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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O MEU GRANDE AMIGO HELVÉCIO MELO SILVA.

                                          https://www.youtube.com/watch?v=b41CK_xE
                                           PARA OUVIR A MUSICA BARRIL DE CHOPP CLIQUE AQUI

Hoje, quando eu navegava no lago das minhas memórias, eu fui longe. Lembrei-me das barraquinhas ao lado da Matriz de Candeias. Como eram boas aquelas quermesses orientadas pelo Monsenhor Joaquim de Castro.

Eu e meu pai, todos os anos éramos convidados a ajudar. No final das festas tinha sempre uma ceia na casa paroquial. E o monsenhor, como era super organizado já dizia antes, quando que iria dar para cada um o rateio da ceia.

Neste texto, vou focalizar apenas o serviço de auto falante das barraquinhas. O locutor era o meu grande amigo, Helvécio do Dé Cassiano. Ele colocava a musica o "Barril de Chopp" que era o prefixo e sufixo do serviço de auto falante.

E já começava: "Ao som desdete prefixo musical, vai para o céu de Candeias o serviço de auto falante das barraquinhas de São Sebastião e Nossa Senhora das Candeias." ----- Na discoteca encontram-se Santinha Salviano e Marina Salviano. Ao microfone esse amigo de vocês: Helvécio Melo Silva.

É uma pena que hoje em dia, são poucas as pessoas que podem se lembrar disso. 

Para ouvir a música Barril de Chopp, excutada pela Orquestra Sanfônica de São Paulo, clique na imagem. 

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.


COMENTÁRIOS:
Onofra Ferreira Vilela Que saudades das Barraquinhas do Monsenhor. Tudo acaba aqui em Candeias, Carnaval era uma maravilha, as Barraquinhas então como eram boas, porque tudo acaba , que triste. ---- Meu pai era muito severo, muito rígido e não era sempre que deixava minhas irmãs e eu irmos às Barraquinhas, meu Deus como a gente chorava e o recurso era sentarmos do lado de fora de nossa casa e ficar ouvindo as músicas com um aperto no coração de tanta vontade de estar lá, mas em nossa época a gente era muito obediente e não teimava com os pais, não era como hoje que filhos saem quando querem e voltam quando querem. Ah meu Deus mesmo assim tenho uma saudade que chega a apertar o peito.

Clara Salviano Borges Arantes Ô tempo bom!

Zita Salviano Boa recordação. Ficava encantada com as bonecas de papelão vestidas pela D. Regina e D. Cecília. Meu sonho era ganhar uma boneca daquelas.

Franz S Borges Saudades.

Edna Meloriana Pois é, não perdia nada, morava num ponto estratégico, se não ia, ficava vendo do alpendre lá de casa. “ Lá de casa” ah, saudades!

Marco Antonio Albanez Ainda peguei uma berada boa das barraquinhas, era muito gostoso e divertido.

Ely Ferreira Da Cunha Ely A gente vinha da roça a pé e voltava só quando fechava as barraquinhas. A gente ia a loucura quando começava o barril de chope. É muita

Luci Vilela Bela recordação era bom de mais EU lembro e me emociono muito
Dalva Sousa Tempo bom. Saudade.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

UM CANDEENSE ILUSTRE - MAESTRO SILVIO BARBATO.


                                        Maestro Silvio Barbato.

Conheci o maestro Silvio barbato, quando este era uma criança e era pajeado juntamente com uma de suas irmãs pelas suas babás, uma delas prima de minha mãe, chamada Nica e a outra, Francisca, filha do Zé Pega Pão e sua esposa Lourdes. Elas ficavam ali na praça frente à Casa Celestino Bonaccorsi, pajeando essas crianças. O maestro Silvio Barbato nasceu em Candeias no dia 11 de maio de 1959 e faleceu no Oceano Atlântico num acidente de avião, em 01 de junho de 2009, com 50 anos de idade.


Talvez tenha sido o candeense mais ilustre em termos de arte. Morreu quando viajava para uma missão no exterior

Seus pais, Dr. Daniel Barbato e Dra. Rosalba Bonaccorsi Barbato, ambos eram médicos em Candeias. Para cá vieram ainda recém-formados. Dr. Daniel, Já falecido, foi também professor de história no Ginásio de Candeias, oportunidade em que fui seu aluno. Faleceu em Brasília, vitima de um infarto fulminante, na década de 90, quando era professor na Universidade de Brasília. Dra. Rosalba neta de Celestino Bonaccorsi, filha de Silvio Bonaccorsi e Dona Alvarina Bonaccorsi, irmã do nosso querido Américo Bonaccorsi, então tio tio-avô do Maestro Silvio Barbato.

Foi ele, o Dr. Daniel, quem iniciou a construção da casa, hoje do Wandinho Bonaccorsi, primo da Dra. Rosalba.
Com a sua volta repentina para o Rio de Janeiro, Dr. Daniel vendeu a casa inacabada para o Wandinho que terminou a sua construção.

Eram três os filhos do casal Bonaccorsi Barbato:
------Silviane Bonaccorsi Barbato, psicóloga de renome, com diversos cursos no Brasil e no exterior; professora universitária, residente em Brasília.
------Sandra Bonaccorsi Barbato, diplomada em engenharia; residente também em Brasília.
 
--Sílvio Sérgio Bonaccorsi Barbato, residente no Rio de janeiro, formado na Universidade de Chicago; maestro da Orquestra Sinfônica do Brasil, professor, doutor em filosofia, compositor clássico; maestro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro; e dono de um currículo extenso e admirável. Foi o mais jovem maestro de uma orquestra sinfônica.

Por ocasião da morte do maestro, tive um contato com as suas irmãs, em Brasília, através da internet, onde eu quis saber do pai delas e fui informado de que havia falecido. Na oportunidade Sandra se me revelou a mágoa que a família Barbato levou de Candeias, tendo em vista uma agressão física que seu pai teria tido aqui, por motivos inexplicáveis para os filhos. Na época foi uma grande perca para Candeias, pois a cidade que já era carente perdeu dois médicos atuantes.

 O maestro Silvio Barbato estava no avião francês que caiu no Oceano Atlântico na madrugada do dia 01 de junho de 2009. ----- É uma pena! A musica brasileira perdeu com a morte de Silvio Barbato, grande parte do seu patrimônio; pois ele era muito jovem e ainda tinha muito para proporcionar ao nosso Brasil.  
Veja parte do seu currículo:

Maestro Silvio Barbato - Diretor Musical e Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro em Brasília e Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Silvio Barbato estudou composição e regência com Claudio Santoro.

No Conservatório Giuseppe Verdi, em Milão, recebeu o Diploma de Alta Composição na classe de Azio Corghi. Ainda na Itália frequentou a classe de Franco Ferrara, colaborando com o maestro Romano Gandolfi no Teatro Alla Scala. Em Chicago, realizou seu PhD em Ópera Italiana sob a orientação de Philip Gossett.No Teatro Nacional Claudio Santoro está na sua nona temporada como Diretor Musical.

Com a Orquestra do Teatro regeu concertos em Roma (Piazza Navona), Lisboa (Mosteiro dos Jerônimos), nos Teatros Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro e em diversas capitais brasileiras. Suas gravações com a Orquestra incluem as Sinfonias Brasil – 500 Anos e os Clássicos do Samba, com Jamelão, Ivone Lara e Martinho da Vila.
  

Entre seus trabalhos com artistas internacionais, destacam-se: Aprile Millo, Montserrat Caballé, e Roberto Alagna e Angela Gheorghiu. No centenário de Carlos Gomes, a convite de Placido Domingo, foi o curador da ópera “O Guarani”, que abriu a temporada da Washington Opera. Diretor musical do filme “Villa Lobos, Uma Vida de Paixão”, foi premiado com o “Grande Prêmio Brasil de Cinema 2001” , na categoria de melhor trilha musical. Em 2003 compôs o balé “Terra Brasilis” que se apresentará, ainda em 2004, na Itália.Pelo trabalho que vem realizando na área cultural, Silvio Barbato recebeu inúmeras condecorações do governo brasileiro, tendo sido promovido ao grau de Comendador da Ordem do Rio Branco, além de ter recebido a Medalha do Mérito Cultural da Presidência da República.
 
O maestro tinha vários compromisso internacionais no momento em que viajava e foi vitima dessa grande tragédia. Foi triste para Candeias, foi triste para o Brasil.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos 


5 comentários:

Unknown disse...
Armando , preciso fazer contato com Silviane ou Sandra, somos amigos do Leme e o ultimo telefone que tenho do Silvio esetá com outra pessoa há 1 ano. Vc poderia me dar o email das meninas. Atenciosamente, Raquel Abreu
Maria Inés de la Quintana B. Bandeira disse...
Armando, adorei o resumo da vida da Familia Barbato. Sou amiga de Sandra, fizemos um semestre de faculdade no Rio juntas e não foi engenharia e sim Arquitetura.
Estive em Brasilia por volta de um ano atras tentando fazer contato com ela e não consegui, poderias me enviar seu e-mail ou telefone para que possa revê-la?
Estarei passando por Brasilia em meados de julho e gostaria de visitá-la e dar minhas condolencias pessoalmente.
Conheci a familia toda, eramos novos, estavamos saindo da adolescencia e me apaixonei pelo "tio Daniel", pedi autorização dele para chamá-lo assim, isso foi em 1979, nosso primeiro semestre de faculdade. Sandra retornou no semestre seguinte para casa em Brasilia e terminou o curso por lá, mas ficamos amigas desde então. A vida nos afasta por períodos e estou aqui agora tentando retomar a amizade. Agradeço sua ajuda de antemão.
Maria Inés de la Quintana Bruggemann Bandeira
Armando Melo de Castro disse...
Raquel e Maria Inês por favor me enviem um e-mail para que possa responder seu pedido.
Blogdoarmando@gmail.com
Dada disse...
Armando, desejaria muito ter o email de Dra. Rosalba para entrar em contato com ela, pois estudamos juntas em Lavras e ela mudou-se de Candeias e terminou seus estudos fora.Agradeço-lhe muito por ajudar-me. Dâmina
Anônimo disse...
Armando, fui colega da Rosalba em Lavras e gostaria de ter o seu email, se puder me ajudar agradeço muito.
Leila (cesarpomarico@yahoo.com.br)



quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O VELHO SEM VERGONHA.

                                                            Foto para  Ilustrar o texto.
Na minha adolescência, conheci um candeense cujo comportamento lhe daria o adjetivo de safado, ou melhor, de safadão. Tinha, mais ou menos, setenta anos de idade, do tipo manguarão, pescoço comprido, uma boca grande apresentando uma dentadura que exaltava os dotes profissionais do dentista, Boanerges Pacheco, feitas em uma única forma para todos os clientes.

 Possuía o cabelo branco, cortado à moda Príncipe Danilo, coberto por um chapéu de palha, além de uma voz mole que dava a aparência de pensar palavra por palavra sobre o que ia falar. Creio que seu nome deveria ser Alexandre, mas, todo mundo o tratava e o conhecia por Xande.

Quando ele vinha ao encontro de uma turma, as pessoas já se preparavam para identificá-lo: - “Lá vem o velho safado! Mas no fundo, bem no fundo, muitos o tinha por um gay incubado, preso no armário. Afinal ninguém se lembrava de sua mulher, ele teria criado uma filha que tomou o nome de Fiinha do Xande, que se tornou uma prostituta que fez a primeira vez da rapaziada da época.

 A alcova de fiinha para os rapazinhos que tinham algum dinheiro, era um quartinho alugado por Tarcíla do Mingote nos fundos de sua residência na Rua do Capão, hoje Pedro Vieira de Azevedo; e para os mais pobres era uma moita na entrada do pastinho da prefeitura, que ficava onde hoje está  localizada a indústria TEO, do Tonio Oliveira.

Xande chamava todo mundo de "bem" ou de "menino" fosse homem ou mulher. ----- As mulheres nunca conversavam com ele porque se assim fizessem, levavam na cara certos elogios que as deixavam envergonhadas ao extremo. Fosse velha ou fosse nova, fosse criança ou adolescente, o tema das suas conversas era sempre considerado atrevido com uma tonalidade educada. Além do mais tinha uma pecha de alcoviteiro.

Se a mulher fosse velha, ele, descaradamente, dizia:

 “Ocê ainda dá uma brincadeira boa, meu bem! Galinha véia dá cardo grosso! E como dá! Cê guenta muito bem uma meia sola! Ocê, minha fia, dá uma requenta de bacaiau muito boa que dá pá inchê o pandu até num querê mais.


Se era um tipo balzaquiana, ele diria com a cara mais lambida: ------ Sá sinhora, minha fia do céu! Ocê tá cuma tanajura apititosa dimais, sô! Agora que intendi purque qui o zôto fala de come tanajura. Ocê prá mim é uma janta de natal, daquelas qui a gente vai cumeno, cumeno até dá indigistão.   

Se a mulher era uma mocinha nova, uma adolescente, aí fazia um comentário sucinto: ------- Êh, minina, ocê tá do jeito que eu penso! Deve tá iguar uma ispiguinha de mio verde discascada. Cabilim marilim. Inda num pode cumê purque num granô direito.


O seu grande amigo de conversa e de safadeza era o Dé Cassiano. Eles estavam sempre conversando. Comumente, eram vistos em um banco da praça, de frente o Bar Piloto. E para cada mulher que passava, eles tinham um comentário a fazer. Despiam-nas em pensamento, imaginavam-nas ensaboadas, tomadas e penetradas, totalmente isentas de vestes e pudor. Xande dava tanta ênfase ao assunto e parecia até que iria sentir um orgasmo imaginário. O que fazia muita gente crer se tratar de um tarado. ----- Mas, nunca passou de pura conversa. Nunca se teve notícia de que tivesse tido algum caso com alguma mulher.


Dentre os poucos homossexuais que havia em Candeias, naquele tempo, pelo menos fora do armário, Renê nunca escondeu isso de ninguém. Todo mundo sabia disso e o aceitava em virtude da sua lealdade consigo mesmo. Isso porque, desde criança, expunha não uma opção sexual como muitos dizem, mas sim, a sua condição sexual. Ele dizia que era homossexual porque se sentia assim e não porque teria optado para isso. Afinal, essa condição lhe custava certos problemas, inclusive, dentro da própria família e ele sempre as encarou sem escândalos, sem brigas e com muita dignidade.


Estávamos no carnaval de 1961 e Renê era um grande animador da folia em Candeias. Sempre inventava uma fantasia inteligente. Naquele ano, ele retratou o cosmonauta russo, Iuri Gagarin o primeiro homem a viajar pelo universo em uma espaçonave. Era o assunto do momento. O mundo se preparava para assistir à primeira missão espacial tripulada da história.


Renê fez a sua fantasia demonstrando, sucintamente, as vestes de Gagarin: um macacão de astronauta. E para uma ênfase maior, usou um capacete como uma pequena réplica da espaçonave com as suas antenas o que lhe dava uma aparência de quem portava enormes cornos.


Empanado naquela alegoria, Renê desce a avenida e, ao passar em frente ao Bar Piloto, cai sobre os olhos da dupla de comentaristas indiscretos: Xande e Dé Cassiano:

Sabendo que iria temperar o angu daquela panela que fermentava a vida alheia, Renê parou de repente, deu uma rabanada feito um pavão enfeitado ou de um ganso que saiu da água e seguiu o seu caminho ficando a mercê do julgamento daqueles juízes carnavalescos.

---Minino do céu!? Cê viu, Dé? O que qui é isso, criatura?


---Esse é aquele fio do Chico de Assis, o Renê.


---O que qui é aquilo na cabeça dele? Tá pareceno chifre! Tá doido, sô?! Tá iscambado dimais da conta, uai!


----Uai, Xande, com esse trem na cabeça, tá pareceno que ele reganhô de veis.


----Ocê parece, Dé, que porva dessas  fruta encaroçada?


----Cê é doido, Xande! Fruta que dá no esgôto é veneno. No meu cardápio, eu prifiro um den de aio, ou intão, um pastilinho.


Armando Melo de Castro

Candeias Casos e Acasos