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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

OS ADOLESCENTES.

                                                                 fOTO PARA ILUSTRAR O TEXTO.

 O amor de adolescente é uma verdadeira loucura.  Ele entra e sai sem pedir permissão. Ele vem e vai sem dizer adeus. Ele chega ilude, mente e some. O amor de adolescente nasce cedo e morre à tarde. A cabeça de um adolescente não pensa, ela é pensamento. O adolescente sofre porque guarda o que não quer guardar, e solta o que não deveria soltar.

 Eu digo tudo isso porque fui adolescente. E ser adolescente no meu tempo sofria dobrado, era muito mais difícil do que nos dias atuais. As mulheres então, coitadas, sofriam mais que os homens. É lamentável que ainda hoje isso acontece, apesar do desenvolvimento em que vivemos nos dias atuais. Eu felizmente tive um pai que foi do bom diálogo aberto comigo, me orientava em todos os sentidos, e mesmo assim eu tinha cá comigo os desencontros com a realidade, pois eu tinha pensamentos que só a mim pertencia.

 Infelizmente existem pais que sequer dão o mínimo de orientação para um filho adolescente, isso porque retratam a cultura em que viveram e com isso cria-se um silêncio prejudicial entre pais e filhos. Os pais não entram no processo do despertar da sexualidade do adolescente, quando essa fase da idade é a travessia mais difícil na vida dos jovens. E é nesse momento que o adolescente, na sua busca constante, pode se encontrar com o mundo das drogas e caminhos perniciosos.

 O adolescente é naturalmente carente. E nem sempre os pais entendem isso. Eu fui adolescente há 60 anos. O mundo era muito diferente. Não existia a liberdade que crianças e adolescentes têm hoje. Uma filha, se engravidasse com o namorado, era expulsa de casa; o filho rebelde era expulso também.  A vara de marmelo era uma forma de correção no caso de um filho que contrariasse o pai, ou cometesse uma falta infante na escola.

 Eu fazia parte da confraria dos adolescentes   tímidos;  silenciosos e pensativos. Isso poderia resumir em uma palavra tudo: “Eu era um menino bobo, um bobão” apesar dos adjetivos que pudessem me desqualificar, suponho eu que o lobo frontal do meu cérebro era bom. Afinal eu sabia me imaginar no lugar de Tony Curtis com a Janet Leigh e ou o Richard Burton com a Elizabete Taylor. --- Eles eram ricos, bonitos, famosos e eu era pobre e bobo, mas eu saberia acariciar uma mulher tal qual eles faziam nos seus filmes. Os meus olhos viam tudo, eu não perdia nada quando uma moça bonita passava perto de mim. Eu não estava nem aí para a natureza. Queria eu lá saber da beleza das flores? Do Azul do Céu: do brilho do sol? Ora, ora, eu queria mesmo é ver o gingado daquelas nádegas obedecendo a cadencia das pernas grossas e torneadas. Dois seios pedindo um beijo ou uma mão... E aquele olhar que não foi para mim, porque eu fui apenas visto, mas na cabeça de adolescente o pensamento voa.

 Eu, e outros adolescentes do meu tempo, amávamos todas as mocinhas. A gente se apaixonava, por uma menina e ela nunca ficava sabendo.

 Eu me lembro de uma passagem  de minha adolescência que na época me deixou muito triste e que hoje eu não consigo lembrar sem soltar um sorriso. ---

Eu fui trabalhar na cidade de São Sebastião do Paraíso, no bar do Wanderley de Carvalho, o Lelei, irmão do Carmelio. Isso foi no ano de 1962 quando eu contava 16 anos. E foi lá que eu consegui encarar pela primeira vez uma menina. Até então tinha me faltado coragem em Candeias. E lá como eu estava longe eu arrisquei com uma desconhecida que tinha o Nome de Maria de Lourdes. Três encontros. Eu não falava quase nada; contava da sua vida e eu ouvindo. Parecia que aqueles assuntos não me interessavam. Eu queria era uma oportunidade de experimentar um beijo, apalpar os seus seios... Coisa de adolescente. Quando ela me disse: Sabe o que a minha colega Ana Zélia me falou sobre você?

--- De mim? O que ela disse? (Fiquei atento)

--- Ela disse que viu você lá no bar e que você tem até uma cara bonitinha, mas esses bracinhos seus são muito finos e ela nunca gostou de homens de braços finos.

 O namoro que contava três encontros encerrou ali naquele momento. E esta foi a última frase que eu  ouvi dela: ““Homens de braços finos”.  

 Armando Melo de Castro.

 

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