Velha Basílica de Aparecida.
(Numa
romaria à Aparecida do Norte)
Eu
aprendi com a minha avó que sempre dizia que não sabia comer sem ver um verde
no prato. Não existem folhas que eu não goste. Tenho as minhas preferências, é
claro, as couves, tanto de folhas quanto a couve flor, o almeirão, repolho,
alface, enfim, falou que é verde eu gosto.
No
almoço de hoje comi um pé de alface inteiro e foi nesse momento que me lembrei
da minha antiga vizinha, da Rua Coronel João Afonso, dona Marica da Melada,
esposa do Sr. Quinca Guimarães, numa romaria que ela participou nos bons tempos
do Monsenhor Castro. Ela ia todos os anos, e voltava de lá contando Tim-Tim por
Tim-Tim para os vizinhos tudo que se passara durante a viagem.
E
com isso Dona Marica se esnobava. Dizia que quando ia à Aparecida do Norte
tinha lá um restaurante da sua preferência, que servia do que havia de melhor.
--- Mas teve uma vez que ela voltou de lá contando desvantagem. Disse que lhe
foi servida uma bela de uma salada de alface e outras coisas mais, mas quando
chegou no fim da travessa havia ali uma lasca de uma lesma só faltava o
caramujo.
Ela
chamou garçonete e lhe disse que teria lhe pedido salada de alface e não salada
de lesma. --- Quando eu ouvi essa história dela, eu imaginei que bafafá ela não
teria arrumado nesse restaurante, porque eu a conhecia e sabia que quando Dona
Marica ficava nervosa falava alto, não media o lugar e nem as palavras, Ela
detonou o restaurante na vista dos outros fregueses, e disse: eu não vou pagar
essa comida, porque isso é um absurdo, uma lesma na minha salada. E é claro,
nesta altura do campeonato, a despesa não lhe foi cobrada.
Mas
quando ela vai saindo, sempre tem alguém para atiçar lenha no fogo, uma
senhora, que também tinha almoçado ali, se aproximou dela. Era do tipo dessas
masoquistas e hipocondríacas, que nasceram com um espírito de medica, que
entendem de toda doença e sabem curar todas. --- Já disse para a Dona Marica
para ficar atenta, porque ela ia ter diarreia, excesso de gases, cólicas, enjoo
e muita canseira e disse, olha a lesma transmite um verme muito perigoso; eu
tive um tio que morreu disso. A senhora pode tomar cuidado porque deve ter sido
infectada. O verme de caramujo causa uma doença terrível. (Eu suponho que essa
mulher misturou o caramujo gigante africano, com esse caramujo das verduras.)
Era
vésperas de voltar para Candeias. E a viagem de volta foi terrível. Tudo que a
velha falou para ela lá na porta do restaurante, foi acontecendo e alguma coisa
mais. O ônibus não tinha banheiro nesse tempo, e foi preciso parar várias vezes
para ela dar uma “borradinha” na beira da estrada. Tinha medo de soltar gases
porque poderia se lambrecar com a diarreia. O estômago estava virado de cabeça
para baixo. E quem assistiu o drama chegou contando que durante toda a viagem
foi aquele pandemônio, ela falava alto, para o marido: “Quinca eu vô morrê.
Aquela lesma vai me matá.”
Agora
imaginemos ela contando essa história para a vizinhança em Candeias: “ Eu me
lembro só de uma frase, ela contando a história para a minha avó:
“Eu
vim cagando, suano, injuano e com medo de peidar e me lambrecar dentro do
ônibus. ---
Nunca
mais cumi arface.
Armando
Melo de Castro.
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