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quinta-feira, 28 de maio de 2020

EXPEDICIONÁRIO CLOVIS CAMBRAIA ALVARENGA

                                                                   Expedicionário Clovis Cambraia Alvarenga.

Vamos imaginar a nossa querida cidade de Candeias no principio da década de 40: Uma cidadezinha do interior de Minas Gerais, recém-emancipada de Campo Belo, vivendo a rotina de uma precariedade natural; sem verbas; sem trabalho, sem saúde, escolas sem estruturas; sem telefone; rádios escassos; televisão nem pensar... Transporte ferroviário limitado,

O trabalho existente voltado, quase que exclusivamente, em sua maioria para a área rural quando o trabalhador vivia praticamente do exercício de um trabalho próximo do escravo, cuja renda se limitava a alimentação. -=-- Enfim, uma população humilde, com um alto índice de analfabetismo; e a pobreza retratada através das vestes tomadas de remendos e as compras a granel quando o freguês comprava, às vezes, o suficiente para uma refeição.

A palavra guerra para essa gente seria, sem dúvida, o sinônimo de medo e morte.  No entanto, havia uma guerra bem longe dali incomodando as nações. Mas isso muito distante de Candeias e, além disso, o Presidente da República, Getúlio Vargas, havia se pronunciado de que o Brasil teria uma posição isolada com referência à participação nesse conflito.

De repente a notícia de que o Brasil iria entrar na guerra em resposta a uma ação estratégica da Alemanha  quando afundaram cinco navios brasileiros ---- Getúlio Vargas resolve por entrar na guerra. E o nosso país agora se vê entre o susto dos jovens soldados e o pranto dos pais desses jovens- Partir para a guerra poderia ser a ida sem volta, como aconteceu com dois de nossos heróis.

E foi nesse clima de grande emoção que em 1944, doze jovens soldados candeenses, os denominados pracinhas, partiram para incorporar os 25.334 que embarcariam a fim de lutar na Segunda Guerra Mundial, na Itália. São eles: 
Antônio Teixeira Souto
Clóvis Cambraia de Alvarenga  
Guilherme Pulhês 
Humberto Pulhês, (dois irmãos)  
João Sidney de Sousa Filho
Jorge Alvarenga da Silva 
José Laurindo V. Sobrinho 
José Nicodemos Gomide 
Lázaro Lopes de Alvarenga
Lázaro Moncefe de Castro
Leonidas Macêdo Filho 
Rui Cândido Alves.
Esses heróis voltariam um ano depois ao final da guerra em 1945.

CLÓVIS CAMBRAIA DE ALVARENGA.

Hoje, o nosso Blog estará fazendo uma simples homenagem a um desses heróis que partiu levando a sua vida deixando para trás todos os seus sonhos, todas as suas esperanças. Afinal, ir para guerra era como fazer o jogo da roleta russa: viver ou morrer!

Clóvis Cambraia de Alvarenga, nascido em Candeias, no dia 27 de março de 1915, filho de Cristovam Alvarenga e Iracema Cambraia de Alvarenga. ---- Casado com Maria Aparecida Alvarenga em 02 de fevereiro de 1947. Tendo um filho adotivo desde o nascimento, Edgar Cambraia Alvarenga e pai de dois netos: João Paulo Oliveira Cambraia e Richard Oliveira Cambraia.

Como candeense foi um homem rigorosamente cumpridor dos seus deveres. Bom filho para com o seu pai Cristovam, bom marido, bom pai e bom amigo. Foi abençoado porque conseguiu sobreviver sem os traumas e sequelas da guerra. Um homem digno de respeito, pois, o seu nome não representava não somente Candeias e Minas, mas sim o Brasil.

Clóvis não trouxe traumas da guerra, pois exerceu com lisura a sua cidadania, como comerciante, quando foi proprietário o açougue São Judas Tadeu, fundado por ele e um amigo. ---- Dali Clóvis saiu para exercer o cargo de fiscal municipal do município durante os mandatos dos prefeitos João Pinto de Miranda e José Pinto de Resende. --- Exerceu, também, a função de Juiz de Paz, tendo sido eleito no final da década de 50 quando esse cargo era eleito pelo povo junto as eleições para prefeito. 

Deixou de ser fiscal para exercer uma atividade na Agência dos Correios e Telégrafo de Candeias num reconhecimento justo do governo para os pracinhas brasileiros, dos quais muitos não estavam em situação financeira satisfatória.

Certa vez quando eu curiosamente conversava com o Clóvis sobre a guerra ele fez comigo um comentário que me deixou pensativo. Eu pude sentir no seu olhar que ele guardava dentro de si algo que não o fazia feliz enquanto disse: “A pior coisa da guerra é você se sentir sozinho no meio de muita gente”. "A gente não conhece quase ninguém e todo mundo não conhece a gente." Você se lembra do seu povo, da sua cidade, do Brasil, mas não sabe se vai voltar se vai viver de novo aquela vida tão feliz que você vivia." "É como a gente tivesse morrido e estava num inferno." "Naquele momento você perde o ânimo até para rezar."  Você vive num mundo de incertezas. Não sabe se amanhã estará vivo, morto ou desaparecido, como aconteceu com dois colegas. Um foi encontrado morto e o outro desaparecido."

Eu suponho que a pessoa que volta de uma guerra, não volta como foi. A guerra deve transformar completamente aquele jovem que foi para matar inocentes e que poderia morrer como inocente. ----- Você pensar que vai matar um ser humano inocente como você, na mesma situação em que você está! Tratar alguém de inimigo, quando no fundo do seu coração ele nunca foi inimigo. Como isso deve pesar na cabeça d alguém que foi criado, ali naquele conceito religioso, tomando a bênção dos pais e rezando para dormir... Meu Deus! Por que a guerra!?

O expedicionário Clóvis Cambraia de Alvarenga, como os demais companheiros candeenses que lutaram brilhantemente na Segunda Guerra Mundial enaltece a história de Candeias. Não são todos os municípios de Minas Gerais que têm essa honraria registrada na sua história. Afinal o exercito brasileiro foi à guerra para combater o fascismo e o nazismo. Causa-me estranheza quando ouço alguém chamar Bolsonaro de fascista, sendo ele é um militar do exercito que já combateu o fascismo.

Finalizando registramos aqui de saudosa memória um voto de louvor ao Sr. Clovis Cambraia de Alvarenga, enquanto registramos todo o nosso reconhecimento e respeito não somente pelo fato de ter sido um expedicionário da FEB, mas também, pelo amigo e pelo cidadão que sempre foi. Onde quer que esteja, o nosso herói, enviamos-lhe o nosso abraço.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.



CANDEIAS MG CASOS E ACASOS

398 TEXTOS SOBRE CANDEIAS

307 000 CURTIDAS.































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