Sebastião Redondo tinha esse apelido por ser todo moldado
em toucinho. Tinha a olaria; a sua família, a sua casa e um caminhão ¾ com o qual
ele transportava os tijolos. Um veículo já bastante judiado pelo tempo que não
tinha portas e nem capô, com um cano de descarga todo furado.
Subia a rua da igrejinha, hoje Rua Alvim Ferreira, com um
barulho mais parecendo um avião. E acenando com a mão para quem o visse como se
tivesse pilotando um jatão. E isso servia de chacota para as pessoas, que
diziam: “lá vem o Bastião Redondo peidando fogo”. E da olaria até ao centro da
cidade era só subida. E o velho caminhão não tinha folga. Se se subia estava cheio
de tijolos e se descia estava vazio.
Além de tudo isso
Sebastião tinha uma língua ferina que cortava mais do que uma faca afiada.
Falava de Deus e o mundo e quando cansava, falava do mundo e de Deus. Era uma
língua dinâmica. Para cair na sua língua, bastava aproximar-se dele.
Certa vez o seu “furrecão” quando subia a rua toldado de
tijolos, disparou-se de fasto e isso foi um “Deus nos acuda”. Desde então,
não se via mais o oleiro subir a rua fazendo aquele barulho de avião e acenando
à mão, como se fosse político em carreata. Afinal ele só faltava dizer que
aquele caminhão era o melhor do mundo.
Depois disso o gordinho resolveu mudar de ramo. Com a
morte do Estevão da Rola, dono do antigo armazém do Divino, situado à Rua Expedicionário
Jorge, Sebastião Redondo comprou o Armazém e ali permaneceu por muitos anos
transferindo-o posteriormente para o Divino.
Com o advento do telefone em Candeias, o nosso
conterrâneo redondinho, comprou um telefone e isso foi o maior chique. Até
Jesus Cristo recebeu um aviso de que aquele armazém tinha telefone. ---
Não
demorou muito começaram os trotes, coisa muito usada naqueles tempos quando se
inaugurava uma central telefonica, ou quando alguém adquiria uma linha. --- Ligaram da
Alfaiataria do Leonardo, para o Sebastião Redondo:
----Alô!
----Opa! quem tá falano daí? Aqui é o Bastião!
----É o Sebastião?
----É ele memo...
----Olha Sebastião eu queria falar com o Pires...
----Pire, aqui num tem nenhum pire não...
----Não tem pires! Então onde eu vou colocar a minha xícara?
----Uai, coloca no “Ku” da sua mãe uai...
NB) Eu não vou dizer quem deu o telefonema em respeito à mãe dele.
NB) Eu não vou dizer quem deu o telefonema em respeito à mãe dele.
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.
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