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sábado, 5 de novembro de 2022

MORTOS QUE VOLTARAM.


                                                       Erasmo Carlos

Semana passada a mídia informava a morte do cantor Erasmo Carlos. Naquele momento eu fiquei muito chateado porque eu sempre fui fã desse cantor, vivi e convivi com a era da Jovem Guarda, da qual Erasmo era um dos principais junto de Roberto Carlos. Mas ainda chocado com a notícia, vim a saber que se tratava de uma notícia falsa da Folha de São Paulo, que pedia desculpas aos seus leitores e desmentia a notícia. ---  Fiquei feliz ao saber que o cantor estava bem, ainda internado, mas que já era prevista a sua alta.

 Esse equívoco sobre Erasmo Carlos trouxe a boiar no lago da minha imaginação, um fato que aconteceu comigo no ano de 1994 quando eu morava e trabalhava como gerente do Banco do Estado de Minas Gerais na cidade de Luz. Eu apesar de católico, resolvi fundar naquela cidade um Centro Espírita. ---- Por ser a cidade sede de um bispado, o povo da cidade tinha esse desejo, mas não tinha a coragem por receio da resistência  dos padres.  

 Eu entendo o espiritismo como religião, ciência e filosofia. --- A minha profissão me imponha contato com todos os seguimentos da sociedade, portanto eu tinha como clientes, adeptos e pastores de todas as religiões, o que me levou a respeitar todas as religiões. Isso porque toda visita que fazia a uma igreja diferente, lá estava Jesus Cristo, e eu como cristão entendi por ser um católico na minha essência, sem impedimento para me considerar um ecumênico.

 Eu passava por um momento muito difícil de minha vida, e teria encontrado no espiritismo uma fonte de conforto para a minha sobrevivência. Assim estudei profundamente o Kardecismo e resolvi fundar um centro espírita na cidade de Luz, o qual está lá até hoje e funcionando dentro de suas normas rígidas, prestando um excelente serviço as pessoas carentes dentro do sentido humano. Trata-se da Confraria Espírita Allan Kardec, hoje com sede própria e seu espaço ampliado.

 O Espiritismo exerce uma religião sem culto externo, sem sacerdócio organizado, sem cerimônias de qualquer natureza, sem intermediários entre a criatura e o Criador, podendo ser considerada como uma religião cósmica

 Neste mesmo tempo eu era também, envolvido com o rádio amador e sua história. Eu tinha a minha aparelhagem, o meu prefixo e conversava com os chamados amigos macanudos, a quem envio aqui agora um 73 bem apertado. Pois já teria decorado as gírias do radioamadorismo.

 Na cidade de Luz havia um radio técnico bastante entendido em radio transmissor. E  ele que me acudia nos problemas que apareciam na minha estação. E com isso firmou entre nós uma grande amizade. Mas o tempo, como já disse, tratou-se de fragilizar o radioamadorismo, além dos problemas que isso causava aos vizinhos, pois as conversas entravam nos rádios e televisões da vizinhança, e quase entrava também nos fogões, pois o sinal era bem forte, pois conseguia-se comunicar até no exterior.

 Posteriormente fui transferido da cidade de Luz, e num determinado dia fiquei sabendo que o meu grande amigo Zé do Heitor teria falecido, já há mais de um mês. Fiquei deverás triste com essa notícia, e na minha primeira ida a Luz, na chegada da noite, corri até a casa do meu amigo, para dar os pêsames a sua esposa e lamentar a sua morte. A casa dele fica próximo do cemitério. Cheguei bati na porta e ouvi lá de dentro já vou... Espera um pouco... Aquela voz parecia ser a dele, do meu amigo. Demorou um pouco e nada, bati de novo e a voz torna a responder já vou espera um pouco...  Apesar de ser médio lá no centro, comecei a imaginar que o Zé estava se comunicando comigo. E estava tão envolvido com a doutrina que já comecei a conversar com ele lá de fora como se ele fosse um espírito.

 Demorou algum tempo, ele veio e abriu a porta e eu assustado, parecia que o meu cabelo havia crescido até aos pés. E lhe disse? Uai Zé você não morreu? Ele deu aquele seu sorriso sorrateiro e como sempre engraçado disse:

 “Murri, mais São Pedro me mandou ir para o inferno, o capeta não me aceitou lá e me mandou de vorta aqui pra terra” Ceis vai tê qui me aguentá mais muncado”.

Cê discurpa a demora é que eu tava dando uma cagadinha.

Ai então fiquei tranquilo. Afinal, espírito não caga.

 Armando Melo de Castro

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