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sexta-feira, 29 de junho de 2012

OS LADRÕES DE COLARINHO BRANCO

                Foto para ilustração do texto
Do alto da minha ignorância política, eu sinto vontade de dar um grito. Um grito bem alto. Um grito de desprezo à clásse política do meu país. País que eu amo com todas as minhas forças e que traz, no seio do seu governo, um bando de ladrões. País de cujo pó eu nasci e para este mesmo pó eu voltarei um dia (Gênese 3.19). Brasil, terra abençoada por Deus. Meu Brasil! Minha terra querida que, entre outras mil, é a minha pátria amada, é a minha mãe gentil, a minha terra adorada!

Político, no Brasil, de uma forma quase que generalizada, é aquele que promete e não cumpre. É o demagogo, o inescrupuloso e o hábil que aproveita das paixões populares para fins menos lícitos. Político é o desavergonhado, o impudente, insolente e atrevido. Político é o interesseiro, é o mercenário, o venal. Político, em sua maioria, é ladrão. Já não bastasse o assaltante para sustentar o seu vício de droga, o bandido que te atormenta, os famintos, vítimas dos problemas sociais, ainda temos que aturar os ladrões de casaca e de colarinho branco. Ladrão, em todos os setores do governo, seja federal, estadual e municipal, o povo está sempre sendo subtraído de uma forma ou de outra.

O noticiário diário está sempre informando sobre a mão leve dessa corja chamada política. Esses canalhas que são eleitos, em muitos casos, fragilizam e perfuram a simplicidade e a dignidade humana da nação. Há envolvimento de governadores, senadores, deputados; prefeitos e vereadores. Ministros sendo esculachados. Até juízes! Meu Deus! Aonde nós vamos parar?!

Político não tem palavra. E em tudo aquilo que faz não há outro interesse a não ser o voto. Com o voto, vem o poder político, com este vem o poder financeiro subtraído, escandalosamente, das necessidades da nação. E o pior, da parte menos favorecida, ou seja, dos pobres.

Recentemente, o cidadão, Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da Nação, em um descaramento imensurável, foi fotografado, após um acordo partidário, com o famigerado, Paulo Maluf, considerado, internacionalmente, um corrupto nefasto. Tanto Lula quanto Maluf acham que isso é coisa normal. Ao Maluf, que já está sobre os cuidados do demônio, não há surpresa, mas, o Lula?! Você, Lula! Que tanto falou das elites. Que tanto falou do Maluf, que tanto disse que não faria acordos com a elite. Lula?! Cadê você? Justamente agora, depois de ter sido o Presidente do Brasil por oito anos, ter um patrimônio político extremamente superior ao do Maluf... Lula! É você mesmo nessa foto com o Maluf?

Isso para mim vem a ser mais do que pouca vergonha. Isso é uma prostituição política.

Lembro-me daquele bandido de Goiás, um tal de Demóstenes Torres. Um promotor de justiça que envergonhou a sua cidadela goiana. Um povo alegre, humilde, um estado cheio de tradição ser traído por um falso moralista que, após receber os milhares de votos de seus conterrâneos, se envolveu em falcatruas como um bandido qualquer que vive às margens da sociedade. E ainda, esse descarado, que atende pelo nome de Demóstenes é tão cara de pau, a ponto de ter ficado em busca de defesa sobre o indefensável e refutando o óbvio. 


Suponho que um único consolo desse descarado corrupto, é lembrar o seu xará, o Demóstenes grego que, também, se vendeu para o inimigo, deixando um ministro de Alexandre escapar da prisão. Foi preso por isso. Conseguiu fugir, contudo, foi capturado, motivo que o levou ao suicídio. E se o nome do Demóstenes brasileiro foi inspirado no de Demóstenes da Grécia, falta apenas o brasileiro tomar veneno.


Numa entrevista à Rede Bandeirantes, o Senador, Álvaro Dias, do Paraná, dissera da pressa necessária para se livrar daquele entulho no Senado Federal. É assim: depois que a sujeira respinga neles, mordem uns aos outros.

Eu, como brasileiro, gostaria de sugerir ao povo goiano que juntasse esse entulho ao lixo radioativo do Césio 137, para que ele não venha a contaminar ninguém. Afinal, um político corrupto, infeta mais do que um césio.


Atualmente esse bandido de colarinho branco encontra-se recebendo um salário de quase $30.000,00 sem trabalhar. Ele não perdeu o cargo mas, os seus colegas não o quiseram causando  constrangimento na repartição.



Os corruptos são um perigo, já que são adoradores de si mesmos. Só pensam neles e consideram que não precisam de Deus. (Papa Francisco)

Armando Melo de Castro
Candeias MG casos e acasos.












quarta-feira, 20 de junho de 2012

MARIA E 0 JUMENTO DO SEU MARIDO!

            
                                                  Foto para ilustração do texto.

A Rua Coronel João Afonso, em Candeias, continua viva na minha memória. Foi ali no número 306 onde me aportei no dia 16 de janeiro de 1946, pelas mãos da parteira Dona Maria do Estevão. --- Esta rua mora dentro de mim. ----- E em todos esses anos, eu posso dizer que eu nunca perdi a sintonia com ela, afinal sempre foi e será o palco da minha vida.

Às vezes eu cerro os olhos e posso me encontrar com amigos e vizinhos como o Sr. Erasto de Barros, o Sr. Chico Freire, Vicente e Paulo Vilela, Passarinho, Antônio do Orcilino e tantos outros...

Hoje, o meu encontro foi com uma vizinha muito amiga de minha mãe que se chamava Maria do Nedino. --- Morava bem próximo de nossa casa e isso gerou uma boa amizade o que fez Maria convidar meus pais para padrinhos de um de seus filhos. --- Residia o casal Nedino e Maria com mais dois filhos, numa velha casa onde hoje está situada a casa de comercio do João Bigode.

Ela era uma mulher bonita, corpo mediano e meio cheio. Tinha as pernas bem feitas; morena de cabelos lisos tipo curiboca; rosto delicado, olhos negros e grandes, além de um sorriso lindo; porém, acanhado. Sua voz era forte e autoritária. Se lhe fosse dada uma dieta para perder uns quilinhos e um banho de loja, com certeza, poderia vir a ser a cabrita mais bonita de Candeias.

Seu primeiro casamento teria sido um escândalo. E ela nunca teria tocado nesse assunto; Mas diante da curiosidade de minha mãe ela um dia resolveu contar:

Do segundo casamento nasceram dois filhos com pouco mais de um ano de diferença de idade. Andava com caçula no colo e o outro agarrado à sua saia. O primeiro era o afilhado de minha mãe.

Minha mãe tinha muita curiosidade de saber da vida de Maria sobre o seu primeiro casamento. Nesse dia Maria resolveu matar a curiosidade dela.

---Como foi mesmo o seu primeiro casamento comadre Maria?

---Eu num gosto nem de lembra cumá Luca... Meu primeiro marido era um cavalo.

---Era bruto, comadre Maria?

---Não, cumá Luca, ele até era inducado!

---Uai, mas, então, não entendi!?

---Na verdade, ele num era bem um cavalo, era um jumento!

---Ih! Coitada!

---Cumá Luca, nóis casô num sábado as treis hora da tarde, em Bambui. Dispois, nóis foi tudo pra roça. Graças a Deus, meu padrasto fêis um festão pra nóis. A vizinhança da roça e muita gente da cidade tava lá. Veio um sanfonero de fora e o pagode foi à noite intera. 

----Ele era bonito comadre Maria? Especulou  minha mãe...

----Mais ó meno, era mei brancão, e eu qui sou misturada com preto ficou meio desiguar... E depois ele tinha um nome muito feio: Joziano, eu num sei onde arranjaro um diabo dum nome tão feio. --- 

Mais a festa cumá Luca, teve trem de cumê até chegá. A casa cheia de gente, e o diabo do home já com a cabeça meia cheia quereno ir deitá. Ainda tinha muito trem pá cumê e a torda ainda tava cheia de gente dançano. Mas o demonho só falava em  deitá.

---Ai ficou ruim mesmo... Disse a minha mãe.

---- Num é memo cumá Luca?... Ai ele danô a incharcá na pinga. Incheu o rabo até de madrugada. Já tava com aquela vóis mole, chegava perto de mim e falava arto me chamando pa deitá. E eu cumecei a fica cum vergonha do povo, tinha uns rino dele, e eu já comecei a matutá que o meu casamento tinha sido uma cagada cum tarado.

---- Coitada de você comadre Maria! 

---Quando o caminhão saiu levano o resto do povo, aí, cumá Luca, foi que a porca torceu o rabo. Tinha uns parente que ia posá lá em casa e eles ainda tava acordado. ---- Ai intão nóis foi deitá. Eu tava muito ressabiada e dispois era a primeira vêis que eu ia durmi com aquele demonho. Eu só casei quele de tanto o meu padrasto e a minha mãe falá que ele era trabaiadô, que tinha um pedaço de chão muito bão. 

---Que situação comadre Maria!.

---Não!!! iscuta só, na hora que eu puis a água na baciinha pra lavá as parte, eu tava meia ressabiada e quando eu fui apaga a lamparina ele num dexô. E o demonho ficou oiano eu lavá minhas parte. Eu perdi o jeito de tudo. Cabei de lavá, inchuguei, assim meio atrapaiada, paricia que eu tava nôto mundo e fui pra cama, morreno de medo. E a lamparina acesa ele num dexô eu apaga. E daí o diabo veio pá riba de mim. Cumade do céu!!! Eu pensei que eu ia morrê. Paricia um trem mais doido do mundo. Rancô até sangue dimim. Daí, eu levantei dipressa, com cara de choro e fui pará na cuzinha só de camisola. É cumá Luca, muié sofre dimais!!!

E ai, como ficou?

---Ficô que eu falei quele, pode prucurá uma ruaça, seu lugá é no zé bulinha, num quero sabe docê nem um tiquinho. E o meu padrasto farto poco pra me iscumungá.

E a curiosidade de minha mãe não parou por ai e quis saber do segundo casamento:  

 ---E no segundo casamento, Comadre Maria, correu tudo bem no primeiro dia? – Perguntou minha mãe.

---Correu, cumá Luca! No sigundo, o Nedino já é mais carmo, é bem mais véio, mais fraco e num é igual a um jumento não!

---Credo, comadre Maria, deve ter sido duro para você aguentar aquilo não foi?

---Duro!? Bota duro nisso cumá Luca... Bota duro nisso! O trem paricia um ispinho me ficano.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.





quarta-feira, 13 de junho de 2012

GAY OU BICHONA?

                                                              Foto para ilustração do texto.
 Eu não tenho nada contra o homossexualismo e acho que um movimento social, seja ele qual for, tem a sua validade. A opção sexual de alguém deve ser livre. Ser indulgente com uma anomalia cromossômica é uma coisa. Agora, o que é difícil de aturar são as “bichonices” e a frescura extrema que levam ao exagero no comportamento dos adeptos a esse movimento, retratando uma perversão moral que bate de frente com os princípios da sociedade civil e religiosa.


A pessoa pode ser homossexual sem ter que aderir ao jeito e trejeito do sexo oposto. Sem desfilar desfilar pelas ruas, como se estas fossem a central de um bacanal. Quer ser homossexual que seja, todavia, não queira impor a sua vontade ou a sua maneira de ser. Daqui a pouco, vamos ver a parada do orgulho da prostituição. E se temos uma sociedade, mesmo que hipócrita, ela não deve ser transformada dessa forma contraditória. Ser gay é um direito. Contudo, que o seja com respeito aos olhos daqueles que não o são e não querem ser. Que lutem pelo seu espaço de forma mais digna. 

Essa Parada Gay é um verdadeiro atentado ao pudor, tanto quanto a televisão com suas novelas. Hoje, toda novela tem que ter um quadro mostrando esse tipo de comportamento aos olhos de grande parte das pessoas. Entretanto, a televisão pode ser evitada. Se o rifão diz que os incomodados que se afastem, é muito fácil: basta mudar de canal ou desligar a televisão. Mas, o que fazer quando dois homens ou duas mulheres se beijam e se esfregam em via pública, aos olhos de todos? Esta atitude exacerbada extrapola os bons costumes e princípios da moral para qualquer cidadão, inclusive, obviamente, para os heterossexuais. Ainda que hipócrita, não há que ser negado o fato de que temos uma sociedade oriunda da cultura natural contraída durante séculos.

A Bíblia Sagrada diverge do homossexualismo, em seus diversos livros, tanto no Velho como no Novo Testamento. Em apenas dois exemplos, podemos citar o Pentateuco, no Velho Testamento, no livro Levítico 20.13:

“Com homem não te deitarás como se fosse mulher; é abominação” e “Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.”·.

Já, no Novo Testamento, o Apóstolo Paulo, na carta I aos Coríntios 6.9,10,disse:

“Acaso não sabeis que os iníquos  não hão de possuir o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os crapulosos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os ladrões, nem os depravados hão de possuir o reino de Deus!”

Eu fico, às vezes, por entender é quando vejo alguém, adepto de uma igreja evangélica, testemunhar que era gay e teria deixado de ser após a sua adesão ao conceito evangélico. Aí, então, as divergências da ciência me fazem pensar duas vezes se o homossexualismo é doença ou pouca vergonha.

Há alguns dias, eu estava assentado em um banco da praça central, nas imediações da fonte luminosa, enquanto batia um papo com o meu amigo, Zé Pretinho. Logo depois, o Zé saiu e eu fiquei, por ali, apreciando os passarinhos, quando esses se acomodavam nos galhos das árvores.

Bem próximo de mim, havia outro banco ao qual chegou um jovem alto, moreno, cabelo tipo caixa de arapuá. Assentou-se, descalçou um pé do seu tênis, tornou a calçá-lo, quando o seu celular toca no seu bolso e ele atendeu todo feliz da vida:

---Oi, amor! Aiiiiiiiiiii! Nossa que saudade, amorrrrrrrrr! Nossa tem quatro dias que você não me liga! Já estava desesperado, amor! O que houve?

A voz do outro lado levou um pouco de tempo contando alguma coisa. Daí, o papo continuou:

---Nossa, meu bem! Que alegria saber disso! Você não sabe o quanto eu fico feliz por você, amor! Olha! Nesta semana, eu vou estar aqui, em Candeias, mas, na semana que vem, eu estarei aí. Não vá morrer de saudade de mim, ouviu? Não vejo a hora de ir embora. Não estou suportando, isso aqui! Amor, aqui não tem naaaaaaaaaaada!

E a fruta do interlocutor continuava:

---Amor, você fez a barba ou ainda está barbudo? Fez? Aí que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E assim, como essa fruta não faz parte do meu cardápio, fui saindo pensativo, sem escutar o resto do papo.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos



quinta-feira, 7 de junho de 2012

JOÃO CAMBOTA.



João Pedro Rodrigues, --- conhecido por João Cambota, --- era viajante e vendia produtos hidráulicos e elétricos para casas de material de construção. ---- Foi um autêntico embaixador de Candeias. Com certeza, esteve entre os candeenses que mais amavam a sua terra natal. Desdobrava-se em suas viagens para estar, nos fins de semana, junto aos seus conterrâneos. --- Era o verdadeiro mensageiro da alegria. --- Gostava muito de cantar, tocar instrumentos musicais como cavaquinho, violão e acordeão. Em todas as cidades nas quais fazia a praça, como vendedor, era bastante conhecido.

Fomos grandes amigos. Participei bastante de sua vida, desde a fundação do Ginásio de Candeias, que funcionava precariamente na Escola Estadual Padre Américo, no período da noite. ---- Nesse tempo, em Candeias, não havia quase nada o que fazer à noite. A televisão ainda não teria chegado. --- Assim, com o advento do ginásio, muitas pessoas de idades diferentes matricularam-se não com o objetivo principal de estudar, mas para ter aonde ir e ocupar o tempo para namorar e ou farrear.

Havia um grupo de estudantes que quase levou o Ginásio de Candeias ao fechamento. Para muitos a escola tornara-se numa diversão, num ponto de lazer para eles. Iam para lá, exclusivamente, para se divertirem. E João Cambota pertencia a esse grupo. ---- Certa vez, ele levou uma garrafa de pinga e um pedaço de mortadela. Quando chegou a hora do intervalo, ocorreu uma verdadeira festa. Isso deu um bode danado. ---

Minha amizade com o João Cambota começou nesse tempo como colegas no Ginásio. Depois, nas minhas andanças, como bancário ou a passeio, sempre encontrava com ele e a sua pasta de viajante. ---- Era um grande vendedor e faturava um bom dinheiro.

João se casou com a professora Mercês Santos, da cidade de Cristais, irmã de Dona Aparecida do Biribico. --- O casamento não durou muito, porque João não conseguiu se adaptar à vida de casado.

Visitava-me sempre quando eu morei em São Paulo na Rua General Osório, no Bairro Santa Ifigênia, sendo que, muitas vezes, dormia no meu apartamento e, por lá, colocávamos a conversa em dia e tomávamos os nossas tragos, ainda num tempo em que não teria sido tomado pelo excesso. João era uma excelente pessoa, mas ruim para si.

Praticamente, em todas as cidades, nas quais morei e trabalhei, era inevitável o meu encontro com o João Cambota. Entretanto, o tempo que é responsável por tudo, principalmente, por nossas vidas marcou com tristeza os meus dois últimos encontros com ele; dramáticos e que eu jamais os esquecerei. ---- João teria se tornado num alcoólatra inveterado e ia a cada dia se entregando a mais, ao alcoolismo. ----

Certo dia, quando eu residia na cidade de Luz, eu o encontrei num bar já embriagado. --- Um encontro totalmente diferenciado daqueles que outrora por tantos vezes tivemos. ---- E eu ainda brinquei com ele: João como você vai vender alguma coisa nesse estado? ---- Convidei-o para ir até à minha casa, mas ele não aceitou o convite. ---- Ali nos despedimos quando ele me disse que estaria indo para Candeias naquele dia.

Quatro dias depois eu fui procurado, na agência bancária onde eu trabalhava pelo dono de uma casa comercial, antigo freguês dele, Sr. Antônio Maciel, que lhe concedera estadia por uma noite num cômodo existente na área de depósito de sua empresa. Mas João permanecera lá por mais tempo, quando o seu estado físico piorou.

---- Esse senhor sabendo que éramos conterrâneos, procurou-me para saber como entrar em contato com a família dele em Candeias, ou se eu poderia fazer isso, porque João teria passado mal e ele o teria internado no hospital.

Imediatamente, fui ao seu encontro e pude constatar, com extrema tristeza, o estado de saúde em que se achava o meu amigo, João Cambota. Estava sujo, magro, barbudo e mais parecendo um mendigo.

---- Fiquei estarrecido diante daquele quadro tão triste. Aquele que outrora era tão saudável, bem afeiçoado, trabalhador, agora, se encontrava, totalmente, destruído pelo álcool. E eu lhe perguntei: “João você me disse que iria embora”? --- E a resposta foi clara: “Eu não tenho mais para onde ir”... Perguntei-lhe se queria que eu o transportasse até Candeias, eu estaria pronto para fazer isso. Mas ele não aceitou. O recurso foi procurar a sua família.

Entrei em contato com a sua família, especificamente, com o seu irmão, Zé Cabeça, que, juntamente com a sua esposa, Rosália, estiveram na cidade de Luz e levaram-no para Candeias, diante de seus protestos pelo delírio alcoólico.

Algum tempo depois, eu o encontrei em Candeias nas barraquinhas da igreja. Estava com um braço inutilizado. Teria dado um murro em uma porta de vidro e cortado o pulso. Chorou, quando me viu. E, diante de suas lágrimas, me disse:

---E, agora, Armando! Não posso mais tocar sanfona, nem cavaquinho e nem violão. Minha vida está acabada. Tentei consola-lo, porém, foi inútil. Custou-me evitar as lágrimas. ---Poucos dias depois, recebi a fatídica notícia de que João teria falecido tendo sido atropelado por um caminhão de forma estupida e dramatica.

A notícia da morte de João Cambota foi para mim um choque emocional. Uma mistura de pesar, de piedade, de tristeza e de meditação. --- Essa notícia cravou a minha memória de uma lembrança que nunca sairá de mim. ---

Algum tempo depois, em visita ao cemitério São Geraldo eu passei por um túmulo, era o túmulo do João. --- Parei por ali um pouco, fiz uma prece e fiquei recordando do nosso convívio de amizade que teria sido tão duradouro por tantos anos. E ao sair dali, senti que os meus olhos lacrimejavam por ter sentido através dos meus ouvidos a sua voz, como se ele falasse: não vai não Armando, fique aqui mais um pouco.

Onde quer que esteja meu amigo João cambota, receba o meu abraço, o meu forte abraço... Você não era amigo para perder João, mas acabei o perdendo. Ainda bem que o perdi para Deus!

Armando Melo de Castro