“As cores tem muita
influência nas expressões: por exemplo: “vermelho de raiva” “A crise está
preta” ficou branco de susto” ---“Tudo cor-de-rosa ou tudo azul”. “é o preto no
branco”. Dou-lhe carta branca. “Ele ficou amarelo”. “Tenho sangue azul” saldo no
vermelho; cartão amarelo e vermelho e ultimamente temos por ai o azulinho para
ajeitar o saco roxo”. E mais uma série de expressões usadas através das cores.
As mais
preferidas sempre existiram, principalmente para as roupas. Mas o tempo se
incumbe de transformar essas preferências. No passado as cores mais
significativas, eram mais brandas. Não se usavam essas cores fortes como
atualmente; havia certo preconceito sobre elas. ---- O vermelho era a cor
do diabo. Usar roupas vermelhas era perigoso porque poderia estar chamando o
demônio. ---- A cor rosa era muito usada apenas pelas mulheres e crianças dado
a característica feminina. O roxo era a cor dramática porque era usada nas
cores dos caixões. Portanto, no passado as cores eram discretas. O
mundo não era tão colorido como agora.
Hoje em dia, andando
pelas ruas, posso observar que as pessoas estão usando vestes de cores que
antes não eram usadas. O amarelo, por exemplo, raramente era visto. E quando
aparecia uma moça com uma blusa ou um vestido dessa cor, a rapaziada enchia-lhe
o saco. Ao passar por ela diziam num tom zombeteiro: “Desesperada para se casar
moça?”. Acontecia da pessoa não sair mais à rua com aquela roupa.
Eu acho que o preto é
a cor mais expressiva. Afinal ninguém quer estar numa lista negra e quem está
saiu mal. ---- Os terreiros de macumba designados para fazer mal a alguém são
chamados de magia negra. E aquele filho não muito querido pelos pais é chamado
de Ovelha negra. Pessoas que trabalham num comércio proibido mexem com câmbio
negro. E em tempos passados, aqui no Brasil, o preto era a marca do luto.
Cultura, hoje, já defasada.
O luto é uma tradução
de perda normalmente pela morte de alguém da família. Um sentimento dorido e
profundo que exprime a dor da ausência de alguém muito querido que tenha desaparecido com a morte. Quanto mais querida é a pessoa que morre maior é o sofrimento do enlutado.
Em povos de
diferentes culturas o luto se diferencia na sua forma de ser exprimido.
Lembro-me como era o luto em Candeias no meu tempo de Criança.
Minha avó materna
quando ficou viúva esteve durante um ano vestindo uma roupa completamente preta.
Era comum a mulher, colocar o então chamado luto fechado. Isso significava que
a pessoa enlutada trajar-se-ia somente de roupas pretas e na maioria dos casos
durante um ano ou seis meses. ---
-- Quando se via uma
pessoa vestida de preto, a pergunta era certa: quem morreu na sua família?
Os homens raramente
punham luto fechado. Era a camisa preta. Lembro-me de quando o meu avô paterno
faleceu, meu pai ficou durante seis meses usando camisa preta. E quando ouvia
uma música de Tonico e Tinoco, “Camisa Preta” as lágrimas lhe brotavam nos
olhos.
Não se via ninguém vestido de preto se não houvesse um luto na família. Muitos não se vestiam de preto, mas usavam uma fita preta presa na camisa ou no vestido. Essa forma era mais usada por parentes mais distantes, como genros, sobrinhos ou irmãos.
O preto era usado
apenas para os panos estampados. Não se via, como hoje, homens trajados de
terno preto e mulheres toda de preto. --- Ao término do luto, dizia-se estar
tirando o luto quando a pessoa voltava a usar roupas com panos estampados de
preto e branco.
Hoje, a cor preta
talvez seja a mais chique, a mais expressiva. Vestir-se de preto, hoje em dia,
como luto, deixou de ser. As modas femininas não dispensam o preto nas suas
inovações.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades. (Luiz de Camões)
Armando Melo de
Castro.
Candeias MG Casos e
Acasos
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