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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O HISTORIADOR DA RALÉ


O celibato clerical não é um dogma da Igreja. Ele teve a sua origem por mais de 300 anos d.C. --- A Igreja Católica justifica o celibato como uma maneira de tornar o religioso mais próximo aos propósitos de Jesus Cristo. ---- Ora, meu Deus dos Céus! Isso para mim é uma grande piada. Que sejam celibatários aqueles que assim o desejarem... Mas que respeitem aqueles que querem servir a Cristo e sejam casados, pois com certeza seriam bons pais e bons maridos. Bons filhos que poderiam seguir a carreira religiosa dos pais, como acontecem em outros seguimentos religiosos. O Celibato, só se explica, para a conservação do patrimônio físico da Igreja. A meu ver, não existem outras razões.

---Certa vez eu postei no nosso Blog Candeias MG Casos e Acasos, um comentário sobre um sermão que eu teria ouvido do Padre Fábio de Melo, em defesa do celibato, quando ele teria dito que o celibato foi feito para eles, padres, e que as pessoas deveriam se preocupar mais com as suas vidas. Eu tive a impressão de que aquele reverendo não conhecia a lei de causa e efeito. ---- E diante do meu texto, recebi por isso, de uma leitora da cidade de Santo Antônio de Pádua, do Estado do Rio de Janeiro, não apenas um simples comentário, mas um e-mail agressivo onde essa senhora defendia não só o reverendo sacerdote em tela, mas sim todo o clero católico.

Era a minha interpelante, a senhora Ana Zélia Rodrigues que me enviou um e-mail contrário ao tema do texto, como também, uma agressividade sobre a minha pessoa levando-me a entender tratar-se de alguém extremamente fanático, o que conforme dizia o famoso cearense, Padre Cícero: “O fanatismo é o mal das religiões”. --- Aquela senhora ao ler o meu pensamento sobre o celibato manifestou-se a favor da fala do padre e não se conteve a dar a sua opinião, agredindo-me, enviando-me um e-mail quando falou pouco de si, limitando-se a dizer tratar-se de uma professora de 59 anos, privilegiada com a graça de Deus e na sociedade católica onde é participante ativa. Fez ainda, questão de realçar de que se trata de uma pessoa independente financeiramente.

O interessante é ela não se limitou a dar a sua opinião apenas sobre o texto que fazia referência apenas ao celibato. Ela fez questão de insultar-me falando e babando. --- Disse que os meus textos revelam um meio obscuro, ressalvando a minha afinidade com a ralé. Disse ser Católica, Apostólica Romana e que não consegue se omitir quando alguém ousa desdenhar a sua religião. Borbulhou outras pragas dizendo que uma pessoa que não respeita os padres, está faltando com o respeito com Jesus Cristo. Chamou-me de herege, ateu, e que deveria lavar a minha boca antes de falar algo sobre a sua amada Igreja Católica e que eu seria um historiador da ralé, desse Blog Candeias MG Casos e Acasos”.

Longe de mim qualquer intenção de refutar as opiniões que possam advir dos leitores que me honram lendo o nosso Blog. É de todo patente que qualquer exposição de ideias encontrará prós e contras. Portanto, eu recebo de bom grado qualquer crítica seja ela contrária ou favorável ao meu pensamento. Isso, com certeza, é a recompensa para quem pensa algo e tem a coragem de colocá-lo sob debate. Respeito qualquer juízo de valor que venha a ser feito sobre os meus escritos que jamais me levaram a pensar em ser membro de uma academia de letras. Cumpre-me, todavia, apresentar as minhas desculpas àqueles que não concordam comigo. Pois levo em conta a reciprocidade dos direitos.

Resolvo, portanto, me dirigir à Sra. Ana Zélia Rodrigues, aqui, através deste texto do Blog numa demonstração de que não tenho nada a omitir e que a sua manifestação em nada irá alterar o que penso.

Prezada Dona Ana Zélia Rodrigues:

Confesso-lhe que estou lhe abrindo uma exceção considerando que esse comportamento, sob a minha óptica, não se trata de uma atitude elegante, principalmente, relativa a pessoas com as quais não conheço e não convivo pessoalmente. ---- Pena que falou muito pouco de si. O seu intento foi realmente me censurar e condenar o meu texto. De si limitou-se a dizer muito pouco. O seu maior interesse foi desnudar a minha pessoa em defesa da sua ideologia religiosa a meu ver totalmente desencontrada. --- Pois bem! Na verdade, eu gostaria de conhecê-la melhor para que, assim, pudéssemos discutir o assunto de uma forma mais abrangente. Todavia, eu tenho uma grande certeza Dona Ana Zélia, é que estará enganada a meu respeito. Isso porque eu tenho sim uma religião, a mesma sua, só que não sou praticante e nem congrego. Não participo dos rituais religiosos, porque não sinto necessidade disso. Estou muito feliz, pois sinto que o Divino Espírito Santo reside em minha casa.

A maneira com que se referiu a minha pessoa foi como uma sentença oriunda do tribunal da sua consciência. Todavia, a senhora pode estar enganada. Aliás, eu tenho a certeza que está enganada. Mas, eu também tenho uma consciência que comporta um juízo e que, neste momento, me absolve, senão vejamos:

A senhora diz que sou um herege e que não tenho religião. Pois bem, quem me conhece sabe que eu não sou um herege e tenho uma religião onde fui batizado, crismado e representado catolicamente pela fé dos meus pais. Fui um assíduo congregado, mas o tempo me mostrou com decepções e contradições o meu desânimo religioso. Mas jamais abateu a minha fé celestial. Jamais duvidei da existência de Deus, de Jesus Cristo e a Mãe Maria. Conclui que a minha igreja está dentro de mim ou de um quarto de portas fechadas, como Cristo nos orientou no capítulo 6 de Mateus.

Eu acho que servir a Deus, não é amar os padres e nem pastores. Não são as religiões. Eu entendo que a senhora, pratica uma heresia maior do que a que me julga. O meu comentário se reduzia à minha opinião simplesmente sobre o celibato. Mas a senhora abriu um cenário muito maior na ânsia de defender o que não conhece bem.

O meu comentário se reduz a minha opinião sobre o celibato. O celibato clerical não é um dogma da igreja e a meu ver serve apenas para ocultar uma vergonha nos armários da igreja, vergonha que pode ser tratada de um homossexualismo deturpado, pecaminoso e vergonhoso. Muitos padres escondem-se dentro de suas batinas as suas tendências nem sempre religiosas. Sou contra, e isso é a minha opinião. Quem não concordar comigo, o problema não é meu. Eu não acho que os padres estão errados com relação ao celibato. A Igreja Católica sim, ela é que está errada a meu ver.

--- Eu tenho admiração por diversos padres. Nunca generalizei a coisa. Temos por exemplo, o Padre Zezinho, o Padre Antônio Maria e outros que mostram um verdadeiro trabalho de amor ao próximo. Mas não vamos negar que existem os pedófilos e os ladrões de dízimo e ofertas; e aqueles que vendem a sua voz por um alto preço.
A senhora me chama de historiador da ralé, de herege e ateu. Garanto para a senhora que eu não sou nada disso, senão vejamos:

Sendo uma professora está um tanto por fora do dicionário. A heresia significa ofensa, falta de respeito, a uma religião. Em momento algum eu desrespeitei os dogmas da Igreja apesar de não concordar com alguma coisa. Parece que a senhora pensa que o celibato é um dogma e não é. Chamou-me de ateu... Sem me conhecer... Será que esse comportamento justifica a Igreja Católica? O tratamento que recebo da senhora, seria aprovado pelos padres?

Historiador da Ralé! Essa ralé é explorada por diversos pastores e padres, que vivem no rádio e na televisão espalhados por toda a mídia sensacionalista como em seus altares nos seus sermões tendenciosos. A boa expressão é que usam as religiões para achacar os pobres ignorantes e humildes, criando mitos, purgatórios e causando transtornos emocionais aos que temem ao diabo e o inferno. --- O meu Deus está dentro de mim e não na boca daqueles que usam um canal de televisão ou os seus altares para fazer o mal orientado de idiota. Eu respeito a todas as religiões, desde que ela propague apenas o mundo celestial. Para mim minha ilustre senhora, heresia é se opor aos dogmas da igreja, mas insistir em seguir fielmente uma regra contra Deus, impedindo um homem de ser pai, pode, também, ser chamado de heresia. ----- Aquele que realmente ama o Filho do Carpinteiro não faz discriminação dentro de uma sociedade hipócrita. Jesus foi assediado pelos pobres que a senhora denomina de ralé. Contudo, Ele tratou toda essa gente com extrema dignidade. Ele, que nasceu pobre, veio, igualmente, para os ricos que o perseguiam desde o seu nascimento.

Sou contra o Celibato sim porque entendo que é um direito de qualquer ser humano acordar e discordar de algo. Devemos ter as nossas opiniões, as nossas ideias. Eu sou contra o celibato porque ele esconde crimes sexuais, esconde pecadores e afronta a Igreja de Cristo. Eu sou contra o celibato porque ele bate de frente com os princípios da própria Igreja que vive condenando os métodos contraceptivos e usa de uma forma muito mais agressiva ao princípio humano.

A responsabilidade de uma família é tão difícil que privar um homem de constituí-la é conceder-lhe um grande prêmio ou isentá-lo de um ônus importante para Deus. Ter filhos é viver carregado de obrigações, cercado de responsabilidades e sofrendo de cuidados. Não os ter é viver dentro de si, livre de preocupações, todo sossegado, a cabeça descansada e descomprometido com o sofrimento próprio do ser humano.

A política interna no catolicismo sobre o celibato é demagoga. Ela visa outros interesses além da evangelização. Pessoas sem nenhuma vocação sacerdotal ocupam espaço na Igreja Católica para se esconder da sua homossexualidade incubada. A cada dia que passa os problemas de pedofilia aumentam e essa história de padre não se casar para ficar à disposição da evangelização é pura balela.

-- A senhora diz que eu sou uma pessoa sem religião. Não. Não me considero sem religião. Sou cristão e qualquer igreja cristã me serve desde que não seja administrada por mercenários. Eu apenas não sigo as diretrizes de padres e pastores que não merecem a minha confiança. Todavia, acredito na existência e na exigência de bons religiosos que cumprem com louvor os ensinamentos de Jesus Cristo.
Sou adepto incontestável de Jesus Cristo e grande admirador da Obra da Criação. Venero um Deus que é Onipotente, Onisciente, Onipresente, Justo e Bom. Talvez, por uma ironia, deste contato, sou adepto fervoroso, há 74 anos, de Santo Antônio de Pádua desde quando integrei essa irmandade com apenas um ano de idade. Observei pela sua mensagem que se faz tratar-se de uma pessoa rica, materialista, seguidora de uma religião não por convicção, mas, por vaidade. Contudo, sem retratar a filosofia maior do mestre dessa Igreja, Jesus Cristo. --- Pode ser que a senhora traga apenso ao seu pescoço um crucifixo, entretanto, poderia estar trazendo, ao invés da cruz, um pequeno revólver ou uma forca em sua corrente de ouro. Infelizmente, suponho que a cruz não lhe seja o símbolo maior da cristandade e quanto ao seu coração, me parece estar vazio.

Dirijo-lhe algumas perguntas para finalizar minha resposta que não a faço como contestação, mas sim por uma exigência sua. Portanto, pergunte a sua consciência e essa, com certeza, fará a devida resposta se tenho ou não religião:

A senhora já deu banho, em uma pessoa idosa, abandonada pela família, esquecida em um quartinho de fundo de quintal, envolvida nas suas fezes causando extremo nojo em seus próprios filhos?

Eu já fiz isso Dona Ana Zélia e lhe confesso que não foi fácil. É preciso ter muito amor ao próximo. É necessário ter uma religião, não de padres e nem de pastores, mas, uma religião na qual o Cristo esteja no coração.

A senhora pegou um leproso acidentado e o colocou dentro de seu carro e para vê-lo atendido em um hospital foi preciso brigar, ameaçar e quase apanhar? E ainda ter que pagar do próprio bolso pelo tratamento precário que deram ao infeliz acidentado.

Eu já fiz e o faria de novo porque acredito que na Obra da Criação de Deus todos nós somos um prestador de serviço e se coube a mim esta tarefa, eu não fiz nada mais do que a minha obrigação.

A senhora já deu banho em algum defunto?

Eu já. Como membro da Sociedade de São Vicente de Paula, eu fiz isso por diversas vezes.

A senhora já salvou alguma vida?

Eu já. Existem três pessoas que se lembram de mim em todos os natais há mais de quinze anos, por lhes ter salvado a vida, quando acidentados, se esvaindo em sangue, enquanto todo mundo passava e não parava. Eu os socorri e, posteriormente, tive que lavar o meu carro com água de sal para tirar o forte cheiro de sangue. Eram pessoas desconhecidas e distantes do meu meio. Lembro-me que ainda tive que prestar contas à justiça por esse feito.

A senhora já perdeu algum parente acidentalmente?

Eu já. Perdi a minha primeira esposa, aos 37 anos de idade, em um violento acidente de carro, quando eu dirigia corretamente. Perdi, também, uma filha, de maneira trágica, ainda muito jovem, quando se suicidou vítima de uma depressão profunda e cruel. Foi, assim, diante de todo esse sofrimento que aprendi que Deus não estava nas igrejas e sim dentro de mim.

A senhora já adotou um afilhado mendigo?

Eu sempre, em todas as cidades em que morei eu adotei um mendigo, para visita-lo no dia do seu aniversário e no natal, quando levo-lhe um presentinho, e algo com referência ao dia.

O Santo padroeiro de sua cidade é Santo Antônio de Pádua.

A senhora, por acaso, sabe que em todas as primeiras terças feiras do mês, os irmãos de Santo Antônio, o seu padroeiro, distribuem pães em seu nome? Eu faço isso e jamais esquecerei. Faço desde quando comecei a trabalhar ainda com poucos anos de idade. Eu sou da sua irmandade desde 1 ano de vida.

Eu teria mais o que falar, dona Ana Zélia. Todavia, acredito que quando se dá com uma mão, deve se esconder a outra. Assim disse o Mestre.

Obrigado, Dona Ana Zélia Rodrigues. Valeu muito. Continue lendo as minhas historinhas. A ralé tem coisas interessantes. Umas tristes; outras bobas; algumas alegres. Porém, são histórias humanas e verdadeiras. Ah! Não se esqueça jamais que Jesus disse:

“Nem todo aquele que me diz “Senhor! Senhor!”, entrará no Reino do Céu”. Mateus 7.21

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos
NB) Este texto não está sendo postado no Grupo Sou de Candeias com muito orgulho, devido o tema fugir as regras do Grupo.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

4 comentários:

Unknown disse...

Brilhante o seu comentário Armando, fica a impressão de que essa senhora, Ana Zélia, é sobretudo orgulhosa quando se refere dessa forma a pessoas que não conhece e isso não é de forma alguma cristão. Graças a Deus vim ao mundo nessa "ralé" onde aprendi que a humildade é a marca do verdadeiro cristão. Ela poderia ter perfeitamente apresentado seus argumentos contra seu artigo, isso é livre; mas perde a razão quando ofende.

Anônimo disse...

"TOMOU PAPUDA?"

Márcio Lamounier dos Reis disse...

Antônio, muito boa a sua resposta, independente da crítica de D. Ana Zélia, mostrando que não é necessário ser seguidor de uma determinada igreja para praticar o bem. Eu também vejo que a grande igreja de Deus esta dentro de cada um. Entendo que D. Ana foi merecedora de suas respostas públicas, já que assim foi seu desejo, e por sinal muito bem esclaredoras. No entanto gostaria de parabenizá-lo não por essa contra-crítica, mas por sua dedicação em nos relembrar das histórias e pessoas maravilhosas de nossa querida Candeias, muitas delas fazedoras parte da "ralé". São suas crõnicas e histórias que nos fortalece e deixa cada vez mais orgulhosos de sermos candeenses. Continue assim, independente das críticas sendo elas positivas ou não, afinal como você mesmo disse: É de todo patente que qualquer exposição de idéias encontrará prós e contras. Obrigado.

Giuliano de Souza disse...

"Preconceito é hipocrisia: é um desejo de ser ou fazer igual; é a fulga mais comum daquele que não tem coragem de ser ele mesmo o que o leva a sufocar seus medos e frustrações no preconceito para com o outro."