A indústria automobilística no Brasil chegou com o advento do governo de Juscelino Kubitschek no final da década de 50. Juscelino que teria prometido ao povo Brasileiro fazer do Brasil cinquenta anos em cinco de progresso, trouxe a indústria automobilística para o país quando foram fabricados os primeiros veículos. Até então, o Brasil só tinha montagens de carros estrangeiros. Em 1959 chegou a Candeias o primeiro caminhão chevrolet-Brasil, de propriedade do Waldir do Zé Alves. E logo apareceu o primeiro fusca de propriedade do Zé Pulhes.
Os proprietários de automóveis em Candeias na década de 50 eram poucos e todos importados, e se limitavam à família Furtado, Nestor Lamounier, Dr. Renato Vieira, João Bernardo; José Pinto de Resende, João Pinto de Miranda, Monsenhor Castro, Ângelo Afonso. --- Algumas poucas caminhonetes dos fazendeiros mais abastados, como João Pinto, Mariano Bernardo e família Carrilho. E um único carro de praça pertencente ao Sr. Edson Cordeiro. Um Ford 1946. Os demais que existiam afora esses citados, eram os chamados ximbicas que viviam mais na oficina mecânica do Nestor Lamounier.
A década de 60 chegava para balançar o mundo. E Candeias não poderia ficar indiferente. Foi quando começou uma grande revolução comportamental como a onda do feminismo e os movimentos de defesa dos negros e dos homossexuais. O Papa João XXIII deu uma remexida forte na Igreja Católica, o movimento hippies protestando; a revolução musical; o começo da anarquia em Cuba o que levou Fidel Castro ao poder. Enfim o espaço aqui é curto para falar da mudança que o mundo teve a partir da década de 60. Portanto, vamos limitar a falar da época antes de antevir a década de 60.
O Brasil experimentava a
revolução industrial muito bem orientada pelo governo Juscelino Kubitschek, já
iniciado com a Construção de Brasília. A impressão que se tinha antes de
Brasília, seria de que o Brasil era Rio e São Paulo. O Nordeste dava a entender
que estaria do outro lado do mundo. Goiás era sertão. Aliás, em Candeias, por
exemplo, chamava Bambuí de sertão. Qualquer coisa que vinha de Bambuí para
baixo, era produto do sertão, queijo, farinha de mandioca, feijão roxinho...
eram produtos do sertão.
O termo “caminhoneiro” era simplesmente motorista de caminhão. E os motoristas que viajavam para outras cidades eram chamados de Chofer de Estrada. Eram poucos os caminhões em Candeias na década de 50. Posso até citar todos aqui e seus respectivos proprietários e motoristas.
--- Sebastião Redondo, tinha um chevrolet 1940 o qual ele usava para transportar tijolos de sua olaria. Ele o motorista.
---Chico de Assis tinha um Ford 1942 com o qualfazia pequenos transportes dentro da cidade. Motorista era ele mesmo.
---João Sidney de Sousa tinha um chevrolet 1946 que era usado para transporte de dormentes para a RMV. (Rede mineira de viação) o motorista era o meu amigo, o meu grande amigo Henrique Pinheiro.
---Celestino Bonaccorsi tinha um chevrolet 1946 para fazer os transportes de seu grupo empresarial. O motorista era o Sr. Geraldo do Emídio.
---Sebastião Freire tinha um
Ford 1946 para carretos dentro da cidade. Motorista era o Nenê seu filho.
---João do Artur tinha um
chevrolet 1949 para carretos em geral, motorista era ele.
---César Paixão, tinha um Internationale 1950 leiteiro de Candeias a Campo Belo.
---Joãozinho da Fazenda, tinha um Ford 1960 para os seus transportes rurais.
---Prefeitura, tinha um chevrolet 51 e o motorista era o Zé Cacheiro.
---Américo Bonaccorsi tinha um GMC, para transportar galinhas para o Rio de Janeiro. O motorista era o Vandinho seu filho.
---Zico do Carrinho, tinha um chevrolet 51 com o qual era para transporte de leite para Campo Belo. Ainda não existia a CACISA.
---Zé Maria, tinha um chevrolet 51 com o qual ele
atendia os carretos dentro da
cidade e nas roças.
-- Barroso tinha uma caminhonete Ford com o qual ele fazia transporte de Creme das
roças para o seu depósito num
açougue onde hoje está localizado o Labbioclinicas.
Até então não existiam
caminhões fabricados no Brasil. A partir de 1960 já começaram a aparecer os
caminhões, outros automóveis. Com o advento da fábrica de laticínios CACISA,
vinda de Cristais, do Sr. Calimério Alves Costa, os transportes de leite
cresceram e surgiram outros caminhões para atender a demanda.
Não existiam nesse tempo grandes transportes rodoviários em Candeias. A maior parte dos produtos era transportada através da ferrovia. Os carroceiros faziam ponto na estação, porque quando as mercadorias chegavam, eles já as levavam para os seus destinatários. Lembrando alguns deles: Serafim, Arlindo Barrilinho, Juca Cordeiro, Nego da Zenóbia, João Branco e outros mais. Hoje, eu nem sei se ainda existem carroceiros em Candeias.
Nesta oportunidade eu quero lembrar aqui um grande amigo meu, o motorista Renato do Zico do Carrinho, que era o motorista do seu pai. Começou a dirigir o caminhão ainda garoto. Ele tinha como ajudantes o seu irmão Zé do Zico, casado com a Dalva do Cassinho. e o Geraldo que tinha o apelido de Cigano.
Os personagens deste texto estão sendo lembrados em memória. Que eu saiba, apenas a Dalva do Acassinho, esposa do Zé do Zico, felizmente ainda se encontra entre nós.
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.
reeditado em 25 de agosto de 2023
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