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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

A BOLACHA MARIA.

Eu deveria ter uns 7 ou 8 anos, quando certo dia vi meu pai chegar a casa carregando uma lata de uns dez quilos mais ou menos. Ele havia feito um negócio com alguém que trabalhava na ferrovia e teria recebido o conteúdo daquela lata como parte do pagamento.

 A ferrovia nesse tempo tinha um armazém volante num vagão que abastecia os ferroviários nas suas turmas. E o que continha dentro daquela lata tão bonita, e trazida pelo meu pai com um sorriso nos lábios diante da curiosidade minha e de minhas irmãs Delmira e Maria Amélia?

 Era um “mundo” de Bolacha Maria. ---- Até então nunca tínhamos visto aquela bolacha. A gente estava acostumado a comer era os bolos de fubá, que a minha mãe fazia, o pão São José (sovado) o pão tatu, a rosquinha e o pãozinho de sal das padarias do Mozart e do João Pimenta. Aliás, naquele tempo as padarias só produziam esses quatro tipos de pães. Quitanda só com as quitandeiras, Dona Maria do Juca, Iraídes do Zé do Leonides, e outras mais que também faziam salgados. Esses produtos industrializados eram raros e caros.

 A abertura daquela lata foi uma verdadeira festa. Minha mãe coou um café, tomou de um prato para cada um com uma boa porção daquelas bolachas até então desconhecidas. Foram muitos dias comendo bolacha Maria. Aquele nome familiar da bolacha, parece que a fazia ainda mais gostosa. Maria Amélia minha irmã ficava toda orgulhosa da bolacha ter o nome dela.

 Mas afinal ,hoje em dia será que existem pessoas que não conhecem a bolacha Maria? Isso parece até ser coisa de português, mas não é.

 Segundo a literatura a bolacha Maria faz parte do imaginário de várias gerações de portugueses, mas a invenção desta bolacha é inglesa. Ela foi inventada por um padeiro inglês no ano de 1874 em honra da grã-duquesa MARIA ALELXANDROVNA, da Rússia, que nesse ano se casou com Alfredo, duque de Edimburgo. Contudo, muitos países se apropriaram desta bolacha. Portugal foi um deles onde são mais populares do que na Inglaterra. No Brasil são várias a industrias que a produzem.

 Armando Melo de Castro.

 

DONA NADIR PORTUGAL.


 A história do circo vem de longe. Segundo a Wikipédia, chineses, gregos, egípcios, indianos, ou seja, quase todas as civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte circense há pelo menos mil anos. No princípio a atração principal eram as corridas de carruagens, mas, com o tempo, foram acrescentadas as lutas de gladiadores, apresentação de animais selvagens, pessoas engolindo fogo etc. ---- Com o passar do tempo o circo foi se transformando, com trapezistas, palhaços, mágicos, animais domesticados, teatro e outras atrações.

A Praça Antônio Furtado em Candeias, já foi chamada de “A Praça do Circo”. Durante anos ali estacionavam esses itinerantes, os chamados circos de cavalinhos, os parques de diversões, e os circos de touradas. Vários foram os circos que estiveram em Candeias e depois voltaram. Às vezes saia um circo, entrava um parque, ou vice e versa. Nesse tempo não havia televisão e essas atrações se lotavam, principalmente os circos que tinham um bom grupo teatral.

E foi num tempo assim, que apareceu em Candeias um Circo fazendo sucesso com a sua trupe de artistas muito bem ensaiada e muito apresentável. Era uma companhia familiar, e entre os irmãos havia uma moça muito bonita e excelente atriz dramática. Seu nome era Nadir filha do proprietário do Circo que se chamava CIRCO PORTUGAL. Em Candeias havia um jovem bonitão, inteligente, violonista clássico, já havia rodado por São Paulo e Rio de Janeiro, solando violão em emissoras de rádio. Esse jovem se chamava Vicente de Melo, conhecido por Vicente do Augusto..

Ao ver a atuação da atriz Nadir, apaixonou-se por ela. --- Como era de boa conversa, não demorou estava ele lá no palco do circo solando o seu violão, o que naquele tempo um solo de violão clássico estava na moda. ---- Saiu acompanhando o circo e voltou casado com a Sra. Nadir Portugal.

Muitos anos depois o Circo Portugal voltou a Candeias. Desta vez eu me lembro bem. Ele foi armado ao lado do Cemitério São Francisco, nos fundos da casa do Sr. José Orlando Vilela. Ali havia uma grande área, onde se plantava uma roça de milho. Foi ali que o Circo Portugal foi armado e apresentou poucos espetáculos. ---- Era preciso ver o entusiasmo de Nadir lá no Circo. Foi como se tivesse encontrado algo que havia perdido. Vicente, como sempre, prestativo é quem estava na bilheteria.

Esta é uma bela história de amor. ---- Nadir abandonou a sua arte, a sua vida de artista, a sua família por amor. Candeias nesse tempo era uma cidadezinha, sem recursos, praticamente dependia de Campo Belo para tudo. Nadir Portugal fez isso por amor. Seu marido, com certeza, foi muito amado e seus filhos verdadeiros frutos do amor. Uma história linda de um verdadeiro amor pouco vista nos dias de hoje.

Era de minha intenção colocar no nosso Blog Candeias Casos e Acasos um texto que retratasse essa história em detalhes. Eu procurei a Sra. Nadir para falar desse assunto, mas ela não me reconheceu e não quis me atender. Pedi, posteriormente informações a alguns dos filhos, mas esses não voltaram ao assunto. Portanto, esse texto fica a disposição para alterações, modificações ou retiradas.

ARMANDO MELO DE CASTRO.

NB) Existe uma dúvida se o antigo professor Portugal, cujo nome leva uma rua de Candeias, tem algum parentesco com a senhora Nadir Portugal. ---- A existência do professor Portugal em Candeias foi muito antes da passagem do Circo Portugal em Candeias, ou seja, da chegada da Sra. Nadir Portugal. ----- Ele era muito amigo do meu bisavô Domiciano de Castro, que era o procurador do patrimônio da Igreja. Os dois partiram de Candeias para buscar em Ribeirão Preto, técnicas de plantio de café. O Professor Portugal não voltou para Candeias. Portanto, estamos em busca de informações de quem foi realmente o professor Portugal.

NB 2) ---- O Circo Portugal encontra-se em plena atividade e muito se progrediu.

A.M..Castro.


terça-feira, 5 de outubro de 2021

O JUIZ DE PAZ, JOSÉ FERREIRA BRASIL.


 O homem, apesar de ser considerado racional e ocupar o primeiro lugar na escala zoológica, é um animal complicado como muitos irracionais. --- Comumente estamos ouvindo alguém dizer: “Eu não levo desaforos para a casa” --- “A vingança é um prato para ser comido frio” --- “ Eu carrego comigo uma mágoa” o comportamento violento e muito mais coisas que possam retratar a sua aparência com os irracionais. 

--- A ciência já provou que o sistema nervoso dos homens tem semelhança com certos animais mamíferos. São semelhanças impressionantes, assim como o sofrimento por amor, a capacidade de confortar o outro, o desejo de vingança, o amor materno, o senso de justiça, o medo, a dor não são sentimentos exclusivos do ser humano. Tudo isso nos leva a crer que viver não é fácil, é bastante complicado  e apesar da organização social do ser humano, vivemos sempre em conflitos de forma bem parecida com os animais irracionais.

Mas em meio a esta sociedade complicada de animais racionais e irracionais, sempre existem aqueles que entre os animais irracionais, aparecem os diferenciados. Podemos levar em conta que entre os animais surgem os dóceis, domésticos, assim como o cachorro, o gato, o macaco que podem ser agressivos, mas que convivem com o homem de forma agradável. Portanto, existem animais mansos e os ferozes; dóceis e selvagens. Já o ser humano, muitas das vezes se comportam como animais apenas com qualificações diferenciadas como, brutalidade e tranquilidade, maldade e bondade.

Neste contexto social a sociedade humana criou há séculos, um mensageiro da paz; o Juiz de Paz. ---  E entre os escolhidos pela sociedade candeense para exercer esse cargo, houve um cidadão cujo nome não pode ser esquecido nunca. Um homem de paz e respeito, humilde e justo. Alguém cuja natureza já demonstrava a eficiência para conviver  levando a paz onde houvesse a contenda. E assim teria sido escolhido através do principio majoritário, para o mandato de quatro anos, pelo voto do povo e secreto, o Juiz de Paz, Sr. José Ferreira Brasil.

José Ferreira Brasil, nasceu no distrito de Vieiras Bravos, município de Candeias,  filho de Francisco Ferreira Neto e Claudiana Maria de Jesus. Descendente de família humilde e ainda muito jovem transferiu-se com a família para Candeias, onde seu pai estabeleceu-se como vendeiro. --- Casado com Dona Carmélia e tiveram apenas um filho, o Sr. Ari Ferreira Brasil. Todos já falecidos.

José Ferreira Brasil era irmão do Sr. Alvino Ferreira. E por que o sobrenome Brasil? Acontece que em Candeias havia diversos cidadãos com o nome de José Ferreira, e isso era uma tremenda confusão para os correios. Portanto, como sugestão do então tabelião do Registro de Nascimento, Sr. Álvaro Teixeira, o nome de José Ferreira passou a José Ferreira Brasil, uma alteração que deixou José Ferreira muito feliz, e nada mais justo a palavra Brasil acrescida em seu nome, pois José Ferreira era um cidadão dos mais íntegros de nossa sociedade.

José Ferreira Brasil transpirava a paz entre as pessoas. Conselheiro, amigo, calmo e tranquilo. Um tom de voz que transpirava a paz. Ele residia na casa onde hoje mora o Sr. Euridinho, na esquina da Rua Joaquim Carrilho com Francisco Bernardino. Ali José Ferreira era estabelecido com uma pequena venda, onde comercializava todo tipo de miudezas. – Lembro-me era lá que eu comprava as penas e os tinteiros com a marca sucuri. José Ferreira era muito agradável às crianças. Toda vez que lá a gente ia comprar algo ele dava uma balinha. Um gesto de carinho que uma criança jamais esquece.

O comportamento íntrego de amor e paz de José Ferreira Brasil o levou a ser convidado a se candidatar para Juiz de Paz do município. --- O Juiz de Paz nesse tempo era um auxiliar da justiça, ele não era apenas designado para efetuar casamentos, e sim para exercer tarefas da própria justiça, como conselheiro, acalmar ânimos, levar a paz para casais desajustados, enfim, proteger crianças desamparadas e idosos. Era uma missão complexa, inclusive substituir o Juiz de Direito nas suas férias. --- O Juiz de paz era eleito através de um preito majoritário para mandato de quatro anos pelo voto direto e secreto do eleitorado do município podendo se reeleger-se. O nosso querido conterrâneo, muito contribuiu com a nossa sociedade. Sua casa era um verdadeiro gabinete de trabalho, onde as pessoas buscavam informações, orientações, ajuda para conflitos, crianças desamparadas.

Compete ao juiz de paz, do qual não se exige uma formação jurídica, exercer diversas funções judiciais, como pequenas causas ou demandas, casamentos, como também resolver contendas proteção de crianças e muitas outras funções. Contudo esta função é cheia de controvérsias tendo em vista que cada Estado tem o seu critério. --- É lamentável que tanto os tribunais quanto a união há 28 anos não cumprem a regra constitucional quando que o Juiz de Paz que tem que ser eleito pelo povo, como antigamente, através do voto secreto e direto do povo. Parece que essa lei incomoda a justiça. ----  hoje vem sendo nomeados pelo juiz da Comarca a que pertence, e são praticamente limitados a fazer casamentos, quando deveriam ser eleitos pelo povo.

José Ferreira Brasil, foi eleito pelo povo e um juiz de Paz completo, num tempo em que as regras para a eleição de um juiz de paz eram cumpridas.

Tenho muito boas lembranças do Sr. José Ferreira Brasil, de sua esposa Dona Carmélia e do seu filho Ari Ferreira Brasil. ---  Onde quer que estejam, meus bons amigos, recebam o meu abraço.

Armando Melo de Castro.

 

AFINAL, QUEM FOI SALATIEL DE CARVALHO?


 
 Semana passada postamos um texto onde procurávamos saber quem seria Salatiel de Carvalho, o nome da Rua onde foi situado o conglomerado industrial e comercial do Sr. Nicodemos Salviano. Ali ainda se encontra os rastros desse conglomerado, que nos transporta ao passado, e nos faz lembrar o quanto aquilo ali representava para Candeias, num tempo em que praticamente tudo tinha que ser buscado em Campo Belo ou Formiga. ----

O nome da Rua Salatiel de Carvalho, deixava uma grande dúvida, inclusive para os seus moradores. Mas agora já sabemos que se trata de um importante nome participante da história de Candeias e que a propositura do seu nome foi justa e merecida por ocasião da emancipação do nosso município de Candeias.

Através da Sra. Barbara Salviano Vilela, filha do Sr. Nicodemos Salviano, residente na cidade de Ribeirão Vermelho, viúva do Sr. João do Candola, neto do Sr. Bieca, ficou esclarecida a origem do Sr. Salatiel de Carvalho, com a ajuda de sua bisneta Bernadete Vilela.

--- Resta-nos, portanto, esperar que a Secretaria de Cultura da Prefeitura de Candeias, aproveite essa nossa pesquisa e coloque nos anais do município esta observação, para que esse nome não morra, tendo sido salvo por pouco. ----

Mas afinal, quem foi Salatiel de Carvalho? Trata-se do patriarca de uma ramificação tradicional da família Carvalho em Candeias. --- Sua esposa se chamava Dona Amélia. ---- Um dos motivos do desconhecimento do nome Salatiel de Carvalho, é porque ele era conhecido por BIECA, era o seu apelido. --- Um grande participante da construção da nossa história. Era farmacêutico e teve a sua farmácia no tempo em que Candeias ainda era um distrito de Campo Belo. Esta farmácia ficava localizada onde hoje, está estabelecida a Casa do Vaqueiro.

 Neste texto vamos citar os nomes dos filhos cônjuges e netos. Com isso ficará fácil para espalhar os nomes dos demais descendentes; isso fará com que o nome Salatiel de Carvalho se torne bem lembrado.

São filhos do Sr. Salatiel de Carvalho (Bieca) e Dona Amélia, os abaixo mencionados dos quais tenho notícia:

--- Antônio do Bieca, (não o conheci) casado com Dona Maroca, eles tiveram uma filha única, a Zulma. --- Lembro-me de que quando o novo Cine Circulo Operário São José teve o seu novo tempo, na entrada do cinema tinha a lanchonete de Dona Maroca, já viúva. Ali ela e sua filha ficavam o dia todo, onde bordavam enquanto aguardavam os fregueses da lanchonete; e a noite na hora do filme, era um grande movimento, pois da entrada do cinema a gente comprava por uma abertura na parede onde fazia o contato. ---- Posteriormente ela levou a sua lanchonete para a sua residência, onde teria sido estabelecido a farmácia, cujo cômodo encontrava-se vazio há muitos anos. Como a morte de Dona Maroca, a lanchonete foi fechada e Zulma mudou-se para Campo Belo onde tinha parte de seus parentes, e o local passou a ser o Restaurante Pinguim, do Lulu. Hoje casa do Vaqueiro.

 Dona Mariquinha, filha do Sr. Bieca, casada com o Sr. Candido Alves Vilela, mais conhecido por Candola, pais da Mariquita do Miguel Carrilho, Geralda, Aldinha, Samina, João, Balofo e Pedrinho do Candola. São os netos mais conhecidos do Sr. Bieca.

Juca do Bieca, (Este também eu não conheci) casado com a Dona Maria Barros, minha grande amiga, a qual era conhecida por Maria do Juca do Bieca. (Observem que Candeias é assim, carinhosamente quase todo mundo tem um dono) Juca do Bieca e Dona Maria tiveram os filhos, Carmélio, Iveta, Quinha, Zezé e Wanderley.

Sebastião do Bieca, esse eu conheci, era um baixinho que falava alto, gostava de tocar violão e cantar, sua música preferida era “Aquela Flor” – Eu era ainda um adolescente, mas me lembro bem dele. Não me lembro se era casado ou se tinha filhos.

Este texto é como se estivéssemos salvando o nome de alguém importante quase que esquecido. É lamentável que em Candeias não existem registros das pessoas que participaram da nossa história. Antigamente o nome era escolhido através de benfeitores, pessoas que fizeram algo para o município. Hoje, parece que isso vem sendo mudado, infelizmente. Não se dá a César o que é de César como no passado. --- Hoje dá-se para outros o que seria de César.

 Eu quero fazer um apelo para quem tiver outras informações sobre filhos e netos do Sr. Salatiel de Carvalho, para que possamos acrescenta-las aqui.

 Armando Melo de Castro.