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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

NA FILA DO SUPERMERCADO.



Uma coisa eu devo admitir: no meu time de aposentados tem “nego” manso. Essas filas prioritárias, às vezes, me leva a pensar que não foram criadas porque o idoso não aguenta ficar muito tempo de pé numa fila, mas sim, porque quando ele chega ao caixa do supermercado, ou do Banco, numa bilheteria ou em qualquer outro lugar onde tenha uma fila, ele não olha para trás e como aposentado, está sempre procurando uma chance de puxar conversa, especular, interrogar, bisbilhotar, tendo em vista a sua disponibilidade de tempo; ai ele está sempre congestionando as filas.

Ontem eu estava na fila prioritária do supermercado e havia três idosos na minha frente que monopolizaram o processo em mais ou menos meia hora. O primeiro queria saber o nome da funcionária do caixa, de quem  ela era filha, se era solteira ou se casada. Depois tirou um cartão fornecido pelo próprio supermercado e não se lembrava do número da senha e ai foi um custo. E eu ali, com uma cesta na mão --- atrás de mim um velho não muito velho, resmungava: Holy shit ...
Veio o segundo e já começou perguntando à moça se era parenta do Clemente funcionário do antigo Credireal. Estava lhe achando parecida com uma filha de um amigo seu. Ainda lhe perguntou se era casada ou tinha filhos. Pagou um pacotinho de caixas de fósforos com uma nota de 100 e ficou o tempo todo justificando porque não teria trazido o dinheiro mais miúdo. E eu ali com uma cesta na mão, ficando, cada vez, mais pesada e o cara atrás de mim resmungando: But that fucking!

Depois veio o terceiro. Esse então deixou o saco bem cheio, principalmente pelo fato de estar na minha frente. Primeiro, ele reclamou de estar muito tempo na fila. Alegava que o supermercado não tinha consideração com os velhos; tinha que por mais caixas; tinha que ter mais respeito com os idosos... E eu ali com uma cesta na mão, agora resolvo coloca-la no chão... E atrás de mim o chato resmungando: More that fucking! E o cidadão da minha frente continuava dizendo que o custo de vida está muito caro, que o dinheiro dele só a farmácia come a metade... Dai elogiou os dentes da moça, dizendo que ela tem um sorriso muito bonito... Não contente, falou do calor e da falta de chuva... E eu ali com a cesta no chão e o  chato atrás de mim, resmungando: But that fucking. O velho, para ser mais chato, ainda queria, porque queria ter informações técnicas sobre um produto, e a moça do caixa mais perdida do que cego em tiroteio... E eu ali, com o saco cheio, a cesta no chão e um chato atrás de mim coçando a minha língua dizendo: But that fucking! E para finalizar o velho arrumou um banzé sobre esta questão dos “99”. Dizia que os supermercados inventam esses preços de 99 centavos, mas nunca lhes devolvem esse danado desse 1 centavo. Isso é propaganda enganosa dizia ele. Depois saiu.

Agora era a minha vez...  A moça do caixa com uma cara de quem estava indo para um cadafalso, naturalmente, também, com a capanga cheia, pediu licença e chamou uma coordenadora  e saiu apressada. E eu ali, com o saco cheio, a cesta no chão e um chato atrás de mim coçando a minha língua dizendo: But that fucking!

A coordenadora vem, pede um minutinho e alega que a moça volta já.  Mas, voltou num minutinho? Deve ter descarregado toda a sua produção de excremento do mês inteiro. Veio de lá com uma cara de quem fez um cocô muito duro, ou então muito mole. Felizmente agora era de novo a minha vez... Olhei para trás e disse para o cara, vou ser prático... E ele com uma cara de merda diz: But that fucking... Essa frase, também, já estava  enchendo o saco, quando uma senhora com perfil de curiosa, atrás dele, perguntou: “ o senhor esta falando se tivesse uma faca?” O cara riu, se divertiu à custa da pobre velha e se negou a traduzir.

A moça do caixa parecia ter tido uma baixa de pressão de tão mole, um rosto meio desbotado de mulher que vai ser mãe. Na sua camiseta estava escrito nas costas: “Funcionária em Treinamento.”

Fui rápido e em silêncio fui atendido.


Agora era a vez do cidadão que vinha atrás, quando a moça do caixa de novo, pediu licença e chamou a coordenadora que veio e pediu mais um minutinho... Ai o cara avermelhou-se e alto e em bom som, traduziu a frase:   "Puta Merda".

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

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