O primeiro chuveiro elétrico
que se tem notícia de ter sido instalado em Candeias, foi na residência do
eletricista Américo Pereira, pai da Sra. Aparecida, esposa do Juca Melo. Isso ainda no
princípio da década de 40, quando a “Usina do Bonaccorsi” ainda tinha Watts com
sobra. Mas, à medida que a cidade foi crescendo, o consumo foi aumentando, e a Empresa
e Força Luz Candeense, de propriedade do Sr. Celestino Bonaccorsi, foi ficando
insuficiente e carente de investimento, essas inovações foram se tornando
inviáveis; pois a potência da geradora mal dava para iluminar as casas.
Além
disso, estava sempre com problemas técnicos que faziam com que a cidade ficasse
dias e mais dias aguardando a volta da iluminação. Nessas oportunidades
voltava-se ao uso da lamparina a querosene. O fornecimento era limitado em
apenas 200 watts para cada residência, através dos chamados “Pica-Pau”. O único
aparelho que funcionava com essa quantia de watts fornecida era o rádio a válvula,
caro e ainda um artigo de luxo. Portanto, a ideia do chuveiro só voltou à tona
com o advento da Cemig.
Até então a forma de tomar banho era bem diversificada. A classe mais aquinhoada usava o sistema de serpentina, um equipamento formado
por uma chapa de fogão de lenha composta por um tubo por onde aquecia a água
que era depositada num caixa de zinco, instalada nas imediações do fogão; dali
canalizada para o cômodo de banho.
--- Outras formas de se banhar era com o
chuveiro frio, bacia ou caneco. Grande parte de pessoas tomavam banho apenas
duas vezes por semana, ou seja, nas quartas feiras e aos sábados. Os homens
lavavam os pés e as mulheres o famoso banho do tiaca-tiaca. Parece que as
pessoas naquele tempo não tinham muito conceito com a higiene como nos dias atuais. Tinha um tal de meio banho durante a semana e banho geral aos sábados. Era comum ouvir falar isso. Uma roupa era sempre estreada no dia de banho geral.
Quando um filho
começava a cochilar a mãe gritava logo: “Fulano, vai lavar os pés para dormir.”
Aos sábados parece até que as pessoas estavam mais claras e polidas porque tomavam banho
e trocavam de roupa. O sabonete mais popular era de marca “Carnaval” da
embalagem verde. Muita gente tomava banho com sabão minerva. Desodorante era
pomada Minâncora. O sabão mais usado para lavar roupa era o sabão preto, feito
de ossada de boi, comprada dos açougues.
Roupa remendada era comum.
As mulheres às portas de suas casas remendando roupas ouviam dos passantes: “Remende
seu pano que ele dura mais um ano... Remenda outra vez que ele dura mais seis
meses.”.
Hoje é o dia das mães. Quero
lembrar aqui da minha mãe contando agora 87 anos de vida. Com a renda escassa
do trabalho do meu pai, não tínhamos chuveiro em casa. Minha mãe fazia
milagres, num tempo tão difícil que era. Vestia-nos com dignidade. Outros
meninos poderiam ir à missa com roupas mais caras, mas nenhum mais limpo ou
mais bem cuidado. Para a escola era aquela peleja de esquentar água e usar a
bacia e posteriormente o caneco. E daí era feita uma imprescindível revista.
Era a cabeça para ver se não tinha piolho, mãos e ouvidos rigorosamente
verificados.
Obrigado minha mãe, hoje eu
vejo o quanto você foi amorosa, cuidadosa, corajosa e heroica entre as paredes
humildes da nossa casa. Grande beijo minha querida mãe e que Deus lhe abençoe.
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário