Total de visualizações de página

terça-feira, 8 de novembro de 2022

JOVENS! CULPADOS OU INOCENTES?


 Às vezes eu chego a pensar que morri e estou em outro mundo. Parece até que o mundo que me viu nascer não existe mais. Tudo que antes era proibido ou pecado hoje em dia é coisa normal. Mentir, roubar, falar palavrão, faltar com o respeito com os mais velhos ou com os pais era falta grave dentro de uma família. Uma criança ao se sentar tinha que ter postura, colocar os pés sobre as traves de uma cadeira fazia merecer uns tapas. Se chegasse uma visita, o silêncio das crianças era total. Tomar a bênção dos pais, dos mais velhos e do padre era um dever. Nas escolas a falta de respeito com a professora era falta grave e isso cominava em expulsão, ficando o aluno impedido de se matricular em outra escola. Do jeito que vão indo as coisas, daqui a pouco matar não será crime.

 Hoje em dia, parece que tudo isso era um atraso de vida.  O que já vi e tenho visto chega a me assustar de ver tanta indisciplina. Não se trata de condenar as novas gerações, afinal elas não têm culpa. Afinal, sabemos que vivemos sobre uma lei de causa e efeito. Portanto, não existe efeito sem causa e nem causa sem efeito. E quais são essas causas?

 Recentemente um grande político brasileiro disse que sua mãe lhe dizia que a mentira é necessária, porque ela voa enquanto a verdade engatinha. Um conservador como eu, quase morre de susto diante de uma coisa dessas.

 Não é difícil observar que a televisão trouxe uma grande mudança para a nossa sociedade a partir da década de 60 quando se espalhou pelo Brasil afora,  trazendo consigo a grande parte dos pecados capitais. O convívio das pessoas humildes com o poder persuasivo da televisão; os maus exemplos dados pelas novelas.   De outra forma a integração da mulher no trabalho fora do domestico  sem um preparo devido para isso, deixando os filhos nas mãos de pessoas despreparadas. E agora para completar a internet, ao alcance de todos. Em  suma podemos dizer que as novas gerações vem sendo vitimas do despreparo  do seu meio.

 No passado, por exemplo, roubar era uma das piores expressões. Um ladrão não era condenado apenas pela justiça, mas sim pela sociedade. Lembro-me de um sacristão chamado Onofre, era o xodó do Monsenhor Castro. Ele tinha por profissão pintor de paredes. Certa feita, numa construção de primeira linha em Candeias, vieram pintores de Campo Belo. Nesse meio tempo foram roubadas algumas latas de tinta naquela construção, que investigado descobriu-se que o roubo teria sido feito pelo Onofre sacristão. Foi um escândalo total na cidade.  E o Monsenhor Castro que era um homem rico, pagou os prejuízos para o Onofre e lhe deu o conselho para se mudar de Candeias, porque ali ele não iria conseguir mais nada. Onofre nunca mais foi visto em Candeias. Sumiu de vez.

 No quintal de nossa casa havia uma grande parreira a qual o meu pai cuidava muito bem, o que proporcionava uma boa colheita de uvas, quando na safra tínhamos fartura da fruta que dava para agradar a vizinhança. Certo dia, a Aparecida do Zé do Leonides, esposa do Carminho Machado esteve conosco e viu as uvas, minha mãe colheu alguns cachos e lhe deu de presente. Alguns minutos depois, a Marly, sua irmã estava a perguntar a minha mãe se ela realmente teria dado aqueles cachos de uva para a sua irmã. Seu pai mandara conferir.

 No ano de 1955, minha professora era Dona Ninita Alvarenga, que teria se transferido para a cidade de Divinópolis dada a transferência de seu Marido, Sr. Edson, chefe da Agência do IBGE em Candeias, antes do Sr. Miguel Albanês. Posteriormente Dona Ninita esteve a Candeias e levou de presente para os seus ex alunos, um lápis moderno que tinha anexado na ponta superior uma borracha. --- Quando apareci com esse lápis, meu pai quis saber a origem e foi até a escola conferir se aquilo teria sido mesmo um presente da professora.

de de São Sebastião do Paraíso, num bar de um conterrâneo, o Lelei, irmão do Carmelio Carvalho. Era a primeira vez que eu saia de casa. Na despedida de meus familiares, minha mãe chorando e meus irmãos tristes, meu pai se aproximou de mim e disse: “Escuta aqui meu filho, seja honesto, não ponha a mão no que não for seu. Eu prefiro que você volte morto para casa, do que com o nome de ladrão. Respeite o seu patrão e a família dele. Que Deus o abençoe.

 Dizem que a oportunidade faz o ladrão. Eu tive muitas oportunidades na minha vida para roubar, mas não roubei. --- Machado de Assis, contrariava esse rifão, e dizia que a ocasião faz o furto, porque o ladrão já nasce pronto, ---- por mim eu não sei se o ladrão nasce pronto ou se é a ocasião faz o ladrão. Sei dizer que o eco das palavras do meu pai, naquele momento nunca fugiram dos meus ouvidos.

 Armando Melo de Castro.

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário: