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domingo, 10 de maio de 2015

O PRIMEIRO CHUVEIRO ELÉTRICO EM CANDEIAS.



O primeiro chuveiro elétrico que se tem notícia de ter sido instalado em Candeias, foi na residência do eletricista Américo Pereira, pai da Sra. Aparecida, esposa do Juca Melo. Isso ainda no princípio da década de 40, quando a “Usina do Bonaccorsi” ainda tinha Watts com sobra. Mas, à medida que a cidade foi crescendo, o consumo foi aumentando, e a Empresa e Força Luz Candeense, de propriedade do Sr. Celestino Bonaccorsi, foi ficando insuficiente e carente de investimento, essas inovações foram se tornando inviáveis; pois a potência da geradora mal dava para iluminar as casas.

 Além disso, estava sempre com problemas técnicos que faziam com que a cidade ficasse dias e mais dias aguardando a volta da iluminação. Nessas oportunidades voltava-se ao uso da lamparina a querosene. O fornecimento era limitado em apenas 200 watts para cada residência, através dos chamados “Pica-Pau”. O único aparelho que funcionava com essa quantia de watts fornecida era o rádio a válvula, caro e ainda um artigo de luxo. Portanto, a ideia do chuveiro só voltou à tona com o advento da Cemig.

 Até então a forma de tomar banho era bem diversificada. A classe mais aquinhoada usava o sistema de serpentina, um equipamento formado por uma chapa de fogão de lenha composta por um tubo por onde aquecia a água que era depositada num caixa de zinco, instalada nas imediações do fogão; dali canalizada para o cômodo de banho.

 --- Outras formas de se banhar era com o chuveiro frio, bacia ou caneco. Grande parte de pessoas tomavam banho apenas duas vezes por semana, ou seja, nas quartas feiras e aos sábados. Os homens lavavam os pés e as mulheres o famoso banho do tiaca-tiaca. Parece que as pessoas naquele tempo não tinham muito conceito com a higiene como nos dias atuais. Tinha um tal de meio banho durante a semana e banho geral aos sábados. Era comum ouvir falar isso. Uma roupa era sempre estreada no dia de banho geral. 

 Quando um filho começava a cochilar a mãe gritava logo: “Fulano, vai lavar os pés para dormir.” Aos sábados parece até que as pessoas estavam mais claras e polidas porque tomavam banho e trocavam de roupa. O sabonete mais popular era de marca “Carnaval” da embalagem verde. Muita gente tomava banho com sabão minerva. Desodorante era pomada Minâncora. O sabão mais usado para lavar roupa era o sabão preto, feito de ossada de boi, comprada dos açougues.

Roupa remendada era comum. As mulheres às portas de suas casas remendando roupas ouviam dos passantes: “Remende seu pano que ele dura mais um ano... Remenda outra vez que ele dura mais seis meses.”.

Hoje é o dia das mães. Quero lembrar aqui da minha mãe contando agora 87 anos de vida. Com a renda escassa do trabalho do meu pai, não tínhamos chuveiro em casa. Minha mãe fazia milagres, num tempo tão difícil que era. Vestia-nos com dignidade. Outros meninos poderiam ir à missa com roupas mais caras, mas nenhum mais limpo ou mais bem cuidado. Para a escola era aquela peleja de esquentar água e usar a bacia e posteriormente o caneco. E daí era feita uma imprescindível revista. Era a cabeça para ver se não tinha piolho, mãos e ouvidos rigorosamente verificados.

Obrigado minha mãe, hoje eu vejo o quanto você foi amorosa, cuidadosa, corajosa e heroica entre as paredes humildes da nossa casa. Grande beijo minha querida mãe e que Deus lhe abençoe.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.

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