Um
conterrâneo meu cujo nome guardarei comigo, desses que acha que todo mundo que
anda limpo sabe tudo; que vai com a cara da gente e começa fazer todo tipo de
pergunta, sem saber que a gente não sabe quase nada, me fez a seguinte interrogação:
---Sô Armando,
o que é que é bão pá cocêra no saco?
Para uma
pergunta fora dos padrões eu dei uma resposta, também, fora dos padrões:
---Unha,
Unha é bom para coceira!
Ele deu uma
risadinha e disse:
---Isso ai
eu sei uai! Eu quiria um trem que é bão pá cocêra.
---E coçar
não é bom?
---Mais num
acaba uai!
---Você quer
uma coisa que seja boa para coceira ou que acabe com ela?
---Eu quero
é pará de coçá uai!
---Você
então quer eliminar os ácaros?
---Acro?
---É o bicho
que causa a coceira...
---Curuis
credo! Mais cumé qui eu num vejo nada?
---Eles são
minúsculos, são tão pequenos que você nem os vê...
---Num
intindi o que o senhor falô? Acro o que qué isso memo?
---Ácaro é o
bicho que está causando a coceira no seu saco!
---Curuis
credo, mais eu já oiei e num vi nada?...
Agora o sôr tá falano nesse tal de acro? Que Deus me defenda! Mais o quê qui pode
dá cabo desse trem?
---Água!
Água neles!
---Mais se
ês é piqueno, eu nem inchego, cumé qui eu vô dá água pra eles?
---Lavando o
saco com sabão! Eles detestam água com sabão. Quando você lavar o
saco eles vão
beber daquela água e vão morrer de nojo da limpeza.
---É isso
pode sê memo Sô Armando! Eu vô fazê isso! E o sor num sabe, lá in casa tá todo mundo quessa diaba dessa cocêra. A muié intão! Tá in tempo de rancá o trem fora.
E já que ele
imaginou que eu pudesse curar a coceira do saco dele, eu pensei, ele pode estar
também, com uma puta de uma candidíase, e com tudo isso já deve estar com as
unhas infestadas de toda essa lambança... Quer saber? Vou me esticar daqui
antes que ele saia primeiro e venha se despedir com um caloroso aperto de mão. E
nesse caso me apressei e FUI!
Armando Melo
de Castro
Candeias MG
Casos e Acasos
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