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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

VELHA USINA DE CANDEIAS

                                              RUÍNAS DA VELHA USINA DE CANDEIAS

 ---- Uma saudade! -----

    A Cemig foi criada em Minas Gerais no ano de 1952, mas só chegou a Candeias quase 20 anos depois. E mesmo assim foi com muita luta dos prefeitos José Pinto de Resende, Raymundo Bernardino de Sena e finalmente com o prefeito João Pinto de Miranda. Essa conquista não era fácil porque naquele tempo a Cemig estava ainda em expansão e as cidades pequenas não tinham preferência. E havia, também, uma série de exigências. portanto os nossos prefeitos tiveram que contar com o prestígio, o dinamismo e o perfil comunicativo do nosso tão querido e amado Monsenhor Castro, que podia ser considerado o embaixador de Candeias.

   A chegada da Cemig a Candeias foi muito esperada e trouxe para Candeias uma qualidade de vida muito mais avançada. Ruas mais iluminadas, o comercio agitado com a venda do padrão para a instalação, utensílios elétricos assim como chuveiros, fornos elétricos, ferros de passar roupa, enfim, tudo que fosse elétrico agora teria a fonte de energia.

   Até então, Candeias não tinha energia elétrica suficiente para atender a demanda da cidade. O fornecimento se limitava para cada residência numa ligação em série apelidada de pica-pau, com apenas 200 volts, cuja medida era através de uma lâmpada de 200 velas que ficava colocada na saída do poste o que com o vento, essa lâmpada batia levemente no poste dando a impressão que era o pássaro pica-pau.

  Contudo se em qualquer época do ano os 200 volts chegassem ao destino intactos, poderia quebrar o galho. Mas acontece que na época da seca, quando as águas baixavam, o fornecimento caia pela metade e as lâmpadas eram como um tomate. Assim esse fornecimento era suficiente para iluminar 4 lâmpadas de 40 velas ou equivalente. O único aparelho que funcionava era o rádio. Mesmo assim não poderia estar todas as lâmpadas acesas. Nesse tempo não existia ainda a televisão em Candeias e nem rádio à pilha.

   A energia era fornecida pela Empresa Força e Luz Candeense, de propriedade do Sr. Celestino Bonaccorsi. Essa empresa foi criada na década de 30, mas não acompanhou o crescimento da cidade, pois não houve nenhum investimento durante a sua existência.

  Antes da chegada da Cemig a Empresa Força e Luz Candeense foi vendida para a Prefeitura. E com a chegada da Cemig ela foi desativada, contudo sem o mínimo cuidado, ou respeito com a história que aquela empresa representava para o povo de Candeias.

  Nos domingos e feriados de verão pouca gente ficava na cidade. Idosos, jovens e crianças estavam se banhando ou pescando lá na “USINA”. Era o ponto turístico da nossa cidade. Como também do povo de Campo Belo e até do Camacho. --- Havia próximo da casa das máquinas o Clube dos 21, eram sócios que ali iam com as suas famílias, onde passavam o dia nadando, comendo churrasco e se divertindo. A pesca com fieira, até os meninos pescavam lambaris e pacus. --- Lembro-me de ver o Zequinha da Donate que nadava feito um peixe, quando mergulhava e saia com um peixe na mão de mais de um palmo de tamanho. Isso tudo ali bem próximo da casa das máquinas.

  Essa usina ficava localizada às margens do Rio Santana, na divisa com a cidade de Formiga. Hoje chamada de usina velha, mas lá não tem mais nada da usina, a não ser as recordações de quem era, então, criança ou adolescente até na década de 60 quando  funcionamento ali foi  encerrado.

  Outras cidades da mesma situação preservaram esse capítulo da sua história. Candeias não. O então prefeito da cidade, tratou de destruir a casa das máquinas onde hoje, só tem restos,  conforme as fotos acima o que deveria ser reservado pois já não tinha vida útil, mas guardava um belo capítulo da nossa história, isso foi leiloado a preço de banana, inclusive a rede de fios de cobre que  ligava a usina até Candeias numa distância de 14 quilômetros da cidade.

  O povo de Candeias imaginava que com a chegada da Cemig, a usina velha seria um ponto turístico importante da cidade. Ali seria reconhecido como um museu, para o conhecimento das nossas novas gerações. No entanto, resta-nos apenas a saudade e as lembranças que desceram dos cérebros e foram morar nos corações de quem viveu nesse tempo. Um tempo que não volta mais e não deixou seu rastro.

  Resta-nos, ainda, uma pergunta: Com quem ficou a casa de duas residências destinadas aos usineiros, Antônio e Alberto com as suas famílias??? Casa que ficava na entrada da área da usina, ao lado do canal de adução onde o povo adorava se banhar. Ali era como uma piscina de água corrente...

           Armando Melo de Castro.

 

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