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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

BIRIBICO, UM CANDEENSE QUERIDO.


 Natal e ano novo, nos oferece um momento de reflexão. É hora de dar um balanço em nossa vida, saber como foi, como está e como será. E neste balanço o que mais temos são as lembranças de outros natais, uns muito felizes outros já nem tanto. Anos que foram novos e que já estão muito velhos. A nossa prosperidade e quem sabe alguns deslizes? Afinal ninguém está livre deles. --- Contudo, as perdas de amigos e parentes são, naturalmente a parte mais triste dessas reflexões.

 Aqueles amigos com quem tivemos uma convivência maior, com os quais trocamos favores e gentilezas. Companheiros que estavam sempre presentes nas alegrias e nas tristezas. Enfim, resumindo: Um amigo da cozinha. São esses os amigos mais raros, mas que a distância e nem a morte os fazem esquecidos. A lembrança é o que sobra dessa amizade que se transforma em saudade.

 Entre o meu rol de amigos, eu quero destacar hoje neste texto, o nome de um grande amigo meu e de toda a minha família. Colega de escola de minha mãe, e durante anos, companheiro de pescaria do meu pai. -- O amigo Miguel Tortura Albanês, o meu querido BIRIBICO.

 Descendente de italianos, Biribico nasceu no dia  26 de julho de 1929, em Candeias, filho de  Miguel Albanez e Carmelia Tortura Albanez.,  Era o caçula de uma prole de 10 irmãos sendo eles:  Silvio Albanez,  Luzia Albanez, Maria Albanez, Francisco Albanez, Afonso Albanez, Ângela Albanez, Carmelita Albanez, José Albanez (Padre) Tereza Albanez e Miguel Tortura Albanez.

Biribico não conheceu a sua mãe, pois esta faleceu após o seu nascimento levando-o a ser criado pelos irmãos. Ainda jovem, ajudava o seu pai na fabricação de móveis, concertar relógios e sanfonas. Na década de 50, foi para o Rio de Janeiro prestar concurso para o IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Após permanecer por algum tempo no Rio de Janeiro, voltou para Minas Gerais transferido, para a agência do IBGE da cidade de Cristais, onde conheceu a jovem Maria Aparecida Santos, com quem se casou em 28 de setembro de 1956, indo morar, então,  na cidade de Oliveira, MG e posteriormente veio para Candeias, em Substituição ao Sr. Edson “Pachá”(*), então transferido para a cidade de Divinpópolis. Biribico permaneceu por muitos anos como o Agente da Agência do IBGE em Candeias.

Residiu à rua Expedicionário Rui, mas anos depois transferiu sua residência, quando adquiriu       o sobrado situado na esquina da Rua João Caetano de Faria, com a Rua Vereador Sidney Galdino, antigo Bazar Talita, onde permaneceu até ao seu falecimento. Da sua união com Dona Aparecida nasceram os filhos Miguel Ângelo, Marco Antônio, Marinês e Claudio Marcelo.

Biribico e meu pai, José Delminda, foram grandes amigos e companheiros de pescaria e caçadas. Quantas e quantas vezes ele aparecia em nossa casa combinando uma pescaria com o meu pai, nos ribeirões do município. Era uma pessoa bem humorada, estava sempre sorrindo e sempre tinha um caso para contar. Eu também muitas vezes os acompanhei nessas pescarias. E lembro-me até hoje assustado, uma vez num ribeirão na estrada que vai para Itapecerica, Biribico não era desses pescadores que muda de pesqueiro a todo momento, ele ficava ali, tranquilo, fumando o seu cigarrinho e esperando o peixe e quando o dia amanheceu foi que ele viu, que tinha passado a noite toda junto de uma cobra venenosa bem próximo dele.

Sua imagem era caracterizada pelo seu chapeuzinho de palha e sempre assentado no Banco do jardim próximo da residência do Sr. Nestor Lamounier. Foi um cidadão candeense dos mais participativos. Participou da fundação do Círculo Operário São José; do S.O.S. Serviço de Obras Sociais que dava assistência aos menos favorecidos. --- Em 1973 foi transferido para a cidade de Curvelo, e logo veio para Perdões, cidade mais próxima, onde permaneceu até a sua aposentadora. Durante o tempo em que esteve em Curvelo e Perdões, continuo residindo em Candeias quando ia e voltava.

Lembro-me de quando vi e conheci Biribico. Isso foi em 1954, ele era Inspetor Escolar e a minha professora Maria do Carmo Alvarenga escreveu no quadro negro esse nome:

 MIGUEL TORTURA ALBANEZ

 E disse: Olha meninos, amanhã nós vamos receber a visita desse senhor, ele é o nosso inspetor. Na hora que ele chegar vocês se levantem e façam o maior silêncio e só vão assentar quando ele ordenar. --- O nome do Biribico, foi assunto durante o recreio, depois da aula e antes no outro dia. A nossa curiosidade de conhecer um homem não por ser o inspetor, mas porque tinha o nome de  Tortura. Foi um feliz encontro porque ele com aquele seu sorriso sorrateiro, disse: Vocês pensaram que eu era torto, não é? --- E já deixou a turma descontraída.

 Miguel Tortura Albanez, o Biribico, faleceu no dia 05 de agosto de 2018 aos 87 anos, após ter convivido com Alzheimer. Deixou um grande número de amigos que muito o respeitava ele era o tipo de amigo que entra pelo cérebro e desce ao coração para fazer morada.

Está sepultado no Cemitério São Francisco.

 Armando Melo de Castro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sensacional
Minha Danilo Contiminue Armando