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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

DINHEIRO, O MELHOR REMÉDIO.

Foto para ilustração do texto.


Na semana passada, eu fui à farmácia com o intuito de comprar uma pomada à base decetoconazol que inclui, entre outras, a Betricort e a Novacorte. O medicamento é, costumeiramente, indicado para as afecções de pele nas ações anti-inflamatórias. É muito usado para os pequenos cortes domésticos.

Há anos, eu uso esse remédio sem qualquer problema. Todavia, ao compra-lo, me exigiram, na farmácia, uma receita médica para a sua venda. Alegam que se trata de um antibiótico e que, de acordo com as regras vigentes, doravante, somente poderá ser vendido com tal documento. Diversos medicamentos que eram vendidos sem receita passaram a ser comercializados, atualmente, com a sua apresentação.

Eu fico pensando que as pessoas que criam as regras, as normas, as leis neste país se encontram extremamente sem ter o que fazer e, assim, passam a inventar diversas aberrações que apenas dificultam a vida da maioria sofrida e indefesa da população. Mas, é claro que na realidade, eles têm sim o que fazer: defender a classe economicamente mais forte do país evidenciando, assim, o descompasso da justiça social brasileira. 

Chego à conclusão óbvia, por sinal, que todo ato que muda a vida em geral da população, pela via legal, sempre tem o implícito desejo de favorecer a uma minoria representada por corporações, instituições e classes cada vez mais preocupadas com o próprio umbigo, ou melhor, com o próprio bolso. Parece até que uma receita médica é de graça e que nos postos de saúde estão distribuindo-as à vontade para quem delas necessita. É muito fácil exigir uma receita médica. Parece que o médico vai para a casa do doente vigiar se ele tomará o remédio. Pelo que vejo, no futuro irão exigir receita médica para vender melhoral.

A todo momento, estão aparecendo com um velho remédio que dizem fazer mal à saúde, após esse medicamento já estar no mercado há muitos anos. Isso quer dizer que aqueles que o inventaram, distribuíram e venderam no mercado foram, claramente, irresponsáveis e, agora, aqueles que o controlam, o proíbem são os competentes? Engana-me que eu gosto, dirão muitos. 

Esses cartéis que se formam no Brasil causa nojo a uma pessoa lúcida. Depois que o medicamento já foi vendido durante anos e anos, vem uma ordem proibir a venda sem uma receita. Um medicamento, além de custar os olhos da cara, deve-se prescindir de um documento burocrático para ser vendido. Em relação a alguns remédios tal exigência é até compreensível, agora, quanto a uns remédios que apenas curam pequenos ferimentos na pele, depois de já estarem sendo usados há anos, é muito, mas muito estranho. Enquanto proíbe-se o remédio sem receita, nada é feito para ser facilitada a aquisição desta.

Será que esses cidadãos parlamentares ou responsávaeis por instituições que regulam essas leis ou regras sabem o quanto custa uma receita médica? Será que eles sabem das dificuldades, neste sofrível país, para se conseguir uma consulta pelo SUS? Forma-se um médico por uma Faculdade Federal sem que esse venha a ter qualquer compromisso monetário com a sociedade que custeou os seus estudos. Cobram um preço exorbitante por uma consulta, arrancando os olhos da cara do povo. 

Medicina no Brasil, atualmente, é sinônimo de riqueza. Tenho visto, constantemente, por aí, muitos jovens comentando que vão estudar medicina porque serão ricos. E é verdade. Uma lamentável verdade. Serão mesmo ricos porque vão pertencer a um cartel sem dó e sem piedade. O SUS não funciona. Os planos de saúde não funcionam como deveriam. A única situação que funciona é o “particular” e, nesse caso, somente para os endinheirados, os poucos privilegiados desta sociedade cada vez mais desigual. E agora para comprar um medicamento de $ 20,00 querem uma receita de R$ 200,00. Esse é o nosso país. O país das contradições, das injustiças. Esse é o país administrado por ladrões que só fazem leis que protegem os ricos, os aquinhoados.

Nos plantões dos hospitais ou nos postos de saúde, o povo mal consegue uma receita para os remédios controlados. Atendimento precário. Uma sobrinha minha, em Formiga, acudida por um acidente de moto, foi levada ao hospital cujo médico plantonista costurou-lhe a ferida de sua perna com areia dentro. Por pouco a moça não perdeu a perna, contudo, ficou com sequelas. E isso acontece todo dia na classe mais humilde.

Recentemente, eu li um artigo de um médico pelo qual dizia que, hoje em dia, é muito fácil achar quem tenha problemas para evacuar ou sinta que não vai ao banheiro tantas vezes quanto deveria ou gostaria de ir.

Eu achei inusitado quando li o alerta do médico dizendo que o nosso intestino tem um ritmo que avisa o momento da evacuação e, se este aviso não for seguido, talvez, somente voltaria a acontecer no dia seguinte. "Assim, perdemos aquele dia de evacuação. No dia seguinte, as fezes estarão mais ressecadas e teremos maior dificuldade para a evacuação", afirma ele:  Nestes casos, as mulheres são as que mais sofrem, pois têm muita dificuldade em ir ao banheiro fora de casa e o referido médico recomenda aos leitores do referido artigo que evitem comidas pobres em fibras, como as vendidas em fast-foods e de produtos industrializados, pois aumentam ainda mais o problema. As fibras são essenciais para o bom funcionamento intestinal e, finalmente, teceu uma dieta que somente os ricos e bem ricos poderiam seguir.

Parece que os médicos se esquecem que nós estamos no Brasil, um país de gente pobre e de médicos ricos. É chique cobrar caro por uma receita, isso valoriza o médico no seu entender. Enquanto o SUS lhes paga menos de $15,00 por uma consulta, um particular tem que pagar por $300,00. Enquanto morrem os pobres nos corredores. E a culpa acaba somente sobre o governo. Afinal, Onde está o juramento de Hipócrates? A bem da verdade o juramento de médico chega ser de hipócrita, enquanto os pobres estão vendendo o nariz para comprar pó, vendendo o pé para comprar sapato e aí, vem um médico elitista recomendar hora para “cagar” e sugerir uma dieta com coisas que essas pessoas nem nunca ouviram falar. Custam-lhes comer macarrão.

Recentemente, eu ouvi o Valdomiro Santiago, o líder da Igreja Mundial do Poder de "Adeus", aquele que pede para os seus seguidores um dízimo de R$300,00, dizer, em uma entrevista, que muitos médicos não dão conta de curar os seus enfermos e estão o recomendando porque na sua igreja acontece milagre de toda ordem. Pelo que vejo, Valdomiro tem a procuração de Deus e de Jesus Cristo para curar. Todavia, ele cobra caro.

Eu acho que os médicos e os religiosos deveriam ser mais piedosos, mais humanos e mais complacentes. Afinal de contas, deveriam pensar menos no dinheiro e um pouco mais na missão que Deus lhes confiou.

É lamentável, deveras lamentável.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos


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