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sábado, 27 de julho de 2019

CANDEIAS, UMA LEMBRANÇA FELIZ!




 ESTE TEXTO FOI TRANSFERIDO PARA O LIVRO CANDEIAS MG CASOS E ACASOS.






sexta-feira, 19 de julho de 2019

PEDRO NARDI, UM EXEMPLO DE VIDA!

                                                                 
O que é um homem de bem? O homem de bem é aquele que cumpre a lei da justiça, do amor, da caridade e do trabalho. O verdadeiro homem de bem é aquele que se apresenta para o tribunal da sua consciência para ser julgado pelos seus atos. Ele quer saber se está cumprindo fielmente a pratica do bem. O verdadeiro homem de bem é aquele que respeita a sentença do seu próprio tribunal e não tenta burlar as normas que punem os seus erros. -Não é tão fácil para um ser humano aderir à perfeição já que ele convive com um mundo cheio de imperfeições, mas existem aqueles que se esforçam mais. Esse é homem de bem.

O nosso Blog Candeias MG Casos e Acasos, vem hoje fazer uma simples homenagem póstuma a um homem de bem. Um homem querido por todos aqueles que o conheceram e que jamais alguém tenha ouvido sobre ele uma crítica que não fosse construtiva. Um candeense por adoção; um amigo de todos e respeitado por todos. Eu digo uma simples homenagem, visto que: por mais carinhosa; por mais amável; por mais justa que seja feita esta nossa homenagem, ele, o nosso homenageado, mereceria algo mais abrangente, pelo quê, eu gostaria de recomendar o seu nome à Câmara Municipal de Candeias.

Estamos homenageando um grande amigo. Um filho adotivo de Candeias, que veio de longe para juntar-se a nós na construção da nossa história:         PEDRO NARDI.

Pedro Nardi, italiano, nasceu em Barga, Toscana, Itália no dia 10 de janeiro de 1913. Era o terceiro filho do casal Massimo Nardi e Clementina Bonaccorsi, Irmã do nosso tão querido Celestino Bonaccorsi. --- Pedro Nardi tinha cinco irmãos: Maria, Mário, Giovanni, Carolina e Ida. Todos já falecidos. Morou e estudou em Filecchio, comunidade de Barga, até os 16 anos, ajudando a família nos afazeres da propriedade rural.

A situação econômica na Europa após a primeira guerra mundial era muito difícil, especialmente na Itália, provocando um grande fluxo de imigração. Sua irmã mais velha, Maria, imigrou-se para os Estados Unidos junto com o marido e foram muito bem sucedidos. --- Pedro Nardi resolveu se juntar a eles em 1929; mas não conseguiu o visto nos Estados Unidos, isso porque as entradas de novos imigrantes teriam sido fechadas à vista da depressão econômica que o país atravessava naquele momento.

Diante disso, O Sr. Celestino Bonaccorsi, tio de Pedro Nardi, o convidou para vir para o Brasil onde deveria ficar até a imigração definitiva se restabelecer nos Estados Unidos. --- Pedro aceitou a proposta e viajou para o Brasil no vapor Conte Verde e desembarcou no Rio de Janeiro no dia 30 de dezembro de 1929. Começaria, então, uma vida nova já no primeiro dia do ano de 1930.

Com apenas 16 anos chegou a Candeias e já arregaçou as mangas e colocando-se a ajudar o seu Tio, Celestino Bonaccorsi, no movimento da loja, a então, Casa Celestino Bonaccorsi, uma grande loja não só para Candeias, mas toda a região.

Pedro Nardi gostou do trabalho, do meio, e foi ficando mesmo depois da imigração dos Estados Unidos ter sido reaberta. Ficou e acabou apaixonando-se por uma jovem muito bonita, filha do Sr. João Sidney de Sousa, com a qual se casou no dia 23 de fevereiro de 1938. ---- Agora, Pedro Nardi já era o nosso popular Pedrinho Bonaccorsi, já teria sido adotado como filho definitivo de Candeias e não voltaria mais.  Do casamento nasceram cinco filhos: Romulo, Rinaldo, Regina, Ricardo e Rossela.

Um pai de família exemplar. Um homem inteiramente dedicado ao trabalho e a família. Amigo de todos. Pedrinho era o coração da Casa Celestino Bonaccorsi. Era ele o gerente geral e que comandava todos os balconistas que eram muitos. ---- Gerenciava e atendia, também, a freguesia. Os fregueses preferiam-no por ser dono de um atendimento diferenciado. 

Lembro-me de vê-lo sempre rodeado por fregueses e balconistas da loja sempre querendo saber algo; sempre pedindo orientações e os fregueses chorando desconto que iam além da autonomia dos funcionários, Pedrinho sempre tirava alguma coisa e sempre agradava o freguês. Ele era um verdadeiro professor de atendimento. Era uma figura simpática e marcante com o seu linguajar ítalo-brasileiro.

Sua vida foi toda dedicada com muito amor à família e ao trabalho. Quando não se encontrava na loja esta parecia estar vazia. Ninguém jamais o via desocupado. A Casa Celestino Bonaccorsi, foi grande parte de sua vida. Mas o destino fez com que Celestino Bonaccorsi voltasse para a Itália depois de tantos anos no Brasil. E os herdeiros da casa comercial não a levando em frente, esta foi consequentemente fechada em 1975.

Pedrinho agora estaria trabalhando em sua residência com a sua esposa Dona Irene no comercio de confecções, joias e relógios. Se Pedrinho tivesse sido um homem desonesto, não precisaria continuar trabalhando. Mas a sua dignidade, a sua qualidade de homem de bem não o enriqueceu. Poderia ter se enriquecido se não tivesse sido tão fiel como homem de confiança do seu tio. E a vida de trabalhador continuava e seguiu até a sua morte em 06/11/1992, aos 78 anos, sendo dos quais 63 como candeense.

Um pai de família exemplar, as pessoas babavam ao ver o carinho dele com os filhos e com a esposa. --- Tia Nice, esposa de meu tio Wantuil, conta que o Dr. Renato Vieira sempre dizia que jamais teria visto dois homens mais felizes quando ganharam filhos: Wantuil no dia que ganhou o seu filho homem, o Santos  --- e o Pedrinho Bonaccorsi, o dia que ganhou a filha mulher, a Regina.

Pedrinho e Dona Irene eram muito caridosos. Sua casa era procurada pelos pedintes da época, Leopoldina, mãe do Zé Viroto, Matias Tatá, Gasparina, o Tica e outros. Eram caridosos e amáveis com os mendigos.  --- Formaram todos os filhos e eles são excelentes pessoas e bem sucedidas que herdaram dos pais todos esses bons princípios e retidão de caráter.

Durante todos os anos de sua vida entre nós, voltou apenas duas vezes à sua terra natal. Uma em 1950 e a outra em 1986; ambas em companhia de Dona Irene e de seu filho mais velho, o Rômulo. --- Voltou maravilhado após ver o seu país prospero e livre dos estigmas da Segunda Guerra Mundial. Reviu parentes e lugares que conhecera quando ainda criança. ----- Sua vida, com certeza, deve ter sido alimentada de muita saudade!

Mas Pedrinho agora era mais brasileiro; mais mineiro e mais candeense. A Itália, com certeza, seria a melhor das lembranças. Deus lhe dera dois mundos para viver. No entanto, deu-lhe, também, uma sugestão: fique em Candeias Pedrinho! E ele aceitou.

Pedro Nardi, o nosso grande amigo Pedrinho Bonaccorsi, está sepultado no Cemitério São Francisco em Candeias. Sepultado com toda a sua honestidade, humildade e lealdade, virtudes que o tornou tão querido pelo povo candeense; assim como amado pelos seus filhos aos quais ele não era de dar muitos conselhos, mas sabia transmitir implicitamente os seus valores por meio de exemplos constantes e coerentes.

No seu sepultamento no Cemitério São Francisco, em Candeias, seu amigo Sebastião Pisidonha, pediu a palavra e enfatizou: ----- Pedrinho era sim, um homem querido por todos os candeenses e nunca teve um único inimigo. ----- Fica aqui o nosso endosso às palavras de Sebastião Pisidonha. --

No epitáfio, escrito pelo seu genro Jacson Zuim, está uma síntese de que foi Pedro Nardi: 

Poucos são aqueles capazes de viver em paz, de abandonar a ambição e entregar a sua alma aos caminhos mais simples e profundos. São poucos, mas são o nosso maior exemplo”.

Onde quer que esteja amigo Pedrinho Bonaccorsi, receba o meu abraço.

Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

AVANTE CIDADE DE CANDEIAS!



Quando eu saio do meu presente para dar uma volta ao meu passado, eu não poderia estar noutro lugar a não ser em Candeias. --- Minha terra querida que já não seja tão minha, mas a vida ali vivida me dá o direito de revivê-la através da saudade. --- Afinal, só sente saudade quem foi feliz. ---

Era uma vidinha humilde, porém, feliz. ----- Agora, com a morte de minha mãe, estou completamente desligado do meu torrão natal. ---- Mas passeio por lá todos os dias, através desse sentimento nostálgico.

Não se trata da mesma Candeias onde eu nasci e vivi, mas é a Candeias que guarda os meus ascendentes; os meus amigos, minha infância e juventude, principalmente a infância. Lá está, ainda, a Pia Batismal onde me foi feito o assento do meu batismo. Lá ainda está à rua onde eu nasci e por ela subia e descia todos os dias. Está a Avenida 17 de Dezembro, hoje tão diferente do tempo em que era chamada de 'LARGO". Tantas praças! Tantas casas apareceram e tantas desaparecidas.

Com a minha residência próxima da Catedral de Juiz de Fora, convivo com o bimbalhar dos seus sinos o que me transporta ao meu passado religioso da velha matriz de Candeias. ---- 

Ainda soa em meus ouvidos as badaladas do meio dia e a “hora do Ângelus” em Candeias. ---- Os sinos da velha matriz não silenciaram para os meus ouvidos. A demolição da antiga Matriz mexeu profundamente comigo. Eu consigo fechar os olhos e me ver dentro daquela inesquecível casa de Deus.

Com seus toques e repiques os sinos da Matriz de Candeias, falavam aos fieis numa linguagem sacra. Na bênção do Santíssimo e consagração nas missas, não seria necessária a presença do católico na igreja para receber o toque de Deus. Toda a cidade era avisada daquele momento e a pessoa se postava de onde se encontrasse para receber a benção de Deus.

Ao meio dia eram executadas as doze badaladas, cujo soar atingia parte da zona rural. Não havia sequer um lugar de Candeias onde não se ouvia com perfeição o som do grande sino.

Eram três avisos para cada missa. Havia missas todos os dias da semana e aos domingos eram três horários, 6, 8 e 10 horas. Missas celebradas pelo, então, Padre Joaquim, posteriormente, conferido pelo Papa, como Monsenhor Castro.  ---- Nas missas semanais não havia a pregação.

Na torre da matriz havia três sinos de tamanhos diferentes: Um grande, um médio e um pequeno. As solenidades na igreja eram identificadas pelos seus toques e dobrados.

Os toques fúnebres informavam se a pessoa falecida seria homem, mulher ou criança. E essa informação pelos sinos era repetida de hora em hora.

Na sexta feira da paixão, os sinos não tocavam. Era usado apenas um instrumento chamado “matraca”. Isso era fornecido aos meninos que tropeçavam uns aos outros vendendo velas e batendo a matraca. O silêncio dos sinos entristeciam ainda mais a sexta feira santa, quando a cidade adormecia em respeito a morte de Jesus.

Candeias era muito diferente. Era muito atrasada em comparação aos dias de hoje. A saúde, a educação eram precárias; o prefeito não tinha um carro; a polícia andava a pé; não havia calçamento nas ruas; não havia empregos e nem aposentados. A iluminação pública era fraca. Telefone nem pensar; transporte ferroviário e precário. Uma viagem de ida e volta à cidade de Formiga, demorava um dia, eram duas horas e meia para a ida e o mesmo tempo para a volta. Isso se o trem não atrasasse o que seria raro. As mães morriam de parto; os homens morriam com problemas de próstata. Quando algum candeense era levado para Campo Belo, era porque estava às portas da morte. A pobreza não era um privilégio de Candeias.

Candeias era tudo isso, mas já era uma fonte de inspiração para a Professora Neguita Alvarenga e o Maestro Belmiro Costa para a criação do hino que me fez ver um belo rincão sem par; uma pura fonte de exemplo cristalino onde o pobre se encontrava e que me fez desta fonte o meu ninho adorado a quem eu consagro o meu coração. Mostrou-me a bela e imensa clorofila cobrindo o seu solo com tanta lealdade e o seu céu azul traduzindo fé, esperança e caridade. Além disso, me dar a certeza de que Candeias é uma honra de Minas e do povo candeense no sublime setor da religião.

Salve, salve Candeias e receba o hino do seu povo, um tributo da nossa gratidão.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

CRONICA RELACIONADA: https://candeiasmg.blogspot.com/2010/05/igreja-matriz-de-candeias.html