(Caso em metáforas)
No princípio da década de 60 minha família se transferiu da
Rua Coronel João Afonso, para a Rua Gabriel Passos, hoje Rua José Hilário da
Silva. A rua não tinha calçamento e ainda existiam lotes vagos. Era nosso
vizinho o Sr. Vicente Faceiro, um cidadão que teria se transferido da zona
rural para a cidade.
Vicente Faceiro, era casado e tinha um filho. Muita gente
dizia até que o filho, que contava uns 10 anos de idade, não teria saído de sua
bica, situada abaixo do umbigo, pois essa bica dele era seca.
A bem da verdade de faceiro ele não tinha nada. Se ser
faceiro é gostar de andar elegante, Vicente estava bem fora disso. Andava de
chinelos da marca havaiana, roupas sem cores e batidas. Era um cidadão de porte
médio, mais para baixo do que para alto, sem barba e de cabelo curto. Devia
contar uns 40 anos mais ou menos. Trazia consigo características de um gênero
duvidoso quando visto pela primeira vez. Já na segunda já podia analisar o seu
olhar, o seu andar e a voz melosa e notar que em termos de gênero, ele era
coluna do meio.
O seu jeito de olhar para um mancebo ou um quarentão,
dizia: “Como eu queria ser cortado por um tesouro assim...” ---- O andar
exclamava: “Meu Deus porque eu não tropeço e caio sentado nesse colo?.” -- E
aquela voz mole que dizia suavemente: “Beija-me, com força e arranca-me os
dentes com a rijeza dessa broca louca.”
Tínhamos um vizinho naquela rua, que era exatamente o
padrão preferido do Vicente. Era um quarentão, pedreiro, que dizia ter uma pua
para brocas de grosso calibre, ---- Parece até que só pensava naquilo. ----
Dizia sempre quando contava as suas vantagens másculas de que o serviço dele
era completo, o que podia traduzir: atras e na frente. – Gostava de brincar
dizendo que se a fruta fosse verde ele chupava, se fosse madura ele comia. E se
aparecesse uma cova adubada ele plantava e aguava com o óleo da pua. No caso o
Vicente era o dono da cova. Dizia que seu “falo da fertilidade” dormia como
ferro e acordava como aço. Contava que tomava uma garrafada inventada pelo seu
avô à base de cipó cabeludo e nó de cachorro, para engrossar o caldo. (Nesse
tempo não havia azulinho) E o que lhe aparecesse para comer ele nunca mandava
nem para padres e nem para o bispo. Mesmo se fosse rango de urubu, o negócio
dele era injetar o caldo lá ou cá, bastava o buraco ser quente.
Vicente Faceiro arrumou um emprego de cozinheiro no
Candeense Hotel, do Sr. Américo Bonaccorsi. Quando saia do hotel vinha parando
em todos os pontos de bares. E assim, voltava para casa tarde da noite sempre
com uma desculpa amarela. ---- Certa vez ao chegar até a rua onde morava, tinha
ali em construção uma casa. Ele se encontra com o garanhão da rua, o homem da
pua e da broca grossa, e resolve lhe fazer uns chamegos. No que foi convidado a
entrar para os fundos da construção próximo dali – Ai então “aquilo” aconteceu.
----
No outro dia, mancando feito um cavalo de pisadura, eu me
encontro com ele perto da Escola Padre Américo e pergunto: “ O que lhe
aconteceu Vicente? E ele responde com uma voz fanhosa: “Eu tô achando que
peguei fio.” Ele não escondia para ninguém a sua preferência para aquilo. Se
naquele tempo, vindo da roça já era assim... Imagine hoje...
“Dá procê?”
Armando Melo de Castro
Nenhum comentário:
Postar um comentário