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segunda-feira, 12 de junho de 2023

CANDEIAS TEM HISTÓRIAS DE TODO JEITO.


(Caso em metáforas)

No princípio da década de 60 minha família se transferiu da Rua Coronel João Afonso, para a Rua Gabriel Passos, hoje Rua José Hilário da Silva. A rua não tinha calçamento e ainda existiam lotes vagos. Era nosso vizinho o Sr. Vicente Faceiro, um cidadão que teria se transferido da zona rural para a cidade.

Vicente Faceiro, era casado e tinha um filho. Muita gente dizia até que o filho, que contava uns 10 anos de idade, não teria saído de sua bica, situada abaixo do umbigo, pois essa bica dele era seca.

A bem da verdade de faceiro ele não tinha nada. Se ser faceiro é gostar de andar elegante, Vicente estava bem fora disso. Andava de chinelos da marca havaiana, roupas sem cores e batidas. Era um cidadão de porte médio, mais para baixo do que para alto, sem barba e de cabelo curto. Devia contar uns 40 anos mais ou menos. Trazia consigo características de um gênero duvidoso quando visto pela primeira vez. Já na segunda já podia analisar o seu olhar, o seu andar e a voz melosa e notar que em termos de gênero, ele era coluna do meio.

O seu jeito de olhar para um mancebo ou um quarentão, dizia: “Como eu queria ser cortado por um tesouro assim...” ---- O andar exclamava: “Meu Deus porque eu não tropeço e caio sentado nesse colo?.” -- E aquela voz mole que dizia suavemente: “Beija-me, com força e arranca-me os dentes com a rijeza dessa broca louca.”

Tínhamos um vizinho naquela rua, que era exatamente o padrão preferido do Vicente. Era um quarentão, pedreiro, que dizia ter uma pua para brocas de grosso calibre, ---- Parece até que só pensava naquilo. ---- Dizia sempre quando contava as suas vantagens másculas de que o serviço dele era completo, o que podia traduzir: atras e na frente. – Gostava de brincar dizendo que se a fruta fosse verde ele chupava, se fosse madura ele comia. E se aparecesse uma cova adubada ele plantava e aguava com o óleo da pua. No caso o Vicente era o dono da cova. Dizia que seu “falo da fertilidade” dormia como ferro e acordava como aço. Contava que tomava uma garrafada inventada pelo seu avô à base de cipó cabeludo e nó de cachorro, para engrossar o caldo. (Nesse tempo não havia azulinho) E o que lhe aparecesse para comer ele nunca mandava nem para padres e nem para o bispo. Mesmo se fosse rango de urubu, o negócio dele era injetar o caldo lá ou cá, bastava o buraco ser quente.

Vicente Faceiro arrumou um emprego de cozinheiro no Candeense Hotel, do Sr. Américo Bonaccorsi. Quando saia do hotel vinha parando em todos os pontos de bares. E assim, voltava para casa tarde da noite sempre com uma desculpa amarela. ---- Certa vez ao chegar até a rua onde morava, tinha ali em construção uma casa. Ele se encontra com o garanhão da rua, o homem da pua e da broca grossa, e resolve lhe fazer uns chamegos. No que foi convidado a entrar para os fundos da construção próximo dali – Ai então “aquilo” aconteceu. ----

No outro dia, mancando feito um cavalo de pisadura, eu me encontro com ele perto da Escola Padre Américo e pergunto: “ O que lhe aconteceu Vicente? E ele responde com uma voz fanhosa: “Eu tô achando que peguei fio.” Ele não escondia para ninguém a sua preferência para aquilo. Se naquele tempo, vindo da roça já era assim... Imagine hoje...

“Dá procê?”

Armando Melo de Castro


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