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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

O QUE OS NOSSOS OLHOS NÃO DEVERIAM VER.



A televisão, apesar de ser um invento de grande utilidade para a evolução do mundo, participando das vidas das pessoas, vem, aos poucos, causando grandes transtornos à formação de uma sociedade saudável. Quem viveu como vivi, antes do advento da televisão, sabe o quanto esse veículo de comunicação, de informação e de entretenimento veio colaborar com o caos social.

Há situações criadas por ela que poderiam ser evitadas. Infelizmente, como formadora de opinião ela altera o pensamento das pessoas; inventa histórias fantásticas e inexistentes; deturpa os fatos ao confundir a cabeça dos seus telespectadores com a mesma força e persuasão de pastores safados e desonestos. Divulga notícias falsas; prevalece-se da humildade, da simplicidade e da inocência das crianças.

A própria televisão propaga a barbárie quando incita os jovens e preocupa os idosos com os seus noticiários sensacionalistas, dramáticos, sempre na busca desvairada e na exploração incessante pela audiência. E não venham me dizer que se trata de uma atitude democrática sob o argumento de que um canal pode ser trocado a qualquer momento. Sabe-se que a televisão trabalha arduamente, no sentido de atrair as pessoas e sendo esta de fácil alcance, não encontra dificuldades para atingir os seus objetivos.

Quem liga a sua televisão, nas primeiras horas do dia, já vai assistir a um verdadeiro espetáculo de crimes descritos e narrados nos seus mínimos detalhes. Parece que a televisão vai se especializando em notícias ruins para atender ao interesse maligno e perverso que ocupa, cada vez mais, grande espaço dentro do homem. Durante o dia, apenas programas que envolvem problemas sem solução. À tarde e à noite, mais notícias que não trazem nenhuma alegria a qualquer telespectador. As novelas, os filmes e os clipes musicais nem sempre trazem bons exemplos para uma sociedade saudável. 

O sensacionalismo barato tomou conta de todas as emissoras de televisão aberta que, para vencerem a audiência, fazem qualquer negócio, qualquer coisa com a sua força de comunicação e vai cobrando dos governantes, coniventes com o esquema, a liberação de expressão, fazendo assim uma sociedade sem regras pela qual o homem vai, pouco a pouco, voltando ao seu estado primitivo. --- A televisão conta tudo, mostra tudo e sem reservas.

É muito importante enfatizar que nem todos são conscientes do mal que estão recebendo dentro de sua própria casa. A informação desnecessária causa seriíssimos transtornos psicológicos aos seres humanos. A fragilidade humana permite que o bem se transforme diante do mal. Em síntese, a televisão é influente; demasiadamente influente e quando esta mostra maior parte de sua programação de forma viciada, mostrando, na maioria das vezes, o mal, é evidente que este se apodera como um exemplo, um exemplo negativo e prejudicial.

O comportamento de um adulto é um exemplo para uma criança. Uma criança que presencia um crime pode guardar esse quadro de horror por toda a sua vida. Digo isso porque esse fato aconteceu comigo quando eu estava com pouco mais de dez anos de idade. Eu pude presenciar uma cena que, até hoje, encontra-se guardada dentro de mim cuja lembrança fúnebre eu jamais consegui expurga-la. Foi quando aconteceu no Bairro da Lage, em Candeias, um crime terrível. O marido, que se chamava Afonso matou a facadas a sua esposa Afonsa, e logo se suicidou, ficando os dois corpos banhados em um poço de sangue no interior da residência.

 A fragilidade das autoridades da época deixou que esse quadro de horror ficasse à disposição dos curiosos, dentre eles: adultos, crianças e idosos. Todos podiam ver de perto os corpos sem vida expondo um quadro, verdadeiramente assustador. Supunha-se se tratar de um crime passional. O fato de marido e mulher terem o mesmo nome criou-se, por muitos anos, entre os candeenses, o mito de que o casamento não teria sorte.

Até hoje, após mais sessenta anos, quando vejo uma cena violenta na TV ou vejo um comentário sobre esse tipo de coisa, vem à tona de minha memória aquele quadro de horror que entrou pelos meus olhos, passou pelo meu cérebro e ficou estacionado dentro do meu coração.

Armando Melo de Castro
Candeias Casos e acasos.



Comentário
Ely Ferreira Da Cunha Ely Armando lembro deste fato .Meus pai foi padrinho deles de casamento e a gente foi lá para ver aquilo uma cena horrível que sendo criança não poderia jamais ter visto.Tambem nunca esquecemos aquele horror





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