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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

EU VI O HOMEM PIORAR.

                                                 Dia da cidade Candeias MG 17 de dezembro de 1960.

 Aos 77 anos, tenho observado o quanto a vida está ficando a cada dia mais difícil de ser vivida em termos da moralidade. Esse calendário que acomoda em minha mente me faz reviver um tempo que o cotidiano das pessoas não era fácil, mas o respeito, a disciplina, o bom princípio fazia parte da vida das pessoas. Posso garantir que a vida melhorou, mas nem tudo. Algo ficou para trás, algo muito importante.

 Deus, o nosso Pai Celestial, nos colocou aqui para que buscássemos a perfeição. Para isso nos deu o livre arbítrio como seres únicos e assim podermos julgar os nossos próprios erros, na busca do arrependimento. Mas na minha humilde ótica, algo tão necessário de ser melhorado, não melhorou, pelo contrário piorou. Eu pude ver muitas coisas melhorarem nesses meus 77 anos de vida; ver, por exemplo, o quanto o homem é inteligente... É inegável a inteligência do homem, mas o seu comportamento social deixa-nos uma pergunta: Por que o homem tão inteligente não consegue melhorar a si mesmo?

Eu vi a lua ser conquistada; vi o computador chegar; vi a televisão e a internet aparecer. O avião teco-teco virar jato transportador de toneladas e mais toneladas voando feito um pássaro. ---- O Fordinho do ano 27 do Zé Ponte, vir a se transformar num Ford de luxo; Vi as vestes pretas do luto se transformarem em roupas de festas. Vi o antigo “permanente” do cabelo das mulheres se transformar no moderno “platinado”

Eu chego a ficar assustado quando vejo tanto progresso e o homem se regredindo. --- Vi o remendo sumir das roupas dos pobres e os pés no chão serem calçados. Vi os padres ficar de frente com os cristãos e o fim das missas em Latim. Vi o quanto era bonita a semana Santa em Candeias, quando a cidade se enchia de candeenses ausentes e amigos de outras cidades. O sermão eloquente do Padre Nereu, da cidade de Oliveira, que vinha a convite do Monsenhor Castro. Na Semana Santa sempre vinham sacerdotes de fora para colaborar com o nosso pároco. ----- A fé do povo era diferente; o amor era diferente e as amizades eram diferentes. --- Vi a construção da nossa nova Matriz, uma obra faraônica idealizada pelo nosso querido Monsenhor Castro.

Vi aparecer os supermercados e a grande variedade de produtos. --- Vi surgir o hospital de Candeias, um sonho do candeense. Vi a minha querida Candeias sair do barro, com todas as ruas calçadas e o grande número de praças lindas e bem planejadas. Vi o desaparecimento do cabaré do Bairro da Gruta. Vi e participei do carnaval de Candeias, a educação dos jovens e a participação dos idosos. O carnaval de Candeias era uma festa familiar onde o respeito estava acima de tudo.

– O Natal... Como era gostoso o natal em Candeias, jamais vou esquecer o presépio movimentado, dos irmãos Langsdorff, uma grande atração que se fazia receber até visitantes de outras cidades. Era uma atração gratuita, instalada na residência deles.

A festa do Congado, deixava a cidade toda movimentada e alegre, pois era um grande momento de encontro com  candeenses que residiam fora e as suas presenças eram sagradas nessa semana de festa. O Jaz Tiro-e-queda, do maestro Américo Bonaccorsi, e o cantor Zé Vilela, com os seus boleros apaixonados.

 Como determina a ordem natural são tantas coisas que tiveram um fim e outras remanescentes que sem dúvida melhoraram. Para relembrar todas o espaço aqui seria pequeno. Lembranças  que hoje são sinonímias que nem sempre   correspondem apesar da evolução que apresentam. Isso porque falta algo que não progrediu junto, ou seja, muita coisa melhorou, não podemos negar. Mas apenas o homem, o ser humano ele que promoveu as melhoras e a evolução, esqueceu-se de si e não participou de suas próprias metas. Pelo contrário ele PIOROU e se mantém como desde antes da civilização, continua matando, roubando, mentindo, insultando, cometendo barbaridades como animais irracionais e desrespeitando as leis de Deus... E o pior:  à cada vez pior.

 

Armando Melo de Castro.

 

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