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sexta-feira, 19 de julho de 2019

PEDRO NARDI, UM EXEMPLO DE VIDA!

                                                                 
O que é um homem de bem? O homem de bem é aquele que cumpre a lei da justiça, do amor, da caridade e do trabalho. O verdadeiro homem de bem é aquele que se apresenta para o tribunal da sua consciência para ser julgado pelos seus atos. Ele quer saber se está cumprindo fielmente a pratica do bem. O verdadeiro homem de bem é aquele que respeita a sentença do seu próprio tribunal e não tenta burlar as normas que punem os seus erros. -Não é tão fácil para um ser humano aderir à perfeição já que ele convive com um mundo cheio de imperfeições, mas existem aqueles que se esforçam mais. Esse é homem de bem.

O nosso Blog Candeias MG Casos e Acasos, vem hoje fazer uma simples homenagem póstuma a um homem de bem. Um homem querido por todos aqueles que o conheceram e que jamais alguém tenha ouvido sobre ele uma crítica que não fosse construtiva. Um candeense por adoção; um amigo de todos e respeitado por todos. Eu digo uma simples homenagem, visto que: por mais carinhosa; por mais amável; por mais justa que seja feita esta nossa homenagem, ele, o nosso homenageado, mereceria algo mais abrangente, pelo quê, eu gostaria de recomendar o seu nome à Câmara Municipal de Candeias.

Estamos homenageando um grande amigo. Um filho adotivo de Candeias, que veio de longe para juntar-se a nós na construção da nossa história:         PEDRO NARDI.

Pedro Nardi, italiano, nasceu em Barga, Toscana, Itália no dia 10 de janeiro de 1913. Era o terceiro filho do casal Massimo Nardi e Clementina Bonaccorsi, Irmã do nosso tão querido Celestino Bonaccorsi. --- Pedro Nardi tinha cinco irmãos: Maria, Mário, Giovanni, Carolina e Ida. Todos já falecidos. Morou e estudou em Filecchio, comunidade de Barga, até os 16 anos, ajudando a família nos afazeres da propriedade rural.

A situação econômica na Europa após a primeira guerra mundial era muito difícil, especialmente na Itália, provocando um grande fluxo de imigração. Sua irmã mais velha, Maria, imigrou-se para os Estados Unidos junto com o marido e foram muito bem sucedidos. --- Pedro Nardi resolveu se juntar a eles em 1929; mas não conseguiu o visto nos Estados Unidos, isso porque as entradas de novos imigrantes teriam sido fechadas à vista da depressão econômica que o país atravessava naquele momento.

Diante disso, O Sr. Celestino Bonaccorsi, tio de Pedro Nardi, o convidou para vir para o Brasil onde deveria ficar até a imigração definitiva se restabelecer nos Estados Unidos. --- Pedro aceitou a proposta e viajou para o Brasil no vapor Conte Verde e desembarcou no Rio de Janeiro no dia 30 de dezembro de 1929. Começaria, então, uma vida nova já no primeiro dia do ano de 1930.

Com apenas 16 anos chegou a Candeias e já arregaçou as mangas e colocando-se a ajudar o seu Tio, Celestino Bonaccorsi, no movimento da loja, a então, Casa Celestino Bonaccorsi, uma grande loja não só para Candeias, mas toda a região.

Pedro Nardi gostou do trabalho, do meio, e foi ficando mesmo depois da imigração dos Estados Unidos ter sido reaberta. Ficou e acabou apaixonando-se por uma jovem muito bonita, filha do Sr. João Sidney de Sousa, com a qual se casou no dia 23 de fevereiro de 1938. ---- Agora, Pedro Nardi já era o nosso popular Pedrinho Bonaccorsi, já teria sido adotado como filho definitivo de Candeias e não voltaria mais.  Do casamento nasceram cinco filhos: Romulo, Rinaldo, Regina, Ricardo e Rossela.

Um pai de família exemplar. Um homem inteiramente dedicado ao trabalho e a família. Amigo de todos. Pedrinho era o coração da Casa Celestino Bonaccorsi. Era ele o gerente geral e que comandava todos os balconistas que eram muitos. ---- Gerenciava e atendia, também, a freguesia. Os fregueses preferiam-no por ser dono de um atendimento diferenciado. 

Lembro-me de vê-lo sempre rodeado por fregueses e balconistas da loja sempre querendo saber algo; sempre pedindo orientações e os fregueses chorando desconto que iam além da autonomia dos funcionários, Pedrinho sempre tirava alguma coisa e sempre agradava o freguês. Ele era um verdadeiro professor de atendimento. Era uma figura simpática e marcante com o seu linguajar ítalo-brasileiro.

Sua vida foi toda dedicada com muito amor à família e ao trabalho. Quando não se encontrava na loja esta parecia estar vazia. Ninguém jamais o via desocupado. A Casa Celestino Bonaccorsi, foi grande parte de sua vida. Mas o destino fez com que Celestino Bonaccorsi voltasse para a Itália depois de tantos anos no Brasil. E os herdeiros da casa comercial não a levando em frente, esta foi consequentemente fechada em 1975.

Pedrinho agora estaria trabalhando em sua residência com a sua esposa Dona Irene no comercio de confecções, joias e relógios. Se Pedrinho tivesse sido um homem desonesto, não precisaria continuar trabalhando. Mas a sua dignidade, a sua qualidade de homem de bem não o enriqueceu. Poderia ter se enriquecido se não tivesse sido tão fiel como homem de confiança do seu tio. E a vida de trabalhador continuava e seguiu até a sua morte em 06/11/1992, aos 78 anos, sendo dos quais 63 como candeense.

Um pai de família exemplar, as pessoas babavam ao ver o carinho dele com os filhos e com a esposa. --- Tia Nice, esposa de meu tio Wantuil, conta que o Dr. Renato Vieira sempre dizia que jamais teria visto dois homens mais felizes quando ganharam filhos: Wantuil no dia que ganhou o seu filho homem, o Santos  --- e o Pedrinho Bonaccorsi, o dia que ganhou a filha mulher, a Regina.

Pedrinho e Dona Irene eram muito caridosos. Sua casa era procurada pelos pedintes da época, Leopoldina, mãe do Zé Viroto, Matias Tatá, Gasparina, o Tica e outros. Eram caridosos e amáveis com os mendigos.  --- Formaram todos os filhos e eles são excelentes pessoas e bem sucedidas que herdaram dos pais todos esses bons princípios e retidão de caráter.

Durante todos os anos de sua vida entre nós, voltou apenas duas vezes à sua terra natal. Uma em 1950 e a outra em 1986; ambas em companhia de Dona Irene e de seu filho mais velho, o Rômulo. --- Voltou maravilhado após ver o seu país prospero e livre dos estigmas da Segunda Guerra Mundial. Reviu parentes e lugares que conhecera quando ainda criança. ----- Sua vida, com certeza, deve ter sido alimentada de muita saudade!

Mas Pedrinho agora era mais brasileiro; mais mineiro e mais candeense. A Itália, com certeza, seria a melhor das lembranças. Deus lhe dera dois mundos para viver. No entanto, deu-lhe, também, uma sugestão: fique em Candeias Pedrinho! E ele aceitou.

Pedro Nardi, o nosso grande amigo Pedrinho Bonaccorsi, está sepultado no Cemitério São Francisco em Candeias. Sepultado com toda a sua honestidade, humildade e lealdade, virtudes que o tornou tão querido pelo povo candeense; assim como amado pelos seus filhos aos quais ele não era de dar muitos conselhos, mas sabia transmitir implicitamente os seus valores por meio de exemplos constantes e coerentes.

No seu sepultamento no Cemitério São Francisco, em Candeias, seu amigo Sebastião Pisidonha, pediu a palavra e enfatizou: ----- Pedrinho era sim, um homem querido por todos os candeenses e nunca teve um único inimigo. ----- Fica aqui o nosso endosso às palavras de Sebastião Pisidonha. --

No epitáfio, escrito pelo seu genro Jacson Zuim, está uma síntese de que foi Pedro Nardi: 

Poucos são aqueles capazes de viver em paz, de abandonar a ambição e entregar a sua alma aos caminhos mais simples e profundos. São poucos, mas são o nosso maior exemplo”.

Onde quer que esteja amigo Pedrinho Bonaccorsi, receba o meu abraço.

Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos.

3 comentários:

Nico Borges disse...

Às vezes temos algumas lembranças ruins de alguma pessoa, mas do Sr. Pedro não tenho nenhuma. Pelo contrário, só lembro dele como o descreveu no texto. Bela homenagem!

Unknown disse...

Armando quando le sua cronica sobre o Pedro Nardi fiquei muito feliz como voce falou sobre uma pessoa boa e simpatica e querida entre eu conheci meus sinceros parabens.

Wander Sena disse...

Recentemente, durante os preparativos do II Encontro da Família Bonaccorsi eu tive a oportunidade de contar aos filhos do Sr. Pedrinho uma passagem, curiosa, mais um exemplo de sincronicidade, como tantos percebo.
Eu trabalhava em São Paulo, morando no Brás. Era 09/07/75 e eu ia comprar um camisa para presentear meu irmão Júlio.
Resolvi fazer um caminho mais distante até a Rua Oriente, para passar em frente à Karibê.
Bem, encontrei com o Sr. Pedrinho carregando uma enorme mala de compras e a D.a Irene com muitas sacolas.
Foi muito bom encontrar Candeenses, inesperadamente na grande São Paulo.

Estranhei muito a surpresa do Sr. Pedrinho ao me ver, exclamando surpresa, e colocando a mala no chão, perguntava: como é que você está aqui!?
Eu não entendia a razão de tanta supresa....
Dona Irene rindo muito esclareceu.

"Este é um dos filhos da Armida,não é o Paulinho Sena que veio conosco para São Paulo"
Sr. Pedrinho e D.a Irene tibha viajado com meu primo Paulo Sena que tinha ido para.oureos lados da cidade, e o Sr. Pedrinho estranhou ao me encontrar, achando se tratar do Paulo Sena.