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terça-feira, 12 de março de 2019

ASSIM ERA O CARNAVAL DE CANDEIAS.



Lembro-me, e com saudade, do carnaval de Candeias no meu tempo. Era muito diferente! Diferente, simples, alegre e feliz. As mães levavam as crianças durante o dia na matinê e a noite era a vez de levar às filhas adolescentes para brincar, durante as quatro noites.  A quarta feira de cinzas era um dia triste, os visitantes partiam deixando a  saudade e a cidade vazia, e o próximo carnaval estaria agora, muito distante. 

Nos dias que antecediam o carnaval, as pessoas, principalmente os jovens, ficavam de ouvido atento nos rádios para decorar as musicas novas. --- Eram marchinhas e sambas. ---- Musicas essas, sempre incluídas com as mais antigas e sempre eram executadas aquelas de maior sucesso. ---- As musicas antigas e de sucessos anteriores, nunca eram esquecidas e podem ser lembradas até hoje depois de várias décadas, como, ---- a Jardineira, Mamãe eu quero, Chiquita Bacana, Aurora, Me dá um dinheiro Ai, Saca Rolha, Abre Alas e muitas outras. ----

O carnaval em Candeias contava com a presença de pessoas idosas também. Lembro-me de alguns como Zé Pacheco, com a sua filha Salete, Nestor Lamounier, Tonico furtado, José Ribeiro, e muitos outros, que mesmo sem entrar no salão marcava presença.

Muito tempo antes dos dias da festa, o Jaz do Sr. Américo Bonaccorsi, já começava os ensaios com as músicas novas, com as partituras recebidas do Rio de janeiro. Esses ensaios, executados, então, no interior do Candeense Hotel, chamavam a atenção de muitas pessoas. ---- O tempo de carnaval em Candeias era um tempo alegre e festivo. ----

Houve outro tempo em que o carnaval de Candeias incluía musicas feitas por autores candeenses, como me faz lembrar o meu amigo Domiciano Pacheco, quando ensaiava entre a rapaziada a sua marchinha do ano, no reservado do Bar do Sebastião Cassiano, (Hoje restaurante da Cidinha) --- Lembro-me de uma dessas músicas que se chamava “Dalila de Candeias”. --- Uma marchinha que inclusive retratava a pureza das jovens de Candeias. ----

O carnaval era abrilhantado pelo nosso querido Jaz Tiro e Queda, do maestro, Américo Bonaccorsi, composto pelos músicos: Américo Bonaccorsi, Saxofone, --- Zinho Borges, Trombone, ---- João Virgílio, Pistom --- Violão ou banjo, Zé Delminda (meu pai) ---- Cavaquinho, Pedrinho do Candola ---- Bateria, Luizinho do Américo,

Suponho que esteja gravada na memória da criançada candeense daquele tempo, a figura do Sr. “Dequeche”. (Não sei se a grafia está correta, mas assim era pronunciado o nome dele.) --- Esse senhor, uma figura muito simpática, era um engenheiro que morava em Belo Horizonte, e era casado em Candeias, com a senhora Terezinha, da família Teixeira, cujos pais moravam ao lado da Casa Melo. ---- O Sr. Dequeche que passava o carnaval todos os anos em Candeias, nas matinês, liquidava com o estoque de refrigerantes e balas do barzinho do Clube, quando oferecia a bebida para toda a meninada. Era uma alegria total.

Já residindo fora vivi outros carnavais, mas nunca mais senti a mesma alegria, que aquele carnaval familiar de Candeias me proporcionara durante a minha infância e adolescência. ---- Ainda como adulto pude aproveitar um resto. Mas o tempo se incumbiu de acabar com aquela festa tão boa, que distinguia Candeias de outros carnavais. --- Pessoas de Campo Belo e Formiga e outras cidades apareciam; viajantes em transito paravam em Candeias para aproveitar do nosso carnaval. --- E houve até quem se casou em Candeias.

Após muitos anos, quando esta festa para mim já teria perdido o brilho, passei um carnaval em Candeias, e este serviu apenas para que eu pudesse fermentar em meu cérebro uma saudade profunda. -----Eu não teria visto nada que pudesse comparar. ------ Nas ruas uma verdadeira falta de respeito. --- Moças seminuas --- rapazes completamente bêbados, urinando pela rua sem o menor cuidado. Jovens drogados. ---- Conclui que para mim o carnaval de Candeias teria se transformado radicalmente e que nada do passado havia sido preservado. ----- Era eu de cara com o conflito de gerações... Lamentei! Hoje para mim o carnaval tem outro sentido e não é mais o meu carnaval.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.


Um comentário:

Tereza Cristina Coelho disse...

Realmente amigo Armando! Uma época boa e que não volta mais ... Cheguei a ir em alguns Carnavais no Clube, onde hoje é o Fórum, realmente muito bons !