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sábado, 16 de maio de 2020

REMINISCÊNCIAS CANDEENSES.

                                                 VISTA PARCIAL DE CANDEIAS MG. 1948.

Essa quarentena tem mexido com os meus neurônios. Eu tenho encontrado tempo para pensar de tudo. Já pensei no meu tempo de estudante que mais me marcou desde o tempo do meu curso primário em Candeias, no Grupo Escolar Padre Américo. Recordo-me de muitas passagens durante esse tempo que teve o seu primeiro dia em 03 de fevereiro de 1953, quando a diretora era a Dona Stela Marques, esposa do fundador de Candeias, Dr. Zoroastro Marques da Silva.

Esse tempo está muito bem guardado na minha memória, e posso ainda me lembrar de muitas professoras entre elas, as primas, Dona Maria do Carmo Alvarenga e Dona Ninita Alvarenga. --- As irmãs Maria do Carmo Bonaccorsi, Iêda Bonaccorsi e Ione Bonaccorsi. --- As irmãs Zélia, Nenem, Enir e Celinha, filhas do Sr. João Eleutério Parreira, coletor da Coletoria Estadual. Celinha era a filha caçula, recém-formada. que veio a se casar com o nosso amigo, candeense por adoção que ficou guardado na história de Candeias, José dos Santos Portela. 

 Naquele tempo formar uma filha para professora não era fácil. Faltavam professoras em Candeias. Quando uma se engravidava, necessário se fazia vir substitutas de fora, Campo Belo, Itapecerica ou Formiga.

Recordei-me, também, da primeira vez que fui à Câmara Municipal e assisti uma reunião. Eu era muito jovem e posso me lembrar de que o Presidente da Câmara era o meu amigo Edson Cordeiro, vereadores, posso lembrar-me do Sr. Willian Viglioni e Wantuil de Castro, meu tio.

Outra coisa que bateu aqui na minha cabeça jogado pela quarentena é o Horto Florestal e o senhor que trabalhava lá, o Sr. Vitor. Meu pai há anos vinha pelejando para fazer nascer uma semente de tento, esses tentos vermelho e preto que as pessoas usam para jogar truco. Mas nunca teria conseguido. ---- Sr. Vitor disse para o meu pai que nunc teria tentado cultivar aquele tipo de semente, mas que ele teria que coloca-la a ferver porque tinha a casca muito dura. ---- Todas as tentativas foram inúteis e o Sr. Victor acabou desmoralizado na boca do meu pai: “Aquele veio num sabe é nada”.

Outra coisa que mexeu no fundo das gavetas da minha memória foi a inauguração do Campo de Viação em Candeias, quando tiveram muitos políticos presentes, Candeias nesse tempo tinha o melhor prefeito de todos os tempos, o Dr. José Pinto de Resende. ---- Aquele grande coador num poste chamava a atenção de todo mundo. Até então a grande parte dos candeenses pensavam que BIRUTA era gente doida ou perturbada.

Outra coisa que passou pela minha cabeça, foi o cinema de Candeias, o Cine Circula Operário São José. Antes da televisão tinha seções todos os dias. Comumente aos sábados e domingos eram duas seções. O cinema recebia muitos artistas e o ingresso era praticamente o preço da entrada de cinema. --- Lembro-me de alguns como os sertanejos Tibaji e Miltinho. Pedro Bento e Zé da Estrada, Cascatinha e Inhana, Duo Guarujá e o mais famoso sanfoneiro do Brasil o Mário Zan. --- Lembro-me, também, quando estiveram num circo em Candeias, elas eram novinhas, as Irmãs Galvão. Chegaram a Candeias de caminhão leiteiro, vindo de Itapecerica, via camacho.

Com toda essa fermentação no meu cérebro eu não poderia esquecer uma porção de amigos, meus contemporâneos, amigos e colegas de escola. Colegas das primeiras doses, das primeiras farras. Muitos já falecidos, mas ainda vivos em minha memória.

Ontem quando navegava na internet o meu amigo Coronel, O Deoclecio Ribeiro, dedilhando um violão e cantando uma canção de Roberto Carlos Recordei-me imediatamente do seu irmão Flávio Ribeiro do Nascimento, meu contemporâneo, e grande amigo falecido ainda jovem, mas um amigo daqueles que não morrem, pois ficam guardados para sempre nos nossos corações. ----- 

A idade trás para dentro de nós um sentimento nostálgico. Foi como se tivesse o amigo Flávio perto de mim, conversando, tocando violão e cantando como em tempos passados, essa música que Flávio tanto gostava. ----

Outro amigo que veio à tona de minha memória, foi o meu amigo Wanderley Alvarenga, o Ley Careta. Éramos amigos e compadres, levara-me para padrinho de seu filho Cristian. Ley gostava declamar poesias, algumas delas: O Tédio; O jogador na Igreja; Orgulhosa; Meus Oito Anos, um texto sobre Rui Barbosa o Gigante Notável. e muitas outras. “Entre as que a turma mais pedia era ‘A BUNDA QUE VALE TUDO”. esta eu pude encontrar na internet e a coloco aqui como uma boa lembrança do meu amigo querido Wanderley Alvarenga, o Ley Careta.

A Bunda Que Vale Tudo.
Quando ela passa, todo mundo espia.
Não para a cara que não é formosa
E sim para a bunda, tão mimosa.
Em bunda eu nunca vi tanta magia.

Treme, requebra, anseia, rodopia,
Dentro de uma expressão maravilhosa
Deve ser uma bunda cor de rosa
Da cor do sol quando desponta o dia.

E ela bem sabe que sua bunda é boa
Vai rebolando pelo mundo à toa
Deixando a multidão maravilhada.

E eu a contemplo num silêncio mudo
Não pela cara que não vale nada
E sim pela bunda que me valia tudo.
-
-----Ao meu amigo Ley, onde quer que esteja receba o meu abraço.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Candeias Casos e Acasos.


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