Meus amigos:
Na década de 50, ainda no tempo do velho Círculo Operário
São José, ou seja, antes do cinema novo de propriedade do Monsenhor Castro,
motivo de assunto da nossa ultima postagem, o velho cinema era um convenio da
Associação do Círculo Operário com Cine Teatro Sidney de Campo Belo. O filme
passava em Campo Belo e depois seguia para Candeias. E o gerente desse antigo
cinema de Candeias era o Sr. Onofre Lacerda, uma pessoa que marcou presença em
Candeias. Muito comunicativo e deixou grandes amizades entre o povo candeense.
Gosto de me lembrar do Onofre porque ele andava pelas ruas e sabia os gostos
das pessoas pelo tema dos filmes. Meu pai, Zé Delminda, era muito amigo dele e
quando era visto de longe pelo Onofre às vezes do outro lado da rua, como na
Avenida 17 de Dezembro, Onofre bracejava dando murros no ar, informando que o
filme daquele dia seria faroeste. Se fosse um filme policial ele imitava o
saque de uma arma. E se fosse um filme de amor imitava um beijo. Enfim, para
cada filme ele tinha um jeito de mostrar de longe o tema da fita.
Onofre Lacerda merece ser lembrado pelos candeenses porque
participou da história de candeias. Gostava muito de futebol, e abaixo
estaremos mostrando um texto escrito sobre Candeias, pelo seu filho João Luiz
Lacerda, para o seu Blog Lembramento JL Lacerda onde ele nos premia com uma
foto histórica de nossos atletas e um texto muito carinhoso quando comenta
sobre a sua época em Candeias, o que eu confiro, como minha época também. ----
João reside na cidade de Alfenas, e na foto do time mostrada está o seu pai
Onofre, quando participou no Campo da Associação Esportiva Candeense. --- Ao
nosso amigo João Luiz Lacerda, queremos dizer das boas lembranças que temos de
seu pai, parabeniza-lo e agradecê-lo pelo carinho que tem pela nossa terra onde
passou boa parte de sua infância.
Hamilton Marques, (???) Ari Ferreira, Dezinho do Josias, Onofre Lacerda, (???) Tãozinho do Chico Freire, Vadinho da Sota, A moça tudo indica ser uma das filhas do Sr. Inácio Pacheco. E os cartolas Alvim Ferreira e Chico Teixeira Neto.
Os meninos agachados: Eu só consegui identificar o Alceu Pacheco. Seria bom se alguém conseguisse identificar esses nomes que se encontram em (???) e os meninos.
Grande abraço João Luiz Lacerda
Armando.
Comentário em nosso Blog Candeias MG Casos e Acasos do amigo João Luiz Lacerda.
Alfenas MG --- Armando, Sou de Campo Belo e hoje resido em Alfenas. Morei em Candeias de 1951 a 1956. Uma infância deliciosa: sem carros propriamente, futebol na rua, de chuteira na Associação Esportiva Candeense (camisa verde preto). Meu pai, Onofre Lacerda, era gerente do cinema - Cine Círculo Operário São José - do Padre, depois monsenhor Joaquim. Lembro-me do Sr. Quintino (pai da Vanda, PTB e ardoroso fã do Jango). Do velho Bonacorsi com o cigarro dependurado ao lado da boca na Casa Bonacorsi. Do sr. Gabriel que gostava de teatro. E alguns nomes que sempre rodam na minha lembrança. Tenho uma irmã que nasceu em Candeias, em 1951.
No meu blog www.lembramentojllacerda.wordpress.com publiquei
filmagem que fiz de Candeias em 1983. E também uma foto do time (aspirante,
claro) que meu pai treinou na AEC. Um abraço, (João Luiz Lacerda) –
Abaixo o texto de João Luiz Lacerda
A foto diz que… todos estão sérios, momento solene do
registro para a posteridade. Vê-se que é um modesto time de futebol, campo de
terra e, ao longe, a vegetação invade o céu. Então, no silêncio misterioso da
fotografia, pequena e quase inaudível voz vagueia e diz que… de um lado do
campo, o barranco. Do outro, barreira de bambus protegia um pequeno curso
d’água. Era o campo da Associação Esportiva Candeense (AEC) nas cores verde e
preto, cá embaixo, de difícil descida da praça, sofrida e cansativa subida de
retorno. Semelhante, e menos árduo, tomar rumo para fora da cidade em direção
da estrada de terra para Campo Belo e Formiga para adentrar o campo do Clube
Atlético Candeense (CAC) com sua camisa azul-amarela. Ah, sim, ainda ouço o
matraquear de catracas em volta da igreja nos dias silenciosos e fúnebres da
semana santa, medrosos e temerosos durante a quaresma. Bem-vindo o fim
religioso com a alegria e a cantoria de um grito de carnaval no clube social.
Ali, naquela igreja, a correria da meninada no domingo do catecismo para o cine
Círculo Operário São José, do padre/monsenhor Joaquim. Igreja renasceu daquela
que foi para o chão. O cinema despedaçou-se para um novo e repousa no
esquecimento. A praça então era imensa, de terra, a água da chuva a encharcar
de barro pés, descalços ou não, que se atrevessem. O dedo da voz, baixinha, faz
desenho no tampo da mesa e aponta indefinido e imaginário, a oficina e posto de
gasolina para minguados carros. Aqui, o bar do Afonso, onde a jardineira
apanhava viajantes e as malas eram colocadas em cima dela. Ao lado, a casa dos
Bonacorsi e, do outro lado da praça, a casa Bonacorsi, do velho Bonacorsi, com
suspensórios a manter pregado o constante cigarro no lábio inferior. Mais à
frente, na esquina, o Clube Social a enviar noites de danças, bebidas e alegria
para a outra igreja ao lado, sempre fechada. Para lá, em direção do campo do
Clube Atlético, no meio da subida, uma pequena igreja, velha, misteriosa,
parecia abandonada. Conheceu o sr. Quintino, orgulhoso compadre do Jango
Goulart e ferrenho político do PTB? E o Antônio, quase vizinho dele, que
montava presépio mecânico ma-ra-vi-lho-so! Tinha o dr. Zoroastro, e também o
dr. Vandick Del Fávero que foi pro Rio com despedida emocionada e concorrida.
Bem perto, com pés na estrada, a fazenda do João Marques, de pescaria, cachaça,
garapa e rapadura. Houve sonho para uma praça de esporte, a cidade merecia.
Também uma rádio, a tocar música com alguns discos pretos e pesados, que
ocuparam por poucos dias os ouvintes. Foi fechada, claro, clandestina, né?
Todos estão sérios na foto como sempre acontecia antigamente, os retratados não
sabiam como sorrir para o retratista. Mas… veja, a moça segura um ramalhete,
está sorrindo e não olha para a máquina, para quem será o olhar dela? Só tem
essa foto? Que pena!
NB) O bar do Afonso, citado, trata-se do Bar Piloto, então
do Sr. Afonso Ferreira de Oliveira
Texto de João Luiz Lacerda
Postagem, Armando Melo de Castro
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