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domingo, 1 de junho de 2008

A FIGURINHA DO MEU ÁLBUM


Eu gosto de futebol. Aliás, o brasileiro que não gosta de futebol deve ser uma pessoa incomum, mesmo porque, o futebol no Brasil é uma paixão nacional. Portanto, a pessoa que se diz não gostar de futebol em nenhuma circunstância, trata-se, com certeza, de uma pessoa que está fora dos padrões da normalidade.


Eu não sou aquele torcedor que quer saber de tudo que acontece na vida do seu time ou dos jogadores. Não me interessa saber o salário de um jogador; a sua vida particular etc. Basta-me saber o time que ele joga e se jogou bem. Sou torcedor sequaz da seleção brasileira. Afinal aquele que torce pelas vitórias da seleção brasileira não é apenas um apreciador da arte do futebol, mas sim um cumpridor dos deveres de bom cidadão que honra as cores da sua nação.


Entendo que torcer por uma agremiação esportiva quando esta representa o seu país é uma grande obrigação.Portanto, em épocas dos jogos da copa do mundo, eu fico bastante eufórico e muito ansioso pela vitória do time que leva o nome do meu país. Afinal, esta euforia geral é uma oportunidade que temos de exalar o nosso patriotismo. Na minha adolescência estavam no apogeu da fama os jogadores Pelé e Garrincha. E para mim aquelas jogadas do Garrincha ficaram guardadas na minha memória para sempre. Lembro-me que ao conseguir uma figurinha do Garrincha para um álbum da seleção de 1958, eu cheguei a chorar de alegria. Garrincha foi a “Alegria do Povo” e as alegrias que ele me deu na infância me levam a reverenciá-lo como torcedor do seu time da época, o Botafogo do Rio de Janeiro.


Em Minas Gerais torço pelo Cruzeiro. Talvez pelo famoso tripé que formou o grande nome do Cruzeiro: Tostão, Piazza e Dirceu Lopes... ou quem sabe, pela cor da camisa? Eu gosto muito da cor azul...Sei apenas que não seria capaz de escalar o Botafogo e muito menos o Cruzeiro.


Na minha terra, Candeias, existiam três times de futebol dos quais não tenho noticias se ainda existem: Rio Branco Esporte Clube – Clube Atlético Candeense e Associação esportiva Candeense.O Atlético tinha a sua sede no bairro do Alto do Cruzeiro e a Associação ficava no bairro da Lagem.Mas para mim o mais importante dos times candeenses, não pelo seu estádio e nem pelos seus jogadores, porque eram muito simples, mas sim pela história que para mim representa. Sempre foi e será sempre, mesmo se inexistente, o Rio Branco Esporte Clube, o meu querido “Ranca Toco”, que tinha o seu antigo estádio na Rua Coronel João Afonso, abaixo da Casa Vicente Vilela.


Entre os jogadores eu posso recordar o nome de alguns: Dedé do Alonso, Geraldo Freire, João Delminda, (meu tio) Wantuil de Castro (meu tio), Antonio do Orcilino, Lelé do Conde, Benevides, Zé Curuja, Passarinho e outros. Juiz era sempre o Quintino Enfermeiro e o Técnico era o Miguel Simões.O meu pai, Zé Delminda, era o goleiro e me levava consigo todas as tardes para vê-lo jogar e assistir o treino. E mesmo nos treinos quando aquele goleiro pegava uma bola eu enchia-me de júbilo como se estivesse hoje nas cadeiras dos estádios alemães assistindo o Dida frenar um atacante louco por vazar a rede.


Lembro-me perfeitamente numa partida final de campeonato quando o Rio Branco ganhou do Esparta Futebol Clube, de Campo Belo, por um pênalti agarrado por meu pai que saiu carregado do campo pelos torcedores e colegas de time. Nesse dia eu chorei sem saber por que chorava. Eu misturava o riso com a lágrima sem saber que fenômeno era aquele que me enchia de tanta emoção... Mas hoje sei: era a emoção do futebol. E esta emoção pode estar agora lá na Alemanha, como pode continuar viva após mais de cinqüenta anos, aqui dentro de mim.


Meu pai sempre será a figurinha mais rara do álbum estampado no meu coração!


Onde quer que esteja, meu pai, torça pelo nosso Brasil... nós precisamos de alegria.


Armando, Lagoa da Prata, 17 de junho de 2006.

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