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quinta-feira, 22 de maio de 2014

ACONTECEU AQUI NESTA ESQUINA.

                                             Reedição: Um triste jeito de ser pai.

Amar alguém é se sentir dono de algo que não possui. Quando a pessoa se sente ferida no amor, é uma dor muito forte. É um sentimento que machuca e deixa uma cicatriz no coração que só quem a tem sabe sentir, porque cada coração tem uma forma de sentimento. ---- Eu entendo que ninguém deve interferir na vida amorosa de alguém. Afinal somos responsáveis pelos nossos atos. Quando alguém ama a um outro alguém, os conselhos raramente podem ser válidos, afinal como diz o rifão, o coração tem certas razões que a própria razão desconhece. É um erro violento aqueles que castram a liberdade de escolha de alguém sobre qualquer pretexto. Devemos entender que é muito melhor arrependermos daquilo que fizemos ao contrário daquilo que não fizemos. A liberdade é algo que o ser humano alimenta com o coração e não há quem não a entenda. Cumpre aos pais na infância de seus filhos orienta-los sobre o respeito e mostrar-lhes a estrada do bem e do certo. Porque muita das vezes, os erros dos filhos acontecem por falha dos pais que tentam corrigir os filhos, mas ai já será tarde demais.

Eu contava mais ou menos uns 12 anos de idade e numa manhã de domingo, quando eu ia para a missa das 8 horas na Igreja do Senhor Bom Jesus, quando me deparei com um acontecimento triste, bem na esquina onde se encontra a residência do Sr. Miguel Albanez (Biribico)

Um casal de namorados conversava feliz da vida. Quando surge, vindo do lado da Escola Padre Américo, o pai da moça, um senhor que tinha o nome de Lacinho. ---- O Sr. Lacinho tinha um rompante forte; morava na zona rural e tinha hábitos extremamente agressivos. E quando bateu os olhos no casal bradou em voz alta:

“Eu já te falei que num quero vê ocê namorando nas isquina. E ainda namorando vagabundo! E ocê pode sumi das vista dessa fia disrregrada. Fia minha ocê num namora não seu trem ordinário! Eu num vô cum a sua cara! Quela ocê num vai casá nunca. Um trem que num tem onde caí morto, qui vive cagano pá jantá... Ocê que só relá. Eu num puis fia no mundo pra vagabundo relá não... E ocê sua bisca, toma seu rumo. Pode tirá o cavalinho da chuva porque com esse trem ruim ocê num casa memo. Se fosse bão tinha ido lá in casa pidi pá namorá. É mais faci ocê tê que sumi lá de casa do que casá com esse trem.”

Eu fiquei assistindo aquele espetáculo que naquele tempo para mim foi uma comédia dada a minha juventude. Mas hoje, quando me lembro disso, é como se lembrasse de um drama muito triste. Chego até ao ponto de sentir um pouco de remorso por ter achado graça. --- Eu, então, não conhecia o sentimento do amor, interessei-me, apenas, por aquela agressão sem defesa. Eu não conhecia o choro interno dos adultos, portanto não fiz a mínima ideia do que se passava por dentro daquele casal de namorados. ---- O tempo passou, e hoje me emociono e sinto o que deveria ter sentido naquele momento e não senti. Na infância e na juventude, cometemos enganos que um dia virão nos servir de lições.

Eu nunca me esqueci daquele espetáculo; daquela humilhação; daquele jeito violento de tratar uma filha e um candidato a namoro. Até hoje quando me lembro disso, vem à tona de minha mente, a moça tirando do pescoço um cordão de ouro que o rapaz com certeza a teria presenteado e lhe foi devolvido. E os dois chorando, quando um seguiu rua abaixo e a outra passou à frente e acompanhou o pai para a igreja.

Era uma moça com mais de vinte anos. Eu nunca mais a vi com outro namorado. E o rapaz, posteriormente casou-se e enquanto os meus olhos o vigiaram me parecia ser muito feliz com a sua esposa e seus filhos. Era trabalhador e respeitado na cidade. O tempo o fez sumir de minhas vistas. Mas, o triste fato continua guardado nos fundos dos meus olhos e nunca foi esquecido.

A violência verbal, às vezes, machuca mais do que a violência física. Esta foi uma das grandes lições que a escola da vida me deu. Ver um pai estragar a vida de uma filha pensando que estava lhe fazendo algum bem, ou decidindo por ela aquilo que deveria ter sido dela.

 

Candeias MG Casos e acasos.

Armando Melo de Castro

domingo, 4 de maio de 2014

EU NÃO BEBO 'PACARAI'


                                                      Foto para ilustração do texto.

Ontem eu entrei num bar aqui em Juiz de Fora a fim de tomar um copo de vinho seco. O vinho seco é muito bom para a saúde, segundo dizem. Eu faço isso de quando em vez. Afinal, o ser humano é assim mesmo, escuta sempre o que os outros falam. Quando entrei no estabelecimento conferi um casal atendendo o balcão. O homem limpava uma vitrine e a mulher lavava os copos. Sem dúvida a limpeza do local era admirável. Servido o vinho, vi quando a mulher entrou num cômodo ao fundo, tipo de uma pequena cozinha, no que dava para ver parte do interior dessa área de serviço. Num descuido dessa senhora eu a vi rodopiar o dedo indicador no nariz e o fez com muita vontade. Só de pensar que aquele dedo teria entrado no copo onde estava o meu vinho, eu já fiquei danado da vida.

Pois é meus amigos, olhem para os lados e verão quanta lambança existe ao nosso redor. Tem gente que sabe limpar um bar, mas não sabe limpar o nariz. E o vinho? Eu já teria tomado quase todo, e como não tinha como devolvê-lo fiquei apenas com a repugnância. Só quem bebe “pacarai” não vê essas coisas que a vida nos mostra no nosso dia a dia. 

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

UM SUCO DE LARANJA..


Eu conto o milagre, mas não conto qual o santo que o fez. Um amigo meu de Governador Valadares me descobriu aqui em Juiz de Fora, e me passou um telefone de outro grande amigo meu, que mora aqui em Juiz de Fora. Feito o contato, procurei a sua residência para um encontro, mesmo porque, trata-se de um amigo antigo desde os meus tempos de Banco.

Conversa vai, conversa vem, fui muito bem recebido na cozinha de sua casa, por ele e seus filhos, pois o mesmo encontra-se viúvo há seis meses. Como todo bom mineiro a família ali reunida perguntou-me se eu aceitava um café ou um suco. E como o calor estava de rachar preferi o suco.

Num porta-legumes a mocinha, de nome Roberta, tomou-se de uma sacola de laranjas e começou a espremê-las num pequeno aparelho manual. Conversa vai, conversa vem e ela espremendo as laranjas, sem ter lavado as mãos, sem ter lavado as laranjas e sem ter lavado o espremedor retirado de uma área aberta. E eu apreciando aquela lambança e pensando: “Que Dios me ayude”.

 Depois que terminou de espremer, abriu a torneira, pegou um pouco d’água numa jarra e jogou o caldo de laranja por cima, fazendo assim uma jarrada de laranjada; adoçou e mexeu com uma colher, deixando com que as pontas dos dedos invadissem o suco composto de elementos estranhos.

Daí abriu o congelador da geladeira e agora tentava dali tirar uma forma de gelo e não conseguia tendo em vista que esta estava agarrada. Resolve ela tomar de uma faca para ver se conseguia soltar a forma presa no gelo, quando o seu irmão, um baita de um cabrito, por nome Gilberto, grita: Não!  Ai não pode por faca, fura o congelador e o gás vai embora.  E o rapaz com físico de lutador de UFC, vestindo uma camiseta cavada, levanta dá uma bela de uma coçada bem no meio do sovaco enchumaçado e suado; aliás, já não era a primeira vez, eu já teria visto ele fazer isso antes; e vai socorrer a irmã. 

Mexe aqui, mexe ali conseguiu tirar a forma de gelo. Agora era ele que ia tentar soltar da forma. Coloca rapidamente a forma debaixo da torneira e depois bate sobre a pia e os gelos caem dentro da pia onde havia outras coisas sujas. Ele apanha os gelos sem ao menos passa-los pela torneira e sem a menor preocupação joga dentro da jarra. Pegou os copos, entre eles estava um maior que foi servido para mim. E eu tentando isolar o meu paladar expressei: 

“Socorro mi Padre em el Cielo, socorro!”.


Candeias Casos e Acasos MG

Armando Melo de Castro.

domingo, 12 de janeiro de 2014

POLITICOS, A VERGONHA DO BRASIL!


Eu sinto alimentar dentro de mim o instinto de um leão faminto diante da sua presa, quando vejo o rosto de um membro do mensalão navegando pela mídia. Eu sinto dentro de mim a vontade de me comportar como o homem da pedra ao ver, na minha televisão, o Congresso Nacional do meu país reunido. Eu me sinto como uma cascavel incitada quando ouço promessas de políticos.

Mas, eu quero sentir tudo isso. Não me importa se isso me faz bem ou mal, pelo menos eu estarei fluidificando esses malditos bandidos, que roubam o dinheiro público destinado à saúde, educação, ou seja, destinado à vida do pobre trabalhador brasileiro. A palavra político virou sinônimo de corrupção, roubalheira, desonestidade e tudo mais que infesta uma sociedade.

Agora sejamos honestos: O povo brasileiro tem muita culpa de ter que conviver com uma situação dessas. Ninguém escreve para o politico que ganhou o seu voto, cobrando-lhe alguma coisa. Vota e pronto deixa pra lá. Os políticos não são donos do país. No entanto, se acham. Eles têm apenas poder oriundo do voto que recebeu de cada eleitor por um determinado tempo. Votar num ficha suja é o mesmo que permitir um empregado ladrão trabalhando na sua empresa.

 O que o povo deve fazer é aprender a votar. É votar consciente do que está fazendo. É não reeleger ninguém. Acabar com essa maminha de deixar o cara lá durante anos. Isso porque quanto mais tempo um politico permanece no poder mais corrupto ele fica. Sabendo que a sociedade brasileira é tolerável eles vão só aprontando. 





O povo brasileiro vitima dos altos impostos, precisa de programas sociais consistentes, e não dessa palhaçada de bolsas disso e bolsa daquilo. Isso só presta para fomentar a vagabundagem. É hora de parar com esse paternalismo vulgar com cotas para os negros e bolsas para os pobres. Ninguém vai melhorar de vida recebendo esses tipos de favores. Aqueles que recebem esses benefícios são vitimas do populismo podre de governos que não analisam o futuro do povo, mas, sim, o seu futuro político. O povo precisa é do fim da corrupção. É de programas sociais consistentes; é de governo honesto. É de saúde e educação.

Os deputados se não forem parecem filhos da puta. Haja vista o nome de-PUTA-do. Eles vão aos municípios e corrompem os prefeitos e os vereadores também. É como se fosse uma praga. O povo tem que parar de votar em ladrão cevado. Largar de acreditar em propaganda política. São só mentiras e falsas promessas.

Eleitores corruptos, também, deveriam ser processados. Mas, quem faz as leis são outros corruptos que os poupam para engana-los. Aquele que vende o seu voto é tão digno de cadeia quanto o que compra.

Não adianta ficar por ai falando do Lula, da Dilma, do Fernando Henrique, do PT, do PMDB, do PSDB e não sei mais o quê. A gente tem é que pensar na hora de votar. Ficar batendo boca depois que eles estão no poder não adianta nada. Gritar e quebrar como foi feito recentemente, é pior ainda. O que ficou resolvido? Quase nada. Eles não têm vergonha na cara. São todos uns descarados, parece que não tem sentimento.
Esses bandidos que vivem assaltando trabalhadores a mão armada causam em mim uma emoção desastrosa. Por que esses bandidos “pé rapado” não se mudam todos para Brasília? Lá terão colegas ricos e cheios da grana. Brasília é a sede nacional dos ladrões brasileiros.

Eu quero dar uma sugestão: vamos parar de ficar falando de quem está no poder. Nós estaremos com isso promovendo os nomes desses bandidos. Vamos, sim, dar a nossa contribuição pedindo aos nossos irmãos de nação que não se vendem através do voto. Que não reelegem ninguém, e excluam “os fichas” sujas da sua agenda.

Eu amo o meu país, mas odeio os seus políticos. Não por serem incompetentes, mas, por serem ladrões. Odeio, também, os que não roubam, mas, apoiam a quem o faz.

Armando Melo de Castro - Facebook
Candeias MG Casos e Acasos










sábado, 28 de dezembro de 2013

HENRIQUE O BUFÃO..

Foto para ilustraçãoF do texto.


O ESTAFETA BUFÃO.

 

Quando me encontro em Candeias, observo sempre o quanto às coisas mudaram em comparação ao meu tempo de menino. Ao passar pela Rua Coronel João Afonso, minha memória retrata algum fato que me leva a um passado distante. Num tempo em que Juntava o atraso em que o mundo ainda se encontrava com a falta de expectativa vivida por Candeias. A bem da verdade vive até hoje, mas naquela época, sem dúvida, era bem pior. Não havia os meios de comunicação atuais. O transporte era precário. A saúde do povo deixava muito a desejar. A educação em Candeias era só o primário... Vivíamos a era da autodidaxia. Somente os mais aquinhoados conseguiam se formar. Enfim, o mundo era mais atrasado e o povo brasileiro era bem mais pobre.

 

Verifica-se que o mundo progrediu muito foi nos últimos cinquenta anos. O meio de transporte dificultava muito a vida das pessoas. Uma viagem, por exemplo, de Candeias à Formiga demorava mais de duas horas se o trem cumprisse o horário normal. Mas isso era muito difícil. Raramente andava na hora certa. Além do mais o desconforto naqueles trens, então chamados de “Maria Fumaça”, causados pela fumaça e o carvão procedentes da caldeira dessas locomotivas deixavam os passageiros parecidos com porteiros de hulheira. Era terrível... Os viajantes usavam, naquele tempo, os tais guarda-pós, um tipo de jaleco para se proteger da fumaça e da fuligem, e, nas jardineiras para se proteger da poeira.

 

O transporte rodoviário contava apenas com uma pequena jardineira do Antonio do Eurides, irmão do Euridinho, casado com a Luci do Zé Chorão. Era um pequeno coletivo cuja lotação não superava a conta das quinze pessoas; e fazia a linha Campo Belo Formiga, passando pela usina do Bonaccorsi, Baiões, etc. Telefone não havia. Só se via esses aparelhos nos filmes americanos. Televisão? Se alguém contasse que teria visto uma televisão era questionado com toda minudência. Meu avô esteve em São Paulo, no ano de 1954, quando foi fazer uma cirurgia, e voltou de lá contando que havia visto uma televisão no Hospital e com isso teve assunto por muito tempo. Dizia ele que os internados do interior olhavam atrás da televisão... Atrás da parede, a fim de decifrar o mistério da coisa.

 

E nesse cenário de vida, havia os estafetas e mandaletes. Eu mesmo fui mandalete. Entreguei carta em fazendas, quando menino, para ganhar uns trocados. Era a única forma de um roceiro receber uma correspondência da cidade. Não havia caminhões leiteiros e nem o transito que existe hoje. O homem do campo ficava mês sem vir à cidade. E o meio de transporte eram cavalos, burros etc. Muitos ficavam até um ano sem vir na paróquia e vinham apenas em época de semana santa. ---Assim sendo quero relembrar aqui o estafeta particular: HENRIQUE SOTERO.

 

 Este homem conhecia todas as cidades ao redor de Candeias pelos seus serviços de entrega de encomendas e cartas. Ia sempre a Oliveira levar cartas e encomendas para o Bispo a mando do Monsenhor Castro, então, Padre Joaquim. Itapecerica, Camacho, Cristais, São Francisco e muitas outras localidades onde não havia transporte direto, ia lá o Henrique, montado em sua bicicleta Phillips ou a pé empurrando o seu carrinho de mão. Quando a encomenda era com urgência, ele viajava a noite inteira. Não tinha medo. Vivia bazofiando-se da sua coragem e da competência para entregar uma encomenda. Era o Sedex da época. Os serviços do correio não eram confiáveis.

 

 O Henrique Sotero morava apenas com a sua mulher Maria e o cachorro Lírio. Era um animal mestiço. Uma espécie de cão de fila com perdigueiro; amarelado e trazia pendurado no pescoço um pequeno cincerro Esse cachorro era o filho, o neto, o sobrinho, enfim: o Lírio era tratado como se fosse prole daquela família. Comia no prato – dentro da cozinha – como se fosse gente. Era tratado de “fifio” pela mulher do Henrique, “Maria do Rique” como era chamada. ”Quando o Lírio morreu, houve cerimonial fúnebre. Chegaram a pensar em enterrá-lo no cemitério, como isso foi impossível, fizeram para ele um túmulo no fundo do quintal e sobre o qual cravaram uma cruz. A cruz... símbolo da remissão do pecador cristão que ocupa o primeiro lugar na escala evolutiva da zoologia, ou seja, o homem... Ali colocada sobre a cova de um irracional de propriedade de um casal tipo herege sabeliano. Com persignação e tudo mais que um animal racional por vezes não tem. (Durma-se com um barulho desses)

 

Morador a quatro casas abaixo da minha, ficava normalmente de cócoras na porta de sua casa. Como ele não tinha filhos, gostava muito da meninada. Na minha rua e no quarteirão, havia muitos meninos: Zé Branco, Tião Babão, Zé, Chico, Tião, Vicente e Bento, todos do Arlindo Arlindo Barrilinho, Ademir do Erasto, Vicente do Tio João e muitos outros que no momento me falha a memória. Se somar todos dá uma verdadeira platéia para um espetáculo de circo. Isso é o que acontecia constantemente na porta da casa do Henrique Sotero que era um verdadeiro bufão. E a sua grande fama era de peidorreiro. Estava sempre a dizer: --- Certa vez dei quarenta peidos --- À tarde, na porta de sua casa, via-se sempre uma aglomeração de crianças da vizinhança. E ele apesar de não ter a cara muito boa era muito engraçado. Gostava de fazer perguntas para a meninada. Contar mentiras como, por exemplo: falar que tinha sido grande jogador de futebol e que teria voado de avião o qual teria caído e apenas ele se salvado... Que já teria sido artista de circo. Fazia algumas mágicas cujos truques eram percebíveis pela garotada. Mas o forte dele era peidar ruidosamente ali na porta da rua, passasse quem passasse por ali.

 

 As mulheres sempre iam pelo outro lado da rua para não passar pelo vexame de vê-lo soltar as suas ostentações ruidosas, ou seja, os seus flatos sonoros de forma descarada fazendo com que a pessoa ficasse numa situação de constrangimento. Mas, com a meninada era diferente. Ele se punha de pé à sua porta e os meninos logo gritavam: “Sô Henrique e os peidos?” – E ele dizia mostrando os seus dois dentes de ouro: --- Ôceis gosta de peido hem cambada de cambuquira!---. Começava o espetáculo e ele já dizia apontando o dedo indicador: -- Esse menino grandão ai, esse é procê: PUNNNNNNNNNNNNN – Agora vai um para esse menino piquitito ai: apontava o dedo indicador e: PIUNNNIIIINNNN. Conforme era o tamanho do menino era o tamanho do peido. Parecia que tinha uma corneta acoplada ao ânus.. Soltava um para cada menino. E se a Maria, mulher dele, chegasse por perto e falasse alguma coisa ele dizia: esse é procê Maria: PUNHINFUINNNNNNNNNNNNN. E a Maria saia depressa dali. Ai é que a coisa ficava mesmo engraçada e a meninada quase morria de tanto rir. Ele não ria e fazia isso com a cara fechada “No finalzinho falava: Agora turma de cambuquira lá vai o miado do gato: PUNHHHHHHHHHHAAAAAAAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUUU!!!

 

 Certa vez, a Neli Furtado, então freguesa do Vicente Vilela, próximo dali, ia passando quando o Henrique soltou um fumegante em forma de toque de corneta.. E ela com os seus sapatos de salto alto, numa rua então sem calçamento, ao adiantar o passo para fugir do vexame, ia caindo de solavanco e foi salva pelo Geraldo do Orcilino que estava próximo e a salvou de uma vergonha maior. E nessa hora o Henrique não ficou sem fazer o seu comentário sucinto:“Viu só? A muié virou um peido”.E ela nunca mais se transitou pela porta do Estafeta Bufão.

 

 Era muito bom ser uma cambuquira


Armando Melo de Castro


 

 

 


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MEU IDOLO NILTON SANTOS.


Nilton Santos

Tecnicamente, eu entendo muito pouco sobre futebol. Para que eu pudesse confirmar a existência de um impedimento, por exemplo, seria necessário que os jogadores parassem por um momento em suas posições. Eu sou daqueles que vê o bandeirinha, mas, que não vê o árbitro. Vejo o jogador, entretanto, não vejo a falta. Vejo a cor da camisa, todavia, não vejo o número. Sei se o jogador é negro ou branco. Contudo, não consigo dar um grito na hora de um gol, mesmo que seja da seleção brasileira.

Ao começar a assistir um jogo de futebol que não seja do Botafogo, pela televisão, saio, vou à cozinha procurar algo para comer e, às vezes, até esqueço do jogo. Não gosto de ir aos estádios. Constato que o ser humano vira um bicho, um animal irracional quando entra em um estádio de futebol. Penso nisso desde quando vi um professor, muito educado, perder toda a educação dentro de um estádio; já vi um padre perder a compostura; já presenciei um machão sair correndo com muito medo após uma áspera discussão e até um gay virar macho, botando para quebrar. Vi todas essas pessoas se transformarem dentro de um campo de futebol, gritando e falando coisas que jamais falariam fora dali.

Porém, com toda essa ignorância futebolística, eu posso dizer que gosto muito do esporte. A experiência me mostrou que as pessoas se tornam torcedores de um time quando criança. A gente aprende a gostar de futebol é no verdor dos anos. É raro ver uma pessoa falar que não gosta sequer um pouco, um pouquinho de futebol. E se isso acontece, pode-se atestar que essa pessoa não teve qualquer convivência com esse esporte em sua infância, tratando-se, assim, de alguém com um comportamento fora dos padrões normais, eu diria do padrão nacional.

O futebol é paixão, é emoção, é vitória e, obviamente, é derrota. É alegria e tristeza; é amor e ódio. O futebol é uma cervejinha gelada, é uma dose de cachaça, é um grito de alegria e é uma lágrima de tristeza. Futebol é fanatismo, é doença; é um coração embalado sem medo de parar e é uma vontade de matar ou de beijar. Futebol é uma brincadeira para todas as idades.

Antes de 1958, o único contato que eu tinha com o futebol era através do meu querido Rio Branco Futebol Clube de Candeias. Era o time cujo estádio ficava próximo a minha casa, na Rua Coronel João Afonso. Meu pai foi jogador desse clube e eu nasci convivendo com ele. O Rio Branco foi o primeiro momento do futebol com o qual convivi. Ele entrou pelos meus olhos, foi para o coração e lá se encontra até hoje. Apesar do time ainda existir com um estádio bem arrumado e bem colocado, contudo, é praticamente inoperante. Mas, isso já me faz feliz porque alimenta, constantemente, as minhas lembranças.

A partir de 1958, com a vitória da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Suécia, o futebol brasileiro teve um impulso muito grande, principalmente, ao exterminar o triste complexo de vira-latas definido, assim, por Nélson Rodrigues na traumática derrota, em 1950, na primeira Copa do Mundo disputada em solo brasileiro. Após a vitória na Suécia, houve, na minha rua, uma febre da meninada para comprar os álbuns de figurinhas que surgiam naquele momento. Os times que forneceram jogadores para a seleção, com certeza, ganharam muitos torcedores mirins.

Na década de 50 e início de 60, o Botafogo atravessava a chamada fase de ouro. Era o time que mais fornecia jogadores para a Seleção brasileira. Garrincha, Nilton Santos, Didi, Manga, Quarentinha, Paulo Valentim, Carlos Roberto, Roberto Miranda, Gerson, Jairzinho, Zagalo, Amarildo, Sebastião Leônidas, Paulo César Caju, Rogério, sem esquecer que Garrincha, Nilton Santos e Didi eram considerados incontestáveis gênios do futebol.

Nesta minha ignorância futebolística, e considerando também, a constante alteração tática das equipes, eu misturo as posições dos jogadores e confesso que mal consigo me lembrar das posições dos jogadores pentacampeões. Todavia, existem duas posições de dois jogadores que eu jamais esquecerei. A posição de ponta direita, apesar de extinta, deveria ter sido mudada para “Garrincha” e a de lateral esquerda para “Nilton Santos”. A crônica mundial afirma que os dois foram os melhores do mundo nas suas posições. Quaisquer pesquisas provam e comprovam, a quem se interessar e quiser tirar a dúvida: Garrincha, “A alegria do Povo” e Nilton Santos, “ A enciclopédia do futebol” foram os melhores do mundo, nas suas posições, em todos os tempos. Foram eles os dois jogadores que mais vestiram a camisa do Botafogo. Nilton Santos, 721 vezes e Garrincha, 612.
E é por isso que coloquei o Botafogo dentro do meu coração. Eu não sou fanático. Se o Botafogo for para a segunda, terceira, quarta, quinta, até sexta divisão, caso existisse, eu iria junto, assim como fui junto para a várzea futebolística de Candeias com o Rio Branco.

Semana passada, um dos meus ídolos foi para o céu, junto de Deus. Uma das maiores figuras de todos os tempos do futebol mundial. Aquele que revolucionou a sua posição em campo. Nilton Santos morreu aos 88 anos. O Brasil ficou, mais uma vez, mais pobre de gênios. Os botafoguenses históricos estão chorando a sua morte. Concluo que, realmente, eu não gosto muito de futebol. Acho que eu gosto mesmo é do Botafogo e de sua riquíssima história. Talvez, eu seja o mais humilde de todos os torcedores do Botafogo, entretanto, quero render, também, a minha simples homenagem a ele.

Creio que não vou lamentar a morte do Nilton Santos cujo nome exaltei a vida inteira. Quero apenas felicitá-lo pelas alegrias que deu ao povo brasileiro com a arte de seu futebol, pela dignidade com que serviu ao esporte e, com certeza, estará lá no céu no mesmo aposento que o seu colega, amigo e compadre, Mané Garrincha. E, nesta oportunidade, tão relevante para mim, dou-me o direito de roubar uma frase da crônica de Carlos Drumond de Andrade feita para Garrincha, por ocasião de sua morte, em 1983: 

Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é, sobretudo, irônico e farsante e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um Deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo que nos alimente o sonho.

“Não há outro Nilton Santos disponível, precisa-se de um novo que nos alimente o sonho.”

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos



terça-feira, 26 de novembro de 2013

COMO GANHAR DINHEIRO NO JOGO DO BICHO.


Foto para ilustração do texto.

Ao passar defronte a uma casa lotérica, eu pude observar uma eufórica aglomeração enfileirada com o intuito de apostar na megasena, sonhando em conquistar o valoroso prêmio acumulado. E, ali mesmo, já era fácil ouvir os projetos de vida futura das pessoas que tencionavam ganhar o prémio que rodava em torno de oitenta milhões de reais. Assim ouvi, quando um cidadão dentro de uma fisiológica sensação de bem estar, disse: 
“Se eu ganhar, eu ajudarei os pobres e necessitados. Ao morrer, vou deixar todo o meu povo bem rico.”

Já que tudo neste mundo faz parte da criação divina, eu acho que Deus, ao inspirar o homem a jogar, quis dar a ele a ilusão, a esperança, o desejo, quem sabe, de ter algo aparentemente feliz a fim de que este pudesse sonhar de olhos abertos e, assim, realizar os desejos que a ambição lhe confere.

Quando o premio de loteria fica acumulado, gente que nunca jogou joga na esperança de realizar um sonho impossível. Mas, na verdade, quem realiza o sonho é apenas uma pessoa ou um pouco mais. E aqueles que jogaram, sonharam em um curto espaço de tempo. As pessoas não compram bilhete de loteria, elas compram uma ilusão, a esperança de se ver nadando no ouro, fazendo o bem ou fazendo o mal. Há muitos que ganharam e não souberam lidar com o dinheiro e acabaram se dando bem mal. Sempre temos notícias de pessoas que ganharam, ficaram muito ricas e voltaram, rapidamente, a ser pobres. 
Certa vez, o Mozart Sidney me disse que o dinheiro não tolera desaforos nem pouco caso. E quem o tem com fartura pode ser que faça isso.

Viver não é fácil. Todo mundo sabe disso. O pobre pensa que a vida do rico é boa, enquanto muito rico daria tudo para viver uma determinada paz que pertence a um pobre. A verdade é que ninguém está plenamente satisfeito. O poeta, Vicente de Carvalho, disse muito bem que a felicidade esta onde a pomos, mas nós nunca a pomos onde estamos.
O jogo, naturalmente, é a rota mais fácil de chegar à riqueza, remediar ou ganhar algum dinheiro sem muito sacrifício. Na verdade, aquele que joga está atrás de facilidade para por a mão no vil metal precioso. Todavia, existem diversas outras trilhas que, também, levam o tiro a sair pela culatra. E para que isso não aconteça, é preciso ter sorte e muita fé.

O sonho de todo jogador é ter o poder de adivinhar os números da sorte ou uma forma de saber o resultado de um jogo antes de proceder à aposta. O jogo do bicho é o jogo de maior acessibilidade às pessoas. Nele, jogam os idosos, os jovens, as mulheres e os homens, enfim, todo mundo faz a sua fezinha por causa do relacionamento do homem com os bichos e por ser de fácil entendimento.

João Passatempo foi um candeense cambista do jogo de bicho e vendedor de bilhetes de loteria. Era um idoso alto, magro, barbeado, cabeça coberta por um chapéu da aba estreita, friorento, mesmo no calor estava com um cachecol enroscado no pescoço. Vivia dizendo que não comia marmelada de lata porque era feita de puro chuchu. Dizia, também, que se deixasse uma lâmpada acessa em meio a uma laranjeira, com certeza, ela daria frutas fora do tempo. Dizia ainda que a Bíblia Sagrada estava toda errada. Certa vez, eu o ouvi dando ênfase a esse comentário:

---Onde já se viu gente! Jesus Cristo ter ficado quarenta dias e quarenta noites sem ‘cumer’? Só foi sinti fome dispois desse jijum? E eu vou acreditá nisso? Ele era santo, mais era home, uai!... Ele pudia tê murrido de fome. E o diabo oferecendo terra prá ele? Ele num era o fio do dono? (Mateus 4:l.3)”

João Passatempo disse, em determinada época, que teria inventado um jeito fácil de ganhar no bicho, mas, que ensinaria apenas a quem jogasse com ele. Numa roda de fregueses jogadores, ele explanou a sua ideia de forma restrita, pois o banqueiro, Altamiro Guimarães, não poderia, jamais, tomar conhecimento da grande descoberta.

--- Óh, gente! Eu vô insiná proceis, mais boca de siri, hein! Se arguém discubri a minha invenção, eu vô sabê que saiu doceis. E aí, a vaca vai pu brejo e ninguém ganha nada. Esse jeito qui eu inventei de ganhá no bicho eu divia ficá quêle só prá mim, mais, como oceis é tudo meu amigo, eu tô insinano. Mais oceis tem que jugá cumigo. O jeito é esse: Tem vinte e cinco bicho, num tem? Intão parte com o bichero, o Miro. (Miro era o banqueiro) Joga 12 e dexa 13 prá ele. E eu quero vê se ele vai ganhá muito igual ganha... Cê perde num dia, mais ganha no ôto, ou intão, joga só nos bicho de pena e dexa os de coro, ou intão, joga só nos de asa. Ninguém vai perdê, eu passei muito tempo estudando e martelano isso na minha cabeça e quero passá pá todo mundo. Eu, além de passatempo, passo pus otos sabiduria tamém.
“O insensato não tem discrição; só quer espalhar o que pensa.” (Pr 18:1)

Armando Melo de Castro
Candeias Casos e Acasos MG.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

DINHEIRO, O MELHOR REMÉDIO.

Foto para ilustração do texto.


Na semana passada, eu fui à farmácia com o intuito de comprar uma pomada à base decetoconazol que inclui, entre outras, a Betricort e a Novacorte. O medicamento é, costumeiramente, indicado para as afecções de pele nas ações anti-inflamatórias. É muito usado para os pequenos cortes domésticos.

Há anos, eu uso esse remédio sem qualquer problema. Todavia, ao compra-lo, me exigiram, na farmácia, uma receita médica para a sua venda. Alegam que se trata de um antibiótico e que, de acordo com as regras vigentes, doravante, somente poderá ser vendido com tal documento. Diversos medicamentos que eram vendidos sem receita passaram a ser comercializados, atualmente, com a sua apresentação.

Eu fico pensando que as pessoas que criam as regras, as normas, as leis neste país se encontram extremamente sem ter o que fazer e, assim, passam a inventar diversas aberrações que apenas dificultam a vida da maioria sofrida e indefesa da população. Mas, é claro que na realidade, eles têm sim o que fazer: defender a classe economicamente mais forte do país evidenciando, assim, o descompasso da justiça social brasileira. 

Chego à conclusão óbvia, por sinal, que todo ato que muda a vida em geral da população, pela via legal, sempre tem o implícito desejo de favorecer a uma minoria representada por corporações, instituições e classes cada vez mais preocupadas com o próprio umbigo, ou melhor, com o próprio bolso. Parece até que uma receita médica é de graça e que nos postos de saúde estão distribuindo-as à vontade para quem delas necessita. É muito fácil exigir uma receita médica. Parece que o médico vai para a casa do doente vigiar se ele tomará o remédio. Pelo que vejo, no futuro irão exigir receita médica para vender melhoral.

A todo momento, estão aparecendo com um velho remédio que dizem fazer mal à saúde, após esse medicamento já estar no mercado há muitos anos. Isso quer dizer que aqueles que o inventaram, distribuíram e venderam no mercado foram, claramente, irresponsáveis e, agora, aqueles que o controlam, o proíbem são os competentes? Engana-me que eu gosto, dirão muitos. 

Esses cartéis que se formam no Brasil causa nojo a uma pessoa lúcida. Depois que o medicamento já foi vendido durante anos e anos, vem uma ordem proibir a venda sem uma receita. Um medicamento, além de custar os olhos da cara, deve-se prescindir de um documento burocrático para ser vendido. Em relação a alguns remédios tal exigência é até compreensível, agora, quanto a uns remédios que apenas curam pequenos ferimentos na pele, depois de já estarem sendo usados há anos, é muito, mas muito estranho. Enquanto proíbe-se o remédio sem receita, nada é feito para ser facilitada a aquisição desta.

Será que esses cidadãos parlamentares ou responsávaeis por instituições que regulam essas leis ou regras sabem o quanto custa uma receita médica? Será que eles sabem das dificuldades, neste sofrível país, para se conseguir uma consulta pelo SUS? Forma-se um médico por uma Faculdade Federal sem que esse venha a ter qualquer compromisso monetário com a sociedade que custeou os seus estudos. Cobram um preço exorbitante por uma consulta, arrancando os olhos da cara do povo. 

Medicina no Brasil, atualmente, é sinônimo de riqueza. Tenho visto, constantemente, por aí, muitos jovens comentando que vão estudar medicina porque serão ricos. E é verdade. Uma lamentável verdade. Serão mesmo ricos porque vão pertencer a um cartel sem dó e sem piedade. O SUS não funciona. Os planos de saúde não funcionam como deveriam. A única situação que funciona é o “particular” e, nesse caso, somente para os endinheirados, os poucos privilegiados desta sociedade cada vez mais desigual. E agora para comprar um medicamento de $ 20,00 querem uma receita de R$ 200,00. Esse é o nosso país. O país das contradições, das injustiças. Esse é o país administrado por ladrões que só fazem leis que protegem os ricos, os aquinhoados.

Nos plantões dos hospitais ou nos postos de saúde, o povo mal consegue uma receita para os remédios controlados. Atendimento precário. Uma sobrinha minha, em Formiga, acudida por um acidente de moto, foi levada ao hospital cujo médico plantonista costurou-lhe a ferida de sua perna com areia dentro. Por pouco a moça não perdeu a perna, contudo, ficou com sequelas. E isso acontece todo dia na classe mais humilde.

Recentemente, eu li um artigo de um médico pelo qual dizia que, hoje em dia, é muito fácil achar quem tenha problemas para evacuar ou sinta que não vai ao banheiro tantas vezes quanto deveria ou gostaria de ir.

Eu achei inusitado quando li o alerta do médico dizendo que o nosso intestino tem um ritmo que avisa o momento da evacuação e, se este aviso não for seguido, talvez, somente voltaria a acontecer no dia seguinte. "Assim, perdemos aquele dia de evacuação. No dia seguinte, as fezes estarão mais ressecadas e teremos maior dificuldade para a evacuação", afirma ele:  Nestes casos, as mulheres são as que mais sofrem, pois têm muita dificuldade em ir ao banheiro fora de casa e o referido médico recomenda aos leitores do referido artigo que evitem comidas pobres em fibras, como as vendidas em fast-foods e de produtos industrializados, pois aumentam ainda mais o problema. As fibras são essenciais para o bom funcionamento intestinal e, finalmente, teceu uma dieta que somente os ricos e bem ricos poderiam seguir.

Parece que os médicos se esquecem que nós estamos no Brasil, um país de gente pobre e de médicos ricos. É chique cobrar caro por uma receita, isso valoriza o médico no seu entender. Enquanto o SUS lhes paga menos de $15,00 por uma consulta, um particular tem que pagar por $300,00. Enquanto morrem os pobres nos corredores. E a culpa acaba somente sobre o governo. Afinal, Onde está o juramento de Hipócrates? A bem da verdade o juramento de médico chega ser de hipócrita, enquanto os pobres estão vendendo o nariz para comprar pó, vendendo o pé para comprar sapato e aí, vem um médico elitista recomendar hora para “cagar” e sugerir uma dieta com coisas que essas pessoas nem nunca ouviram falar. Custam-lhes comer macarrão.

Recentemente, eu ouvi o Valdomiro Santiago, o líder da Igreja Mundial do Poder de "Adeus", aquele que pede para os seus seguidores um dízimo de R$300,00, dizer, em uma entrevista, que muitos médicos não dão conta de curar os seus enfermos e estão o recomendando porque na sua igreja acontece milagre de toda ordem. Pelo que vejo, Valdomiro tem a procuração de Deus e de Jesus Cristo para curar. Todavia, ele cobra caro.

Eu acho que os médicos e os religiosos deveriam ser mais piedosos, mais humanos e mais complacentes. Afinal de contas, deveriam pensar menos no dinheiro e um pouco mais na missão que Deus lhes confiou.

É lamentável, deveras lamentável.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

UM HERÓI CANDEENSE.

                                                                  Sargento Leônidas Macedo Filho, 
Neste dia de finados de 2013, que se aproxima, eu quero, numa deferência especial, lembrar um ­­­­ conterrâneo e amigo dos mais ilustres filhos do nosso município.

 Trata-se do ex-combatente, integrante da FEB - Força Expedicionária Brasileira - que atuou nos campos da Itália durante a Segunda Guerra Mundial: o Sr. Leônidas Macedo Filho que faleceu no último mês de janeiro, após 92 anos de uma vida digna, vitoriosa e que muito honra os anais da história de nossa cidade.Dos 25.334 pracinhas brasileiros enviados pela FEB à Itália, treze eram de Candeias. Desses, 443 não voltaram sendo dois candeenses. Dos onze que voltaram a nossa terra, muitos deles trouxeram consigo as marcas de uma guerra que os olhos não vêem. Doença mental, traumas, depressão e dificuldade de ambientação. 

Não é difícil para ninguém imaginar que jovens humildes, nascidos no seio de famílias religiosas, se viram, de repente, no centro de uma grande guerra mundial com as suas terríveis conseqüências. Assim, essas pessoas que tiveram a maior recepção da história, durante o retorno para a casa, somam hoje em torno de 2000 mil pessoas, 2000 heróis. Em Candeias, por exemplo, resta apenas um. Trata-se do Sr. João Sidney de Sousa Filho, residente na cidade de Campos Altos, coincidentemente, primo do Sr. Leônidas. ---- 

Neste momento, em que lamento a partida de um herói candeense, Leônidas Macedo Filho, cumpre-me lamentar, também, a miopia da política social dos governantes de nossa cidade. Uma política sem calendário social, sem um pingo de preocupação com a história do município e, muito menos, com os seus vultos. E o pior que isso vem acontecendo é de pouco tempo para cá porque, no passado, demonstrava-se mais respeito, mais cuidado e mais atenção com a construção cívica da história do nosso município. Afinal, um povo sem memória é um povo sem futuro. O futuro, com certeza, será construído sobre o presente que tem por base o passado.

Os pracinhas que outrora desfilavam nas paradas do dia da cidade, eram chamados aos palanques, davam palestras para os estudantes, ainda em boa idade. Todavia, começaram a ser esquecidos pelos governantes candeenses mais recentes. O serviço social municipal de Candeias encontra-se cego para uma questão histórica tão relevante. Ressaltar o nome dos ex-combatentes da guerra seria um dever, entretanto, nenhuma homenagem, nenhuma informação, nenhum contato, nenhum respeito deram por merecer aos nossos pracinhas nos últimos anos. O que demonstra, sem dúvida, a grande falta de sensibilidade e o pior, de civismo de nossas autoridades municipais.Abaixo, está parte do currículo do Sr. Leônidas Macedo Filho. Um homem que orgulha a cidade de Campos Altos, terra que lhe acolheu como filho e que lhe dispensou todas as honras merecidas. Afinal, Leônidas não era somente um nome candeense, mas sim um nome brasileiro com representação internacional.

Resumo de uma pequena parte da história de Leônidas Macedo Filho que me fora fornecida pelo seu filho, Sr. Marcelo Macedo.

Em 20/03/1921 nasceu em Candeias/MG; Filho de Leonidas Macedo e Dona Julita Lamounier Macedo. 
 Neto do Coronel João Afonso Lamounier, figura expressiva da história de Candeias.  Teve três irmãos, dos quais dois falecidos. Felizmente, entre nós o Sr. Antonio Macedo, seu irmão caçula.

Em 1933, com apenas 12 anos de idade, mudou-se para a cidade de Patrocínio e trabalhou como comerciário na Casa Moraes;

Em 1941, apresentou-se, voluntariamente, às Forças Armadas sendo admitido no 11° RI em São João Del Rey-MG;

Em 1942, assumiu o cargo de Sargento Contador da Tesouraria;

Em 16/06/1944, embarcou, voluntariamente, para guerra em solo italiano, no 1° Escalão de Tropas da FEB;

Em 07/1944, desembarcou no porto de Nápoles, Itália;

Em 08/1944, fez parte da comitiva que entregou ao Vaticano duzentas mil sacas de café doadas pelo governo brasileiro e participou de audiência na qual os pracinhas foram recebidos e abençoados pela Sua Santidade, o Papa Pio XII;

Em 12/1944, no auge da guerra, foi promovido, por merecimento, a 2° Sargento do Exército Brasileiro;

Em julho/1945, retornou ao Brasil a bordo do “USS General Meigs”;

Em julho/1945, foi licenciado do Serviço Militar sob os cumprimentos do Cel. Floriano de Lima Brynner;

Em 1946, foi eleito Secretário do Diretório da UDN em Candeias/MG;

Em abril/1946, foi condecorado pelo Governo Brasileiro com a Medalha de Campanha por haver participado de operações de guerra na Itália sem nenhuma nota desabonadora;

Em maio/1947, foi condecorado pelo Governo Brasileiro com a Medalha de Guerra de 1ª classe por haver colaborado no esforço de guerra do Brasil na gloriosa campanha da Itália;

Em 1949, mudou-se para a cidade de Campos Altos/MG, onde constituiu a empresa Auto Peças Camposaltense Ltda e se estabeleceu, pioneiramente, no comércio de Auto Peças e Serviços;

Em 1950, casou com Maria de Lourdes Resende Macedo;

Em 1951, foi eleito vice-presidente da UDN em Campos Altos/MG;

Em 1963, foi homenageado pela Prefeitura de Candeias/MG que erigiu monumento aos expedicionários da FEB candeenses na gloriosa campanha da Itália;

Em 1964, foi eleito presidente da UDN em Campos Altos;

Em 1966, foi eleito vereador e, em duas legislaturas, presidiu a Câmara Municipal em Campos Altos/MG;

Em 1969, foi o presidente fundador e o primeiro eleito do Rotary Club de Campos Altos;

Em 1970, foi eleito e exerceu o mandato reduzido de apenas dois anos de prefeito municipal de Campos Altos/MG;

Em 1980, foi fundador e eleito, por dois períodos, presidente do PDS em Campos Altos/MG;

Em 1980, já aposentado por tempo de serviço, adquiriu gleba de terra e iniciou nova atividade no cultivo de café;

Em 1988, afastou-se, definitivamente, da política e dedicou-se ao cultivo de café recebendo, nos últimos 30 anos, dezenas de homenagens e honrarias.
(cidadão benemérito e honorário de Campos Altos/MG, recebendo Medalha de Prata pelo cinqüentenário da cidade/ cidadão honorário de Montese, na Itália/ pelo Rotary Clube: sócio honorário, presidente de honra, Comenda “Paul Harris” e nome do segundo marco rotário/ pela Maçonaria: Comenda “Ordem da Águia”/
pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais: proposição do Desembargador José Afrânio Vilela homenagem da 2ª câmara civil pelo 90º aniversário)

Em 08/09/2011, foi objeto de palestra e homenagem da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra - Delegacias Araguari e Uberlândia;

Em 26/07/2012, foi reverenciado com toques de presença (clarim) e exórdio (banda de música) nas comemorações do 50º aniversário do 36º BI Mtz. Uberlândia-MG;

Em 06/01/2013, pouco antes de completar 92 anos de idade, faleceu sendo foi velado e homenageado nos salões nobres do Rotary Club e da Câmara Municipal de Campos Altos onde foi sepultado;

Em 04/07/2013, deu nome à cadeira do presidente e a comenda instituída pelo Rotary Club de Campos Altos para reconhecer anualmente autor de relevantes serviços prestados à cidade.

Finalizando, eu tenho o dever de reiterar o quanto é lamentável o despreparo cívico dos políticos de Candeias ao deixarem de reconhecer pessoas da importância e da envergadura moral como o Sr. Leônidas Macedo Filho.

 Armando Melo de Castro
Candeias Casos e Acasos.



NB) A História completa do Sr. Leonidas Macedo Filho, encontra-se AQUI: clique: leonidasmacedofilho.blogspot.com/