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sábado, 31 de agosto de 2013

A FREIRA E O PINTO PELUDINHO.

Foto para ilustração do texto.

Certa vez, assistindo o programa Fantástico da Rede Globo de Televisão, eu vi o repórter Zeca Camargo em uma excursão pelo mundo, experimentando as iguarias pelos países em que passava. Chegando às Filipinas, ele tentou comer um ovo cozido, após dezoito dias de incubação, ou seja, o denominado ovo choco para nós brasileiros.

 O rapaz apesar de ser um repórter experiente e de estar imbuído da missão jornalística de mostrar aos brasileiros os variados costumes alimentares de outros países e mesmo, ainda, sendo um cidadão viajado e de ter experimentado os diferentes e exóticos tipos de alimentação de outros povos, não deu conta de comer o tal ovo galado e encubado por dezoito dias. Ele tentou, contudo, por mais que se esforçasse não conseguia provar aquele tipo alimento de aparência horrível que para nós brasileiros seria, simplesmente, uma coisa repugnante.

 

Eu que, então, residia na cidade de Lagoa da Prata e tinha como vizinha uma irmã de caridade filipina, corri para comentar, com a mesma, sobre a referida reportagem em que um repórter brasileiro não teria suportado sequer sentir o cheiro daquela “coisa”.  A freira que, também, assistira o dito programa, disse-me que teria ficado com água na boca e que desejou muito estar ao lado daquele jornalista para que não fosse desperdiçada aquela delícia.

 

Naquele momento, comentou que aquele tipo de ovo era uma das iguarias mais apreciadas em sua terra natal. Repetiu com ênfase os termos da reportagem, dizendo ainda, que tanto o ovo incubado de pato quanto o de galinha tinha a mesma aceitação entre a população. Mencionou que aquele alimento pode ser adquirido em qualquer feira das cidades e que é chamado, por lá, de “balut”.

 

Continuou explicando que quando o ovo completa dezoito dias de incubação está no ponto ideal, pois o pintinho já se encontra cabeludinho, o que fica uma delícia. Concluiu dizendo que, infelizmente, desde que viera para o Brasil não tivera como degustar tal acepipe tão comum em sua terra, tendo em vista se tratar de um petisco impossível de ser conseguido no nosso meio.

 

Eu que criava galinhas, em meu quintal, e no intuito de agradar a minha vizinha estrangeira, resolvi lhe prometer colocar alguns ovos sob uma galinha para que, após os dezoito dias ideais, ela pudesse se deliciar com uma iguaria tão difícil de ser conseguida aqui no Brasil.

 

Diante dessa promessa, a freira deu até pulos de alegria. Logo, preparei uma galinha e a coloquei para chocar quinze ovos, cuidadosamente, escolhidos e já comecei a aguardar o dia de fazer a entrega para a pretendente.

 

Chegado o dia “D”, preparei os ovos em um tacho de água fervente e, após cozinhá-los, os entreguei à freira que os recebeu na maior felicidade. E eu, feito uma besta, lhe disse que gostaria de vê-la experimentar um ovo daqueles visando confirmar a minha cortesia. E ela, em um verdadeiro orgasmo, tomou-se de sal e pimenta do reino, quebrou um ovo daqueles e começou a comê-lo na minha presença. Aquele pinto peludo exalando um cheiro horrível e a velha senhora comendo aquilo como que se estivesse degustando o alimento mais saboroso do mundo.

 

Diante daquilo, apressei-me em me retirar dali haja vista que, por mais um pouco, eu teria vomitado na presença dela. Foi uma coisa horrível ver aquela freira comer aquele ovo mal cheiroso, além de acumular em mim o remorso de ter cozinhado vivo os pobres viventes que estavam para nascer. Todavia, como eu fiz aquilo com a melhor das intenções, acredito que fui perdoado ao pedir perdão aos céus diante daquela extravagância.

 

No dia seguinte, a minha mulher que estava cheia de curiosidade quis saber da irmã o que teria achado do agrado que eu lhe teria proporcionado e a velha freira toda empolgada, parecendo uma nubente na noite de núpcias, disse sem titubear:

--- Pintinho cabeludinho munto gotoso! Delicioso! Adorê e comê tudo!..

 

Armando Melo de Castro

 

 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

PULANDO O MURO PARA COÇAR O INHAME.

Dona Zica era uma mulata de meia idade que morava na Rua José Furtado, no Bairro da Gruta, em Candeias, na época em que fomos vizinhos, no final da década de 50, quando minha família residiu naquela rua até que meu pai construísse a nossa nova casa na minha querida Rua Coronel João Afonso Lamounier.
De estatura média, rosto bem traçado, cabelo hirsuto, ela gostava de uma saia de brim grosso na cor marrom. Dizia que essa cor sujava pouco, portanto, era a sua preferida e na parte superior do traje usava sempre uma blusa de algodão encardida. Tinha uma falha no dente da arcada superior que jamais lhe intimidou na hora de dar uma de suas boas gargalhadas. Possuía, ainda, os traços bem feitos, contudo, faltava-lhe um bom trato.
Seu marido era um desses chamados “brancão”. Olhos esbranquiçados, cabelos amarelados, sujos, mal cuidados e a barba por fazer. Parecia ser bem devagar  ou bem pachorrento. Não parecia ser um homem do padrão agradável para uma mulher. Quando passava perto da gente, exalava um forte cheiro de gambá morto. Dava a impressão que fazia uso da água somente para beber. Eu suponho que ele nunca teria usado um desodorante na vida.
Suely, a filha caçula do casal, tinha 16 anos de idade. Era uma donzela de encher os olhos de qualquer adolescente. Tinha a bundinha estufada, a cintura fina, com pernas grossas e gostosas, o cabelo liso, os dentes perfeitos e uma voz doce. Tudo na Suely era de tirar o chapéu.
Raimundo, o filho mais velho, era a cara do pai. Os dois viviam pelas roças e, somente nos fins de semana, estavam em casa. Dona Zica, que mandava e desmandava na família, dizia que aqueles dois homens que Deus lhe pusera na vida eram dois pamonhas e que seriam capazes de pedir tempo a Deus para morrer de repente.
Eu gostava muito de dona Zica. Eu, com os meus 12 anos, era bobo feito um tatu de galocha e respondia, quase sempre, somente as perguntas que me faziam. Sentia-me muito inibido para puxar um papo com alguém, dando a aparência que tinha vergonha, inclusive, da minha voz. Mas eu tinha uma coisa comigo: pensava mais do que todo mundo. Aliás, como diz o provérbio árabe: “Alá fez o homem com dois ouvidos e uma só boca para que este falasse menos e ouvisse mais”. Conseqüentemente, dado ao meu jeito de ser, eu falava pouco e ouvia muito, muito mais. Além disso, eu via muita coisa boa lá na casa da dona Zica. Como eu estava entrando na adolescência e apesar de ser mais novo do que a sua filha Suely e como ela era muito fresca, dada feito uma franga de galinheiro se enfeitando pra botar começava a brotar em mim aquela sensação de um frango querendo virar um galo. Ela, com certeza, pressentia que eu gostava de encarar as suas belas pernas desnudas, assim, salientava-as sem muito pudor para mim. Logo, a minha vergonha era incubada e os meus instintos obedeciam aos meus olhos que catavam toda a safadeza da Suely.
Mas, como eu ia dizendo, eu gostava muito de dona Zica. Talvez, por eu ser um menino tímido, ela me dava muita atenção e eu acabei ficando cativo dela. Ela ria, contava caso e xingava ao mesmo tempo. Brigava todos os dias com a sua filha e, aos fins de semana, com a família toda.
Certo dia, por volta da meia noite, quando a rua estava silenciosa, deu-se a impressão que uma bomba havia caído na casa de dona Zica. A Suely passou mal, teve enjôo e foi chamado, imediatamente, o médico da cidade, o Dr. Daniel Barbato. Ele, após medicá-la, comunicou aos familiares que a menina estava grávida. O médico saiu corrido da casa de dona Zica imaginando, naturalmente, que o mundo estava acabando.
O rol de palavrões saiu quase que num tempo só da boca de dona Zica, referindo-se ao suposto pai da criança, Roberto, filho de um empregado da Ferrovia. O rapaz andava manso, bem solto dentro da casa de dona Zica, prometia casamento e agora se descobria que ele estava, silenciosamente, era sangrando a coruja bem devagarzinho e, com isso, vinha ao mundo, agora, mais um candeense, um mineiro e um brasileiro.
Dona Zica ficou tão furiosa que ordenou ao seu marido que matasse o garanhão, pai da criança, no caso dele não assumir o casamento. Afinal, ela não queria ter um neto posto no mundo através de uma filha, tipo mosca varejeira. E o seu marido, coitado, que estava acostumado a obedecê-la em tudo, ficou bravo pela primeira vez na vida:
Cê tá doida, Zica! Onde já se viu matá um home! Eu nunca matei nem uma galinha, vô, agora, matá um home!? Sô cê ocê quizé matá! Eu não! Dijeito nium!...”
E o rapaz, irmão da moça, chamado Raimundo, para não dizer que não opinava, gritou do canto da sala, em apoio ao pai:
---Quem mandou ela se arreganhá! Agora, tem qui guentá!
E assim, o rapaz, pai da criança, debaixo daquele frege todo devido à gravidez da moça, sumiu, escafedeu-se, cascou fora como diziam os comentaristas do alheio.
A casa de dona Zica era uma bagunça danada. Parece que via vassoura uma vez por semana. Os utensílios de cozinha eram mal lavados em uma bacia no terreiro sobre um pequeno estaleiro feito por ela mesma, não havia água corrente em casa, o urinol ficava sempre cheio debaixo da cama, existia um gato no canto do fogão, era cachorro apostando comida e a água usada na casa era colhida na cisterna do vizinho. Naquele tempo, nem todas as casas possuíam água corrente e nem luz elétrica. Todo mundo que passava pela rua escutava, naturalmente, a falazada de dona Zica no interior da sua casa:
---Se eu morrê, oceis tá é  frito, cambada de pamonha! Aqui, tudo puxou a lesma do pai. Aquele já nasceu com a bunda caída e os óio branco. Eu bem que divia era de tê arrumado pá casá um criolo com mais sustância.
Diziam as más línguas que dona Zica era bem chegada a um negão das bandas do Juca do Nico. Muitas pessoas já o teriam visto pular o muro do fundo do quintal para sangrar a coruja às altas horas da noite. Outras vezes, viam-no em visita durante o dia, quando dona Zica dizia que se tratava de um primo por parte de mãe. Todavia, ninguém acreditava nesse suposto parentesco. A verdade é que os dois coçavam o inhame, tranquilamente, quando o marido e o filho estavam para as roças e a filha na aula de costura.
Certo dia, dona Zica que já falava alto, começou o dia falando mais alto ainda. O motivo era que o pai do rapaz que engravidara sua filha apareceu em sua casa tentando fazer um acordo com ela, uma vez que o filho ainda estava foragido devido àquela situação, saindo da cidade com medo que lhe acontecesse algo de ruim, pelo fato de ter engravidado a moça com quem prometera casamento, mas que não estava disposto a cumprir tal promessa:
---Bom dia, dona Zica!
---Bom dia, mas, se o sinhor tá vino aqui pá pidi pinico, pode é tirá o cavalo da chuva e dipindurá os arreio.
---Eu vim aqui, dona Zica, é porque nóis precisa intrá num acordo, sô. Vamo isperá o minino nascê prá nois vê o que nois fais, uai. Se ele fô paricido com o meu fio, eu sô o primeiro a fazê ele casá, nem qui seja na marra. Agora, se num parecê, aí a senhora vai me discurpá, mais num vai tê casório não.
----Some daqui, seu disgraçado! Ocê tá pensando que a minha fia é dessas vagabunda, tá?
---Eu num tô pensano nada, dona Zica! É que o meu fio falô que só deu umas pincelada na sua fia e pincelada num dá pá fazê fio, não? E dispois já tá na boca do povo que ela é iguarzim a mãe! É chegada num neguinho. A senhora já oviu falá num cabritão, chamado Zico Barba das banda do Juca do Nico? Pois é! A sinhora diz que ele é primo da senhora, Dona Zica, acuntece que ele é muito amigo meu e eu sei de tudo da vida dele e o meu fio tamém sabe. O que a senhora acha então de aceitá o meu acordo, dona Zica?!
Assim, dona Zica, teve que se render e acabou assentando em seu próprio rabo.
Armando Melo de Castro
Candeias Casos e Acasos mg
 
 
 
 

domingo, 11 de agosto de 2013

O MEDO.

Foto para ilustração do texto.

O medo, a meu ver, nada mais é do que um problema de inquietação imaginária, de ordem psicológica, criado pelas religiões. Existem religiões que falam mais do diabo do que em Deus. Afinal, dominar alguém com medo é muito mais fácil. Para mim, o medo é um verdadeiro diabo que vive dentro de nós. Será que existe alguém que realmente nada tema? Eu duvido. Parece que, para cada caso, existe um tipo de medo. É o medo da morte, o medo de feitiço, medo de avião, medo de assombração, medo de doença, medo da velhice, medo disso e medo daquilo, enfim, são tantas situações causadoras do medo que seria difícil enumerá-las todas aqui.

 

Eu não acredito que exista alguém, em sã consciência, que possa dizer que não tem medo de nada. Entretanto, no caso de existir alguém que, na realidade, não sinta qualquer tipo de medo, com certeza, um medo lhe estará reservado: o medo do diabo.

 

Conheci um candeense chamado Lázaro da Dica. Um homem enorme que bebia um litro de cachaça, que brigava com a polícia e se escondia no cemitério. Um dia, ele fez a seguinte confissão: tinha muito medo do diabo.


Zé Queijo, um padeiro candeense, que também foi coveiro no cemitério São Francisco, não tinha cismas, contudo, um dia ouviram-no dizer que o seu medo era do diabo porque esse bicho andava solto...


Joaquim Meia-noite, um roceiro das bandas da localidade dos Arrudas, andava somente à noite e, principalmente, depois da meia noite. Dizia ser um apreciador do barulho das matas na madrugada. Mas, em compensação, dizia sempre ter medo dos malefícios oriundos de um feiticeiro porque eles tinham parte com o diabo.

 

O medo, do ponto de vista científico, é um sentimento inerente ao ser humano. Pode ser definido como uma sensação de que algo ruim está para acontecer a qualquer momento seguindo-se por sintomas físicos que incomodam ou por um sentimento vivenciado diante do perigo. Quando esse medo é excessivo e irracional em relação à ameaça, apresentando fortes sinais de perigo e acompanhado de comportamento de esquiva diante das situações causadoras do medo transforma-se em fobia, crise de pânico e outras situações específicas. A fobia é, portanto, um dos transtornos de ansiedade mais apresentados pelo ser humano e um dos distúrbios psicológicos mais estudados.


Sob o ponto de vista religioso, as crenças criaram um conjunto de dogmas doutrinários no sentido de cultuar a Deus onde o medo do diabo é ingrediente indispensável para aqueles que se dizem evangelizadores. Existem, por aí, igrejas que vivem assustando os seus fiéis com ameaças psicológicas. Criam-se um diabo que causa medo e que faz oposição a Deus. Ora, se Deus é onipotente, onipresente, onisciente e bom; se Deus é o Criador de todas as coisas, por que ter medo do poder desse diabo? Mesmo se existir, não será opositor a Deus. 


Tanto Deus quanto o diabo estão dentro de nós mesmos. Agora, o que me implica são esses pastores vigaristas, exploradores da fé de pessoas humildes sem qualquer conhecimento teológico e sem qualquer cultura. Pessoas que vivem em um clima místico, criado por esses ladrões da ingenuidade humana que vão infiltrando na cabeça dessa pobre gente ignorante uma pressão psicológica, um temor imensurável, inclusive, ameaçando-lhes diante do medo do diabo, colocado na cabeça desse povo, ao lado de Deus, propondo-lhes curas milagrosas. É claro que milagres existem, mas não do jeito que prometem. As religiões se tornaram um comercio onde se vendem milagres.

 

À bem da verdade, esses hipócritas acharam o caminho da mina, pois, Deus e o diabo, por uma questão cultural bíblica, sempre andaram juntos e é muito mais fácil alimentar o medo do que eliminá-lo, mesmo tendo Deus como forte e bom. Afinal, o diabo é o símbolo do mal que causa medo e que pode ser transformado em fobia, cuja cura está em Deus. 


Esses pastores são como baratas: “mordem e depois assopram” e o lamentável é que essa gente que não tem uma condição cultural lógica para se livrar desses mercenários do Cristo, tiram o seu alimento da boca para enfiá-lo nos bolsos desses exploradores. O que muitos não sabem é que para se aproximar de um desses pastores, durante um programa de televisão, é feito uma triagem na qual são aproveitados os pobres alucinados e fanáticos.

 

É de todo patente que as pessoas, em um estado emocional desajustado, têm uma reação orgânica cujas dores somem. Outros são hipocondríacos e sofrem de doenças criadas pela própria mente. E existem ainda as chamadas dores fantasmas quando alguém, por exemplo, tem uma perna ou um braço amputado e continua a sentir a dor e a coceira na parte do corpo atingida. E, assim, diante dessas lavagens cerebrais, veem, temporariamente, os seus males extirpados que, entretanto, logo depois estão de volta. A mente humana inventa, acrescenta, destrói e guarda coisas impressionantes e, para isso, esses vigaristas são bastante organizados.

 

Eu tenho um amigo morador na Avenida JK, no Bairro Bom Pastor, em Divinópolis. Trata-se do Silvano, técnico em consertos de geladeiras. Ele tem um problema sério de coluna. Já teria consultado com diversos médicos e feito vários tratamentos e nada de se curar. Envolvido como telespectador desses programas de televisão religiosos, nos quais aparecem esses religiosos milionários como RR Soares, Valdomiro Santiago, Edir Macedo e outros tantos que se dizem curadores em nome de JESUS CRISTO, Silvano foi parar em Brasília por intermédio de parentes que afirmavam que um vigarista dessa estirpe o curaria do seu grave problema de coluna.

 

Silvano voltou curado de Brasília para a surpresa de pessoas que, como eu, jamais dava crédito a esse tipo de conversa fiada. Chegou quase que pregando o evangelho, dizendo ter encontrado Jesus e, enfim, ter sido curado pelo Senhor Jesus. Dizia-se curado por obra do Divino Espírito Santo. Dizia-se curado pelas mãos de um pastor curador.

 

Ao me encontrar com o Silvano, cheguei a ficar assustado e, no meu íntimo, pensei: “Será que estarei errado em meus pensamentos meu Deus?!” Cheguei, sinceramente, a ficar em dúvida com os meus conceitos e imaginei, talvez, que eu, no fundo, não acreditasse suficientemente em Deus?! Assim, me questionei: “Será que falta a fé cristã em mim”?!

 

Após vinte e um dias ou três semanas, encontrei-me, novamente, com o Silvano, em plena Rua Goiás, centro de Divinópolis e num impulso perscrutável, perguntei:

 

---E aí, Silvano! E a coluna? Sarou mesmo?

 

E ele, com um semblante desanimado, doentio e de pouca esperança disse:

 

---Ah! Nada, Armando... Voltou tudo de novo! Sinceramente, parece que estou até pior. O meu medo é ficar prostrado em uma cama.

 

Todavia, como esses religiosos costumam dizer: Foi a fé do Silvano que foi fraca... Então, por que não o alimentam com a fé? Se eu devo levar a fé para ser curado é como se eu devesse levar o banco para me assentar dentro da igreja porque de pé eu não suportaria as dores nas pernas. E depois tem mais: 

                          
Jesus Cristo ressuscitava os mortos e o seu último milagre foi curar uma orelha decepada de um judeu na hora da sua prisão. (Lucas 22.49.51) Onde se encontrava a fé dessas pessoas? Puro efeito placebo.

 

Armando Melo de Castro.
Candeias MG Casos e Acasos.




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O CANDEENSE ZÉ GALINHA.

Foto para ilustração do texto.
Hoje, pela manhã, quando eu descia a Avenida Barão do Rio Branco, em Juiz de Fora, defrontei-me com um anão. O pigmeu, que deveria ter no máximo um metro de altura, tinha uma pose de artista de circo e vestia-se, exageradamente, com uma camisa de várias cores, uma calça azul celeste, uma bota branca e estava acompanhado por uma mulata que, da mesma forma, parecia se tratar de uma figura circense.
Apesar do minúsculo talhe, o pequeno cidadão não se intimidava com o olhar curioso das pessoas, principalmente, os das crianças. Ele impunha uma postura elegante. Sorria para as pessoas enquanto as crianças paravam para observá-lo. Até que um engraçadinho, talvez torcedor do Galo, falou alto:
---“Peida aí, anão, pra gente ver a poeira levantar”.
Daí, o anãozinho virou-se para trás e deu uma enfezada fisgada no olhar e gritou:
---“Vai à puta que lhe pariu, seu desgraçado!”.
Isso foi um show a céu aberto para as pessoas que estavam por perto.
À vista da reação do anão, veio à borda das minhas lembranças o nome de uma pessoa que há muitos anos se encontra guardado no armário das minhas memórias: Zé Galinha.
Zé Galinha era um candeense dos mais viajados. Estatura mediana, cabelo liso, barba bem feita, pele branca, contudo, sempre foi bem chegado a uma neguinha. Chegou até mesmo a se casar com uma que, logo depois da noite de núpcias, deu um jeito de cair fora. Diziam as más línguas que a mulher não o teria aguentado. É que ele era bem avantajado quanto a sua sexualidade. Alguns diziam que ele era um raro cavalo de cinco pernas e outros, ainda, afirmavam que Zé Galinha era um autêntico jumento.
Certa vez, recém-chegado a Candeias, ele recebeu uma carta pela qual o missivista, um gay, naturalmente, iniciava a sua narrativa assim:
---Querido, como o seu “Falo” me deixou sem fala. Você é maravilhoso!!!
Eu era um menino bobo, sem maldade e ainda não sabia interpretar o que as más línguas diziam de forma metafórica e nem como os gays se expressavam relativamente a uma adoração.
Sei apenas que Zé Galinha era um cara legal, muito alegre e brincalhão. Era como um meninão. Gostava de fazer mágicas para as crianças, enfiava um palito de fósforo pela boca e o fazia sair pelo nariz. Até hoje eu não consigo entender como que o Zé Galinha fazia aquilo. Acho que aprendeu essas coisas acompanhando os circos. Nos vários circos que chegavam a Candeias, Zé Galinha, rapidamente, se enturmava com os membros da trupe. Às vezes, fazia papéis de figurantes nas peças teatrais, outras vezes era contratado para ajudar a montar e a desmontar o itinerante. Não foram poucas as vezes que Zé Galinha foi embora acompanhando um circo ou um parque. Entretanto, depois de algum tempo, sempre acabava voltando, fazendo as suas graças e mágicas. Entre as inúmeras piadas e casos que eu ouvira de Zé Galinha, houve um que jamais me esqueci cujo tema era um anão:
Dizia para todos que havia trabalhado em um circo no qual havia um anão maneta, ou seja, que possuía apenas um braço normal, e, nesse caso, era o esquerdo. O braço direito ele já não o tinha desde o nascimento. Existia apenas um cotó com dois dedinhos e neste cotó ele usava o relógio de pulso.
Certo dia, Zé Galinha sugeriu ao anão que usasse o relógio no braço esquerdo. Afinal, costumeiramente, usa-se o relógio no braço esquerdo. E depois, este braço do anão era normal. Foi quando o anão, muito irritado, lhe disse:
---E na hora de dar corda no relógio, eu chamo a puta da sua mãe, seu corno?!
É isso aí, aquele que pensa que anão é manso porque é pequeno, está muito enganado.
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

sábado, 20 de julho de 2013

UMA CÓLICA DE RIM.


Foto para ilustração do texto.
Zeferino veio da zona rural para tentar viver na cidade. Ele era uma verdadeira pamonha. Se não fosse a sua mulher se matar na lavação de roupa, na cata de café e na venda de coisas de porta em porta, o filho Pedrinho nem teria o que comer.

Não possuía uma profissão. Para a labuta de roça, ele não prestava. Morou de agregado em uma fazenda pelos lados da cidade de Camacho e, segundo contavam, era do tipo Jeca Tatu, o famoso personagem de Monteiro Lobato. A diferença é que Zeferino não tomava lombrigueiro e nem Biotônico Fontoura, portanto, era pior que o próprio Jeca, haja vista ter ficado a vida inteira como um lombriguento dizendo que isso ou aquilo não valia a pena. Até que um dia se viu sem qualquer expectativa de trabalho no campo e resolveu ir para a cidade. Mal sabia ele que na cidade a sobrevivência seria muito mais difícil, isso porque na cidade há gastos como casa para morar, consumo de luz, leite, água, verduras e outras coisas mais que empregado de fazendeiro, às vezes, não compra e nem paga.

O único serviço que Zeferino arrumou foi o de servente de pedreiro. Todavia, chegou um determinado momento que nenhum pedreiro o queria como seu ajudante. Ele era mole demais, reclamava de tudo, chegava atrasado ao serviço e era sempre escravo do relógio. Vivia se queixando de ser pobre e era, demasiadamente, invejoso. Para ele, Deus não era justo porque uns tinham carro e outros, como ele, não tinham. Alguns possuíam casa para morar e outros, como ele, não possuíam. Além disso, ele reclamava de não poder comer carne todos os dias, uma vez que esta era a iguaria que Zeferino mais gostava.
Galinha que caísse em seu terreiro entrava na sua panela. O mandiocal no lote vizinho do Antônio do Bastião quase acabou. Zeferino estava tão à vontade para roubar as mandiocas do Antônio que chegava a arrancá-las para vender.
Zeferino era um sujeito bem feio. Ele era baixo, cheio, cabelo amarelado com a forte aparência de sujo, com barba de bode, tinha apenas o queixo e o bigode, com dentes mal cuidados e uma grande pinta junto ao pé do cabelo e ainda uma grande verruga no alto da orelha esquerda parecendo um brinco de cabeça para baixo. Com uma voz mansa, muitas vezes, precisava pedir para repetir o que dizia. Devia ter uns trinta anos, mais ou menos. Era casado com uma mulher completamente avessa a ele, pois ela era trabalhadeira e muito bonita. Quando passava notava-se o seu corpo balançando dentro do vestido e os apreciadores comentavam: “O que essa mulher viu naquele Zeferino? Isso é um bife na boca de um cachorro!”

Eles tinham apenas um filho. Pedrinho com apenas seis anos de idade, era como diziam: “O pai escarrado”. Dava para ver que o filho seria no futuro o espelho do pai.

Era tipo de marido que não aborrecia a mulher. Vivia elogiando a patroa e, constantemente, dizia que se tratava de uma mulher honrada, que não o traía e que, ao final, teria dado muita sorte ao encontrá-la na vida. O vizinho dos fundos, que também era dono do barraco em que vivia Zeferino, criava galinhas soltas e, às vezes, passava para o pequeno quintal de Zeferino um frango ou uma galinha que nunca mais voltavam. Ele, cuidadosamente, furava um buraco e enterrava as penas do galináceo. Gostava bastante de uma galinha feita à moda cabidela, com quiabo e angu, acompanhados de arroz e uma caprichada garrafa de pinga e, para isso, era esperto.

O vizinho senhorio descobriu que as suas galinhas estavam vasando no buraco da cerca, contudo, não disse nada. Certo dia, ele chegou a ver quando Zeferino, cuidadosamente, jogava milho para atrair a galinha a fim de subtraí-la de seu dono.
O vizinho chamava-se Geraldo e vivia da renda de uns barracos alugados e de um sítio em que produzia alguns litros de leite, uns porquinhos e outras coisas mais. Contava, mais ou menos, com uns quarenta anos e se encontrava, portanto, na idade do lobo. Tinha a estatura mais que média, a cabeça sempre coberta por um chapéu cowboy, a cara redonda, a barba bem feita e um bigodão de sopa. O pescoço era curto e as roupas bem aprumadas. Quando passava, exalava um cheiro forte de perfume de feira e o seu porte traduzia um tipo de Dom Juan barato. Enviuvou-se há algum tempo, acabando por morar sozinho e vindo a cozinhar a sua própria comida. De vez em quando, aparecia uma mulata para lavar a sua roupa e limpar a sua casa. Diziam as más línguas que a cabrocha também lhe prestava outro tipo de serviço.

Zeferino recebia, de vez em quando, a visita do vizinho que, às vezes, tomava com ele um gole de pinga, comia um pedaço de mandioca frita como tira-gosto e comendo, por muitas vezes, até mesmo um pedaço de suas próprias galinhas. Por seu lado, Geraldo também se fazia agradável trazendo-lhe uma dúzia de ovos, um molho de couves, um pouquinho do feijão do sítio, um pedacinho de carne etc e tal e, assim, no beira-beira de vizinho, Geraldo se encontrava, habitualmente, papeando na cozinha do Zeferino que se sentia muito honrado com aquela hospitaleira e lucrativa amizade.

 Vendo Zeferino sem trabalho, Geraldo resolveu empregá-lo em seu sítio cujo trabalho seria tomar conta dos porcos, das galinhas, das poucas vaquinhas e da pequena horta de couve. O salário era pouco, mas, para quem estava sem fazer nada foi um verdadeiro achado.

Por ocasião da visita do antigo Bispo da Diocese de Oliveira, em Candeias, Dom José Medeiros Leite, era hora de crismar o Pedrinho e o vizinho, o senhorio, o patrão e amigo de cozinha, se tornaria agora, também, o seu compadre. Geraldo foi convidado para padrinho de crisma do Pedrinho. Dessa maneira, foi uma festa a crisma do menino. O compadre Geraldo presenteou com uma leitoa, duas galinhas e dez litros de leite para a festa, sem contar o marrão de caruncho dado de presente para o afilhado. Assim, era cumpá Gerardo daqui, cumpá Zifirino dali, cumá Maria de cá e, nessa toada, foi sendo tocada a vida por ali. Cumpá Gerardo já quase não ia ao sítio. - “Lá, quem cuida é o cumpá Zeferino! dizia sempre.

Certo dia, quando estava no sítio, foi acometido por uma forte dor nos rins e resolveu ir embora para a casa a fim de cuidar de seu incômodo problema. Contudo, ao entrar em sua casa, pela cozinha, através de um pequeno portão ao lado do barraco, escutou uns gemidos de quem estava subindo a escada de um orgasmo. Ele parou e, cautelosamente, ficou ouvindo o que se passava no interior do seu quarto e reconheceu a voz da Maria e do cumpá Gerardo que com voz cansada dizia:
--- Cumá do céu! Ocê sabe fazê o negócio bem feito, sô! Ocê é muito mió do que eu pensava!
E ela respondia, candidamente:
--- Ah, cumpá, isso é a sicura que eu tava nela. Eu já tava ficano era doida.

Diante disso, Zeferino dá um tempinho e, logo depois, resolve ir até ao quarto em cuja porta havia somente uma cortina de chita. Neste momento, ele vê o seu cumpá assentado aos pés da cama sem camisa e a Maria lhe passando as mãos nas costas, com os cabelos despenteados, as roupas amassadas e um olhar molengo fluindo orgasmo como se tivesse se despencado do último degrau de uma escada orgásmica.

---Uai, o quê que acunteceu cumpá Gerardo?
---Nada não, cumpá Zifirino! Eu qui pidi pá cumá Maria tirá um berne nas minhas costa. O diabo do bicho tava me incomodano.
---Êh, cumpá Gerardo! Cala a boca, sô! Incomodado tá é eu com uma corca de rim das braba. Mais qui trem danado, rapaiz!...

E a vida continuou...

Armando Melo de Castro.
 Candeias Casos e Acasos


























segunda-feira, 8 de julho de 2013

CARTA MEDIÚNICA AO FUNDADOR DE CANDEIAS.


Dr. Zoroastro Marques da Silva e Juscelino Kubitschek de Oliveira.
(Foto Clara Borges.)


Meu querido Dr. Zoroastro Marques da Silva.

Hoje, pela manhã, tomei conhecimento das últimas manifestações feitas pelo povo brasileiro nas ruas do nosso país. Manifestações essas que ocorrem há semanas demonstrando a imensa indignação popular com um governo corrupto e corruptor; imoral e amoral; omisso e negligente; infactível e impraticável que se instalou no país. O Brasil que possui um índice de arrecadação de impostos dos mais elevados do mundo poderia, não fosse a corrupção e o desperdício do governo, atender melhor à população que vive dentro de uma precariedade triste e injusta. E nesse momento, eu pensei e me lembrei de você, Dr. Zoroastro. Lembrei-me do político honrado que sempre foi. Recordei-me, obviamente, do seu porte elegante, do seu cigarrinho de palha, de sua forma clássica no trato com as pessoas e, em virtude dessa lembrança, resolvi lhe escrever esta carta.

Concomitantemente, não poderia deixar de me lembrar do médico que você foi. Aliás, você foi um médico diferente. Talvez, um dos poucos que cumpriram fielmente a solene promessa constante no Juramento de Hipócrates.

Infelizmente, o que assistimos, no âmago da medicina, não tem muito a ver com esse juramento. Os médicos de hoje, com raríssimas exceções, não são caridosos e muito poucos são aqueles que exercem a medicina como a arte de curar. Eles são, em sua maioria, profissionais mercenários que buscam na medicina o dinheiro, a riqueza e o status. Você, Dr. Zoroastro, foi um médico de verdade, na acepção da palavra, que labutou em meio a um povo pobre. O dinheiro nunca foi a sua ambição e o seu objetivo. A ambição que possuía era de buscar, junto aos grandes políticos da Nação, as melhorias para o povo da sua cidade, a nossa querida Candeias. Terra onde nasceu e somente se ausentou para buscar o seu diploma de medicina no Rio de Janeiro. Sua esposa, Dona Stela, carioca da gema, veio com você e se juntou a nós. E veja que para sair da cidade maravilhosa e vir morar em Candeias, quando aqui ainda era um distrito, seria preciso muito amor ao marido.

Pensei, também, Dr. Zoroastro, como você foi um homem pobre quando poderia ter sido muito rico. Tornou-se político para presenciar a prosperidade de sua terra, fazendo, pelas suas mãos, aquele pequeno distrito da cidade de Campo Belo a se tornar emancipado sendo-lhe, com o maior mérito e justiça, o seu primeiro prefeito. E dessa maneira, foi um prefeito honesto e um médico íntegro. Enfim, um grande homem honrado.

Na verdade, Dr. Zoroastro, você pagou, naquela época, para ser um político e um médico honesto isto porque sempre fora, na essência, um homem de bem. Nasceu rico e morreu pobre apesar de ter sido um homem extremamente trabalhador. Como você foi um político exemplar! Era aquele que abraçava os adversários e os parabenizava pela vitória. Que dignidade! Você, Dr. Zoroastro, perdeu eleições, mas, nunca saiu como um derrotado.

Preciso, ao recordar-me de sua figura pública, contar-lhe, nesta oportunidade, o que se passa aqui na terra. E vou começar por Candeias:

Ser prefeito, nos dias de hoje, não é uma glória, é uma vanglória. Vereador é melhor ainda. Já tivemos alguns prefeitos processados e presos por corrupção. Na área de saúde, o povo até morre por falta de recursos. Há, por aqui, um hospital inoperante por falta de apoio político. Não existem lideranças no município. Os governantes do município desconhecem a própria história de Candeias e, se conhecem, fingem não conhecê-la, haja vista que na morte de um dos nossos pracinhas, o Sr. Humberto Pulhes, (Neném do André) os políticos não se manifestaram. O então prefeito do município nem sabia de quem se tratava. E se houve, ainda, uma manifestação honrosa diante do féretro do nosso herói, foi graças à iniciativa de alguém que lhe é muito especial, a sua filha Dalva, Dr. Zoroastro. Este acontecimento é a maior prova de incompetência da política social dos atuais representantes candeenses.

Os grandes políticos não põem mais os pés por aqui. Apenas aparecem, em Candeias, os políticos do baixo clero. Uns elementos sem qualquer representatividade, incultos, sem biografia política. Enfim, aqueles candidatos preferidos pelos políticos locais, por serem do mesmo baixo nível intelectual que por serem, ainda, pessoas restritas e provincianas sabem apenas babujar um candidato que somente sabe prometer o que nunca cumpre e que só aparece em época de eleição.

Você, Dr. Zoroastro, encarou grandes homens do nosso Estado como um Juscelino Kubitschek, um Benedito Valadares, Bias Fortes, José Maria Alkimim, Gabriel Passos e tantos outros. Por falar em Gabriel Passos, Dr. Zoroastro, o Sr. acredita que tiveram a desfaçatez de trocarem o nome da minha rua que tinha o nome desse ilustre cidadão mineiro cujos feitos elevaram o país e que tanto lhe ajudou na emancipação do nosso município, pelo nome de um cidadão que nunca fez nada por Candeias. Um fulano por nome de José Hilário da Silva que vivia se desfazendo, de nossa Terrinha.

Vereador de pouco mais de meia dúzia de votos. Por isso eu reitero que os nossos políticos atuais não conhecem a nossa história. Há pouco tempo, em uma justa homenagem, reconheço, em verdade, modificaram o nome da Praça da Fraternidade para Praça Nestor Lamounier. Todavia, esta, pelo menos, foi uma troca justa, mas, acredite que, até hoje, não colocaram as placas com o nome do Sr. Nestor Lamounier. Acredito que se o Nestor fosse vivo, os cata-votos já teriam tomado essa providência.

No nosso Estado de Minas Gerais, ocupa a cadeira de seus velhos amigos Juscelino e Benedito Valadares, uma figura chamada Pimentel. Contudo, ainda não tem sido o pior. Já tivemos, como governadores, cidadãos de péssima espécie: um que atende pelo nome de Newton Cardoso, corrupto descrito em todas as letras. Esteve, igualmente, por lá um grande manguaceiro, por nome Hélio Garcia e teve, ainda, tal Eduardo Azeredo que vive sob os escombros do chamado mensalão mineiro, um grande escândalo de corrupção em Minas Gerais representando uma mensalidade paga com dinheiro público a parlamentares inescrupulosos para votarem com o governo.

Tivemos, também, o Itamar Franco. Dizem que era honesto ou, pelo menos, nada veio a público que o desabonasse neste quesito, mas, era um temperamental. Dava chilique a toda hora e tapas nas mesas e adorava dizer: “quem manda aqui sou eu!”.

No governo federal, Dr. Zoroastro, a coisa anda preta há um bom tempo. Depois da revolução de 64, foi candidato indireto, em 1985, antecedendo a eleição popular, outro amigo seu: Tancredo Neves. Entretanto, coitado! Nem chegou a tomar posse. Faleceu antes mesmo de assumir o cargo. Em seu lugar tomou posse o Vice Presidente, um enorme bezerro das tetas da Nação, um cacique maranhense, escritor de péssima qualidade, tratado por José Sarney. No seu governo a inflação chegou aos maiores índices históricos, subindo por hora.

Depois da lambança do Sarney, veio um doido egomaníaco chamado Fernando Collor. Um alagoano que ao assumir a presidência da nação pensou que ela era sua e acabou se dando mal. Foi um festival de sair ladrão pelo ladrão e logo, logo foi cassado. O povo foi para as ruas e o congresso não teve como deixar de cassá-lo. Daí assumiu o governo mais um vice, Itamar Franco. Parece que esse país gosta de ser administrado pelos vices. Itamar, contudo, foi um pouco melhor.

Os deputados que formam a Câmara Federal parecem até piada. A maioria é do baixíssimo clero. Lá tem de tudo: palhaço, lutador de boxe, jogador de futebol, cantores, etc. É gente que entende de tudo, menos de política, de ideologia e de leis. Não há comentários para a qualidade dos deputados.

Depois de Itamar, veio o Fernando Henrique. Este teve o despautério de dizer, em alto e bom som, que os fazendeiros eram gigolôs de vacas e os aposentados eram vagabundos. Entretanto, se esqueceu de contar quantas aposentadorias ele tem. Um presidente de uma nação não se dirige desta maneira arrogante e pouco educada a qualquer classe desta mesma nação.

Mas, Dr. Zoroastro, se você conhecesse uma criatura que ficou assentou-se na cadeira do excelentíssimo Juscelino Kubitschek de Oliveira durante oito longos anos, você sentir-se-ia abalado ao ver a decadência moral de nossos políticos. Seu nome: Luiz Inácio Lula da Silva que deveria se chamar, na verdade, Ali Babá. Refere-se a um baixinho da cabeça chata, barbudo, com uma voz pastosa de bêbado, semianalfabeto, pescoço curto e nariz enorme.

Anarquista, por vocação, fundou um partido quando se encontrava preso. É muito difícil descrever os caminhos que esse homem se utilizou para chegar à Presidência da República, quando ajuntou um punhado de bandidos que roubaram e roubam a nação. Alguns foram condenados, mas, estão soltos igual os passarinhos. E durma-se com um barulho desses Dr. Zoroastro: exercem cargos públicos em pleno Congresso Nacional.

O filho do Lula presidente, o Lulinha, limpava bosta de elefante no zoológico, todavia, após o pai ter sido Presidente do Brasil ele se tornou um dos maiores fazendeiros criadores de gado. Poderia ser chamado de Rei da Carne Verde. O Lula, ignorante, acha bonito ter chegado a Presidência da República sem ter um diploma. Já pensou Dr. Zoroastro, o Lula fazendo palestra em uma faculdade?! Pois é! É o fim da picada. E ainda cobra R$ 300.000, 00 por essas “palestras”.

Se eu for falar desse cidadão, nesta missiva, vai lhe dar muita raiva. Assim, eu arremato contando-lhe que, atualmente, ele colocou no seu lugar uma mulher com o nome de Dilma Rousseff. Ele com as suas mentiras, suas promessas e seu governo populista, conseguiu colocar em seu lugar essa mulher que já foi presa e procurada pela polícia, pelo terror que causou à nação. Agora é a Presidente do Brasil. Eu acho que se outra pessoa que lhe passasse essas notícias você não acreditaria, portanto, pode acreditar na baderna moral que virou o nosso Brasil depois que você foi embora, Dr. Zoroastro.

Neste momento, o povo está nas ruas. Até os médicos aqui já estiveram nas ruas. Já pensou? Um médico nas ruas, isso no seu tempo, hein??!!! Acho que nem em sonho, mas, hoje é uma realidade.

Agora tem uma coisa: dinheiro para futebol não tem faltado não. O nosso Brasil está devendo quase 4 trilhões de reais e não tem dinheiro nem para pagar os juros.
O orçamento para 2016 está num vermelho de mais de 30 bilhões. O governo tem 39 ministérios e eles preferem aumentar impostos ao invés de explorar os banqueiros e ou cortar custos de governo. O povo continua sugado.

Há um ajuste fiscal difícil de ser feito. O governo gastou mais de 40 bilhões com a copa e ainda perdoou os impostos de milhões à FIFA. Agora não tem 30 bilhões para o orçamento de 2016. Isso significa que o dinheiro que gastou com a copa do mundo vai sair da saúde e da boca dos brasileiros.

Semana passada, ouvi um fanático dizer que a copa é um evento pequeno em vista de outras festas. Imagina, enquanto faltam hospitais, educação, segurança, mobilidade urbana, serviços públicos de qualidade e a saúde sangrando, vem alguém dizer que a copa é uma festa pequena.

Que bom que você já está por aí, ao lado de Deus, Dr. Zoroastro. Um homem como você, se ainda estivesse por aqui, sem dúvida, estaria sofrendo muito ao presenciar tantas aberrações.

Armando Melo de Castro
Candeias casos e acasos.