Foi um presente do Sr.
Erasto de Barros, meu amigo desde quando eu era um menino, éramos vizinhos, na
Rua Coronel João Afonso. Ele tinha, no quintal de sua casa, um pomar com várias
árvores frutíferas e, entre elas, estava um caquizeiro. Seria, talvez, o único
da cidade naquele tempo quando muita gente, em Candeias, tomou conhecimento da
existência desta fruta através da gentileza do Sr. Erasto de Barros, que
gostava de presentear os amigos com aquela fruta incomum nos pomares candeenses.
Trata-se, o caqui, de uma
fruta bastante nutritiva. Existem dela diversas variedades, contudo as mais
conhecidas no Brasil são o caqui-chocolate e o caqui rama forte. É um fruto de cor vermelha e de consistência
macia e fibrosa. A casca do caqui-chocolate, porém, possui cor alaranjada. E um
sabor, muito doce. É típico de regiões de clima tropical e subtropical. Cerca
de 70 a 80% do caqui é composto por água. É uma fruta rica em proteínas,
cálcio, ferro e licopeno. Em média, cada 100 gramas de caqui possui 75
calorias. Em termos de vitaminas, é rico em vitaminas E, A, B1 e B2. A China é
o país de origem deste fruto. O caqui pode ser confundido com um tipo de
tomate.
Como eu dizia, o caqui
bordeja na minha memória a imagem marcante do senhor, Erasto de Barros. Não só
como porteiro da Escola Estadual Padre Américo, onde estudei, como também na
sua vida rotineira. Acredito que é por esse motivo que, toda vez que vejo ou me
falam do caqui, vem à tona de minha memória, a imagem simpática do meu amigo
Erasto de Barros. -----
O seu ponto predileto era o Bar Piloto, antiga
parada de ônibus, quando ainda não existia em Candeias o terminal rodoviário. O
ônibus que fazia a linha de São Paulo era como um amigo para ele porque levava
e trazia o seu filho, Ademir. Quando Ademir estava para vir a Candeias a cidade
toda tomava conhecimento pela felicidade em que ficava Sô Erasto. Entretanto,
quando Ademir voltava era notório o seu semblante de tristeza.
Ninguém se ofendia com o jeitão rústico do Sr.
Erasto de Barros. A sua imagem emitia uma pureza de alma e uma espontaneidade
tão grande que as pessoas o respeitava muito, até mesmo diante de uma tirada
ofensiva em um dos seus momentos de explosão. -----
Um homem que tinha um
coração que mal cabia dentro de si. Chorava por qualquer coisa. Era um
excelente pai de família. Tratava com dignidade a sua esposa Maria e com total
esmero os seus filhos, Cidinha, Ademir, Ademar e Mauro. Um homem nervoso. O seu
palavreado, às vezes vulgar, não condizia com o seu real comportamento. Homem
honesto, trabalhador, correto em todos os sentidos.Mas, o seu temperamento era explosivo. Quando
lhe pisavam no calo, não deixava para depois o que poderia falar na hora. -----
As pessoas o incitavam
porque ele se tornava uma pessoa engraçada, bastante engraçada quando respondia
por uma brincadeira de mau gosto e que ele a levava a serio. Era uma criança
sem maldade. Acreditava fácil em boatos fáceis. Boatos feitos, propositalmente,
para vê-lo responder irritado.
Quando um de seus filhos
fazia alguma coisa errada, ele vinha com aquele seu rompante de trovão e dizia:
“Eu vou te matar!” – Tirava o seu sinto, mas, as lambadas iam para o ar, pois,
nenhuma acertava o filho arteiro. Ele tentava apenas assustá-lo, enquanto o
menino caia na risada de não ser atingido pelo cinto.
Se algum de seus filhos ia
para rua e demorava a voltar, ele saía, em busca de encontrá-lo, gesticulando
com as mãos e falando sozinho: “Hoje, eu esfrego a cara do Demi no chão” Na
época em que seus filhos saíram de casa para ganhar a vida em outra cidade, Sr. Erasto quase morria.
Lembro-me quando fui para
São Paulo e estive morando em uma república com o seu filho, Ademir. E assim
que eu cheguei a Candeias ele foi logo à minha casa e eu tive que contar nos
mínimos detalhes tudo que se passava com o Ademir, em São Paulo. Para tranquilizá-lo,
era preciso reproduzir tintim por tintim como era a vida de seu filho. Os
problemas rotineiros enfrentados por um jovem que saía de casa, eu não poderia
contar porque isso poderia levá-lo às lágrimas. ---
Na época de eleição, Sô
Erasto ficava, constantemente, agitado. Tudo que lhe dizia ele acreditava. As
pessoas que conheciam o seu jeito de ser e o seu linguajar rude incitavam-no
para vê-lo hilariante. --- Certa vez o Titoco, um amigo meu, que era muito
brincalhão disse-lhe: “Eu ouvi dizer que o senhor vai se candidatar para vereador
no partido do Zé do Anjo, Sô Erasto?” --- E a resposta foi na tampa. Irritado
ele disse: “Vou candidatar é no seu rabo!”.
Meu querido Sr. Erasto de Barros, onde quer que esteja, receba o meu grande abraço.
Meu querido Sr. Erasto de Barros, onde quer que esteja, receba o meu grande abraço.
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos
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