vem acontecendo nos diversos pontos do país, em nossa querida Candeias, também, começa-se a conviver com o problema da falta d’água. Esse transtorno ainda não havia assolado a nossa cidade, contudo, é chegado o momento de uma conscientização sobre o consumo do líquido da vida, mesmo porque, todos nós conhecemos o que representa a falta d’água. Ela é crucial em todos os sentidos. É como se a vida parasse. Entretanto, infelizmente, nem todas as pessoas têm consciência disso e muitos desperdiçam. Está patente que o momento não permite lavações de carros e nem de calçadas. Isso pode ficar para depois.

A falta da água está ameaçando o mundo. Existe um movimento na Europa que está advertindo que duas em cada três pessoas, em todo o mundo, correm o risco de ficar sem água até 2025.

Não faz muito tempo, em Candeias, havia água com sobra. A diminuição do produto está desproporcional ao crescimento da cidade, ou seja, enquanto a cidade cresce pouco, a água diminui muito. Portanto, tudo indica que a situação tende a se agravar, principalmente, se não houver uma inteiração dinâmica por parte dos políticos candeenses. E lamentavelmente os representantes do povo candeense não têm correspondido com competência. Esperamos que coloquem essa questão nas prioridades e que o povo venha ser informado das providências a serem tomadas.

O povo de Candeias precisa ficar atento a esse problema que promete sérios transtornos para o futuro se providências não forem tomadas.

O problemas da falta d'água  são cruciais. Afora a quebra das plantações, o dia-a-dia da população torna-se insuportável. Uma casa com idosos, com crianças, os hospitais, enfim, onde há vida há a necessidade da água. Mas, foquemos aqui um local dentro da nossa casa, quando está cheia de visitas, ou diante de um problema qualquer. Vejamos, o que aconteceu certa vez no Grupo Escolar Padre Américo, onde eu estudava quando fazia o curso primário:

Por um motivo de ordem técnica ocorrido na época, certa vez faltou água na cidade durante cinco dias. As aulas não foram suspensas por causa disso. Havia alguns filtros de barro e dois tambores que serviam de depósito para molhar as plantas e que ficavam disponíveis para dar a descarga nos vasos sanitários. Portanto, após o recreio, o Sr. Erasto de Barros, o porteiro da escola pegava um balde e dava descarga nos vasos, mesmo porque a caixa própria já teria se esvaziado. E como o lavatório do banheiro estava sem água e papel higiênico nunca existia, no último dia da semana foi uma tremenda bagunça feita por quem veio a usar o banheiro. E o Sr. Erasto de Barros, que tinha a língua solta, falou alto e em bom som: " Esses merdas estão esparramando merda  pra todo lado. Tem merda nas paredes, tem merda no botão da descarga, tem merda no botão da luz, parece que tá todo mundo limpando o dedo no botão."

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

NB) A minha amada Escola Estadual Padre Américo é hoje um modelo de escola. Um abraço a todas a professoras, auxiliares, alunos e a minha querida prima Marília.








domingo, 14 de setembro de 2014

LEMBRANÇAS DE CANDEIAS.


Foto do Álbum de Clara Borges.

Lembro-me de quando Candeias não tinha sequer uma rua calçada. A Rua Coronel Marques, chamada de Rua da Estação era o cartão de chegada de quem vinha de fora. E era triste. Se fosse aos tempos de chuva, os viajantes sofriam com suas malas no meio do barro. Esta, contudo, foi a primeira rua de Candeias a receber calçamento. E o pedreiro que o fez foi um senhor chamado Ilídio.

Lembro-me que naquele tempo os meninos trabalhavam. Vendiam pão, doces, biscoitos, pastel, verduras e frutas, na rua.  Muitos engraxavam sapatos. Eu por exemplo engraxei muito sapato aos domingos na Rua Professor Portugal. Outro que foi meu colega e que também tinha um engraxate era o Vicentinho Vilela. Naquele tempo os filhos ao invés de viver à custa dos pais já os ajudavam nas despesas. Faço-me lembrar de que o Pedro Pitanga, Dionísio Passatempo, Joaquim Passatempo, Adão Caixeiro, eram meus fregueses de engraxate.

Lembro-me da Praça Antônio Furtado, quando não tinha árvores nem bancos. Quando servia de campo de futebol para os times formados na rua. Quando era conhecida pela Praça dos Circos, pois, ali eram armados os itinerantes, circos e parques. Barracas de ciganos e ponto de aglomeração pelas festas de reinado.

Lembro-me das três sirenes que apitavam na cidade. A mais possante ficava na máquina de limpar café do Bonaccorsi nas proximidades da estação ferroviária. Ela tinha um ruído tão forte que era ouvido nos quatro cantos da cidade. A outra era, também, da máquina de limpar café do Emídio Alves, na Rua Francisco Bernardino de Sena. E a terceira era a do cinema, avisando que a sessão cinematográfica estava prestes a começar.

Lembro-me dos trens de passageiros que paravam na estação deixando e levando passageiros para os diversos pontos do país. Como era gostoso viajar de trem. Ele demorava duas horas de Candeias a Formiga, e andava sempre atrasado, mas era uma viagem tranquila. Ali dentro do trem tinha gente de toda parte e às vezes podíamos encontrar até artistas. Certa vez numa dessas viagens pudemos ver as irmãs Galvão. Uma com o violão e a outra com o acordeão. Eram jovens cantoras e estavam viajando no vagão de segunda classe. Junto com a classe proletária. Os trens tinham a primeira e a segunda classe. E como o acesso de um vagão para o outro era fácil, muitas pessoas compravam o bilhete de segunda classe e viajava no de primeira. Esperava o chefe do trem passar e picotar as passagens. No noturno tinha ainda o restaurante, onde podia tomar refeições quando a viagem era mais longe. Fora disso poderia tomar uma cervejinha ou refrigerantes.

Lembro-me do Bar do Bóvio e do Bar Piloto. Candeias não tem hoje um bar que possa ser comparado com esses dois bares. Bebidas nacionais e estrangeiras. Como não existiam nesse tempo os supermercados, latarias, azeites de oliva, ou seja, tudo que era importado ou importante era vendido nesses bares. As vendas vendiam normalmente a alimentação básica.

Lembro-me da festa do Reinado. Havia nessa festa candeenses que sumiam durante o ano e apareciam nesse tempo. A cidade ficava cheia os comerciantes vendiam muito e quando o povo que vinha de fora ia embora a cidade ficava triste. Da mesma forma era a época da Semana Santa.

Lembro-me do Carnaval em Candeias. As mães iam para levar as suas filhas. Não havia essa liberdade que existe hoje. As filhas eram preparadas para o casamento e os rapazes eram comprometidos com o trabalho quando pensavam em se casar.
Lembro-me dos domingos de verão quando vários caminhões iam até a usina que gerava a eletricidade do município e era de propriedade do Senhor Celestino Bonaccorsi. Parece que lá existia mais água. E peixe também. As pessoas nadavam, pescava, namoravam tudo dentro de grande respeito.

Mas, a lembrança que mexe e remexe dentro de mim... A lembrança que fermenta e aumenta uma grande saudade. A lembrança que entrou pelo meu cérebro e desceu ao coração e lá permanece, é o eco dos sinos da antiga Igreja Matriz chamando os fieis para o encontro com Deus; marcando o meio dia; anunciando a hora do Ângelus e anunciando, também, a ida de um filho de Deus para o céu... Esse eco é uma mistura de lembrança, saudade e tristeza.

Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA.



Há dias quando eu passava pela Avenida Rio Branco aqui em Juiz de Fora, observei um homem caído num canto da avenida. O povo, incluindo eu, passava para lá e para cá e ninguém parava para ver aquele coitado ali que poderia estar dormindo, bêbado, ter passado mal ou estar morto. Quando voltei, pelo mesmo caminho, havia algumas pessoas ao redor do homem ali caído e alguém já dizia que ele estava morto. Foi preciso entre centenas de pessoas, aparecer um curioso para constatar que havia ali um filho de Deus morto de qualquer jeito.

Diante daquele quadro fúnebre eu fiquei a meditar: Se eu cair morto aqui em Juiz de Fora, até que vejam que estou morto pode demorar horas. E quando isso acontecer serei levado para algum lugar até que possam encontrar a minha família para chorar ou lamentar a minha morte. E por um momento parece que me senti preocupado com isso. Conclui, portanto, que nós humanos gostamos de ser observados até mesmo depois de mortos enquanto estamos vivos.
Quem não gostaria de ser o descobridor da cura do câncer? Quem não gostaria de ser um artista famoso?  O rei do petróleo...  Um presidente da república... O melhor jogador de futebol do mundo?  Imagino que todo mundo gostaria de ser notado.

Aquele homem morto me deixou meio abatido, meio abalado, meio triste. Só meio... Afinal não sei de quem se tratava e nessas circunstâncias somos igualmente meio frios. E mesmo sentindo esse meio eu já procurei afasta-lo de mim. Logo passei defronte a uma casa lotérica e lá estava uma placa informando que a Mega Sena estaria acumulada em 44 milhões de reais. Uma grande aglomeração estava ali presente, e como havia um caixa prioritário para os idosos resolvi participar daquela esperança.  Nesse momento eu já entrei para a lotérica e fiquei por ali tentando imaginar quais seriam os números que poderiam por aqueles 44 milhões de reais nas minhas mãos. Fiz dois jogos na Sena, comprei raspadinhas e tiras de bilhete do jacaré. Gastei 15 reais e sai dali pensando, pensando e pensando e cheguei à minha casa pensando e pensei até o dia do sorteio: Eu, com 44 milhões na minha conta no Banco poderei fazer isso e aquilo. Já nem pensava em raspadinha e nem tiras de bilhetes. Eu queria era os 44 milhões para alimentar a minha vontade de ser notado e pensava: Serei o dono do mundo, naturalmente pensei... 

E quem não pensaria? Eu poderia dar carros de presente! Dar apartamentos de presente!  E com isso o medo de cair morto no meio de gente estranha sumiu. E tão logo tive o resultado dos sorteios que levaram os meus 15 reais para o ralo, eu voltei a pensar no homem caído e morto na Avenida Rio Branco. Só que agora eu pensei diferente... Se eu cair morto em Candeias, todo mundo vai ver que sou eu, na hora... E é por isso que eu amo você minha querida terra onde aportei no dia 16 de janeiro de 1946, às 12,20 horas, quando o sol estalava mamona.

Enquanto isso um único ganhador da cidade de Dores do Indaiá, MG, ficava milionário com os 44 milhões, e eu aqui mais pobre 15 reais. Mas em compensação estive rico de esperanças durante alguns dias. Esperança é uma coisa boa de sentir e pode nos fazer felizes e ela é sempre a ultima que acaba.

Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

MEMÓRIA DE CANDEIAS.


Candeias no passado possuiu dois bons hotéis, o Candeense Hotel do Sr. Américo Bonaccorsi e o Novo Hotel da Senhora Geny Resende, posteriormente do casal Manoel Alves e da Senhora Vilça Freire. Nenhum dos dois hotéis não existem mais. Estão apenas nas lembranças das pessoas mais velhas como eu.

O Candeense Hotel hospedou no seu tempo, praticamente todos os viajantes que passaram por Candeias. E muitos deles faziam em Candeias o chamado “Pião”, hospedado ali enquanto fazia a praça da redondeza. O ambiente do hotel era convidativo para os viajantes vendedores, daquele tempo, que permaneciam até 30 dias fora de casa vendendo de cidade em cidade. Não existiam essas facilidades de hoje como, transporte, telefone, internet etc. O meio de transporte era limitado a uma jardineira de 25 passageiros que fazia a linha de Formiga a Campo Belo, via Candeias. Caminhões quase não existiam. No mais tudo que entrava e saia na cidade era por intermédio da ferrovia, antes Rede Mineira de Viação e depois Rede Ferroviária Federal.
 Os vendedores trançavam uns pelos outros nas ruas vendendo aos comerciantes e ao povo residente.

O Novo Hotel, ficou sendo assim chamado após ser adquirido pela Sra. Geni do seu antigo dono, Sr.Bitu. E atendia mais aos hospedes da zona rural e famílias. Os dois hotéis serviam refeições. O Candeense Hotel ficou sendo muito conhecido por todos os viajantes que passavam por Candeias, pela panelada de galinha que era servida aos viajantes que comiam o quanto queriam. Os hotéis, como tinham restaurantes atendiam, também, os não hospedes em refeições.

Existia, também, a Pensão da Vivi, que ficava situada numa velha casa onde hoje está situada a Loja do falecido Leonardo de Sousa. Posteriormente, a pensão, acabou e a Sra. Vivi abriu um restaurante.


O Restaurante mais conhecido e que durou muitos e muitos anos foi o Restaurante Pinguim, do Lulu. Posteriormente mudou o nome para Restaurante Bifão, até encerrar as suas atividades, quando o Lulu aposentou-se. No local até pouco tempo funcionava o Restaurante da Cidinha tambem já fechado.

Armando Melo de Castro.
Candeias MG Casos e Acasos

terça-feira, 5 de agosto de 2014

MEMÓRIAS DE UM DEPRIMIDO.

   
 A depressão tem sido o mal do século. A pessoa deprimida tende a deixar de lado a saúde, mas quando alguém deixa de cuidar de si a tendência da situação é piorar. Eu tive uma fase muito difícil na minha vida, foi quando perdi minha filha Regina aos 30 anos de idade, levada por uma grave depressão, mesmo porque, a sua depressão era do tipo esquizofrênica e era realmente muito grave. E esse estado de coisa me contaminou. Pude sentir que a depressão é uma doença que contamina porque o deprimido se torna numa companhia bastante carente. Ele nos dá a impressão que não quer vencer a doença e deixa se levar pelo desânimo; entra nos remédios e ai a coisa tende a piorar.

Tirando as minhas próprias conclusões eu notei que a pessoa quando está deprimida se sente uma vitima de tudo. Parece que tudo está contra ela. É como se estivesse sem chão... É como se caísse e não tentasse se levantar; achando que seria muito difícil. Naturalmente aguardando que alguém venha lhe levantar. A pessoa deprimida quer solidariedade, mas, não aceita sugestões. Elas se julgam incompreendidas, mal amadas, abandonadas e mais uma série de pensamentos negativos.

Eu estive num estágio desses cheguei a me sentir no fundo de um poço.  Médicos me receitando remédios que me faziam prostrado, intoxicado, desanimado e até sem fé em Deus. Parecia que nada pagava a pena. A vida não era nada. Eu cheguei a pensar que a morte seria a melhor oferta que Deus teria para mim. Nem a alegria das pessoas me despertava interesse. Era como se eu quisesse me livrar da tristeza, mas, não sabia como fazê-lo e não tinha ajuda de ninguém.

Certo dia, quando ia do meu quarto até à cozinha, cambaleando feito um bêbado, pelo efeito dos remédios, resolvi partir para outra e chutei o pau da barraca. Joguei todos os medicamentos fora. E mesmo me sentindo enfraquecido sai pelas ruas, visitando pessoas doentes; conversando contando para todo mundo como estava me livrando dessa tal depressão. Procurei me alimentar melhor. Tentei me relaxar, pensava em ler um livro não conseguia, insistia. Escrevi cartas para as pessoas amigas, para os parentes distantes, para os políticos e a Deus dará! As cartas já estavam fora de moda, mas eu fiz isso. Contava para todo mundo o que se passava comigo... Desabafava ao extremo... E me curei. Aprendi que remédio aumenta a depressão. Era preciso alimentar sem muito cuidado. Antes os remédios me tiravam a fome. Agora eu comia muito ovo, muito toucinho assado e muito queijo. Sentia-me um pouco despreocupado com o peso. Não dá para tratar depressão fazendo dieta para emagrecer.

 Logo aprendi algo importante. Aprendi que: Os psicólogos e os médicos não sabem curar depressão. Um fala coisas que você não acredita ou às vezes nem fala, fica em silencio ouvindo você. Deus me livre de psicólogos, quando eles deveriam ficar falando querem só ouvir. O outro só sabe empanturrar você de remédios que transformam você numa pessoa totalmente lerda, sem ideias, sem pensamento, sem nada. Eu era deprimido, mas, imagino que o médico que me tratou era meio louco. 
Portanto, Médico e psicólogo pouco entendem de depressão, fazem apenas uma ideia. Se eu tivesse escutado esses profissionais, talvez tivesse morrido. Não é difícil curar a depressão, mas carece do esforço do deprimido. Ele terá que fazer das tripas o coração. 

Para mim, foi preciso muito esforço, talvez mais do que aquele que eu tivera para deixar de fumar. E olha que eu fumei, quase quarenta anos. Se você tem problema de depressão, tente fazer o que eu fiz quem sabe vai dar certo como deu comigo? Tente dar uma guinada de 90 graus na sua vida. Deixe que pensem que você está ficando louco... Afinal a sua depressão é algo que está roendo dentro de você. E se você ainda tem uma cabeça que pode  imaginar, não perca tempo. Quem ainda tem capacidade de pensar está inteiro. Portanto, isso pode lhe ajudar. É uma sugestão. E boa sorte.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

segunda-feira, 30 de junho de 2014

COMENTÁRIO SOBRE O ESPIRITISMO.

                                      CONFRARIA ESPÍRITA ALAN KARDEC -Luz -MG

  Certos religiosos preconceituosos contra a Doutrina Espírita têm o hábito de dizer que o livro de Deuteronômio 18.11 condena o Espiritismo. Certa vez fui convidado por um amigo evangélico a visitar a sua igreja. E lá o Pastor falou sobre essa questão. Os Irmãos de Jeová vão ainda mais longe, eles citam a palavra “espiritismo” diretamente como se o espiritismo existisse quando Moisés escreveu o livro de Deuteronômio há 3500 anos. O Espiritismo foi fundado pelo Francês Alan Kardec, em 1857, portanto, há 157 anos.

Essa coisa de um pregador do seu púlpito, seja quem for, dizer que a Bíblia condena isso ou aquilo que a outra igreja faz, é uma forma hipócrita de querer fazer de conta que a sua religião é melhor do que a dos outros. E é por isso que não discuto religião. Todas estão enganadas em algum ponto da Bíblia. Aliás, a Bíblia é cheia de mentiras e enganos adaptados em cada uma de suas diversas traduções. Jesus, por exemplo, morreu com 39 anos e não 33 como dizem. Quem fundou a Igreja de Cristo não foi Pedro e sim Tiago, nem o menor e nem o maior. Foi Tiago irmão de Cristo, filho de José e Maria. E o símbolo do Cristianismo não era a Cruz, e sim o pão e o peixe. Mas, falando isso, com certeza haverá quem diga que eu sou um doido. A verdade é que eu jamais iria cometer um desatino de escrever isso aqui sem ter colhido informações de fontes altamente confiáveis.  

Quando analisamos um texto da bíblia devemos procurar saber quando foi escrito, para quem foi escrito e porque foi escrito. Nesse caso, portanto, entendo eu, que o espiritismo não tem nada a ver com o exposto no livro de Moisés acima mencionado pelo pastor. Isso é falta de profundidade na analise do fato oriunda de um “mal explicado versículo” por tradutores tendenciosos. O Livro de Deuteronômio foi escrito há 3.500 anos e é um livro judaico. Tratava-se de uma recomendação de Moisés para que o seu povo não procurasse os necromantes que vinham do Egito e tinham o hábito de invocar o espírito de Deus para que soprassem nos cadáveres para que esses lhes revelassem quando plantar, o que plantar e onde plantar. Coisa que nada tem a ver com espiritismo.

O espiritismo não é uma religião organizada dentro de uma estrutura clerical. Ele é profundamente diferente das religiões tradicionais. É uma tríplice, ou seja, Filosofia, Ciência e Religião. No espiritismo não faz batizados e nem casamentos, não tem pastores, sacerdotes e nem chefes religiosos. Não adota cerimônias de espécie alguma. 

Diz-se que o espiritismo é  ciência, porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos; que é filosofia porque, a partir dos fenômenos espíritas, dá uma interpretação da vida, respondendo questões como “de onde você veio” o que faz no mundo”, para onde vai, após a morte”. E ainda que seja religião porque ele tem por fim a transformação moral do homem retomando os ensinamentos de Jesus Cristo para que sejam aplicados na vida de cada pessoa. Todo espírita segue uma religião, isso porque o verdadeiro espírita não tem preconceitos.

Eu apesar de ser católico, tenho grande admiração pelo espiritismo. Inclusive fundei a Confraria Espírita Alan Kardec da cidade de Luz, no principio da década de 90, quando morei lá. Quando enfrentei certas dificuldades tendo em vista tratar-se de uma pequena cidade onde existe uma diocese. E ela hoje funciona com uma grande prestação de serviço ao povo carente da cidade de Luz. mesmo porque, para os espíritas não há salvação fora da caridade. O Espiritismo não é nada disso que ouvimos os religiosos de diversas entidades comentarem de forma banal. 

Como poderia a Bíblia condenar o Espiritismo se este surgiu quando a Bíblia já existia há séculos? Agora aqueles que confundem Umbanda, macumba, candomblé, quimbanda com espiritismo, nesse caso eu não tenho nada a falar porque não conheço essas entidades e elas não têm nada a ver com o Espiritismo, um vocábulo usado por Alan Kardec para dar nomenclatura à sua doutrina e não ser confundida com o espiritualismo.
Lembro aqui o Padre Zezinho, um dos maiores representantes da Igreja Católica, sempre disse: “Se eu estou satisfeito com a minha religião eu não vejo motivo para falar das outras”.

Armando Melo de Castro.
Candeias MG Casos e Acasos.

Cronia relacionada:
http://candeiasmg.blogspot.com.br/2011/06/o-espirita-doidao_04.html

terça-feira, 17 de junho de 2014

IMPURO É O QUE SAI DA BOCA E NÃO O QUE ENTRA.



Existem mitos na nossa alimentação impostos pelos interesses comerciais. Quando colocaram o óleo de cozinha no mercado quase acabaram com a raça do porco, ou seja, fizeram tudo para fazer o povo aderir ao óleo e deixar a banha de porco de lado. Em Candeias o primeiro a vender o óleo de amendoim e caroço de algodão, que chegaram antes do óleo de soja, foi o Vicente da Nita, dono de uma pequena venda iniciada onde hoje reside a família do Sr. Aurélio Vilela. Posteriormente o Sr. Vicente transferiu o seu comércio para uma velha casa onde posteriormente veio a ser um restaurante na Avenida 17 de Dezembro.

A comida com a banha de porco era muito mais gostosa. A carne de porco farta e barata sobrava nos açougues porque o consumo da banha era maior. Existiam açougues especializados apenas em carne de porco. (Emílio Gianasi e Estevão da Rola, onde depois veio a ser o estabelecimento do Divino Machado.) O fato de porco, ou seja, os miúdos eram distribuídos gratuitamente. Com essa mexida do óleo os fazendeiros e sitiantes perderam uma das principais fontes de  rendas.

A carne perdeu parte do seu gosto porque os porcos de carnes mais saborosas, como o Piau e o Caruncho, que davam mais toucinho do que carne foram praticamente extintos. Os animais de hoje não têm o mesmo sabor tendo em vista que o milho e a lavagem de cozinha foram substituídos pela ração balanceada. Mas mesmo assim, a carne de porco é uma das carnes mais saudáveis e consumidas no mundo inteiro; apesar de ter sido envolvida num mito de que faz mal a saúde, Sendo que isso não é verdade. Pelo contrário, a carne de porco é mais sadia do que a carne de boi e de frango e estas, no entanto, estão em primeiro lugar no consumo entre nós brasileiros.

Na cidade de Formiga existiam as fábricas de Banha Didi e Gení, que o óleo de soja conseguiu tira-las do mercado injustamente. O fazendeiro plantava o milho e tratava dos porcos e das galinhas e havia fartura. É, todavia, inegável, que no passado o porco proporcionava o risco de doenças causado pela verminose desses animais, mas, isso se devia à falta de higiene com que esses bichos eram criados em chiqueiros, bebendo água suja e comendo todo tipo de porcaria; além da falta de cuidado no preparo do alimento.

A bem da verdade não só o porco, mas qualquer outro animal criado em cativeiro sem condições higiênicas, com certeza será um transmissor de doenças. Quem como eu já viu um porco criado à solta jamais concordará com a Bíblia Sagrada quando no Livro de Levítico diz que se trata de um animal impuro. Isso é puramente conceito religioso e não tem nada a ver com a carne do animal. Se olharmos isso veremos que em Mateus 15, Jesus disse que o que faz o homem impuro é o que sai pela boca.


Uma porca prenha criada às soltas prepara o seu ninho tal qual uma galinha. E se banham na lama, logo se banham na água limpa também. Portanto, meus amigos, não vamos ficar acreditando em tudo que o papel aceita. O comércio é mafioso e as pessoas para vender o seu produto capazes de tudo.


Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos

quinta-feira, 22 de maio de 2014

ACONTECEU AQUI NESTA ESQUINA.

                                             Reedição: Um triste jeito de ser pai.

Amar alguém é se sentir dono de algo que não possui. Quando a pessoa se sente ferida no amor, é uma dor muito forte. É um sentimento que machuca e deixa uma cicatriz no coração que só quem a tem sabe sentir, porque cada coração tem uma forma de sentimento. ---- Eu entendo que ninguém deve interferir na vida amorosa de alguém. Afinal somos responsáveis pelos nossos atos. Quando alguém ama a um outro alguém, os conselhos raramente podem ser válidos, afinal como diz o rifão, o coração tem certas razões que a própria razão desconhece. É um erro violento aqueles que castram a liberdade de escolha de alguém sobre qualquer pretexto. Devemos entender que é muito melhor arrependermos daquilo que fizemos ao contrário daquilo que não fizemos. A liberdade é algo que o ser humano alimenta com o coração e não há quem não a entenda. Cumpre aos pais na infância de seus filhos orienta-los sobre o respeito e mostrar-lhes a estrada do bem e do certo. Porque muita das vezes, os erros dos filhos acontecem por falha dos pais que tentam corrigir os filhos, mas ai já será tarde demais.

Eu contava mais ou menos uns 12 anos de idade e numa manhã de domingo, quando eu ia para a missa das 8 horas na Igreja do Senhor Bom Jesus, quando me deparei com um acontecimento triste, bem na esquina onde se encontra a residência do Sr. Miguel Albanez (Biribico)

Um casal de namorados conversava feliz da vida. Quando surge, vindo do lado da Escola Padre Américo, o pai da moça, um senhor que tinha o nome de Lacinho. ---- O Sr. Lacinho tinha um rompante forte; morava na zona rural e tinha hábitos extremamente agressivos. E quando bateu os olhos no casal bradou em voz alta:

“Eu já te falei que num quero vê ocê namorando nas isquina. E ainda namorando vagabundo! E ocê pode sumi das vista dessa fia disrregrada. Fia minha ocê num namora não seu trem ordinário! Eu num vô cum a sua cara! Quela ocê num vai casá nunca. Um trem que num tem onde caí morto, qui vive cagano pá jantá... Ocê que só relá. Eu num puis fia no mundo pra vagabundo relá não... E ocê sua bisca, toma seu rumo. Pode tirá o cavalinho da chuva porque com esse trem ruim ocê num casa memo. Se fosse bão tinha ido lá in casa pidi pá namorá. É mais faci ocê tê que sumi lá de casa do que casá com esse trem.”

Eu fiquei assistindo aquele espetáculo que naquele tempo para mim foi uma comédia dada a minha juventude. Mas hoje, quando me lembro disso, é como se lembrasse de um drama muito triste. Chego até ao ponto de sentir um pouco de remorso por ter achado graça. --- Eu, então, não conhecia o sentimento do amor, interessei-me, apenas, por aquela agressão sem defesa. Eu não conhecia o choro interno dos adultos, portanto não fiz a mínima ideia do que se passava por dentro daquele casal de namorados. ---- O tempo passou, e hoje me emociono e sinto o que deveria ter sentido naquele momento e não senti. Na infância e na juventude, cometemos enganos que um dia virão nos servir de lições.

Eu nunca me esqueci daquele espetáculo; daquela humilhação; daquele jeito violento de tratar uma filha e um candidato a namoro. Até hoje quando me lembro disso, vem à tona de minha mente, a moça tirando do pescoço um cordão de ouro que o rapaz com certeza a teria presenteado e lhe foi devolvido. E os dois chorando, quando um seguiu rua abaixo e a outra passou à frente e acompanhou o pai para a igreja.

Era uma moça com mais de vinte anos. Eu nunca mais a vi com outro namorado. E o rapaz, posteriormente casou-se e enquanto os meus olhos o vigiaram me parecia ser muito feliz com a sua esposa e seus filhos. Era trabalhador e respeitado na cidade. O tempo o fez sumir de minhas vistas. Mas, o triste fato continua guardado nos fundos dos meus olhos e nunca foi esquecido.

A violência verbal, às vezes, machuca mais do que a violência física. Esta foi uma das grandes lições que a escola da vida me deu. Ver um pai estragar a vida de uma filha pensando que estava lhe fazendo algum bem, ou decidindo por ela aquilo que deveria ter sido dela.

 

Candeias MG Casos e acasos.

Armando Melo de Castro

domingo, 4 de maio de 2014

EU NÃO BEBO 'PACARAI'


                                                      Foto para ilustração do texto.

Ontem eu entrei num bar aqui em Juiz de Fora a fim de tomar um copo de vinho seco. O vinho seco é muito bom para a saúde, segundo dizem. Eu faço isso de quando em vez. Afinal, o ser humano é assim mesmo, escuta sempre o que os outros falam. Quando entrei no estabelecimento conferi um casal atendendo o balcão. O homem limpava uma vitrine e a mulher lavava os copos. Sem dúvida a limpeza do local era admirável. Servido o vinho, vi quando a mulher entrou num cômodo ao fundo, tipo de uma pequena cozinha, no que dava para ver parte do interior dessa área de serviço. Num descuido dessa senhora eu a vi rodopiar o dedo indicador no nariz e o fez com muita vontade. Só de pensar que aquele dedo teria entrado no copo onde estava o meu vinho, eu já fiquei danado da vida.

Pois é meus amigos, olhem para os lados e verão quanta lambança existe ao nosso redor. Tem gente que sabe limpar um bar, mas não sabe limpar o nariz. E o vinho? Eu já teria tomado quase todo, e como não tinha como devolvê-lo fiquei apenas com a repugnância. Só quem bebe “pacarai” não vê essas coisas que a vida nos mostra no nosso dia a dia. 

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

UM SUCO DE LARANJA..


Eu conto o milagre, mas não conto qual o santo que o fez. Um amigo meu de Governador Valadares me descobriu aqui em Juiz de Fora, e me passou um telefone de outro grande amigo meu, que mora aqui em Juiz de Fora. Feito o contato, procurei a sua residência para um encontro, mesmo porque, trata-se de um amigo antigo desde os meus tempos de Banco.

Conversa vai, conversa vem, fui muito bem recebido na cozinha de sua casa, por ele e seus filhos, pois o mesmo encontra-se viúvo há seis meses. Como todo bom mineiro a família ali reunida perguntou-me se eu aceitava um café ou um suco. E como o calor estava de rachar preferi o suco.

Num porta-legumes a mocinha, de nome Roberta, tomou-se de uma sacola de laranjas e começou a espremê-las num pequeno aparelho manual. Conversa vai, conversa vem e ela espremendo as laranjas, sem ter lavado as mãos, sem ter lavado as laranjas e sem ter lavado o espremedor retirado de uma área aberta. E eu apreciando aquela lambança e pensando: “Que Dios me ayude”.

 Depois que terminou de espremer, abriu a torneira, pegou um pouco d’água numa jarra e jogou o caldo de laranja por cima, fazendo assim uma jarrada de laranjada; adoçou e mexeu com uma colher, deixando com que as pontas dos dedos invadissem o suco composto de elementos estranhos.

Daí abriu o congelador da geladeira e agora tentava dali tirar uma forma de gelo e não conseguia tendo em vista que esta estava agarrada. Resolve ela tomar de uma faca para ver se conseguia soltar a forma presa no gelo, quando o seu irmão, um baita de um cabrito, por nome Gilberto, grita: Não!  Ai não pode por faca, fura o congelador e o gás vai embora.  E o rapaz com físico de lutador de UFC, vestindo uma camiseta cavada, levanta dá uma bela de uma coçada bem no meio do sovaco enchumaçado e suado; aliás, já não era a primeira vez, eu já teria visto ele fazer isso antes; e vai socorrer a irmã. 

Mexe aqui, mexe ali conseguiu tirar a forma de gelo. Agora era ele que ia tentar soltar da forma. Coloca rapidamente a forma debaixo da torneira e depois bate sobre a pia e os gelos caem dentro da pia onde havia outras coisas sujas. Ele apanha os gelos sem ao menos passa-los pela torneira e sem a menor preocupação joga dentro da jarra. Pegou os copos, entre eles estava um maior que foi servido para mim. E eu tentando isolar o meu paladar expressei: 

“Socorro mi Padre em el Cielo, socorro!”.


Candeias Casos e Acasos MG

Armando Melo de Castro.