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domingo, 24 de janeiro de 2021

AOS MEUS 75 ANOS.


 

Ontem, 16 de janeiro de 2021, foi dia do meu aniversário. Completei 75 anos. Foi um dia muito feliz para mim porque eu entendo que só consegue chegar aos 75 anos ou mais, aqueles que realmente tiveram uma juventude que deu certo. Eu fiquei imensamente feliz porque pude receber muitos parabéns; muitos desejos de vida longa, felicidade, alegria... Enfim os meus amigos me desejaram tudo de bom ontem durante o dia todo. E essas mensagens foram a causa da minha grande alegria.

---Eu li e reli todas as mensagens e curtidas que recebi, bem como os nomes de todos os amigos que participaram da festa do meu coração. Senti-me um tanto feliz com tantas mensagens de meus conterrâneos candeenses. Afinal eu estou há mais de 50 anos residindo fora de Candeias. – Amigos meus de outras cidades onde eu morei e trabalhei, como Divinópolis, Bambuí, Governador Valadares, Patrocínio, Patos de Minas, Luz, Capitólio, Lagoa da Prata, São Sebastião do Oeste e São Paulo. Bem, como outros amigos localizados em outros lugares como Belo Horizonte e Rio de Janeiro, Formiga, Campo Belo e Cristais. outras localidades que me fogem a memória. Até dos Estados Unidos, recebi o abraço da minha querida amiga, Clarice Grgurich, minha condiscípula do Padre Américo.

---Eu acho que a felicidade de um idoso que completa 75 anos de idade é ser lembrado ou ser homenageado pelos amigos e parentes como eu fui ontem. Portanto meus amigos, muito obrigado, talvez vocês não possam avaliar o bem que me fizeram. Que Deus os abençoe a todos.

---Os jovens aniversariantes que ainda não estão fazendo as contas da idade, porque por certo ainda pensam que o fim da vida está bem distante, ao receberem votos de muitos anos de vida não respondem com o pensamento esses votos tão queridos. --- Mas o aniversariante que passa dos 70, naturalmente, já não pode acreditar tanto que viverá os anos que lhe são desejados pelo carinho dos amigos. Porque já terá visto tantos parentes, tantos amigos, pais, colegas de infância, terem ido embora para a outra vida. Um idoso, quanto mais idoso, mais sozinho vai se sentindo. A realidade que não podemos fugir dela é que ao contar 75 anos é se pertencer a um passado intenso e longe. Um presente ocioso e um futuro frágil. Mas nem por isso queremos desistir de uma longa vida. Assim pedimos a Deus que nos dê bastante vida porque o nosso futuro não promete muito mais.

---E assim, eu faço a mim uma pergunta cuja resposta quero de mim mesmo ao completar 75 anos:

---De acordo com a Bíblia, Matusalém viveu 969 anos e foi ser pai aos 187; --- Lameque viveu 777 e foi ser pai aos 182; --- Noé, aquele da arca, viveu 950 e foi ser pai aos 500 anos e Sem, um dos filhos de Noé foi pai aos 100 anos e viveu 600 anos. (Gêneses 5: 01,32)

Salmos 90:10 – “O homem viverá até aos 70 anos. Se for uma pessoa saudável, poderá chegar aos 80; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passará depressa enquanto nós voamos”. --- Em outras traduções podemos ver que dos 70 aos 80 serão anos inúteis, no que então, devo entender que aos 75 anos a Bíblia me considera um inútil.

---Certa vez eu vi e ouvi uma reunião do intelectual, Barbosa Lima Sobrinho, escritor, historiador, jornalista e politico brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras, quando ele disse completando os 100 anos de vida, com tamanha lucidez, que o seu problema maior era estar vivendo muito. --- Barbosa Lima Sobrinho morreu aos 103, anos lamentando estar vivendo muito.

---Foram muitos os meus conterrâneos falecidos com mais de 100 anos de idade. Há poucos dias mesmo, faleceu a nossa tão querida amiga Dona Julieta Bonaccorsi aos 105 anos.

E eu aos 75 anos o que devo pensar? Devo orar para o espírito de Matusalém, que fez filho aos 187 anos e morreu com 969 anos? Gênesis 5:27 ---- Ou devo pensar nos Salmos 90.10, levando em conta que aos 75 ainda tomando umas pinguinhas posso chegar aos 80 como um inútil sofredor? Ficar feito Barbosa Lima que cansou de tanto viver? Ou acreditar que tudo isso é balela porque eu tenho diversos conterrâneos que viveram mais de 100 anos. Tudo isso a meu ver é estar tentando decifrar os desígnios de Deus jamais conseguidos.

--- Aos 75 anos não quero ter tanto medo da morte esse medo e essa incerteza é o preço que pagamos pelos nossos erros. É a morte que nos iguala perante Deus. Durante a vida somos todos diferentes, maus, ambiciosos, invejosos, covardes em troca de uma só bondade. ---- somos cheios de erros e poucas virtudes. O preconceito entre negros e brancos; ricos e pobres; feios e bonitos; bons e maus. Enfim, somos todos diferentes e dizendo que somos iguais perante Deus. Mas essa igualdade só nos chega com a morte. Ai sim! Seremos todos iguais perante Deus.

Armando Melo de Castro.

 

sábado, 23 de janeiro de 2021

UMA VOLTA AO PASSADO.


                                                         FOTO JOÃO JOSÉ DE CASTRO

 

----Quando se tem vivido uma boa porção de anos, a gente sempre tira um tempinho para divagar, realizar digressões para um passeio mental. Eu sempre gosto de convidar o meu presente para uma volta ao passado.

 ----Reencontrar uma professora primária; um vizinho antigo para o qual eu fui um menino bobo e ele um velho sábio. Ver a venda aonde eu ia sempre com o meu pai, e poder me lembrar daquele doce de amendoim que eu sempre ganhava. Ver a cara do vendeiro que nunca mostrava os dentes. Voltar a ouvir o meu pai assentado com a minha irmã caçula no colo e eu do lado ouvindo as histórias da carochinha e da cachorrinha da menina Izabel.

 ----- Ver o meu tio João fazendo selas na sua selaria, ao lado de minha casa. Receber a bênção de minha avó me abençoando: “sabençõe” Ouvir a minha mãe no tanque lavando roupa e cantarolando as músicas de Ataulfo Alves e Orlando Silva. Vendo o meu tio Wantuil preparando a casa às vésperas de seu casamento... E o Tio Chico, ainda um rapagão, passando brilhantina nos cabelos... As visitas aos Arrudas à casa de minha Tia Maria. ---- E uma coisa que eu adorava era ouvir o meu avô tocar viola e cantar a sua canção preferida “Noite de Reis) Eu fecho os olhos e embarco na busca de tudo que me alegrava no verdor dos meus anos.

 ---- Mas às vezes, me encontro, também, lá no meu passado com a tristeza, mesmo tendo sido um menino feliz, sem problemas, eu conheci a tristeza. Só que a tristeza de menino é guardada para ser transformada em saudade na velhice. ---- Hoje, revivendo o momento da morte do meu avô, o meu querido João Delminda, pai do meu pai; homem inteligente, professor municipal, conhecedor de todo e qualquer assunto, pois vivia lendo tudo que lhe passasse à frente. --- e ainda mais um competente curtidor de couros.

Ele estaria completando este ano 138 anos.

Meu querido avô. Nunca ia a um médico, tinha muita saúde, no entanto, acabou de almoçar, foi ao pote tomar um copo d’água e caiu. Levado para a cama foi chamado o médico, Dr. Willian Elias. ---- Medicado, melhorou. mas não resistiu, e às 23 horas do dia 5 de junho de 1960, partia para o andar de cima. Um grande conforto para a nossa família foi a presença marcante de tanta gente nos seus funerais.

 ---- Durante algum tempo vi meu pai usando uma camisa preta. Era o luto que se usava na época. ---- Um parque de diversão, cujo alto falante era muito bem ouvido de minha casa, estacionado ali, próximo na Praça Antônio Furtado, naqueles dias tocando uma música de Tonico e Tinoco, quando eu vi pela primeira vez, talvez a única vez, o meu pai chorando, dentro da sua camisa preta ouvindo a musica: “Camisa Preta” ---- Recordar é bom até mesmo os momentos tristes. Hoje, eu me encontrei com o meu avô morto, mas sempre o encontro vivo também.

Como já nos encontramos aliviados da dor recordar a tristeza não é sofrer duas vezes, é entender melhor os desígnios de Deus.

Onde quer que esteja meu querido avô, conforta-me senti-lo aqui bem presente dentro do meu coração e passeando pelo meu cérebro.


Armando Melo de Castro

Candeias Mg casos e acasos.

 


quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

A FAMILIA BREIAS EM CANDEIAS.

                                                        FOTO: Antônio Martins Breias. 

 Candeias tem a sua história. Contudo, essa história, às vezes, tem muitos capítulos interessantes, no entanto, ocultos no âmago do seu povo. E se não forem revelados acabam-se perdidos, esquecidos e ou desperdiçados pelo tempo que não perdoa. Tantas passagens aconteceram durante a construção da nossa história até hoje e que não foram registradas e tendo sido consumidas com a morte de seus portadores. E no presente, com certeza, as nossas novas gerações gostariam tanto de ter conhecimento. Como exemplo a chegada de pessoas que vieram de longe, até do exterior para participar de nossa vida e que não são lembradas nos registros de nossa história. Famílias tradicionais que habitam ativamente em Candeias e que até seus descendentes não têm conhecimento lógico das suas origens. Pessoas que aqui chegaram vindas de longe trazidas pela nossa construção e que aqui foram sepultadas e esquecidas. Um povo que não se preocupa com a sua história, é um povo isolado.

 Eu era menino, no tempo do auge da Casa Celestino Bonaccorsi. Ali trabalhavam diversos balconistas. Entre eles haviam dois irmãos. Antônio Breias e Aurélio Breias. Meu pai sempre recomendava, procure o Antônio Breia. Ele era um dos melhores balconistas da Casa Celestino Bonaccorsi. Sempre sorridente e sempre atento. --- O nome Breias me chamava atenção, pois não era um nome comum. Posteriormente Antônio Breias após adquirir a antiga loja do Sr. Neném do André, tendo como sócio o Waldir Fernandes Pinto, tornou-se fazendeiro. --- O meu único contato com a família Breias foi nesse tempo e posteriormente com o Antônio Carlos Breias, meu amigo e colega de Banco, seu filho, para o qual eu pedi que nos contasse a história de sua família. Afinal, um nome diferente de uma pequena família e como ela teria vindo parar em Candeias. 

 Armando Melo de Castro. 

 Ai está à história narrada então pelo bisneto do patriarca português Antônio Carlos Breias. 

 Os Breias Pelo lado paterno são descendentes de portugueses, tendo como origem um operário português, o mestre de obras, Antônio Martins Breias, natural do norte de Portugal, da Freguesia de Lourençal da Serra. O patriarca da família veio para Candeias quando da construção da linha férrea que liga Barra Mansa RJ à Catalão GO. Ele era o mestre dessa obra, fixou residência em Candeias por volta de 1897 e casou com a senhora Malvina Cândida de Jesus. Dessa união nasceram quatro filhos: Aurélio Martins Breias, Isaura Martins Breias, Maria Martins Breias e Ana Martins Breias. O casal veio a separar-se a esposa Malvina Cândido de Jesus, mudou-se para Formiga Minas Gerais com as três filhas, Isaura, Maria e Ana. Os descendentes da Ana ainda hoje residem em Formiga. A filha Isaura não se casou, foi quitandeira e doceira famosa em Formiga MG, onde fazia festas para a alta sociedade formiguense.

 A Maria foi morar em Itaúna onde hoje residem seus descendentes. O Patriarca, senhor Antônio Martins Breias, permaneceu em Candeias com o filho Aurélio Martins Breias. Que se casou com Sra. Francisca Sebastiana de Jesus, e tiveram três filhos Antônio Martins Breias, Isaura Martins Breias e Aurélio Martins Breias, netos do Patriarca. Aurélio assim como seu pai também trabalhou na linha férrea, ele faleceu ainda jovem devido ao descarrilamento da máquina em que viajava entre Bugios e Quarta Turma, quando retornava para casa por ocasião do nascimento do terceiro filho do casal, o qual recebeu o nome de seu pai, Aurélio Martins Breias. Com a morte prematura de seu pai, Antônio Martins Breias, neto do patriarca, tornou-se arrimo de família e, ainda criança foi trabalhar para a família Carrilho, ajudando sua mãe no sustento de seus irmãos. Ao atingir a maioridade retorna pra cidade e vai trabalhar como balconista na casa Bonaccorsi. 

 Em 1952 Antônio Martins Breias casou-se com Odete Miranda Breias e dessa união nasceram: Antônio Carlos Breias, Adelson Miranda Breias, Armando Miranda Breias, Arnaldo Miranda Breias, Monica Hortense Breias e Marisa Aparecida Breias, bisnetos do patriarca. Permaneceu trabalhando na casa Bonaccorsi, desligando somente quando em sociedade com seu cunhado, Waldir Fernandes Pinto, adquiriram uma casa comercial. Waldir foi batizado com o nome de Antônio e os dois sócios tinham o mesmo nome, para diferencia-los o Waldir foi conhecido por muito tempo em Candeias, como Antônio Grande. 

Antônio Martins Breias vendeu sua parte da loja e foi tentar a sorte como fazendeiro no Pântano, município de Cristais MG. foi produtor de leite e agricultor. Apesar de ser da cidade tinha conhecimento do trabalho rural e contava também com a experiência da esposa Odete, que por ser filha de fazendeiro detinha bastante conhecimento das práticas rurais. Mas a família sempre teve fortes vínculos com a terra natal. Antônio e Odete venderam a propriedade em Cristais e adquiriram o sítio Palmital em Bugios no município de Candeias. 

 Por Antônio Carlos Breias. 

 Este texto encontra-se, também, no Blog Candeias MG Casos e Acasos. (Armando Melo de Castro)