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sexta-feira, 29 de março de 2019

O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA.

                                                              Foto para ilustrar o texto.

O ano de 1953 está guardado no meu cérebro e quanto mais o tempo passa, mais fermenta a dorna das minhas boas lembranças. ---- Foi o meu primeiro ano de escola, --- Eu teria feito sete anos e fora matriculado no Grupo Escolar Padre Américo, hoje Escola estadual Padre Américo.

O dia 03 de fevereiro daquele ano foi de completa euforia. Seria o meu primeiro dia de escola. --- Eu com uma calça curta, de brim azul e uma camisa branca estava me sentindo o menino mais bonito do mundo. Era o dia da chamada quando eu ficaria sabendo quem seria a minha professora e os meus colegas.

Nesse dia, a minha mãe como muitas outras mães, que havia levado os seus filhos no primeiro dia, foi também, me esperar à porta da escola e me deu um grande abraço e quase chorava de felicidade. Pena que eu nesse tempo ainda não entendia desse tipo de alegria materna.

Nos primeiros dias o uniforme escolar seria dispensado até que fossem confeccionados. As costureiras da cidade, nesse tempo, eram muitas e ficavam todas com acumulo de serviço.

O uniforme para os meninos era uma blusa de fustão e calça curta azul. Para as meninas era a blusa e a saia. --- No peito da blusa não havia escrito o nome da escola e sim um distintivo em forma de “V”, como da polícia Militar. Primeiro ano, um Vê, segundo dois vês, terceiro ano três vês e quarto e ultimo ano seriam quatro vês, um sobre o outro. Posteriormente, o uniforme foi modificado e o distintivo substituído pelo nome da escola no bolso da blusa. ---

A minha primeira diretora foi Dona Estela Marques da Silva, esposa do Dr. Zoroastro. E a minha primeira professora foi Dona Maria do Carmo Alvarenga, esposa do Sr. Alberto Virgílio, irmão do João Virgílio. O Grupo Escolar Padre Américo, contava apenas três anos, e a sua primeira turma viria completar o curso no próximo ano de 1954.

Os meus primeiros colegas foram: Ana Maria Bonaccorsi; Antônio Francisco da silva; Elza Pimenta da Silva; Getúlio Lopes da Trindade; Ione Salatiel; Ivanilda Vilela; João de Sousa Guimarães; José Alencar Salviano dos Santos; José Marques da Silva; Longuinho Martins Ferreira; Márcio Miguel Teixeira; Maria Aparecida Ferreira Barbosa; Maria do Carmo Fernandes; Maria Morais Neta; Marina Edna Salviano; Marli dos Reis Alves; Odete Lopes da Trindade; Sebastiana Neusa Maartins; Sebastiana dos Santos; Sebastião Cândido da Costa; Silvio José Rodrigues; Terezinha Lopes da Trindade e Vicente Luiz da Mata, o meu companheiro de carteira.

O porteiro da escola era o Sr. Erasto de Barros, que por ter em seu quintal diversos pés de marmelo, tinha o maior prazer de fornecer para as professoras as varas de marmelo, as quais choravam nas costas dos alunos nos atos de indisciplina.

As cantineiras eram três filhas do Sr. João do Ibraim, então fiscal da prefeitura que feitorava os capinadores de rua. --- Candeias, nesse tempo, não tinha ruas calçadas, portanto havia constantemente um grupo de capinadores de rua.  ---- As três irmãs cantineiras eram Toninha, Aparecida e Tereza. --- Cinquenta anos depois, durante um velório na Vila Vicentina, eu me encontrei com a Tereza e fiquei muito emocionado com aquele encontro.

A maioria dos alunos era pobre. Mas aqueles que estavam abaixo da linha da pobreza, como órfãos de pais; famílias numerosas e sem renda, esses recebiam o uniforme, material escolar e merenda, fornecidos pela Caixa Escolar. Tanto o uniforme quanto o material didático eram de péssima qualidade o que distinguia esses alunos beneficiados. Isso era triste porque se tratava de uma distinção vilipendiosa, e eram diminuídos por alunos de condição superior.

Antes de entrar para as salas os alunos se enfileiravam no pátio ao pé das escadas que davam acesso às salas; onde comumente havia alguma recomendação da diretora, e a entrada só se fazia após o canto de um dos hinos do Brasil, Nacional, da Bandeira, da Independência e da Proclamação da República.

O pátio da escola era imenso e dividido em duas partes. Dos meninos e das meninas. --- Durante o recreio uma professora era designada e responsável pela disciplina. ---- O menino que entrasse na área das meninas seria como um país invadir o outro. ---- A vara comia solta nas costas do infrator.

O corpo docente do Grupo Escolar Padre Américo, da parte da tarde, no ano de 1953, era: Diretora, Dona Estela Marques da Silva; professoras: Maria do Carmo Alvarenga; Ieda Bonaccorsi; Ione Bonaccorsi; Nené Eleutério; Carmelita Albanez; Maria do Carmo Teixeira; Eliza Paiva e Ninita Alvarenga.
Nesse tempo eu ainda não convivia com a saudade. Eu nem sabia o que era isso. --- 
A saudade é uma dor que não sufoca, mas “dói pra daná”.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.








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