A corrupção,
no nosso país, é uma coisa vergonhosa. Parece uma novela infindável. Tão logo,
apuram uma falcatrua que normalmente não dá em nada, já começa outra. A pessoa
já entra para a política com a intenção de roubar. E, hoje, a roubalheira está
generalizada. Começa numa Câmara Municipal de cidadezinha e vai parar na
Presidência da República.
Contudo,
vamos admitir que a vida dos brasileiros, melhorou e muito. É claro que estamos
longe de atingir o ponto ideal, mas, a melhora é inegável. Como se vê, essa
melhora foi construída em meio à corrupção porque esse câncer político tem sido
incurável. E por que não tem cura? Não tem porque os políticos saem do povo.
Qualquer Tiririca da vida serve para ser deputado. Jogadores de futebol que
nunca tiveram tempo para ler algo sobre política, pois, são bitolados em
noticiários esportivos, se aposentam do futebol e entram para a política
buscando os votos dos fanáticos do futebol.
O homem é
produto do meio e na política não é diferente. Lá, se não entrar no esquema,
eles o queimam como queimam um palito de fósforo.
Certa vez,
eu li alguma coisa sobre a reincidência e achei interessante. Aquele que comete
um crime, pela primeira vez, tem vinte por cento de chance de cometê-lo de
novo. Se isso vier a acontecer, as chances de reincidir aumentarão para
cinquenta por cento. Caso recaia de novo, as chances agora serão de oitenta por
cento. Daí pra frente, ele nunca mais deixará de cometer o crime. Não é à toa
que a justiça está sempre dando uma chance para os criminosos primários. Mas,
infelizmente, isso não se enquadra na política. Lá, está cheio de reincidentes
e nada lhes acontece.
Há muitos
anos eu morava em Governador Valadares e, como gerente de Banco, tinha alguns
clientes, numa cidade próxima de lá. Açucena, uma cidadezinha exprimida no meio
de serras e de acesso difícil, tendo em vista as estradas precárias, nesse
tempo. Um amigo meu, levou-me a visitar a sua cidade e, como era envolvido com
a política local, convidou-me para assistir uma reunião dos vereadores que
acontecia, naquela noite, quando a Câmara iria propor a um determinado vereador
que se renunciasse diante de um grave ato de improbidade que este teria
cometido ferindo, frontalmente, o decoro parlamentar.
Eu nunca me
vi num circo maior. Os vereadores se agrediam, enquanto uns defendiam; outros
acusavam o ímprobo, ali em julgamento. Ao ter a chance de falar, o acusado foi
curto e grosso:
“Meus
queridos telespectadores. O que eu vô falá aqui serve só para os meus amigo de
mintira. Os amigo de verdade pode tampá os ouvido. O que eu vô falá é só para
essas excelências aí que está ofendendo a minha excelência. Eu num tô aqui a
troco de voto robado. Eu fui um suprente bem votado. Eu num importo que o povo
da rua me chama de ladrão, não! Lá, eles pode lati do jeito que quizé. Mas,
aqui dentro, não! Aqui dentro, eu num aceito ninguém me chamá de ladrão, não!
Tem muito nego aqui dentro passando a mão. E eu sei... Sei de tudo... Os qui
mais fala de mim tá tudo com a mão na cumbuca. Só porque eu sô bobo e num tenho
istudo? Óia aqui: Naquele que eu oiá eu vou tá falando com ele:
Eu num mexi
cum muié dos ôto... Eu num durmi na casa de muié da vida... Eu num robei na
divisa dos ôto.. Eu num cantei fia do ôto. Eu num tenho fio fora de casa... Eu
num troquei voto a troco de teia... Eu num vivo de cuchicho com muié de
vizinho...
E assim foi
rodando o olhar para os adversários e botando os podres deles para fora. No
final disse:
“--Jesus
Cristo, o grande sabichão do mundo, falou, no meio duma turma, e eu vou falá
aqui tamém: Quem num tivé curpa no cartório, que me joga a primeira pedra e
pode jogá cum força memo.”
Foi cobra
comendo cobra. E a reunião terminou em pizza...
Armando Melo
de Castro
Candeias MG
Casos e Acasos
Um comentário:
caro Armando
gostei muito do que disse, concordo plemamente,vou com sua licença leva-lo e publica-lo no "ornamental" guardando seus devidos direitos.
Boa tarde
celle
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