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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

ONOFRE LACERDA.

Meus amigos:

Na década de 50, ainda no tempo do velho Círculo Operário São José, ou seja, antes do cinema novo de propriedade do Monsenhor Castro, motivo de assunto da nossa ultima postagem, o velho cinema era um convenio da Associação do Círculo Operário com Cine Teatro Sidney de Campo Belo. O filme passava em Campo Belo e depois seguia para Candeias. E o gerente desse antigo cinema de Candeias era o Sr. Onofre Lacerda, uma pessoa que marcou presença em Candeias. Muito comunicativo e deixou grandes amizades entre o povo candeense. Gosto de me lembrar do Onofre porque ele andava pelas ruas e sabia os gostos das pessoas pelo tema dos filmes. Meu pai, Zé Delminda, era muito amigo dele e quando era visto de longe pelo Onofre às vezes do outro lado da rua, como na Avenida 17 de Dezembro, Onofre bracejava dando murros no ar, informando que o filme daquele dia seria faroeste. Se fosse um filme policial ele imitava o saque de uma arma. E se fosse um filme de amor imitava um beijo. Enfim, para cada filme ele tinha um jeito de mostrar de longe o tema da fita.

Onofre Lacerda merece ser lembrado pelos candeenses porque participou da história de candeias. Gostava muito de futebol, e abaixo estaremos mostrando um texto escrito sobre Candeias, pelo seu filho João Luiz Lacerda, para o seu Blog Lembramento JL Lacerda onde ele nos premia com uma foto histórica de nossos atletas e um texto muito carinhoso quando comenta sobre a sua época em Candeias, o que eu confiro, como minha época também. ---- João reside na cidade de  Alfenas,  e na foto do time mostrada está o seu pai Onofre, quando participou no Campo da Associação Esportiva Candeense. --- Ao nosso amigo João Luiz Lacerda, queremos dizer das boas lembranças que temos de seu pai, parabeniza-lo e agradecê-lo pelo carinho que tem pela nossa terra onde passou boa parte de sua infância.

 NB) A foto não trás os nomes dos integrantes. Eu consegui identificar os seguintes: Da esquerda para a direita de pé: -----

Hamilton Marques, (???) Ari Ferreira, Dezinho do Josias, Onofre Lacerda, (???) Tãozinho do Chico Freire, Vadinho da Sota, A moça tudo indica ser uma das filhas do Sr. Inácio Pacheco. E os cartolas Alvim Ferreira e Chico Teixeira Neto.

Os meninos agachados: Eu só consegui identificar o Alceu Pacheco. Seria bom se alguém conseguisse identificar esses nomes que se encontram em (???) e os meninos.

Grande abraço João Luiz Lacerda

Armando.

Comentário em nosso Blog Candeias MG Casos e Acasos do amigo João Luiz Lacerda.

Alfenas MG --- Armando, Sou de Campo Belo e hoje resido em Alfenas. Morei em Candeias de 1951 a 1956. Uma infância deliciosa: sem carros propriamente, futebol na rua, de chuteira na Associação Esportiva Candeense (camisa verde preto). Meu pai, Onofre Lacerda, era gerente do cinema - Cine Círculo Operário São José - do Padre, depois monsenhor Joaquim. Lembro-me do Sr. Quintino (pai da Vanda, PTB e ardoroso fã do Jango). Do velho Bonacorsi com o cigarro dependurado ao lado da boca na Casa Bonacorsi. Do sr. Gabriel que gostava de teatro. E alguns nomes que sempre rodam na minha lembrança. Tenho uma irmã que nasceu em Candeias, em 1951.

No meu blog www.lembramentojllacerda.wordpress.com publiquei filmagem que fiz de Candeias em 1983. E também uma foto do time (aspirante, claro) que meu pai treinou na AEC. Um abraço, (João Luiz Lacerda) –

Abaixo o texto de João Luiz Lacerda

A foto diz que… todos estão sérios, momento solene do registro para a posteridade. Vê-se que é um modesto time de futebol, campo de terra e, ao longe, a vegetação invade o céu. Então, no silêncio misterioso da fotografia, pequena e quase inaudível voz vagueia e diz que… de um lado do campo, o barranco. Do outro, barreira de bambus protegia um pequeno curso d’água. Era o campo da Associação Esportiva Candeense (AEC) nas cores verde e preto, cá embaixo, de difícil descida da praça, sofrida e cansativa subida de retorno. Semelhante, e menos árduo, tomar rumo para fora da cidade em direção da estrada de terra para Campo Belo e Formiga para adentrar o campo do Clube Atlético Candeense (CAC) com sua camisa azul-amarela. Ah, sim, ainda ouço o matraquear de catracas em volta da igreja nos dias silenciosos e fúnebres da semana santa, medrosos e temerosos durante a quaresma. Bem-vindo o fim religioso com a alegria e a cantoria de um grito de carnaval no clube social. Ali, naquela igreja, a correria da meninada no domingo do catecismo para o cine Círculo Operário São José, do padre/monsenhor Joaquim. Igreja renasceu daquela que foi para o chão. O cinema despedaçou-se para um novo e repousa no esquecimento. A praça então era imensa, de terra, a água da chuva a encharcar de barro pés, descalços ou não, que se atrevessem. O dedo da voz, baixinha, faz desenho no tampo da mesa e aponta indefinido e imaginário, a oficina e posto de gasolina para minguados carros. Aqui, o bar do Afonso, onde a jardineira apanhava viajantes e as malas eram colocadas em cima dela. Ao lado, a casa dos Bonacorsi e, do outro lado da praça, a casa Bonacorsi, do velho Bonacorsi, com suspensórios a manter pregado o constante cigarro no lábio inferior. Mais à frente, na esquina, o Clube Social a enviar noites de danças, bebidas e alegria para a outra igreja ao lado, sempre fechada. Para lá, em direção do campo do Clube Atlético, no meio da subida, uma pequena igreja, velha, misteriosa, parecia abandonada. Conheceu o sr. Quintino, orgulhoso compadre do Jango Goulart e ferrenho político do PTB? E o Antônio, quase vizinho dele, que montava presépio mecânico ma-ra-vi-lho-so! Tinha o dr. Zoroastro, e também o dr. Vandick Del Fávero que foi pro Rio com despedida emocionada e concorrida. Bem perto, com pés na estrada, a fazenda do João Marques, de pescaria, cachaça, garapa e rapadura. Houve sonho para uma praça de esporte, a cidade merecia. Também uma rádio, a tocar música com alguns discos pretos e pesados, que ocuparam por poucos dias os ouvintes. Foi fechada, claro, clandestina, né? Todos estão sérios na foto como sempre acontecia antigamente, os retratados não sabiam como sorrir para o retratista. Mas… veja, a moça segura um ramalhete, está sorrindo e não olha para a máquina, para quem será o olhar dela? Só tem essa foto? Que pena!

NB) O bar do Afonso, citado, trata-se do Bar Piloto, então do Sr. Afonso Ferreira de Oliveira

Texto de João Luiz Lacerda

Postagem, Armando Melo de Castro

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