Deus, o nosso Pai Celestial, nos colocou aqui
para que buscássemos a perfeição. Para isso nos deu o livre arbítrio como seres
únicos e assim podermos julgar os nossos próprios erros, na busca do
arrependimento. Mas na minha humilde ótica, algo tão necessário de ser
melhorado, não melhorou, pelo contrário piorou. Eu pude ver muitas coisas
melhorarem nesses meus 77 anos de vida; ver, por exemplo, o quanto o homem é
inteligente... É inegável a inteligência do homem, mas o seu comportamento
social deixa-nos uma pergunta: Por que o homem tão inteligente não consegue
melhorar a si mesmo?
Eu vi a lua ser conquistada;
vi o computador chegar; vi a televisão e a internet aparecer. O avião teco-teco
virar jato transportador de toneladas e mais toneladas voando feito um pássaro.
---- O Fordinho do ano 27 do Zé Ponte, vir a se transformar num Ford de luxo;
Vi as vestes pretas do luto se transformarem em roupas de festas. Vi o antigo
“permanente” do cabelo das mulheres se transformar no moderno “platinado”
Eu chego a ficar assustado
quando vejo tanto progresso e o homem se regredindo. --- Vi o remendo sumir das
roupas dos pobres e os pés no chão serem calçados. Vi os padres ficar de frente
com os cristãos e o fim das missas em Latim. Vi o quanto era bonita a semana
Santa em Candeias, quando a cidade se enchia de candeenses ausentes e amigos de
outras cidades. O sermão eloquente do Padre Nereu, da cidade de Oliveira, que
vinha a convite do Monsenhor Castro. Na Semana Santa sempre vinham sacerdotes
de fora para colaborar com o nosso pároco. ----- A fé do povo era diferente; o
amor era diferente e as amizades eram diferentes. --- Vi a construção da nossa
nova Matriz, uma obra faraônica idealizada pelo nosso querido Monsenhor Castro.
Vi aparecer os supermercados e
a grande variedade de produtos. --- Vi surgir o hospital de Candeias, um sonho
do candeense. Vi a minha querida Candeias sair do barro, com todas as ruas
calçadas e o grande número de praças lindas e bem planejadas. Vi o
desaparecimento do cabaré do Bairro da Gruta. Vi e participei do carnaval de
Candeias, a educação dos jovens e a participação dos idosos. O carnaval de
Candeias era uma festa familiar onde o respeito estava acima de tudo.
– O Natal... Como era gostoso
o natal em Candeias, jamais vou esquecer o presépio movimentado, dos irmãos
Langsdorff, uma grande atração que se fazia receber até visitantes de outras
cidades. Era uma atração gratuita, instalada na residência deles.
A festa do Congado, deixava a
cidade toda movimentada e alegre, pois era um grande momento de encontro
com candeenses que residiam fora e as
suas presenças eram sagradas nessa semana de festa. O Jaz Tiro-e-queda, do
maestro Américo Bonaccorsi, e o cantor Zé Vilela, com os seus boleros apaixonados.
Como determina a ordem natural são tantas
coisas que tiveram um fim e outras remanescentes que sem dúvida melhoraram. Para
relembrar todas o espaço aqui seria pequeno. Lembranças que hoje são sinonímias que nem sempre correspondem apesar da evolução que
apresentam. Isso porque falta algo que não progrediu junto, ou seja, muita
coisa melhorou, não podemos negar. Mas apenas o homem, o ser humano ele que
promoveu as melhoras e a evolução, esqueceu-se de si e não participou de suas próprias
metas. Pelo contrário ele PIOROU e se mantém como desde antes da civilização, continua
matando, roubando, mentindo, insultando, cometendo barbaridades como animais
irracionais e desrespeitando as leis de Deus... E o pior: à cada vez pior.
Armando Melo de Castro.
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