Foto para ilustração do texto.
Na semana passada, eu fui à farmácia com o intuito de comprar uma pomada à base decetoconazol que inclui, entre outras, a Betricort e a Novacorte. O medicamento é, costumeiramente, indicado para as afecções de pele nas ações anti-inflamatórias. É muito usado para os pequenos cortes domésticos.
Há anos, eu uso esse remédio sem qualquer problema. Todavia,
ao compra-lo, me exigiram, na farmácia, uma receita médica para a sua venda.
Alegam que se trata de um antibiótico e que, de acordo com as regras vigentes,
doravante, somente poderá ser vendido com tal documento. Diversos medicamentos
que eram vendidos sem receita passaram a ser comercializados, atualmente, com a
sua apresentação.
Eu fico pensando que as pessoas
que criam as regras, as normas, as leis neste país se encontram extremamente
sem ter o que fazer e, assim, passam a inventar diversas aberrações que apenas
dificultam a vida da maioria sofrida e indefesa da população. Mas, é claro que
na realidade, eles têm sim o que fazer: defender a classe economicamente mais
forte do país evidenciando, assim, o descompasso da justiça social brasileira.
Chego à conclusão óbvia, por sinal, que todo ato que muda a vida em geral da
população, pela via legal, sempre tem o implícito desejo de favorecer a uma
minoria representada por corporações, instituições e classes cada vez mais
preocupadas com o próprio umbigo, ou melhor, com o próprio bolso. Parece até
que uma receita médica é de graça e que nos postos de saúde estão
distribuindo-as à vontade para quem delas necessita. É muito fácil exigir uma
receita médica. Parece que o médico vai para a casa do doente vigiar se ele
tomará o remédio. Pelo que vejo, no futuro irão exigir receita médica para
vender melhoral.
A todo momento, estão aparecendo
com um velho remédio que dizem fazer mal à saúde, após esse medicamento já estar
no mercado há muitos anos. Isso quer dizer que aqueles que o inventaram,
distribuíram e venderam no mercado foram, claramente, irresponsáveis e, agora,
aqueles que o controlam, o proíbem são os competentes? Engana-me que eu gosto,
dirão muitos.
Esses cartéis que se formam no Brasil causa nojo a uma pessoa
lúcida. Depois que o medicamento já foi vendido durante anos e anos, vem uma
ordem proibir a venda sem uma receita. Um medicamento, além de custar os olhos
da cara, deve-se prescindir de um documento burocrático para ser vendido. Em
relação a alguns remédios tal exigência é até compreensível, agora, quanto a
uns remédios que apenas curam pequenos ferimentos na pele, depois de já estarem
sendo usados há anos, é muito, mas muito estranho. Enquanto proíbe-se o remédio
sem receita, nada é feito para ser facilitada a aquisição desta.
Será que esses cidadãos
parlamentares ou responsávaeis por instituições que regulam essas leis ou
regras sabem o quanto custa uma receita médica? Será que eles sabem das
dificuldades, neste sofrível país, para se conseguir uma consulta pelo SUS?
Forma-se um médico por uma Faculdade Federal sem que esse venha a ter qualquer
compromisso monetário com a sociedade que custeou os seus estudos. Cobram um
preço exorbitante por uma consulta, arrancando os olhos da cara do povo.
Medicina no Brasil, atualmente, é
sinônimo de riqueza. Tenho visto, constantemente, por aí, muitos jovens
comentando que vão estudar medicina porque serão ricos. E é verdade. Uma
lamentável verdade. Serão mesmo ricos porque vão pertencer a um cartel sem dó e
sem piedade. O SUS não funciona. Os planos de saúde não funcionam como
deveriam. A única situação que funciona é o “particular” e, nesse caso, somente
para os endinheirados, os poucos privilegiados desta sociedade cada vez mais
desigual. E agora para comprar um medicamento de $ 20,00 querem uma receita de
R$ 200,00. Esse é o nosso país. O país das contradições, das injustiças. Esse é
o país administrado por ladrões que só fazem leis que protegem os ricos, os
aquinhoados.
Nos plantões dos hospitais ou nos
postos de saúde, o povo mal consegue uma receita para os remédios controlados.
Atendimento precário. Uma sobrinha minha, em Formiga, acudida por um acidente
de moto, foi levada ao hospital cujo médico plantonista costurou-lhe a ferida
de sua perna com areia dentro. Por pouco a moça não perdeu a perna, contudo,
ficou com sequelas. E isso acontece todo dia na classe mais humilde.
Recentemente, eu li um artigo de
um médico pelo qual dizia que, hoje em dia, é muito fácil achar quem tenha
problemas para evacuar ou sinta que não vai ao banheiro tantas vezes quanto
deveria ou gostaria de ir.
Eu achei inusitado quando li o
alerta do médico dizendo que o nosso intestino tem um ritmo que avisa o momento
da evacuação e, se este aviso não for seguido, talvez, somente voltaria a
acontecer no dia seguinte. "Assim, perdemos aquele dia de evacuação. No
dia seguinte, as fezes estarão mais ressecadas e teremos maior dificuldade para
a evacuação", afirma ele: Nestes casos, as mulheres são as que mais
sofrem, pois têm muita dificuldade em ir ao banheiro fora de casa e o referido
médico recomenda aos leitores do referido artigo que evitem comidas pobres em
fibras, como as vendidas em fast-foods e de produtos industrializados, pois
aumentam ainda mais o problema. As fibras são essenciais para o bom
funcionamento intestinal e, finalmente, teceu uma dieta que somente os ricos e
bem ricos poderiam seguir.
Parece que os médicos se esquecem
que nós estamos no Brasil, um país de gente pobre e de médicos ricos. É chique
cobrar caro por uma receita, isso valoriza o médico no seu
entender. Enquanto o SUS lhes paga menos de $15,00 por uma consulta, um
particular tem que pagar por $300,00. Enquanto morrem os pobres nos corredores.
E a culpa acaba somente sobre o governo. Afinal, Onde está o juramento de Hipócrates? A
bem da verdade o juramento de médico chega ser de hipócrita, enquanto os pobres
estão vendendo o nariz para comprar pó, vendendo o pé para comprar sapato e aí,
vem um médico elitista recomendar hora para “cagar” e sugerir uma dieta com
coisas que essas pessoas nem nunca ouviram falar. Custam-lhes comer macarrão.
Recentemente, eu ouvi o Valdomiro
Santiago, o líder da Igreja Mundial do Poder de "Adeus", aquele que
pede para os seus seguidores um dízimo de R$300,00, dizer, em uma entrevista,
que muitos médicos não dão conta de curar os seus enfermos e estão o
recomendando porque na sua igreja acontece milagre de toda ordem. Pelo que
vejo, Valdomiro tem a procuração de Deus e de Jesus Cristo para curar. Todavia,
ele cobra caro.
Eu acho que os médicos e os
religiosos deveriam ser mais piedosos, mais humanos e mais complacentes. Afinal
de contas, deveriam pensar menos no dinheiro e um pouco mais na missão que Deus
lhes confiou.
É lamentável, deveras lamentável.
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos
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