Reclamar é um direito sem dúvida, e pode ser também até uma necessidade. Mas entendo que uma reclamação tem que ser fundamentada. Reclamar de tudo e de todos mostra ser, a meu ver, uma pessoa pedante e pouco esclarecida.
Uma reclamação merece,
portanto, uma causa justa e dirigida ao verdadeiro responsável pela causa. Mas
a grande parte das pessoas vivem reclamando de tudo e para quem não tem nada a
ver com a causa.
Uma reclamação deve antes ser
estudada, pensada e fundamentada. Mas infelizmente tem gente que sai reclamando
a torto e a direita. – Reclamam do espinho da roseira, mas não se lembram que o
espinho traz a rosa. Não sabem que na vida todo custo traz algum benefício.
Reclama dos preços, para o dono
do armazém. Não se lembra por exemplo que aquele ali está é um intermediário,
ele vende o que comprou pois não foi ele que plantou ou colheu o feijão que você
diz que está muito caro. Aquele que plantou também teve por força da realidade ter tido os seus custos
majorados.
Reclama do preço dos remédios
como se o dono da farmácia fosse o dono do laboratório que produz o remédio.
Enfim: está reclamando na hora errada e para a pessoa errada. Com certeza aquele
que vai enfrentar o consumidor, vive procurando ganhar mais na compra do que na
venda. Isso porque o seu fornecedor sendo um para cada produto, o consumidor
são vários para cada um.
Eu como os candeenses da minha
era, fomos criados comendo esse tipo de produto plantados em nossos quintais e na
nossa zona rural. --- O leite, por exemplo,
era trazido pelo leiteiro à nossa porta. Durante anos eu vi o grito do leiteiro
à porta de nossa casa em Candeias: “Ó O LEITE!”
Eu não consigo me acostumar com o leite de caixinha, nem ovos e frangos de granja. Sabendo que nesta feira aqui bem próximo tem uma barraca de duas irmãs sitiantes, onde vendem o seu leite produzido por apenas uma vaca. Leite com o qual fazem doces de leite e alguns litros para a feira. Todas as manhãs de quinta feira eu estou lá para apanhar o meu leite. Caso eu não apareça, elas já o deixa reservado para mim quando me atraso em chegar lá. Se não vou aparecer aviso isso para elas.
São pessoas, humildes e pobres que vivem do seu trabalho no pequeno sítio do qual tiram a sua sobrevivência. E eu sempre brinco com elas perguntando se eu encontrar um lambarí no fundo da garrafa, o que é? E elas sorridente me respondem é um brinde para o senhor que é um bom freguês nosso.
Ontem quando lá estive chegou junto comigo chegou uma senhora, do tipo reclamador de tudo e de todos. – Pegou os seus dois litros de leite, normalmente vendidos em garrafas aproveitadas de refrigerantes e ao dar o preço, $ 12,00 – O preço teria sido alterado de $ 10,00 para $ 12,00 = A velha berrou em termos agressivos. Isso é um absurdo, passar o leite para 6 contos o litro. E não duvido que esse leite de vocês tem água... Essa feira aqui está uma verdadeira ladroagem. Falou, falou e ainda bordou. E olhando para mim disse: E o senhor vai pagar calado?
Eu olhei para ela e lhe disse: Minha senhora, eu não pretendia entrar nessa conversa. Mas já que a senhora me dirigiu essa pergunta cabe-me responde-la:--- Eu não penso como a senhora. Um litro de leite de caixinha, de qualidade inferior ao leite dessas senhoras, está custando mais caro e não tem a mesma qualidade. Se a senhora ver como estão as pastagens, atualmente, o gado para sobreviver estão sendo tratados à base de ração. E ração é cara. E além disse o trabalho que essas senhoras têm para fazer chegar às nossas mãos esses dois litros de leite por apenas $ 12,00 Reais... --- Quando eu falei assim, ela virou as costas e me disse alto e em bom som: o senhor deve ser muito rico né?
E eu respondi: e o que essas
senhoras tem com a sua pobreza?
Olhei para a senhora que me
serviu o leite e ela estava chorando, eu tive que acalenta-la.
A palavra, às vezes, fere mais
do que uma faca!
Armando Melo de Castro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário