---Primeiro quando comprou o Bar do Bóvio ao lado da Igreja do senhor Bom Jesus, posteriormente o transferiu para o sobrado onde está hoje situado o escritório de contabilidade do Sr. José Antônio.
---Mudou-se posteriormente para a cidade de São Sebastião do Paraíso, localizada no sul de Minas, próxima a cidade de Passos, onde adquiriu um bar/restaurante muito bem montado.
---Eu era bem jovem e fui trabalhar com o Leley, nessa cidade, onde fiquei todo o ano de 1962. Foi um tempo bom. Sabe-se que um balcão é uma verdadeira escola. Como eu flutuava nesse tempo em busca de conhecimento da vida, acabei aprendendo muita coisa naquele trabalho por onde trabalhei em diversos pontos.
---Éramos dois funcionários. Um atendia o balcão e o outro atendia o salão. O meu primeiro colega era o Caiana, meu grande amigo filho do Gerson, bisavô do nosso querido Diego Sena. Caiana posteriormente se tornou, motorista de caminhão vindo a falecer, em um trágico acidente, nas imediações da cidade de Arcos.
---Para o serviço de servente do bar, Leley levou o Tiguinho, também, falecido. Indivíduo apalermado, extremamente simplório. Do tipo cabaceiro que busca e leva a cabaça d’água para o trabalhador rural. Aliás, Alcino do João Sidney, irmão do Mozart Sidney que era cafeicultor em Campos Altos havia levado o Tiguinho para esse tipo de trabalho e, por uma questão ínfima, ele abandonou o serviço, colocando o pé na estrada sem dizer nada para ninguém. Voltou para Candeias, seguindo a estrada de ferro e foram vários os dias nessa viagem, dormindo à beira do caminho e pedindo comida nas casas das turmas. Leley que acabou sabendo dessa sua viagem extravagante e o trazia sempre às vistas.
---O Bar do Leley situava-se na entrada da cidade de São Sebastião do Paraíso, bem afastado do centro. Contudo, era o ponto predileto dos artistas que visitavam a cidade e da sociedade bem remunerada tendo em vista as boas instalações e a qualidade da comida feita com esmero pelas suas irmãs, Quinha e Iveta, com a participação de sua mãe Dona Maria. Conceituadas prendas na arte culinária.
---As atribuições do Tiguinho seria transportar um engradado de bebida, buscar ou levar alguma coisa e fazer a faxina no final do expediente. No mais ficava por ali. E com isso ele tornou-se conhecido dos fregueses e dado ao seu porte um tanto tolo, passou a fazer o papel de bobo da corte e tudo que lhe falava ele tinha apenas uma resposta: Ouuuuááá!!!!
---O tempo cuidou-se de nos devolver a nossa amada e querida Candeias. O contrato de aluguel entre o Leley e o dono do ponto terminou e este não quis renová-lo.
Novamente, em nossa terra, continuamos amigos e Caiana resolveu cumprir
uma velha promessa então feita ao Tiguinho, por diversas vezes, durante a
convivência em São Sebastião do Paraíso.
---A promessa seria de quando eles se reencontrassem em Candeias ele levá-lo-ia à zona boemia do Pedro Pitanga e lhe proporcionaria a companhia de uma meretriz para que esta pudesse, então, arrancar dele a virgindade e deixar de ser donzelo, pois afinal, ele já tinha trinta e sete anos e ainda não havia lhe acontecido nada, sexualmente falando. Estava ainda na estaca zero.
---Foi tudo muito bem combinado. A mulher era uma mulata alta, alentada, mais para gorda. Cabelo enrolado. Rosto cumprido, lábios vermelhos, trajando um vestido esverdeado meio curto, mostrando umas pernas grossas, das quais Tiguinho não tirava os olhos. A ex-donzela, era uma mariposa circulante e estava de passagem por Candeias e cobrou caro pelo serviço. ---- Antes de seguir para a sua tarefa, pediu um trago de rabo-de-galo (pinga com vermute). Traçou aquilo, sem fazer careta, juntou Tiguinho pelo pescoço e ambos seguiram para o quarto, após ter sido previamente informada, sobre a inexperiência sexual do casto freguês, a quem lhe caberia macular a virgindade do seu falo.
---Ali, naquele comércio de prostituição, havia muitas pessoas e como o Tiguinho foi sempre muito conhecido pelo seu jeito de ser, a sua presença despertou aos presentes bastante atenção. Caiana, com aquele seu jeitão divertido, dizia: eu trouxe o Tiguinho aqui para sangrar a “curuja” e eu, como fazia parte da comissão promotora daquela defloração, fiquei a postos para ver o resultado.
---Tendo decorrido uns dez ou quinze minutos, ouve-se um grito da mulher. Daí a pouco a porta se abre! E a mulher assustada diz:
---Isso é homem ou é uma sucuri?! Esse cara é aleijado, home de Deus!!!
---Corremos ao seu encontro e o pegamos o tiguinho pelado e tremendo, feito uma vara verde, dizendo:
---- Uai! Eu só comecei e ela já deu um grito!
---Pois é, Tiguinho! Nós bem que tentamos ajudar você, mas uma cobra sucuri mata só de susto.
Armando Melo de Castro
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