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domingo, 28 de abril de 2019

ASSIM ERA PITUXA.

                                                                                      Pituxa

O cachorro é um animal iluminado. O sentimento entre o homem e o cachorro é mútuo e difícil de ser explicado. E o mais interessante é que se trata de um sentimento puro especialmente por parte do animal que às vezes nos dá a impressão de que ama mais o seu dono do que a si mesmo. 

---Morreu Pituxa, a nossa cadelinha querida, contando treze anos de idade. ---

 Muitas vezes eu pensei que Pituxa fosse mais que uma cachorrinha!   Afinal, como podia ser tão carinhosa daquele jeito? Tão requintada; tão educada sendo uma cadela!?... Pituxa nunca incomodou os vizinhos, nunca fez sujeira dentro de casa; almoçava com todos os três da casa! Se se estava com fome pedia alimento com educação. ----- Pituxa dava atenção a todos.... Era tão domestica que atendia o menor sinal que lhe fosse feito. E tinha as suas preferências alimentares das mãos de cada um de nós, como por exemplo, os palitinhos de carnaza, eram de minhas mãos; carne era das mãos da Bruna ração e outras variedades eram das mãos da Lilita. --- 

E quando a gente chegava à janela do apartamento, Pituxa batia as patinhas dianteiras, como se batesse palmas, pedindo para lhe mostrar a rua. ---- E no carro, como Pituxa ficava alegre olhando pela janela, o movimento da rua! ----- Pituxa parecia ser a cachorrinha mais feliz do mundo, com o movimento da rua.

E quando aguardava para sairmos a passear, o seu medo de ser deixada em casa era grande. Dai o seu desassossego... Como Pituxa era parte da família!... Se não pudesse ser levada tínhamos que sair sem muita conversa porque ela já manjava que ia haver rua. 

 As palavras vamos sair; rua; passear; não podiam ser pronunciadas se ela não fosse ser levada. Sair e passear era o que ela mais gostava.  ----- 

À medida que Pituxa ia se envelhecendo, eu não queria me lembrar disso. Eu queria pensar que a nossa cachorrinha fosse imortal ou que eu fosse morrer primeiro.----- Agora ela nos deixou, partiu levada pelos braços de são Francisco de Assis. ----- Adoeceu para morrer----- Ao ver os seus objetos que ficaram, seu bebedouro, o seu pratinho de ração, a sua cama e tudo mais que lhe diz respeito, sentimo-nos afogados numa grande saudade, numa grande dor por essa ausência.

E diante desse vazio imenso deixado por uma cadelinha que só sabia amar, dá para sentir mais uma certeza de que não somos donos de nada nesta vida e o quanto somos pobres diante da morte.


Armando Melo de Castro.
Candeias MG Casos e Acasos

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