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sábado, 25 de novembro de 2023

O MEU AMIGO JOSÉ ORLANDO VILELA


                                                                       José Orlando Vilela

 Apesar de morarmos em pontos diferentes da cidade,  eu e Zé Orlando fomos grandes amigos desde a nossa adolescência em Candeias. Fomos funcionários do Clube Recreativo Candeense no princípio da década de 60, quando o clube nesse tempo era animado, abria todos as noites para receber os sócios. Ali funcionava o barzinho, num tempo que cerveja gelada e refrigerante não eram muito fáceis, pois não existia, ainda, a CEMIG em Candeias. O Club teria adquirido um balcão frigorífico, uma coisa rara, então, em nossa cidade. --- Uma boa mesa de ping-pong; jogo de damas e baralho; para o jogo de buraco. No mês de junho ensaio da “Quadrilha de São João” cujos marcadores eram os senhores Geraldo Vilela e Alvino Ferreira. Um som muito especial para a época, pois o Clube teria adquiro uma caixa de “Alta fidelidade” coisa recente, então, no mercado. E além disso uma discoteca bastante atualizada. A minha tarefa era o bar no dia-a-dia e preparar o salão para os dias de bailes, assim como suprir de bebidas, encomendar as empadas para a Tereza do Candinho, a melhor empada do mundo... e encerar o salão.

-----  A tarefa do Zé Orlando era receber as mensalidades dos sócios, para isso ele vivia correndo atrás dos sócios com a sua pastinha na mão. E, também, o responsável pela discoteca  ---

 Naquele tempo uma música ficava meses nas paradas de sucesso. E dentre a nossa discoteca esses cantores eram os grandes sucessos. Roberto Carlos ainda não havia se destacado e ainda não tinha nenhuma gravação dele na nossa discoteca. Mas podemos lembrar alguns artistas já famosos: Claudio de Barros;  Nelson Gonçalves; Cauby Peixoto;  Edith Veiga; Teixeirinha; Agnaldo Timóteo surgindo; Miguel Aceves e o grande sucesso americano The Platters  com a música Only You. – Orlando Dias com a música “Tenho ciúme de Tudo” Esse era o cantor e a música preferida do Zé Orlando. Ele encomendou esse disco ao Raimundo do Antero, que viajava para o Rio de Janeiro levando galinhas. O dia que esse disco chegou, Zé Orlando parecia um menino que ganhou um sorvete. ---Lembro-me de quando a Nancy ia chegando, ele falava: La vem a Nancy com o seu  Only You, dela? Zé Orlando não era muito chegado em músicas estrangeiras não...

 Os sócios mais frequentes cujos nomes eu me lembro eram Luizinho Bonaccorsi; Nestor Lamounier; Wandinho do Américo; Antônio Macêdo; Gabriel Carlos;  Cristovão Teixeira e seu irmão Zé Antônio; Marley do Peruca; Titoco; Caveirinha; Waldir da loja; Antônio Alves; Guilherme e Flavio Ribeiro; Galba Moraneli e seu Irmão Tomé e tantos outros que seria muito difícil lembrar aqui agora. ---- As moças mais lembradas eram Nancy do Zé Belarmino; Letícia; Engrácia; Aparecida Fernandes; Bahia da farmácia; Magda Sena; Teré; e tantas outras. --- As mulheres não precisavam ser sócias.

 O Clube Recreativo Canadense era um ponto de encontro muito agradável. Só não abria nas segundas feiras. Quando faltava a luz da usina, o clube possuía um lampião a gás de 500 velas.

 Tanto eu quanto o Zé Orlando gostávamos do nosso trabalho. Tínhamos um salário igual de CR$ 600,00 cruzeiros por mês. Mas, como o tempo sempre nos reserva surpresa, certo dia o Zé Orlando chegou dizendo que seria o seu último dia de trabalho ali, pois teria conseguido um emprego no banco Mineiro da Produção S.A. na Agência de Candeias. Ele estava todo feliz e radiante. Restou-me desejar-lhe muita felicidade no novo trabalho, e eu assumi agora o seu lugar também. O meu salário dobrou, mas o serviço também dobrou. Eu feliz por ter sido promovido no Clube e ele feliz porque iria ser bancário. Posteriormente, eu também vim a ser funcionário do Banco Mineiro da Produção S.A em Divinópolis e ele na cidade de Lagoa da Prata, voltamos a ser empregados do mesmo patrão, na mesma região 10 anos mais tarde. Posteriormente Zé Orlando fez um acordo com o Banco e voltou para Candeias, onde se estabeleceu com um bar e veio a ser Juiz de Paz.

 Quando encontrávamos, o que perguntasse primeiro como o outro estava, a resposta era a mesma para os dois: Estou pobre de dinheiro, rico de amor e bonito. Zé Orlando era muito inteligente. Tínhamos algo em comum: éramos conservadores. E  aprendemos muito um com o outro durante a nossa convivência. Tomamos muitas cervejas juntos; bebemos muitas pingas; contamos muitas piadas; falamos de futebol e de mulheres; de trabalho e da vida alheia; Nunca nos faltou assunto quando nos encontrávamos. Na internet trocávamos muitas informações. Poucos dias antes dele ser chamado por Deus, ainda tivemos contato.

 Eu sei o quando ele sofreu com a sua viuvez, com a perda de seu pai e sua mãe. Era uma pessoa bastante sensível e bom. Foi um grande amigo meu. Numa emulação ao poeta Vinícius de Morais, eu diria que eu tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos... E você meu caro Zé Orlando, onde quer que esteja, pode crer você foi um amigo que não imaginava o quando você era meu amigo.

 Tomei conhecimento da sua partida para a espiritualidade e levei um susto, isso porque aconteceu num momento em  que eu procurava você para fazer-lhe uma pergunta na internet e encontrei essa notícia.

 Onde quer que esteja receba o meu abraço. Amigos como você não morrem eles apenas devolvem o corpo à terra e voltam para junto de Deus.

 Armando Melo de Castro.


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