Total de visualizações de página

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

AS MULHERES.

                                                                             Celina Guimarães Viana

 Recentemente numa viagem que fiz a Belo Horizonte, tomei aqui próximo de minha residência um taxi para me conduzir até a rodoviária. E o condutor do taxi era uma mulher muito simpática e atenciosa. ---- Chegando a rodoviária, ao tomar o ônibus, defrontei-me novamente com uma mulher motorista daquele ônibus. -------

 Uma mulher miúda e sorridente. Diante da baixa estatura  daquela motorista, inspirei-me a lhe dizer: “Minha vida está em suas mãos, cuide bem dela” E ela gentilmente com um sorriso espontâneo me disse: “O senhor pode ficar tranquilo porque as minhas mãos estarão nas mãos de Deus”. Observei durante a viagem tratar-se de uma excelente motorista, tranquila e com gosto pela profissão.

 Eu tenho observado que a mulher, felizmente, pouco a pouco vem tomando o seu lugar na sociedade, fazendo sumir dos ouvidos o antigo termo de que a mulher é o sexo frágil. Se observarmos podemos ver que existem muito mais viúvas do que viúvos. E a mulher de frágil não tem absolutamente nada. Entendo que o homem pode até ser fisicamente mais forte, mas nos demais termos a mulher é bem mais resistente.

 No passado eu me recordo o quanto a vida das mulheres era difícil. Elas se levantavam cedo e já começavam com a luta pela vida. Fazer o café... O café era torrado e moído em casa; lavar roupa, cuidar dos filhos, arrumar a casa etc. Isso era uma rotina diária. Fazer as refeições diárias não era tão fácil como nos dias atuais.

 Não existiam geladeiras, e nem fogões a gás e as donas de casa tinham que fazer almoço e janta. Até hoje existem homens criados neste esquema, que não se acostumaram a jantar com comida requentada. – E a esposa tem que arcar com a labuta de fazer almoço e janta. As casas, nem todas, tinham água corrente, muitas tinham que ir para os córregos lavar as roupas de suas família, e muitas dessas donas de casa ainda lavavam roupa para fora. ---

 Meu Deus! Como era difícil a vida de uma dona de casa. Elas não tinham sábado, domingo e nem feriado. Muitas trabalhavam doentes. O dinheiro nesse tempo era raro principalmente nas pequenas cidades como a nossa Candeias, num tempo em que as famílias não tinham controle de natalidade. E como diziam, era um no bucho e outro no saco. --- Saia um entrava outro. --- Quantas mães morriam durante o parto sem ter a gloria de criar o seu filho... Principalmente nas roças. ---- Quando se via uma mulher grávida, era como se visse alguém sob o jugo da morte. Um exemplo, foi a Sra. Mãe do nosso querido Monsenhor Castro, que não conheceu a sua mãe, que teria falecido 20 dias após o seu nascimento com complicações com o parto. O Monsenhor foi criado pelos seus avós maternos.

 E quantas não tinham que ainda tolerar os maridos que muitas das vezes bebiam e pioravam a vida dessas mulheres ainda mais. --- Por mais abastada que fosse a família, a vida da mulher era difícil. Seria difícil relatar tudo aqui neste pequeno texto, porque ainda tinham que enfrentar o machismo de certos maridos, que além disso não tinham a responsabilidade com a manutenção da casa, deixando faltar alimentos, levando essas senhoras a buscar recursos na lavação de roupas e na costura.

 Hoje, as coisas ficaram muito mais fácil. O feijão é fácil de ser escolhido porque praticamente não existem pedras como antigamente.  Um par de cuias era a ferramenta das mulheres para lavar o arroz e apurar as pedras. Lembro-me de minha querida mãe, cantando e lavando arroz para o almoço e quando às vezes ouvi ela dizer: “Nossa esse arroz é a pura pedra. Hoje, o arroz nem precisa ser lavado e pedra no arroz é coisa do passado. ---

 A mulher de hoje, principalmente as filhas de famílias de pouca renda, não faz ideia como foi a vida de suas avós. Ainda falta muito para a mulher ser verdadeiramente reconhecida. Mas estamos chegando lá. Hoje a mulher está integrada com mais força na sociedade, apesar de ainda estar faltando muito para assumir o seu verdadeiro lugar. Mas não podemos negar que elas estão vencendo a batalha da igualdade. Afinal, a nossa população de 216 milhões de brasileiros, 52% é de mulheres e 48% são dos homens. Isso quer dizer que existem mais mulheres  e em bom número, do que homens. E hoje já estamos vendo as mulheres em todos os seguimentos da sociedade, inclusive se despontando na politica.

 Uma mulher que não pode nunca ser esquecida, principalmente pelas mulheres, é o da professora  CELINA GUIMARÃES VIANA que faz parte da história brasileira como a primeira eleitora mulher registrada a votar no nosso país. --- Celina não foi a primeira eleitora por acaso. ---- Ela lutou muito por isso como ativista. Ela foi uma mulher que voou, navegou e caminhou no seu tempo. Foi protagonista em seu trabalho de professora no Estado, no Rio Grande do Norte. Naquele tempo os estados tinham autonomia na legislação eleitoral e a Constituição do Brasil, não proibia as mulheres de fazer o uso do voto. E o Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a se organizar sobre o primeiro voto da mulher cujo registro data de 25 de novembro de 1927.

 Celina Guimarães Viana, era potiguar, nasceu em Natal Rio Grande do Norte, em 15 de novembro 1890. Casou-se em 1911 com Eliseu Oliveira Viana, com quem viveu por toda a vida.

 Faleceu em Belo Horizonte, em 11 de julho de 1972. Um exemplo para a mulher brasileira que vem lutando pelo seu espaço.

 Armando Melo de Castro.

 

Nenhum comentário: