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quinta-feira, 25 de junho de 2009

MAESTRO BELMIRO




                                                             Maestro Belmiro Costa
O nosso Blog estará homenageando hoje, o nome do Maestro Belmiro Batista da Costa.

E quem foi o Maestro Belmiro Batista Costa?

Belmiro, nasceu em Candeias, no dia 26 de novembro de 1904, numa antiga casa, onde hoje se encontram situados, o Bar do Orico e a Boate Cochicho.

Filho de João Batista da Costa e de Itelvina Silvestrina de Sousa. Primogênito de uma família de seis irmãos. Ainda jovem perdeu seu pai, ficando sob sua responsabilidade, a subsistência da mãe e dos cinco irmãos ainda no verdor dos anos.
Seus irmãos, hoje todos falecidos, foram: Benedita, Maria, Eufrida, José Fogueteiro, Sebastião e Iraídes.

Ainda menino aprendeu com o seu pai a profissão de pirotécnico. Tinha a sua pequena indústria de fogos e artifícios situada à Rua Expedicionário Jorge, nas proximidades da Mercearia do Divino. Era uma grande casa onde antes teria sido uma escola.

Naquele tempo as leis eram mais flexíveis e o trabalho de menores de idade não era proibido como nos dias atuais. Portanto, Belmiro empregava diversos adolescentes, entre eles, José da Vidica, que seria o futuro gerente da Minas Caixa, Professor Pedro Quirino e seu irmão Sebastião Quirino e muitos outros, de diversas gerações. Seus produtos eram vendidos em toda região.

Apesar de ser um trabalho muito perigoso, Belmiro sempre se preocupou bastante com a segurança. Haja vista, nunca ter acontecido nenhum tipo de acidente; motivo pelo qual, os pais dos adolescentes que ali operavam, não tinham motivo para se preocupar.

Belmiro era muito inteligente. Desde criança foi muito responsável. Cidadão honesto e fiel cumpridor dos seus deveres.

Na sua profissão de pirotécnico desenvolveu certo antimônio para a fabricação de pólvora, o qual até então era importado da China. Orgulhoso de si, Belmiro que já usava o produto do seu invento como um similar do produto chinês, tinha o sonho de vê-lo registrado e fabricado em Candeias. Mas, para isso, se fazia necessário procurar um centro de pesquisas.
Nas suas buscas através de informação, tomou conhecimento de que na cidade de Jacareí, no Estado de São Paulo, havia esse centro.

Infelizmente, no nosso país, os governantes apóiam pouco as pessoas necessitadas de recursos para pesquisas. Belmiro não conseguiu nenhum apoio governamental. O único apoio que conseguiu foi, então, do Sr. Mário Rigáli, o Piloto, dono do Bar Piloto, que o levou a Jacareí. Mas, como o Sr. Mário, também, não se dispunha de recursos financeiros para ajudá-lo, a formula preciosa de Belmiro, caiu nas mãos de pessoas inescrupulosas com a promessa de um retorno sobre o assunto e nunca mais foi vista e nem devolvida.

Belmiro Costa era autodidata. Leitor assíduo, colecionava pensamentos extraídos de livros e calendários. Solitário, era dedicado especialmente à literatura de filosofia. Após a sua morte foram encontrados diversos livros de Krishnamurti, o grande filósofo e pensador indiano. Belmiro conversava com os livros de Krishnamurti, pois os lia e colocava o seu parecer junto ao texto ou num apêndice da capa.

Com apenas cinco anos de idade Belmiro já dava sinais da sua grande vocação para a musica. Com essa idade já solfejava a sua flauta causando admiração nas pessoas que pressentiam o seu talento musical.

Estudou as primeiras notas musicais com professor desconhecido.
Vindo posteriormente aperfeiçoar os estudos quando serviu o Exercito Brasileiro, na cidade de São João Del Rei. De lá saiu mestre da música em teoria e execução, e seus instrumentos preferidos eram o saxofone e o clarinete.

Completado o seu tempo no Exercito, voltou imediatamente para Candeias. Dispensou, no exercito, promoções e vantagens, porque não tinha o objetivo de deixar a seu querido torrão natal e o convívio com os familiares e amigos.

De volta a Candeias, organizou a sua primeira turma para uma escola de música, tendo formado diversas turmas para a Banda Nossa Senhora das Candeias.

Belmiro Costa era um boêmio no bom sentido da palavra; poeta, compositor de diversas partes; marchas e dobrados para a Banda de Candeias, como, também foi compositor de diversas canções românticas, muitas dessas dedicadas aos amores de sua vida.
Autor da musica do hino a Candeias, cuja letra foi escrita pela Professora Niguita Alvarenga.
Autor, também, do hino da Escola Estadual Padre Américo, que teve a letra escrita pela Professora e Diretora, Maria do Carmo Bonacorsi.

Foi um particular amigo do Sr. João Sidney de Sousa, para quem dedicou, com muito carinho, a composição de uma missa musicada, missa essa que teve o discurso escrito pelo Dr. Mozar Sidney, filho do homenageado.

Grande seresteiro. Entre os seus amigos de seresta estiveram os Srs. Américo Bonaccorsi, Abelino Salviano e o Professor José Cristiano; todos os músicos, além de muitos outros.
Belmiro Costa não se casou. Apesar de ter sido noivo por três vezes e de moças prendadas de nossa sociedade, não chegou ao matrimônio. Talvez levado pelo excesso de responsabilidade que lhe fora atribuído durante a sua adolescência e juventude; fato que lhe deixava apreensivo diante do casamento.

À medida que a idade foi chegando, foi ficando solitário, prendendo-se exclusivamente a leitura filosófica. Morreu pobre e isolado no dia 14 de junho de 1981 aos 77 anos.

O único patrimônio deixado para os seus herdeiros, foi a sua batuta, órfão de maestro, a qual se encontra entre os guardados do Sr. José Rui Ferreira, o Ieié, seu sobrinho-neto, filho de Iraídes sua irmã caçula.

“Viver é a arte das artes. Viver é muito difícil, pois requer profunda inteligência e não apenas uma compreensão superficial da vida. Para viver com inteligência e com simplicidade a pessoa precisa estar livre das restrições, resistências e limitações da vida... A vida é aquilo que conhecemos por meio do espírito. Quanto ao mundo, à nossa volta, o conhecemos através da razão.”
Esta mensagem encontra-se num livro escrito por Krishnamurti, com a humilde observação de Belmiro Costa, com letras já bastante tremulas:


“MUITO BONITO... É UM FATO! É UMA VERDADE!”.


Esta é uma singela homenagem póstuma que eu faço de reconhecimento a um candeense que muito contribuiu na construção da nossa história.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

sexta-feira, 19 de junho de 2009

PASSARINHO, UM ÍDOLO CANDEENSE.



Passarinho

Levar a vida de forma simples e humilde é um ótimo caminho para começarmos a valorizar os pequenos detalhes que nos cercam.  Muitas vezes não damos a devida importância a isso. A partir dessa consciência criada, podemos ver e reconhecer que são essas pequenas coisas que trazem sentido à vida. Esse tipo de coisa acontece naturalmente quando a pessoa tem esse dote natural que sem dúvida, é um presente de Deus para que possa oferecer ao próximo, sem nenhum sacrifício.

No seio de nossa querida cidade de Candeias, brotaram muitas pessoas assim; e que estão no âmago de nossa história. Gente humilde e querida por todos. --- Portanto, hoje vamos falar de um conterrâneo cujo nome está bem guardado num capítulo da história de Candeias. Trata-se do Sr. José Barbara Filho. ---- Poucas são as pessoas que saberão de quem se trata através do seu nome, isso porque, era bem conhecido pelo carinhoso apelido de Passarinho.

José Barbará Filho, o Passarinho, nasceu em Candeias no dia 23 de setembro de 1923, na Rua José Furtado, no bairro da Gruta. Filho caçula de uma prole de três irmãos. Seus pais José Bárbara e Dona Maria Felícia de Jesus. Casou-se em 1944 com Dona Lázara Ferreira da Silva. Pai de oito filhos são eles, Geraldo, Juracy, Salvador, Amador, José Eustáquio, Antônio Belchior, Vanessa e Keny. Esta última é filha adotiva, porém, foi criada com o mesmo carinho dispensado aos outros.

Pai de família exemplar. Cidadão extremamente humilde, sempre foi respeitado por seus amigos e seus pares. Bom filho. Herdou do pai não somente o nome, mas também, a força do trabalho, o espírito festivo e a simplicidade. Sempre lutou pela vida de forma honesta. --- Dedicado ao trabalho rural. Como lavrador trabalhou para os senhores, Jose Ribeiro, João Sidney, Nestor Lamounier, João Bernardo e muitos outros. ----- Cidadão humilde e discreto, porém, a sua habilidade no trato com as pessoas o fez merecedor de muitos amigos, tanto do seu meio como, também, do meio elitizado. -------

Desde criança gostou de esporte e cresceu gostando. Durante muitos anos foi jogador de futebol, sendo um craque muito solicitado e admirado no seu tempo. Na década de 30, -------Antônio Cacheiro, um jovem deficiente físico que gostava muito de futebol, acompanhava, sempre, todas as tardes, as peladas da garotada no antigo Estádio do Rio Branco Esporte Clube, que ficava pouco abaixo da loja do Vicente Vilela. ----- Numa dessas vezes, José Bárbara Filho, que jogava em qualquer posição, se encontrava no gol e não deixou passar nada, deixando aquele torcedor solitário encantado com a atuação daquele menino feliz e sorridente voando feito um passarinho dentro do gol, defendendo a sua cidadela. “Foi quando Antônio Cacheiro eufórico disse:” ‘‘Esse neguinho é um passarinho! “Ele voa”. ----  Daí em diante ninguém nunca mais o chamou de Zé. Todos passaram a trata-lo de Passarinho.  

Desde criança Passarinho vestiu a camisa do Rio branco Esporte Clube, e foi um dos seus melhores jogadores. ------ Nos torneios disputados pelo Rio Branco, Passarinho foi, por diversas vezes, o artilheiro. Nunca abandonou o seu querido “Ranca Toco” uma denominação pejorativa que os adversários criaram para o Rio Branco e que viera a ser recebida como que carinhosa pela torcida Rio-branquense.  

Fora de Candeias, Passarinho atuou no Estrelense Esporte Clube, da cidade de Estrela do Indaiá. MG. Foi por lá um jogador muito aplaudido. Por várias vezes os times de Campo Belo e Itapecerica vinham busca-lo para enxerto dos seus times.

Dentre as diversas histórias vividas durante uma partida de futebol, Passarinho gostava de contar a do Cotó, de quando foi jogador do Estrelense. ---- da cidade de Estrela do Indaiá ---- Cotó era um elemento alto, corpulento e muito esperto dentro de campo. Certa vez numa disputa acirrada, Cotó que não possuía o antebraço esquerdo e vendo que o juiz não apitava falta de mão para ele, passou a usar mais o braço do que os pés para fazer gol. E ai o pau comeu.

Passarinho atuou, também, como profissional da terceira divisão, no Cruzeiro Esporte Clube, da cidade de Luz - MG. Seu nome consta nos anais daquele time. Participou, ainda, do Campos-Altense Futebol Clube, durante os torneios regionais que esse participava. 

Em Candeias foi dedicado exclusivamente ao Rio Branco Esporte Clube e entre seus muitos amigos e colegas de time, podemos citar alguns: Aurélio Vilela, Paulo Vilela, Balofo, Belchior, Dedé do Alonso, Edmundo Simões, Trajano Carrilho, Lázaro, Guinho da Zenóbia, Joaquim Passatempo, Antônio do Orcilino, João Delminda, Dite, Benevides, Quintino, Luizinho do Américo, Zizi Barreto, Antônio Capanguinha, Zé Roxo e muitos outros. Todos falecidos. ---- Nos dias atuais Passarinho faria muita inveja aos jogadores de times famosos. É que naquele tempo o jogador de futebol não tinha essa conotação de hoje.

Em outra área Passarinho teve, também, uma das participações mais efusivas de sua vida. Trata-se da Festa do Congado, ou seja, a Festa do Rosário. Começou a participar desta festa aos sete anos de idade dançando no terno do Moçambique. Aos dezesseis anos era a figura principal do terno de vilão, aos oitenta e cinco anos era o Capitão Mor da festa, um cargo que herdou de seu pai. Trata-se de um dos principais responsáveis pela organização do evento.

Outra atividade social de Passarinho foi nas folias de Reis. Dono de uma voz muito afinada cantava no contra, melhor dizendo, fazia a terceira voz no conjunto. Sempre participava dos torneios de folia, de Campos Altos e Campo Belo.

Passarinho tinha grande talento musical, e sua veia artística lhe propunha a execução de diversos instrumentos: acordeom, violão, cavaquinho e chocalho. No passado foi grande seresteiro. Participou como cantor do Conjunto do Abelino Salviano e do Jazz Tiro e Queda do Sr. Américo Bonaccorsi. Em 2001 foi agraciado com o diploma de colaborador do carnaval de candeias, como cantor, por fazer as pessoas felizes. Festa essa promovida pela Prefeitura Municipal de Candeias.

O neguinho que voava no gol feito um passarinho, hoje não voa mais... Mas voa nas lembranças de quem o conheceu. O Passarinho que dançava junto ao terno de vilão, hoje não dança mais. Contudo, ele sempre estará na lembrança dos jovens que dançam hoje e foram por ele orientados e disciplinados. 

Passarinho residia à Rua Cel. João Afonso, 203, bem defronte onde outrora era o estádio do Rio Branco Esporte Clube. Ali viveu durante muitos anos e passou os últimos dias de sua vida.

Na estrada da felicidade o único tropeço existente é a tristeza. A vida de José Bárbara Filho, o nosso querido Passarinho, foi uma bela canção composta para ser cantada e ouvida por aqueles que, como ele, sabia fazer vista grossa para a tristeza.

Obrigado meu grande amigo Passarinho!... Obrigado por você ter vivido uma vida exemplar... Obrigado por mostrar aos tristes que a alegria está ao alcance de todos... Basta fazer uma forcinha.

Passarinho faleceu no ano de 2013 aos 88 anos de idade.

Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos

 

 

domingo, 14 de junho de 2009

UM CACHO DE BANANA MARMELO


     ESTE TEXTO FOI TRANSFERIDO PARA O LIVRO CANDEIAS MG CASOS E ACASOS..                      

PADRE JOSÉ ALBANEZ


                                                  Padre José Albanez.


Nasceu no dia 21 de novembro de 1925 em Candeias, MG, descendente de humildes imigrantes italianos que aqui se aportaram, trazidos por ocasião do advento da ferrovia no final do século XIX.

Foram seus pais: Miguel Albanez e Carmélia Albanez. Seus avós paternos: Leonardo Albanez e Luzia Albanez e avós Maternos: Nicolas Tórtura e Thereza Tórtura.

José Albanez pertencia a uma prole de dez irmãos: Silvio, Afonso, Francisco, José, Miguel, Maria, Ângela, Carmelita, Luzia e Tereza.

José Albanez nasceu numa época em que Candeias vivia a condição de vila e muito carente de recursos. Cursou a escola primária de nossa terra até o terceiro ano, pois não havia o curso primário completo. Portanto, foi para a cidade de Congonhas do Campo, levado pelo Padre Rui, então, pároco de Candeias, onde completou o curso primário, tendo recebido o diploma no dia 26 de novembro de 1938, com distinção “10”. Nessa época, José Albanez já demonstrava a sua vocação sacerdotal. 

Com a ajuda do Padre Rui, José Albanez seguiu para Belo Horizonte, onde foi iniciar os seus estudos no Seminário Sagrado Coração de Jesus. Seus estudos foram marcados por muitas dificuldades; isso porque apesar dos favorecimentos que a igreja proporcionava aos estudantes, necessário se fazia a complementação financeira; sendo que, a sua família dispunha de poucos recursos.

José Albanez, seminarista dedicado e de exemplar comportamento, veio a ser beneficiado com uma bolsa de estudos na Itália onde iria estudar teologia. Lá permaneceu por quatro anos formando-se, também, em direito canônico. Chegou assim com louvor ao seu ministério, depois de uma trajetória estudantil muito brilhante ao concluir os seus estudos superiores na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

De volta ao Brasil veio para Candeias, onde celebrou a sua primeira missa em sua terra natal na Igreja Matriz. Daí foi prestar serviços na Diocese de Oliveira-MG, como professor de latim e historia do Brasil do Seminário Sagrado Coração de Jesus, instituição da qual se tornaria posteriormente Reitor.

Participou da comitiva que acompanhou o Presidente Juscelino Kubistchek em Roma;
Após prestar relevantes serviços à Diocese de Oliveira, resolveu ir para São Paulo. Lá trabalhou em diversos estabelecimentos de ensino, entre eles, Colégio Paroquial “São Paulo do Belém”, tendo recebido nesse tempo o diploma de “Cidadão Belenense”.
Foi professor de latim do Ministério da Educação e Cultura;

Passou a prestar serviços a Cúria Metropolitana no princípio da década de 70, onde foi efetivado definitivamente ao Clero Arquidiocesano, em 16 de maio de 1974; nomeado pelo Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.

Na Cúria Metropolitana de São Paulo, chegou ao importante cargo de secretário, tendo, ali, prestado relevantes serviços; além de representante oficial do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns.

Falava diversos idiomas entre eles, Italiano, Francês, Espanhol, Inglês e Alemão. Tradutor de diversas obras católicas editadas pela Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Detentor do diploma da Venerável Irmandade de São Pedro dos Clérigos, da Arquidiocese de São Paulo. Professor e capelão dos Irmãos Maristas. Colunista do Jornal O Glória, órgão das Associações do Colégio Nossa Senhora da Glória. Colunista do Jornal, O São Paulo. Membro superior do Tribunal da Causa de Beatificação e Canonização de Madre Paulina. Escritor de diversos artigos nos diversos jornais e revistas católicos de São Paulo. Membro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Por ser formado em direito canônico, e profundo conhecedor das leis da igreja, comumente era solicitado para debates na televisão.

Esteve sempre ligado a Candeias através de seus familiares aqui residentes. Colaborava com a nossa paróquia nas suas visitas, oportunidade em que celebrava missas e fazia batizados. Existem diversas pessoas que receberam, através dele, o sacramento diante da Pia Batismal, na igreja Matriz de nossa cidade.

Possuía a sua casa residencial em Candeias, na Rua João Caetano de Faria, onde residia a sua irmã Ângela Albanez. Era sua pretensão vir a fixar residência em Candeias após a sua aposentadoria. Contudo, faleceu de repente, em 08 de abril Ade 1987, em São Paulo, aos 61 anos de idade quando se encontrava em plena atividade de suas funções.
Está sepultado em Candeias, no Cemitério São Francisco.

Armando Melo de Castro

Candeias MG casos e acasos





terça-feira, 2 de junho de 2009

MAESTRO SILVIO BARBATO

Maestro Silvio Barbato.
 Conheci o maestro Silvio Barbato quando este era uma criança e era pajeado juntamente com uma de suas irmãs pelas suas babás, uma delas prima de minha mãe, chamada Nica; e a outra, Francisca, filha do Zé Pega Pão, e sua esposa Lourdes. Elas ficavam ali na praça frente à Casa Celestino Bonaccorsi, pajeando essas crianças.

Seus pais, Dr. Daniel Barbato e Dra. Rosalba Bonaccorsi Barbato. Ambos eram médicos aqui em Candeias. Para cá vieram ainda recem formados. Dr. Daniel, Já falecido, foi também professor de história no Ginásio de Candeias, oportunidade em que fui seu aluno. Faleceu em Brasília, vitima de um infarto fulminante, na década de 90, quando era professor na Universidade de Brasília.
Foi ele quem iniciou a construção da casa, hoje do Wandinho Bonaccorsi, primo da Dra. Rosalba.
Com a sua volta repentina para o Rio de Janeiro, Dr. Daniel vendeu a casa inacabada para o Wandinho que terminou a sua construção.
O Maestro Silvio Bonaccorsi Barbato, nasceu aqui em Candeias.
Em virtude de Candeias não possuir hospital naquela época, sua mãe Rosalba, foi ter o parto em Campo Belo. Aliás , isso era uma prática comum aqui em Candeias entre os mais aquinhoados.

Eram três os filhos do casal Bonaccorsi Barbato:

--Silviane Bonaccorsi Barbato, psicóloga de renome, com diversos cursos no Brasil e no exterior; professora universitária, residente em Brasília.
 

--Sandra Bonaccorsi Barbato, diplomada em engenharia; residente também em Brasília.
 

--Sílvio Sérgio Bonaccorsi Barbato, residente no Rio de janeiro, formado na Universidade de Chicago; maestro da Orquestra Sinfônica do Brasil, professor, doutor em filosofia, compositor clássico; maestro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro; e dono de um currículo extenso e admirável. Foi o mais jovem maestro de uma orquestra sinfônica.

Por ocasião da morte do maestro, tive um contato com as suas irmãs, em Brasília, através da internet, onde eu quis saber do pai delas e fui informado de que havia falecido. Na oportunidade Sandra se me revelou a mágoa que a família Barbato levou de Candeias, tendo em vista uma agressão física que seu pai teria tido aqui, por motivos inexplicáveis para os filhos.

Dra. Rosalba neta de Celestino Bonaccorsi, filha de Silvio Bonaccorsi e Dona Alvarina Bonaccorsi, irmã do nosso querido Américo Bonaccorsi, então tio tio-avô do Maestro Silvio Barbato.

Silvio Barbato estava no avião francês que caiu nesta madrugada do dia 01 de junho de 2009.
É uma pena! A musica brasileira perde com a morte de Silvio Barbato, grande parte do seu patrimônio; pois ele era muito jovem e ainda tinha muito para proporcionar ao seu país.

Veja parte do seu currículo:
Maestro Silvio Barbato - Diretor Musical e Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro em Brasília e Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Silvio Barbato estudou composição e regência com Claudio Santoro.
No Conservatório Giuseppe Verdi, em Milão, recebeu o Diploma de Alta Composição na classe de Azio Corghi. Ainda na Itália freqüentou a classe de Franco Ferrara, colaborando com o maestro Romano Gandolfi no Teatro Alla Scala. Em Chicago, realizou seu PhD em Ópera Italiana sob a orientação de Philip Gossett.No Teatro Nacional Claudio Santoro está na sua nona temporada como Diretor Musical. Com a Orquestra do Teatro regeu concertos em Roma (Piazza Navona), Lisboa (Mosteiro dos Jerônimos), nos Teatros Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro e em diversas capitais brasileiras. Suas gravações com a Orquestra incluem as Sinfonias Brasil – 500 Anos e os Clássicos do Samba, com Jamelão, Ivone Lara e Martinho da Vila.
 

Entre seus trabalhos com artistas internacionais, destacam-se: Aprile Millo, Montserrat Caballé, e Roberto Alagna e Angela Gheorghiu. No centenário de Carlos Gomes, a convite de Placido Domingo, foi o curador da ópera “O Guarani”, que abriu a temporada da Washington Opera. Diretor musical do filme “Villa Lobos, Uma Vida de Paixão”, foi premiado com o “Grande Prêmio Brasil de Cinema 2001” , na categoria de melhor trilha musical. Em 2003 compôs o balé “Terra Brasilis” que se apresentará, ainda em 2004, na Itália.Pelo trabalho que vem realizando na área cultural, Silvio Barbato recebeu inúmeras condecorações do governo brasileiro, tendo sido promovido ao grau de Comendador da Ordem do Rio Branco, além de ter recebido a Medalha do Mérito Cultural da Presidência da República.
 

O maestro tinha vários compromisso internacionais quando então faleceu.

Obs.: As notas em itálico foram extraidas da  Internet.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos

BICHOS CATINGUDOS



Certa feita, na cidade de Bambuí, onde estive morando por um período de dois anos e atuava como gerente do Banco do Estado de Minas Gerais SA, quando fui surpreendido com a informação de que o gambá é um animal cuja carne é bastante apreciada por muita gente. Isso me teria chegado após ter degustado um pedaço do marsupial asqueroso e fedorento, como rebate de um gole de cachaça numa mesa de bar em meio a uma turma de amigos.

A minha ignorância sobre a questão e a boca feliz demonstrada por mim pelo deguste do tira-gosto exótico, fizeram com que os meus amigos, em risos, se explodissem, em forma de gozação à minha surpresa quando descobri que havia comido gambá... Aquele bicho catingudo que tem como sua defesa um líquido fétido expelido quando perseguido e que me teria sido apresentado como que carne de coelho silvestre.

Não tive outra oportunidade para comer gambá. Mas hoje o faria sem preconceito ou nojo, apesar de minha mulher me haver insultado dizendo que não mais me beijaria caso viesse a colocar tal iguaria na boca novamente.

Interessante é que quando digo que já experimentei a carne de gambá as pessoas me olham com ressalva. Chego a pensar que elas me imaginam um famélico africano ou um indígena sem reserva. Mas, posso garantir tratar-se de uma carne muito saborosa. Em outras oportunidades pude experimentar carne de diversos animais exóticos e silvestres entre eles, cobra, lagarto, Piriá, tatu, e rã; e em quase todas as primeiras vezes o experimento me vinha camuflado e depois se me fazia revelado.

Existe um fato, todavia, que não me foge e sempre vem à tona de minha memória quando entrava no antigo Bar Piloto em Candeias:

Trabalhava naquele bar um conterrâneo por nome de Nande do Maximino Roxo. Elemento extrovertido, amigo da freguesia e detentor da confiança do patrão o então proprietário do bar, Guido Bonaccorsi.

Nande era magro, alto, um corpo meio arcado, principalmente as pernas. Quando estava parado seu pé direito mais parecia uma seta indicando para entrar à direita; rosto comprido, quase sem barba; cabelos amarelados; boca pequena e uma conversa mole. Era cheio de coisas; viciado no jogo de “porrinha” e era tido como campeão nesse tipo de jogo, cujo cacife era proporcional ao potencial dos jogadores. Vivia limpando os bolsos dos menos espertos, com a sua habilidade na manipulação dos palitos. Eu que o diga sobre as vezes que me deixou limpo... Mas era meu amigo... Eu gostava dele...

Passou-me, certa vez, a sua conversa e me vendeu um casal de jacu por um preço absurdo; dizendo que aquela ave poderia ser cruzada com galinhas e que poderia eu ser o criador de um tipo de galinha especial originária das Candeias; e que me poderia render muito dinheiro. -- E eu, um bobo da corte, empanado nos meus projetos de invencionices e tolices, caí na lábia do artista vendedor. Tomei posse do casal de galináceos e sai levando aquilo sem saber onde iria hospedá-los, pois não tinha galinheiro e nem gaiolas apropriadas. Tinha apenas a ideia de um jacu na cabeça... Ou seja, eu, um jacu querendo produzir galinhas com jacus e, à vista disso, ter uma raça de galinha só minha. Ideia gentilmente cedida pelo Nande... Durma-se com um barulho desses... 

Não deu outra coisa. Ao chegar à minha casa num desarranjo total deixei escapar das minhas mãos, as aves que cruzaram os ares num grito de liberdade; fazendo-me sentir como que na fábula entre o vendedor, o alfaiate e a galinha preta, eu ali com a cara do alfaiate.

Mas, voltando ao Bar Piloto, sempre quando vejo falar em se comer carne de bichos exóticos, vem-me à mente, um fato que ocorreu nesse estabelecimento por ocasião em que lá trabalhava o amigo Nande:

Às margens do Campo da – AEC- Associação Esportiva Candeense, ou Estádio Silvestre Teixeira, havia um brejo onde habitava uma grande nação anura, que à noite poderia se imaginar uma grande torcida, como brincou certa vez o Quintino Enfermeiro, quando dizia que a torcida da Associação era de sapos, rãs e pererecas: Os sapos: "Foi gol, foi gol, foi gol – e as rãs de outra forma protestavam: num foi não- num foi não -num foi não... E as pererecas insistiam: Um a zero -- um a zero – um a zero"...

Nande era um grande apreciador da carne de rã. Não perdia a oportunidade de comer uma rãzinha, como dizia ele. E foram várias as vezes que se fez preparar no interior do Bar Piloto uma pratada de rã ao final do expediente. E quando nos dias estabelecidos em que haveria uma chacina de rã, os apreciadores da carne das filhas do brejo ficavam esperando, enquanto os caçadores desciam até ao brejo do campo a fim de capturar as infelizes torcedoras da AEC.

Numa dessas seções por volta da meia noite, quando o expediente do bar já se encontrava encerrado, vem chegando dois caçadores trazendo num balde uma dúzia de rãs ainda vivas. Os já conhecidos da festa aguardavam com as suas bocas cheias d’água e os curiosos queriam ver como era aquela festa. Daí saiu lá de dentro o Nande com uma lata de vinte litros cheia de água fervente e ali já foi dado início a covarde seção de execução dos pobres batráquios.

Entre os expectadores encontrava-se o Antônio Macêdo que chegara ali e quis ver como seria aquela mortandade dos ambicionados animais indefesos. E o Nande num gesto prático e costumeiro foi pegando os bichos e mergulhando-os na lata d’água quente os quais num espaço de segundos se inchavam e se avolumavam momento em que se tomou de uma faca afiada e foi enfiando-lhes na barriga o que fazia exalar-se pelo recinto um mau cheiro terrível parecendo que ali se abrira uma fossa de imundícies ou uma cova de defunto recente.

Nessa hora, o Antônio Macêdo com aquele seu jeito de gozador e dar ênfase a uma critica bradou alto: Nossa! O que é que é isso?! Que bicho catingudo e fedorento!... O que é isso gente!? Vocês vão comer isso? Vocês estão morrendo de fome? Quem come isso come bosta misturada com merda. E enquanto ria tapava o nariz cheio de nojo e não suportando o cheiro saiu... (rindo).

Mais tarde o Nande com um pedaço de rã na mão diria:

"Êta Antonho Macêdo bobo meu Deus do céu? Num sabe o que é bão na vida não! Num sabe o que é uma rãzinha sarada com uma lambada de pinga!...E uma cervejinha bem gelada"...

Onde estiver Nande receba o meu abraço e saiba que é muito bom recorda-lo; você é uma lembrança festiva; é uma lembrança feliz...


Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos.




CLUBE RECREATIVO CANDEENSE





ESTE TEXTO ENCONTRA-SE NO LIVRO CANDEIAS MG CASOS E AACASOS. 


segunda-feira, 1 de junho de 2009

O MEU AMIGO ANTÔNIO MACÊDO


                                                                                      Antônio Macêdo.


A expressão “meu amigo”, a meu ver, não é bem colocada na boca de muitas pessoas que a confundem com companheirismo, coleguismo etc. Um amigo na essência da palavra é um presente de Deus... É um patrimônio sagrado. --- No mundo atual, um amigo de verdade está ficando muito difícil. ---- Neste mundo de ambição, corrupção, desonestidade, o materialismo vai só aumentando e junto com ele a ganância, e com isso o sentimento humano que ampara as boas amizades vai desaparecendo dia após dia.

---Um amigo de verdade nunca cobra pelos favores; é sinônimo de simpatia, estima e fidelidade. Ele briga em nome da amizade; não poupa o amigo da franqueza e nem da verdade. ---- Tem sempre uma boa palavra de ânimo para alimentar a alma do amigo. ---- A distância não separa uma grande amizade. Ele não precisa estar perto. Mesmo distante é uma mão estendida. Conhece-se um grande amigo nos momentos difíceis da vida. Quem nunca teve um momento de dificuldade na vida, não saberia avaliar um amigo. Enfim, um grande amigo não divide apenas uma despesa e o sorriso; ele divide, também, a lágrima e a tristeza. ---- Comumente se vê por ai alguém dizer: fulano é meu amigo... Beltrano é meu amigo... Cicrano é meu amigo... Na maioria dos casos não passam de “fulanos e beltranos” simples companheiros ou amigos restritos que não se entrelaçam de urtigas e rosas.

--No meu rol de amigos, o que não me completa os dedos das mãos, um deles eu não o coloco nos armários da minha memória porque ele está no pretérito, no presente e no futuro da minha vida. E o seu nome só poderia estar na capela do meu coração recebendo as bênçãos de Deus rogadas por mim, como forma de lhe retribuir os tantos favores que dele recebi e que por toda a vida tenho sido beneficiado: o meu amigo ANTÔNIO MACÊDO.

--Quando fui menino, em Candeias, às vezes, ficava à porta de minha casa, na Rua Coronel João Afonso e, de quando em vez, via descer e subir, com uma pasta, aquele jovem elegante nas vestes e no porte. Tinha mais ou menos dezoito anos; rosto corado, alegre e mostrando que era saudável. O seu objetivo naquela parte da cidade era o comerciante Vicente Vilela, que ficava abaixo, na esquina. Como era costume os viajantes passarem por ali para visitar o Vicente, eu imaginava que aquele jovem também fosse um viajante. Posteriormente fui entender que se tratava de um funcionário do Banco Mineiro da Produção S.A. e como o cliente era economicamente folgado, entendia-se que o Banco o atendia em seu domicílio.

--E sempre quando ali passava, talvez pela curiosidade minha e de outros ajuntados, ele sempre brincava falando alguma coisa que agora, no momento não me faço lembrar... E foi ai que conheci Antônio Macedo, nascido no dia 14 de abril do ano de 1938. Filho do Sr. Leônidas Macêdo e Dona Julita Lamounier Macêdo. Tornamo-nos amigos posteriormente, com a chegada de um Ginásio para Candeias; o que levou muita gente a matricular-se no curso ginasial. Com isso as diferenças de idade foram misturadas. Matricularam-se alunos de 12 a 30 anos. O ginásio ainda sem uma sede definitiva foi inaugurado provisoriamente, funcionando apenas no horário noturno, na sede do Grupo Escolar Padre Américo.

--Lembro-me, bem, que Antônio Macedo, Antônio Carlos e Guilherme Ribeiro, eram alunos líderes e deu algum trabalho para os administradores do ginásio. Isso porque a bagunça era total e o trio queria ver a casa organizada. Falava-se que os três mandavam no Ginásio.

--A nossa professora de matemática era uma jovem muito bonita e grande simpatia, de nome Shirley Santos, natural da vizinha cidade de Cristais. E o Antônio Macedo ao invés de prestar a sua atenção na aula, prestava mais atenção na professora. ---- O namoro começou e posteriormente se casaram e foram muito felizes. Tiveram três filhos: Antônio Macêdo Junior; Alisson e Alex; muito bem encaminhados na vida. O primeiro, Dr. Antônio Macêdo Jr. médico muito conceituado com vários cursos no exterior e um dos primeiros no Brasil na sua especialidade. Além disso, um músico excelente. --- Dr. Alisson Macêdo é engenheiro construtor do Clube de Candeias; e o Dr. Alex Macêdo, dentista. --- Filhos inteligentes e bem orientados --- Durante o nascimento desses meninos, eu trabalhava com Antônio que não sabia como deixar de demonstrar tamanha felicidade. Os filhos já nasceram em São Paulo.

--Em Candeias Antônio Macêdo era funcionário do Banco Mineiro da Produção S.A. posteriormente Banco do Estado de Minas Gerais S.A. --- O seu primeiro veículo foi uma bicicleta; depois uma motocicleta. Quando foi para oliveira comprou um Chevrolet daqueles antigos. Naquele tempo um carro de 30 anos ainda tinha comercio. Posteriormente comprou um Chevrolet 51, ----- Ele sempre cresceu na vida com honestidade e trabalho.

--Naturalmente, no sentido de fazer carreira no Banco, transferiu-se para Oliveira e voltava a Candeias todos os fins de semana para ver a namorada, quando ensaiávamos peças de teatro cuja renda era em benefício da construção da nova Matriz. Havia em Candeias um grêmio teatral liderado por diversos artistas amadores e entre eles Antônio era um dos líderes. Eu participei desse grupo como contrarregra e sonoplasta e depois fazendo papéis no palco.

--Posteriormente Antônio morando em Oliveira, arrumou para mim um emprego na Churrascaria Fátima. E eu fui morar em Oliveira num alojamento da churrascaria; onde permaneci por alguns meses. Era ainda, menor de idade.

--Antônio Macêdo ainda com o seu projeto de carreira no Banco e funcionário muito competente, teria sido transferido para São Paulo onde iria ocupar um cargo importante numa das Agências daquela capital.

--Algum tempo depois eu voltei para Candeias e era encarregado do bar do Clube Recreativo Candeense. ---- Antônio estava sempre em Candeias, pois saiu de Candeias, mas Candeias não teria saido dele. E certo dia depois de servi-lo numa das mesas do Clube e ao pagar a conta ele me disse: “Olha aqui Armando: Eu nunca dei gorjeta, toma aqui essa é a primeira gorjeta que estou dando porque aprendi isso lá em são Paulo”.

--Antônio era bastante influente no Clube. Era um grande colaborador daquela casa com as suas ideias sempre inteligentes e respeitadas. Foi ai mais um convívio que tive com ele. --- Ele era o tipo que não deixava para falar depois. Era convicto nos seus atos, sincero, gozador, amigo e quem não o conhecia bem, ignorava a sua humildade.

--Quando completei 18 anos me decidi ir para São Paulo. Era a minha esperança. Era a esperança de todo jovem pobre sem grande preparo cultural, pois eu não teria completado o ginásio em Candeias... Sem uma profissão. São Paulo era a esperança de dias melhores para todo jovem nas minhas condições.

--Devido a grande crise que São Paulo atravessava na época em que se aproximava da revolução de 1964. Permaneci por seis meses em São Paulo vivendo privações não consegui nada. Assim voltei para Candeias, decepcionado; angustiado e agora receoso, portando uma intranquilidade íntima, sem uma profissão... Sem experiência e o pior: sem expectativas...

--Comecei então, a trabalhar como ajudante do pintor de paredes com Gabriel Carlos, também muito amigo de Antônio Macêdo.

-- Encontrei-me certo dia com ele quando me disse: Armando vai dar uma vaga de continuo na Agência do Banco onde eu trabalho. Tem outros pretendentes, mas se você quiser o meu candidato é você e isso depende de mim. Se você quiser o lugar é seu. Com essa proposta a voz de Antônio Macêdo nunca mais saiu de meus ouvidos. E é fácil imaginar como foi a minha alegria, a minha emoção e a minha gratidão.

--A função de contínuo nesse tempo era fazer a faxina, coar café e entregar cartas na rua. Mas teria a chance de melhorar de cargo se aprendesse os serviços bancários. Eu teria essa chance. Senti, então que nesse caso já dependeria de mim. Eu teria que estudar mais e fazer uma prova para melhorar de cargo. E sobre mim eu não tinha nenhuma dúvida.

--Ora, eu que na minha adolescência teria trabalhado em diversas áreas como ajudante sem ver nenhuma chance, queria algo onde o futuro me aguardasse, e já com 19 anos não teria sequer completado o curso ginasial, pois o ginásio ainda desorganizado foi fechado para se organizar sem a certeza de que seria reaberto quando eu cursava ainda o terceiro ano. Não teria sequer passado de ajudante de pintor, garçom do Clube e depois de ter voltado de São Paulo como se tivesse escorregado na lama sobre o mármore! Convivendo com o medo do futuro, medo de mudanças e incertezas... Isso para mim já não eram desconfortos eram metafísicas! E agora aquela pergunta! Aquela oferta tão assim verdadeira! --- A resposta foi de pronto e algum tempo depois no dia 7 de agosto de 1966 eu fui novamente para São Paulo, em sua companhia e de sua esposa, agora já gravida do seu primeiro filho. Lembro-me de quando eu lhe perguntei como seria o nome do filhote ele deu aquela risada e disse: “Juninho”

--Antônio Macedo me colocou no Banco. Ajudou-me nas primeiras promoções – Foi meu fiador – foi meu avalista... Emprestou-me dinheiro... Corrigiu-me nos meus erros... Aconselhou-me orientou-me e me fez digno de respeito. Nas minhas falhas chamava-me atenção, como um pai. Portanto, para mim ele foi mais que um amigo, foi um segundo pai que me orientou e me acompanhava de longe porque a distância nunca atrapalhou a nossa amizade.

--A minha transferência de São Paulo para Minas foi muito importante para mim e sem a sua ajuda teria sido impossível. No seu casamento; nas suas bodas de prata; nos casamentos de seus filhos; no seu aniversário dos cinquenta anos, na comemoração dos seus setenta e oitenta anos; sempre o meu nome esteve na relação de seus convidados.

--Por ocasião da minha viuvez em 1988 e a morte de minha filha em 2007, eu pude receber a sua mensagem e uma pergunta de amigo verdadeiro: “Você está precisando de alguma coisa?” Eu não me lembro de ter feito, um dia, algum favor para o meu amigo Antônio Macedo. Ele nunca precisou... E quem era eu? Um rapaz pobre, sem recursos, sem profissão e de pouca instrução.

--Durante os trinta e dois anos que fui funcionário do Bemge posso dizer que fui muito bem sucedido, pois cheguei a gerente da 8ª das 480 agencias do Banco. Contudo, é com certeza que isso se deu porque sempre, mesmo distante, eu não me esqueci dos ensinamentos e dos princípios do meu professor.
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Prezado amigo Antônio Macedo, obrigado por essa amizade tão rara nos nossos dias e que só me fez bem. Obrigado por tudo que fez por mim. Só quem conviveu com você sabe o quanto gostava e o quanto ajudou as pessoas. O seu coração era tão grande que mal cabia no seu peito. Amigos como você não morrem nunca porque apenas se encantam e passam a morar nos corações por quem foram amados. Portanto, estaremos doravante, meu amigo, nos comunicando através das vias celestiais. Grande abraço.

--Aos familiares, Esposa Shirley, filhos e netos, o meu abraço e recebam os meus parabéns por terem sido agraciados por Deus dando-lhes um patriarca que reunia tantas virtudes como Antônio Macêdo.

--Armando Melo de Castro.

Candeias MG Casos e Acasos.