O que é um homem de
bem? O homem de bem é aquele que cumpre a lei da justiça, do amor, da caridade
e do trabalho. O verdadeiro homem de bem é aquele que se apresenta para o
tribunal da sua consciência para ser julgado pelos seus atos. Ele quer saber se
está cumprindo fielmente a pratica do bem. O verdadeiro homem de bem é aquele
que respeita a sentença do seu próprio tribunal e não tenta burlar as normas
que punem os seus erros. -Não é tão fácil para um ser humano aderir à perfeição
já que ele convive com um mundo cheio de imperfeições, mas existem aqueles que
se esforçam mais. Esse é homem de bem.
O nosso Blog Candeias
MG Casos e Acasos, vem hoje fazer uma simples homenagem póstuma a um homem de
bem. Um homem querido por todos aqueles que o conheceram e que jamais alguém
tenha ouvido sobre ele uma crítica que não fosse construtiva. Um candeense por adoção;
um amigo de todos e respeitado por todos. Eu digo uma simples homenagem, visto
que: por mais carinhosa; por mais amável; por mais justa que seja feita esta
nossa homenagem, ele, o nosso homenageado, mereceria algo mais abrangente, pelo
quê, eu gostaria de recomendar o seu nome à Câmara Municipal de Candeias.
Estamos homenageando
um grande amigo. Um filho adotivo de Candeias, que veio de longe para juntar-se
a nós na construção da nossa história: PEDRO
NARDI.
Pedro Nardi,
italiano, nasceu em Barga, Toscana, Itália no dia 10 de janeiro de 1913. Era o
terceiro filho do casal Massimo Nardi e Clementina Bonaccorsi, Irmã do nosso
tão querido Celestino
Bonaccorsi. --- Pedro Nardi tinha cinco irmãos: Maria, Mário,
Giovanni, Carolina e Ida. Todos já falecidos. Morou e estudou em Filecchio,
comunidade de Barga, até os 16 anos, ajudando a família nos afazeres da
propriedade rural.
A situação econômica
na Europa após a primeira guerra mundial era muito difícil, especialmente na
Itália, provocando um grande fluxo de imigração. Sua irmã mais velha, Maria,
imigrou-se para os Estados Unidos junto com o marido e foram muito bem
sucedidos. --- Pedro Nardi resolveu se juntar a eles em 1929; mas não conseguiu
o visto nos Estados Unidos, isso porque as entradas de novos imigrantes teriam
sido fechadas à vista da depressão econômica que o país atravessava naquele
momento.
Diante disso, O Sr.
Celestino Bonaccorsi, tio de Pedro Nardi, o convidou para vir para o Brasil
onde deveria ficar até a imigração definitiva se restabelecer nos Estados
Unidos. --- Pedro aceitou a proposta e viajou para o Brasil no vapor Conte
Verde e desembarcou no Rio de Janeiro no dia 30 de dezembro de 1929. Começaria,
então, uma vida nova já no primeiro dia do ano de 1930.
Com apenas 16 anos
chegou a Candeias e já arregaçou as mangas e colocando-se a ajudar o seu Tio,
Celestino Bonaccorsi, no movimento da loja, a então, Casa Celestino Bonaccorsi,
uma grande loja não só para Candeias, mas toda a região.
Pedro Nardi gostou do
trabalho, do meio, e foi ficando mesmo depois da imigração dos Estados Unidos
ter sido reaberta. Ficou e acabou apaixonando-se por uma jovem muito bonita,
filha do Sr. João Sidney de Sousa, com a qual se casou no dia 23 de fevereiro
de 1938. ---- Agora, Pedro Nardi já era o nosso popular Pedrinho Bonaccorsi, já
teria sido adotado como filho definitivo de Candeias e não voltaria mais. Do
casamento nasceram cinco filhos: Romulo, Rinaldo, Regina, Ricardo e Rossela.
Um pai de família
exemplar. Um homem inteiramente dedicado ao trabalho e a família. Amigo de
todos. Pedrinho era o coração da Casa Celestino Bonaccorsi. Era ele o gerente
geral e que comandava todos os balconistas que eram muitos. ---- Gerenciava e
atendia, também, a freguesia. Os fregueses preferiam-no por ser dono de um
atendimento diferenciado.
Lembro-me de vê-lo
sempre rodeado por fregueses e balconistas da loja sempre querendo saber algo;
sempre pedindo orientações e os fregueses chorando desconto que iam além da
autonomia dos funcionários, Pedrinho sempre tirava alguma coisa e sempre
agradava o freguês. Ele era um verdadeiro professor de atendimento. Era uma
figura simpática e marcante com o seu linguajar ítalo-brasileiro.
Sua vida foi toda
dedicada com muito amor à família e ao trabalho. Quando não se encontrava na
loja esta parecia estar vazia. Ninguém jamais o via desocupado. A Casa
Celestino Bonaccorsi, foi grande parte de sua vida. Mas o destino fez com que
Celestino Bonaccorsi voltasse para a Itália depois de tantos anos no Brasil. E
os herdeiros da casa comercial não a levando em frente, esta foi consequentemente fechada em 1975.
Pedrinho agora
estaria trabalhando em sua residência com a sua esposa Dona Irene no comercio
de confecções, joias e relógios. Se Pedrinho tivesse sido um homem desonesto,
não precisaria continuar trabalhando. Mas a sua dignidade, a sua qualidade de
homem de bem não o enriqueceu. Poderia ter se enriquecido se não tivesse sido tão fiel como homem de confiança do seu tio. E a vida de
trabalhador continuava e seguiu até a sua morte em 06/11/1992, aos 78 anos,
sendo dos quais 63 como candeense.
Um pai de família
exemplar, as pessoas babavam ao ver o carinho dele com os filhos e com a
esposa. --- Tia Nice, esposa de meu tio Wantuil, conta que o Dr. Renato Vieira
sempre dizia que jamais teria visto dois homens mais felizes quando ganharam
filhos: Wantuil no dia que ganhou o seu filho homem, o Santos --- e o Pedrinho Bonaccorsi, o dia que ganhou
a filha mulher, a Regina.
Pedrinho e Dona Irene
eram muito caridosos. Sua casa era procurada pelos pedintes da época,
Leopoldina, mãe do Zé Viroto, Matias Tatá, Gasparina, o Tica e outros. Eram
caridosos e amáveis com os mendigos. ---
Formaram todos os filhos e eles são excelentes pessoas e bem sucedidas que
herdaram dos pais todos esses bons princípios e retidão de caráter.
Durante todos os anos
de sua vida entre nós, voltou apenas duas vezes à sua terra natal. Uma em 1950
e a outra em 1986; ambas em companhia de Dona Irene e de seu filho mais velho,
o Rômulo. --- Voltou maravilhado após ver o seu país prospero e livre dos
estigmas da Segunda Guerra Mundial. Reviu parentes e lugares que conhecera
quando ainda criança. ----- Sua vida, com certeza, deve ter sido alimentada de muita
saudade!
Mas Pedrinho agora
era mais brasileiro; mais mineiro e mais candeense. A Itália, com certeza,
seria a melhor das lembranças. Deus lhe dera dois mundos para viver. No
entanto, deu-lhe, também, uma sugestão: fique em Candeias Pedrinho! E ele
aceitou.
Pedro Nardi, o nosso
grande amigo Pedrinho Bonaccorsi, está sepultado no Cemitério São Francisco em
Candeias. Sepultado com toda a sua honestidade, humildade e lealdade, virtudes que o
tornou tão querido pelo povo candeense; assim como amado pelos seus filhos
aos quais ele não era de dar muitos conselhos, mas sabia transmitir
implicitamente os seus valores por meio de exemplos constantes e coerentes.
No seu sepultamento
no Cemitério São Francisco, em Candeias, seu amigo Sebastião Pisidonha,
pediu a palavra e enfatizou: ----- Pedrinho era sim, um homem querido por todos
os candeenses e nunca teve um único inimigo. ----- Fica aqui o nosso endosso às
palavras de Sebastião Pisidonha. --
No epitáfio, escrito
pelo seu genro Jacson Zuim, está uma síntese de que foi Pedro Nardi:
“Poucos são aqueles
capazes de viver em paz, de abandonar a ambição e entregar a sua alma aos
caminhos mais simples e profundos. São poucos, mas são o nosso maior exemplo”.
Onde quer que esteja
amigo Pedrinho Bonaccorsi, receba o meu abraço.
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e
Acasos.
3 comentários:
Às vezes temos algumas lembranças ruins de alguma pessoa, mas do Sr. Pedro não tenho nenhuma. Pelo contrário, só lembro dele como o descreveu no texto. Bela homenagem!
Armando quando le sua cronica sobre o Pedro Nardi fiquei muito feliz como voce falou sobre uma pessoa boa e simpatica e querida entre eu conheci meus sinceros parabens.
Recentemente, durante os preparativos do II Encontro da Família Bonaccorsi eu tive a oportunidade de contar aos filhos do Sr. Pedrinho uma passagem, curiosa, mais um exemplo de sincronicidade, como tantos percebo.
Eu trabalhava em São Paulo, morando no Brás. Era 09/07/75 e eu ia comprar um camisa para presentear meu irmão Júlio.
Resolvi fazer um caminho mais distante até a Rua Oriente, para passar em frente à Karibê.
Bem, encontrei com o Sr. Pedrinho carregando uma enorme mala de compras e a D.a Irene com muitas sacolas.
Foi muito bom encontrar Candeenses, inesperadamente na grande São Paulo.
Estranhei muito a surpresa do Sr. Pedrinho ao me ver, exclamando surpresa, e colocando a mala no chão, perguntava: como é que você está aqui!?
Eu não entendia a razão de tanta supresa....
Dona Irene rindo muito esclareceu.
"Este é um dos filhos da Armida,não é o Paulinho Sena que veio conosco para São Paulo"
Sr. Pedrinho e D.a Irene tibha viajado com meu primo Paulo Sena que tinha ido para.oureos lados da cidade, e o Sr. Pedrinho estranhou ao me encontrar, achando se tratar do Paulo Sena.
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